sábado, 27 de fevereiro de 2016

A Rejeição ao Chamado

Jonas tinha a intenção de trocar
uma viagem de 800 quilômetros
por uma de 3.000, atravessando
todo o Mar Mediterrâneo,
disposto a pagar muito mais
caro por isso, na intenção de
fugir de uma missão dada por
Deus. Será que não estamos
cometendo o mesmo erro
naquilo que o Senhor tem
reservado para nós?
Jonas 1:3 - “E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para Társis[1]; e, descendo a Jope[2], achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do Senhor.”

A falta de comprometimento com a Obra leva o homem a virar suas costas a Deus (1:3)
    Humanamente falando, vemos duas razões para Jonas ter desobedecido ao chamado: medo e ressentimento contra os ninivitas; porém, espiritualmente, o que vemos é simplesmente falta de comprometimento. De fato, é sim compreensível o temor diante de um povo tão violento e cruel como aquele, e compreensível também a mágoa em seu coração por saber que os israelitas eram uma de suas maiores vítimas. No entanto, daquele que recebe um chamado especial de Deus, o que se espera é confiança e perdão. O relato bíblico não o mostra sequer analisando a situação, pois, logo ao receber a ordem, ele simplesmente se levantou para fugir. É interessante que ele tinha já um destino certo: a cidade de Társis; não sabemos se isso foi uma opção por razões pessoais ou se aquele seria o próximo navio a realizar uma saída do porto de Jope para fora do território de Israel naquele dia. Mas a grande verdade é: ele queria fugir de diante da face do Senhor; atitude essa tremendamente ingênua, o que revela o seu pouco conhecimento das Escrituras, porque ninguém tem como fugir de Deus. Impressionante também é o fato de ele ter pago sua passagem para Társis - uma cidade há aproximadamente 3.000 quilômetros de onde ele estava, para a qual se supõe que o valor da viagem de navio fosse muito alto -, enquanto que Nínive fica a aproximadamente 800 quilômetros e sua viagem seria feita por terra, o que se certamente seria muito mais barata. Essa decisão nos leva a perceber que ele não estava preocupado com seu prejuízo financeiro desde que se visse livre da missão que recebera. Tudo o que ele queria era “ir com eles” - vários homens que serviam a falsos deuses - de diante da face do Senhor.
    É fácil nos justificarmos por nossas fraquezas, mas necessário é julgarmos a nós mesmos com sinceridade reconhecendo que ou confiamos em Deus a ponto de obedecê-lo ou admitimos que não aceitamos a sua vontade e tentamos lutar contra sua soberania, assim estando expostos ao preço da desobediência (Rm 6:23). O Senhor tem poder para impedir que nos levantemos para fugir, mas permite que o façamos para nos julgar segundo as erras decorrentes de nossa natureza humana (2ª Co 5:10), assim também nos dando uma oportunidade de arrependimento para que, se voltarmos atrás, seja por amor ou pela dor, sejamos salvos pela sua misericórdia por não termos persistido na desobediência (Lc 15:21-24; 1ª Jo 2:1-3). Um de nossos maiores males é a arrogância de acharmos que se não fizermos algo, ninguém o fará; além do inevitável medo, o profeta tinha um grande ressentimento contra os ninivitas, mas será que ele pensou que fosse o único profeta disponível? E mesmo que fosse, Jeová poderia levantar outro e o seu propósito teria sido cumprido da mesma forma, pois seu compromisso é com a sua Palavra e não com o profeta (Jr 1:12b; Mt 7:22,23). A grande verdade é que se Jonas não tivesse ido, teria sofrido piores consequências como talvez até a morte, ou seja: o grande prejudicado seria ele mesmo (Mt 25:24-30) e não os ninivitas, e tampouco o próprio Deus (Is 43:13; Lc 9:59-62).  Mas o rebelde missionário preferiu pagar um preço mais alto tentando trilhar o seu próprio caminho dentro de um navio fora dos planos do Todo-Poderoso ao lado de vários homens pagãos[3]. Uma das maiores lições que podemos obter nessa mensagem é a seguinte: você pode usar sua liberdade para escolher entre o bem e o mal (Dt 30:19), mas, optando pelo mal, ainda que tudo comece bem, não pense que haverá felicidade na troca de sua missão por um navio mais confortável com companhias que te levem para um caminho contrário (Mt 7:13,14), pois quando somos escolhidos para um propósito especial, caso não o cumpramos à risca, os efeitos negativos são inevitáveis (Nm 20:7-12; Dt 32:51; 34:4). Não esconda no porão de um navio o que Deus te deu, porque a qualquer momento Ele vai requerer isso de suas mãos (Mt 23:13).




