sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Estou Amando Uma Pessoa que Não é Crente... E Agora?

Somente quem tem a vida
voltada a obedecer a Deus
consegue compreender que é
melhor ter o coração partido
do que o lar e a vida destruída.
    No meio da juventude evangélica essa é uma questão cada vez mais presente. E, a partir dela, surge o seguinte questionamento: “O que a ‘religião’ tem a ver com meus sentimentos?” e, em resposta a essa indagação que denuncia a revolta de um cristão imaturo, eu faço a seguinte pergunta: “Vale a pena permitir que um simples sentimento, ou desejo, que pode ser passageiro, ameace a sua comunhão com Deus?”. Para entender isso é necessário entender que esse sentimento chamado de amor[1] vai muito além daquilo que é ensinado pela sociedade, sendo, muitas vezes, na verdade, simples paixões[2] momentâneas, as quais podem ser classificadas como admiração, atração física, necessidade afetiva ou interesse por conveniência. Além do mais, mesmo que você tenha a certeza de que o que sente é verdadeiro, é preciso compreender que não é a “religião” que está interferindo em seus sentimentos, mas sim a Igreja, por meio de líderes ou membros responsavelmente compromissados com a Palavra de Deus, te orientando para que você não sofra futuramente.
    Mas o que a Bíblia diz sobre isso? Deus, por meio da sua Palavra, sempre condenou a mistura do santo com o profano (2ª Co 6:14-18[3] [4]). E vamos analisar isso de uma forma bem prática: não união conjugal entre um crente e um incrédulo existem dois grandes riscos: o crente se desviar ou ambos viverem em constantes confrontos. Para entender melhor, vejamos separadamente cada uma das situações:

O risco da influência: Quando se toca nesse assunto surge aquela velha teoria do “paquerador evangelista”, na qual reza a lenda que ele vai ganhar a alma dela pra Jesus. A intenção pode até ser essa, mas como ele pode ter certeza que está com essa “unção” toda (Pr 5:1-13[5])? É claro que, sendo espirituais, não podemos negar que Deus pode sim permitir esse tipo de união se tiver ali um propósito de salvação, mas devemos considerar que essa é uma rara exceção e não uma regra. Geralmente, o que acontece é exatamente o contrário: depois de algum tempo, tendo casado ou não, por se deixar levar por costumes inadequados, ou mesmo para segurar o relacionamento, ele acaba é se afastando parcial ou totalmente do Evangelho - e, só pra lembrar, para Deus não existe crente parcial: ou é ou não é (Ap 3:15,16)! - até que, depois de algum tempo, não consegue entender porque as coisas não estão dando certo, já que fez tudo em nome do amor... Mas o que é amor mesmo? Amigos, sejamos sinceros: em tudo na vida, mas principalmente no que se refere às coisas espirituais, é muito - mas muito mesmo - mais fácil ser influenciado do que influenciar. E não adianta dizer que é só ter determinação porque só erra quem quer, porque a própria Bíblia nos ensina o contrário (1ª Co 15:33), ou ela está errada?

A falta de harmonia no relacionamento: Muitas vezes, pode até haver entre o casal um certo tipo de acordo do tipo: “Você respeita a minha liberdade e eu respeito a sua, e assim podemos viver felizes para sempre!”. Mas, agora, botando os pezinhos no chão, até que ponto vai durar a fantasia desse conto de fadas? Pense bem: Domingão a noite, hora do culto: ele quer ir para a igreja e ela quer ir para uma balada. Será que ele vai estar tranquilo na igreja sabendo que ela está dançando e sendo paquerada por outros homens? Dentro de casa, ele quer ouvir louvor e ela quer ouvir um funk ou um forró. Que paz ele vai ter nesse ambiente para manter a comunhão com Deus? Vale a pena o sacrifício em nome do tal do amor? Pois é a partir de simples diferenças como essas - que, na teoria, pareciam fáceis de se suportar - que surgem os grandes conflitos entre o casal, seguidos de suas devidas consequências. Seja sincero com você mesmo e admita: luz e trevas não podem, não devem e não conseguem viver juntas em perfeita harmonia (Tg 4:3-5).

    Como vimos, não vale a pena arriscar. Então, o que fazer? Só para termos uma noção, dez regrinhas básicas e bem simples:

1.      Se o seu relacionamento com Deus é saudável, Ele vai te dar um relacionamento conjugal igualmente saudável.
2.      Ele conhece todas as mentes e corações, por isso sabe o que é melhor para você.
3.      Para ter certeza de que é Ele que está te direcionando, ore em secreto e peça um sinal com sinceridade que a sua fé vai ser honrada.
4.      Se a pessoa que Ele te mostrar não for do teu agrado, lembre-se de que você não sabe escolher.
5.      Jamais olhe pela aparência, mas peça ao Senhor para te ajudar a contemplar a beleza interior da pessoa.
6.      Não ambicione o que ela pode te dar, mas veja se ela valoriza o que Deus deu à ela.
7.      Não é o fato de estar dentro da igreja que faz da pessoa uma crente, por isso, analise o quanto ela leva as coisas espirituais a sério.
8.      Vindo do mundão, uma pretendente pode te oferecer muito prazer - principalmente na área sexual­ -, mas leve em consideração que a vida de um casal não se resume na cama.
9.      Se a pessoa que Ele te mostrar não parecer ser perfeita, lembre-se de que você também não é perfeito e que ambos estão ganhando dEle a oportunidade de serem aperfeiçoados juntos.
10. Alguém que verdadeiramente te ama, vai te ajudar a se aproximar de Deus e não te afastar dEle.

