Jó 3:25 - “Por que o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu?”
Essas lamentações de
Jó têm sido a causa de alguns intérpretes afirmarem que seu sofrimento foi
causado por seu próprio medo de sofrer. Essa teoria, embora pareça fazer
sentido, não possui base no contexto de sua história. Só para começar, logo no
início, o próprio Deus não o acusa de nada e nem aponta motivos para castiga-lo;
muito pelo contrário, após elogiá-lo, apenas permite que Satanás o toque (Jó 1:8), inclusive, numa segunda conversa
com o inimigo, Ele ainda diz claramente: “[...]
havendo-me tu incitado contra ele para o consumir sem causa”. O
próprio Jó não compreendia o motivo dessa situação, pois, mesmo sendo um homem
sujeito a falhas como todos nós, sabia que não havia cometido nenhum pecado tão
grave a ponto de considerar aquilo como castigo (Jó 9:17; 10:7;
16:17; 23:11,12). Suas palavras de angústia
mostram o quanto ele estava sofrendo; no entanto, apesar da murmuração - lembrando que murmurar é apenas o ato de
expressar descontentamento com a dor -, ele não blasfemou e nem perdeu a
confiança no Todo-Poderoso (Jó 2:9,10; 13:15; 19:25,26).
A teoria do sofrimento causado pelo temor é o que
leva muitos a crerem que todo sofrimento é castigo de pecado, ou seja: doenças,
pobreza, desilusões amorosas, depressão e os demais problemas não podem ser
simples provação ou o resultado de nossa própria negligência, e sim uma prova
de que estamos em pecado; mas, embora nossas iniquidades também sejam sim
punidas por Deus com consequências como essas (Rm 6:23a; Gl 6:7), bênçãos ou
sofrimentos não sevem como termômetro para medir nossa vida espiritual (Mt 5:44b). Julgar o medo de
Jó como uma falta de confiança em Deus leva muitas pessoas a acharem que seus
piores pesadelos se concretizarão a menos que consigam tirá-los da cabeça.
Isso, na verdade, em vez de gerar fé, tem provocado é a existência de uma
geração de crentes supersticiosos que acham que pensamentos negativos ou
positivos sejam fatores determinantes em relação ao seu futuro.
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