[1]Társis: Atual Tartessos: antigo porto da Espanha (Jn 1:3).
[2]Jope: Antigo porto marítimo cercado de muralhas, localizado 56 km a noroeste de Jerusalém em território filisteu, mas que pertencia à tribo de Dã (Js 19.46). É também o porto aonde o profeta Jonas embarcou num navio para Társis tentando fugir de Deus. Atual cidade de Jafa.
[3]Pagão: Relativo ao paganismo ou politeísmo. Adepto do paganismo. Diz-se de toda religião ou pessoa que não seja cristã nem judaica. Maometano, em relação aos cristãos, e herético, em relação aos católicos. Animal xucro, ainda não montado, ou nos primeiros galopes da doma. O que segue uma religião nativa, não cristã nem judaica, caracterizada pelo politeísmo e pela superstição. Pessoa não batizada.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Socorro! Não Consigo Namorar! Será que Nunca Vou Casar?

Deus não criou o ser humano
para a solidão; porém, muitas
pessoas, levadas por alguma
limitação pessoal, desistem da
luta pela felicidade conjugal,
equivocadamente acreditando
que não tenham o direito ou
condições de serem satisfeitas
na área sentimental.
    Para muitos jovens, paquerar, seduzir e conquistar alguém é algo tão simples quanto trocar de roupa - e o pior é que alguns agem assim mesmo -; só que nem todos têm essa mesma facilidade na área sentimental. Para uma boa parte dos que estão em idade viável para namoro e até casamento, ter alguém para compartilhar afetivamente seus sentimentos, ideias, compromissos, objetivos e problemas pessoais é simplesmente um sonho muito difícil - quase impossível - de realizar. Embora estejamos numa era em que muitos não valorizam a união conjugal, as moças e os moços verdadeiramente cristãos sabem que não há como agradar a Deus levando uma vida de depravação e, por isso, desejam sim ter um casamento nos moldes tradicionais, assim constituindo uma família de acordo com os padrões bíblicos. A Bíblia adverte que a adolescência e a juventude são vaidade (Ec 11:8,9), ou seja, um breve período que passa levando com ele todo o vigor e a beleza da pessoa. Não que isso seja uma regra, mas é exatamente por essa razão que o futuro conjugal precisa ser planejado e, de certa forma, já iniciado ainda nessa fase, pois, de fato, o ser humano não foi feito para viver só ou ficar a vida inteira com pai e mãe (Gn 2:24; Mt 19:4,5); considerando isso, quando chega ou passa de determinada idade, muitos começam a se preocupar seriamente com essa questão, a qual passa a ser um problema em sua vida. e não é sem razão, pois ninguém quer ser chamado de “encalhado” e, principalmente, terminar seus dias privado da alegria do amor.  
    Mas quais são as causas e como evitar uma vida de solidão? Analisando a situação, podemos identificar três tipos de casos: a demora para escolher um cônjuge[1], uma aparência não considerada boa ou algum trauma por problemas passados.
    O primeiro caso é consequência de uma opção da própria pessoa que se envolve muito com os estudos e prefere arrumar alguém depois de concluir uma faculdade  - ou faculdades -, fica no aguardo de conseguir um bom emprego ou na ilusão de aparecer uma pessoa financeiramente bem-sucedida ou de boa aparência. Aí é aquela velha história: quem espera demais ou escolhe muito acaba tendo que se contentar com o que sobra... quando sobra. Muitos jovens se esquecem que o bem-estar na vida material não depende apenas do seu esforço, mas das mãos de Deus sobre eles (Sl 127:1,2; Pr 28:26); então, o correto é lhe pedir direção e sabedoria para conciliar estudos, profissão, vida sentimental e entender que a mais bela aparência é interior e não exterior.
