segunda-feira, 24 de outubro de 2016

“O Espírito Santo Não Fora Dado Porque Jesus Não Tinha Sido Glorificado”

O grande perigo dos equívocos
de interpretação está em
transformar em doutrina algo
que não condiz com a
realidade, que é o que
acontece nesse caso.
Glorificar ao Senhor
verbalmente é sim um ato
legítimo, porém, não é uma
condição para se receber o
Espírito Santo.
João 7:39b - “porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.”
    Pensa num versículo que os pregadores pentecostais adoram... é esse mesmo! Antes de continuar, preciso deixar claro que não tenho nada contra os pentecostais, inclusive sou um deles. Voltando ao versículo, o principal erro de alguns pregadores é interpretar o termo “glorificado” como uma expressão verbal na adoração, o que para muitos significa gritar, pular, gesticular e outras coisas mais, as quais, embora não sejam necessariamente proibidas, apenas demonstram estado de emocionalismo e nem sempre a presença de Deus; pois é sim possível sentirmos alegria espiritual sem esboçarmos qualquer reação que altere nosso comportamento. Há os que digam que não conseguem se controlar, mas a Bíblia ensina o contrário (1ª Co 14:26-39; Rm 12:1). Por essa falha de interpretação, esses pregadores costumam também associar esse versículo ao batismo com o Espírito Santo, dizendo que para recebe-lo é preciso repetir persistentemente “glória, glória, glória” e outros termos de adoração.
    É necessário entender que a palavra “glorificado” se refere à crucificação de Cristo: sua volta para o céu ressuscitado num corpo glorioso; o Espírito Santo só viria depois que Ele fosse (Jo 16:7). Diferente de receber o Espírito Santo, o que ocorre com a conversão (Jo 16:8-14; Gl 5:22), o batismo com o Espírito Santo, que é evidenciado pelo falar em línguas (At 2:1-4; Mc 16:17; 1ª Co 12:10,30) - embora muitos não creiam porque nunca tiveram essa experiência -, não depende da exaltação verbal, e sim de sua comunhão com Ele (Ef 1:12,13). Então não pense que vai receber alguma unção espiritual quando o pregador disser: “É só dar glória, vaso!”. A glorificação por meio de expressões verbais é um costume sim saudável das igrejas pentecostais; o que se reprova aí é quando ocorrem alguns exageros cometidos por pessoas incentivadas pelos que deveriam ensinar, os quais acabam por escandalizar o Evangelho (1ª Co 14:23).

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

“Eu Venci o Mundo e Vós Vencereis Também”

Vencer o mundo consiste em
manter-se fiel ao Senhor mesmo
diante de todas as oposições
daqueles que a todo momento
tentam te desviar da sua Palavra.
No entanto, um grande mal de
muitos cristãos é não examinar
as Escrituras pensando que sua
vitória está garantida pelo
simples fato de seguirem uma
religião.
João 16:33 - “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. [...?...]”
    O sentimento de triunfalismo - aquela ideia de que crente não pode ficar por baixo ou ter alguma perda - é tão presente em muitos cristãos que boa parte dos crentes, de forma automática, acrescenta frases de bênçãos a alguns versículos; o presente texto é o maior exemplo disso. Mas o que leva à essa situação? Primeiramente, o foco na “vitória” e depois o péssimo costume de repetir tudo o que ouve sem conferir nas Escrituras. Como se pode notar - e contra fatos não há argumentos - após dizer que venceu o mundo, Jesus não disse a clássica frase “e vós vencereis também”. Ela foi acrescentada, creio eu, por pessoas desapercebidas que não dão a devida atenção àquilo que leem, e isso é preocupante; muito preocupante mesmo (Dt 4:2; 12:32; Pr 30:5,6; Ap 22:18,19).
    É claro que essa distorção, embora mude o texto em si, não está totalmente fora do ensinamento bíblico, pois, tanto nos Evangelhos como nas epístolas neotestamentárias, a Bíblia declara que o crente - o verdadeiro crente - é sim um vencedor (Jo 14:1,27; Rm 8:37; 1ª Jo 4:4); porém, o problema é afirmar que Jesus disse algo num momento em que Ele não disse. O versículo começa dizendo “tenho-vos dito isso para que em mim tenhais paz”; nessa ocasião Ele falava sobre sua crucificação que estava prestes a acontecer (Jo 16:7,16,28,32), explicando aos discípulos sobre a perseguição que eles enfrentariam após sua morte (Jo 16:2,3,20), mas garantindo-lhes que não os desampararia (Jo 16:21-23). Após isso, afirmou que essas palavras foram ditas para que eles tivessem paz, ou seja, que confiassem que Ele os ajudaria a passarem pela perseguição que enfrentariam até a morte, assim, então, alcançando a salvação; declarou então que passariam realmente por aflições, mas que, ainda assim não deveriam desistir ou desanimar, pois Ele próprio já havia passado por tudo isso e vencido. Dessa forma concluímos que a garantia de vitória não está no fato de ser crente, mas sim de ser fiel ao Senhor até o fim (Ap 3:20,21).

terça-feira, 18 de outubro de 2016

“Epilepsia é Doença Maligna”