    De fato, principalmente para a juventude atual, não é fácil vencer ao assédio e às tentações que os bombardeiam constantemente. Somente os que persistem numa vida de plena comunhão espiritual conseguem forças para não ceder desde a uma simples cantada por meio de um elogio aparentemente inocente até a uma proposta indecente que vise satisfazer seus desejos carnais. Não se deixar convencer ou não se entregar à sua própria vontade são atitudes que não podem ser tomadas com nossas tão limitadas forças humanas, pois, muitas vezes, mesmo desejando fazer o que é certo, tendemos a fazer o que é errado (Rm 7:17-20); por isso, precisamos reconhecer que se não nos entregarmos ao Senhor pedindo que pela sua misericórdia venha a nos ajudar a vencer o pecado que nos rodeia (Sl 139:23,24), seremos inevitavelmente derrotados. O jugo desigual é algo tão sério que no tempo da Lei[6] eram proibidos os casamentos não só dos israelitas com os povos gentios[7], como também entre israelitas de diferentes tribos de Israel (Nm 36:6-9[8]). Isso é algo tão sério que temos visto que até mesmo a união entre pessoas crentes, mas de diferentes denominações, costuma gerar conflitos, a menos que o casal tenha um firme acordo de, depois do casamento, congregar juntos, ou seja: alguém vai ter que abrir mão e acompanhar o outro.

    Resumindo essa nossa breve meditação, essa é a conclusão a que chegamos: A garantia da felicidade está no cumprimento da Palavra de Deus, mas para isso é necessário entender qual é o papel da igreja e a sua liderança em relação à nossa vida pessoal; O estado emocional do ser humano é muito instável, o que o torna vulnerável a sentimentos de atração que podem facilmente ser confundidos com amor; Na mistura entre o puro e o impuro, a tendência é muito maior de o impuro contaminar o puro do que o puro limpar o impuro; E as atitudes de hoje definem o bem ou o mal estar de amanhã. Tendo conhecimento disso, o que resta à um autêntico jovem cristão é se auto avaliar e, se necessário for, redefinir seus pensamentos e atitudes, sacrificando desejos e até sentimentos, primeiramente para agradar ao Senhor e, consequentemente, mesmo em meio às dificuldades obter uma vida agradável, tendo o que todos os casais desejam: alegria, a qual somente é obtida se houver paz e harmonia dentro do lar. É possível isso vivendo com uma pessoa que não ama e nem vive para Cristo (Rm 6:23)?



[1]Amor: Sentimento de apreciação por alguém acompanhado do desejo de lhe fazer o bem.
[2]Paixão: Inclinação emocional intensa e descontrolada (Rm 1:26; 7:5). Termo que expressa grande admiração por algo ou alguém. Palavra de origem do latim "passione" que significa "sofrimento".
[3]Jugo: Peça de madeira que se prende com correias ao pescoço de animais de carga, para que assim possam puxar uma carroça ou um arado (Nm 19:2; 1º Sm 6:7). Em sentido figurado: domínio, opressão (Gn 27:40; Jr 28:2; Gl 5:1); sofrimento (Lm 3:27); obediência (Mt 11:29-30); aliança (2ª Co 6:14); trabalho (Fp 4:3).
[4]Belial: Pessoa má, sem valor (Jz 19:22; 1ª Sm 30:22). Diabo (2ª Co 6.15).
[5]Absinto: Planta de gosto amargo e ruim. Simboliza aquilo que é desagradável, como o remorso (Pr 5.4) e o sofrimento (Jr 9:15).
[6]Lei: É um termo usado com frequência na Bíblia para definir um código de leis formado por mandamentos, ordens e proibições. Segundo as Escrituras hebraicas, a Lei foi dada por Deus através do profeta Moisés, tendo sido os Dez Mandamentos escritos em tábuas de pedra pelo próprio dedo de Deus no monte Sinai, a tábua dos dez mandamentos. Pode ser resumida nos Dez Mandamentos, que em língua hebraica são chamados simplesmente de "As Dez Palavras" ou "Os Dez Ditos". Os Dez Mandamentos regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu próximo. Para fins didáticos, o Código Mosaico pode ser dividido em Leis Morais, Leis Civis e Leis Religiosas (Leis Cerimoniais).
[7]Gentio: Qualquer povo fora de Israel. Quem segue o paganismo. Quem não é civilizado. Grande quantidade de gente. Originado pela palavra hebraica “Goym”, é um termo usado para se referir a povos não judeus.
[8]Zelofeade: Membro da tribo de Manassés, cujas filhas pediram a Moisés uma propriedade na Terra Prometida. Ele saiu do Egito com Moisés e morreu no deserto deixando somente cinco filhas como herdeiras; o direito delas à herança foi confirmado por orientação divina, no entanto, não poderiam se casar com homens de outras tribos para que a herança pertencente à Manassés não fosse transferida para outra tribo (Nm 27:1-11).