    No segundo caso o negócio é muito mais sério, pois não se trata de uma opção própria, mas da infelicidade de não ser escolhido por ninguém. Isso ocorre quando a pessoa não se enquadra no padrão de beleza estipulado pela sociedade, ou seja, quando ela é considerada feia ou tem algum problema estético como obesidade ou qualquer tipo de deficiência física. Lidar com isso não é tão simples, pois a rejeição gerada pelo preconceito alheio pode provocar complexo de inferioridade, insegurança e timidez e, diante disso, cada pessoa reage de uma forma: uns se conformam e param de tentar um relacionamento, outros entram em depressão depois de tantas decepções e alguns se revoltam e deixam isso abalar a sua própria fé. Mas, enfim, seja qual for a sua situação e a sua reação, o necessário realmente é se apegar a Deus porque Ele pode e quer fazer esse milagre em sua vida. Não pense que vai ser sempre rejeitado; lembre-se de quantas pessoas iguais a você conseguiram um casamento e vivem felizes. Essa felicidade foi criada pelo Senhor e, se você pedir e for fiel, Ele te responderá (Sl 68:6a).
    Já no terceiro caso, a questão é séria, mas não tão difícil de resolver. Trauma nada mais é do que uma ferida; no caso, uma ferida que ainda não cicatrizou e por isso continua causando dor. Porém, não há ferida que não possa ser tratada até estar completamente eliminada; assim sendo, mesmo que na mente, inevitavelmente, permaneça a lembrança do ferimento, o seu efeito não deve mais continuar ativo no corpo. Certo, eu sei que no que se refere a trauma emocional a situação é muito mais complicada porque se refere a perturbação de sentimentos: são lembranças de decepções geradas por humilhações ou traições, violência sexual ou alguma experiência amorosa de alguém muito próximo que não deu certo como, por exemplo, a separação dos pais, principalmente se havia violência verbal e física entre eles; no entanto, o que se precisa colocar na mente é que passado é passado e por mais que tenha sido dolorido precisa ficar no passado, ou seja: o fato de você ter tido uma ou algumas experiências ruins não significa que todas as suas demais experiências serão também ruins; se alguém te decepcionou, mentiu ou te traiu, isso não quer dizer que todas as pessoas vão te decepcionar, mentir ou te trair; e, principalmente, os fracassos amorosos de pessoas ligadas a você não são uma indicação de que a sua vida seja uma continuação da vida dela. Então use todas as experiências negativas para não cometer tais erros no futuro e peça a Deus que cuide dos seus sentimentos (Is 26:3,4; Jr 17:9,10), pois nossa segurança e felicidade provém dEle.
    Como vimos aqui, para uma pessoa que confia e agrada a Deus nada é impossível (Fp 4:13; Jo 15:4-7), inclusive conseguir um namoro e um casamento quando tudo estiver indicando que não há como isso acontecer. Para os que esperam no Senhor e agem com prudência (Sl 40:1-5), o alcance da vitória, mais do que uma remota esperança, é uma certeza. Como diz um famoso ditado popular “cada panela tem a sua tampa”; porém, só é preciso ter o cuidado de observar se ambas encaixam entre si para que ambas possam proporcionar um bom alimento em seu lar, honrando a Deus cuidando bem de tudo o que Ele lhe deu, lembrando-se que, em nossa vida aqui na terra, a família é o bem mais precioso que temos. Não permita que as preocupações materiais, as limitações pessoais ou dificuldades emocionais sejam usadas pelo inimigo como instrumento para te impedir de ser beneficiado pelo propósito divino da criação da família (Pr 18:22; 14:1a; Sl 127:3-5).



[1]Cônjuge: Cada um dos esposos em relação ao outro. Quem é casado. A esposa e o esposo. O esposo para a esposa e vice-versa.