A má interpretação bíblica gera,
além de problemas doutrinários,
preconceito e discriminação
contra pessoas enquadradas na
situação em questão. Ataques
epiléticos - como qualquer outra
doença - não são obrigatoriamente
causados por ações demoníacas!
Existe uma notável diferença
entre convulsão e possessão
diabólica.
Mateus 17:15 - “Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água.”
    Esse texto contido em Mateus 17:14-21, Marcos 9:14-29 e Lucas 9:37-42, narrando a libertação de um rapaz que sofria convulsões provocadas por possessão demoníaca, tem sido alvo de muita polêmica causada por pessoas que o interpretam generalizadamente afirmando que pessoas que têm ataques epiléticos estão endemoniadas. Antes de prosseguir, entendamos o que é epilepsia: trata-se de uma doença crônica do sistema nervoso central, manifestada por convulsões, ou pela debilitação ou perda da consciência. O adjetivo “epiléptico” que no grego significa “ataque” consta apenas em algumas traduções modernas; os escritos originais usam o termo “lunático”, o qual, embora não se saiba com exatidão qual era sua definição nos tempos passados, expressa a ideia de algum tipo de distúrbio mental.
    No entanto, qual é o versículo, frase, palavra ou expressão nesse texto que nos leve a entender que convulsões - ou a própria epilepsia - sejam única e exclusivamente gerados por ações demoníacas? A Bíblia também menciona que se tratava de um espírito mudo e surdo (Mc 9:17,25), assim, pela lógica dos que generalizam, todas as pessoas mudas e surdas estão possuídas por demônios? É Claro que não devemos negar que Satanás age sim por meio de doenças e é causador de muitas delas (Jó 2:4-6); porém, isso não significa que absolutamente todos os males sejam de origem diabólica, pois muitos problemas são provocados por razões diversas provenientes da própria fragilidade do corpo humano (2º Rs 13:14a; Gl 4:13,14; 1ª Tm 5:23, 2ª Tm 4:20b), ou estariam esses e outros servos de Deus endemoniados? Esse é o caso da epilepsia: algumas pessoas que sofrem disso podem sim ser vítimas de ações malignas, enquanto que muitas outras as sofrem apenas por questões de saúde. É claro que em ambos os casos se deve orar por libertação; lembrando que libertação não se refere apenas a livrar de demônios (Lc 6:18; At 5:16), mas de qualquer mal que possa nos atingir (Tg 5:13-15).

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

“Demônios só Podem Ser Expulsos com Oração e Jejum”

Possessões demoníacas - muitas
vezes confundidas com loucura
ou fingimento
 - são tão reais
quanto a manifestação dos dons
espirituais; porém, devemos
estar ainda mais atentos a
quando o maligno se manifesta
sutilmente através de pessoas
que de alguma forma se deixam
usar por Satanás.
Marcos 9:29 - “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.”
    Esse é um dos mais sérios casos de erros de interpretação. Não. Eu não sou contra o jejum e muito menos contra a oração, mas não posso concordar com os que dizem que para se expulsar qualquer demônio é preciso fazer uma oração e necessita ter jejuado recentemente. Jesus foi bem claro ao dizer: “essa casta”, - esse tipo, essa espécie, essa classe, essa família - ou seja, essa ordem específica de demônios só sai com oração e jejum.
    Já que entramos no assunto, vamos ler todo o texto para entender o porquê de Ele ter dito isso: Em uma de suas pregações rotineiras, um homem aflito aproximou-se de Jesus trazendo seu filho endemoniado: ele estava possesso de um espírito que o impedia de falar (Mc 9:17); essa possessão era tão violenta que o jogava ao chão e o fazia espumar rangendo os dentes, e o enfraquecia (Mc 9:18); como ele disse que os discípulos não conseguiram expulsá-lo, Jesus, demonstrando ira, os corrigiu repreendendo-os por sua incredulidade (Mc 9:19); a idade do rapaz não foi informada, mas seu pai relatou que ele sofria isso desde a infância (Mc 9:21); dizendo ainda que algumas vezes ele era lançado no fogo e outras vezes na água - o espírito maligno tentava mata-lo e, certamente, já o havia ferido bastante -, e pediu que o Senhor tivesse a compaixão de ajuda-los (Mc 9:22); o Mestre, por sua vez, o animou dizendo que tudo é possível àquele que crê (Mc 9:23); então aquele homem, em lágrimas, disse que acreditava, mas admitiu sua fraqueza pedindo que o ajudasse em sua incredulidade - ou falta de fé - (Mc 9:24); diante da euforia da multidão,  Jesus - sem “entrevista-lo” - ordenou ao espírito que saísse e não mais voltasse (Mc 9:25); o qual, gritando e agitando violentamente, saiu deixando o rapaz praticamente desmaiado (Mc 9:26); até que o Mestre o tomou pela mão e o levantou (Mc 9:27). Esse fato nos ensina que existem diferentes tipos de demônios e que precisamos estar sempre espiritualmente preparados para enfrenta-los (1ª Pe 5:8,9).

“A Palavra do Crente Deve Ser ‘Sim’ ou ‘Não’"

Ser firme em seu "sim" ou
"não" não significa ter sempre
uma resposta pronta para todas
as decisões que se fazem
necessárias no dia-a-dia; a
única obrigação que realmente
temos é de cumprir
honestamente tudo aquilo a
que nos dispomos a fazer. 

Juramento é um 
comprometimento, por isso, o 
mais sensato é não prometer 
e depois perceber que não 
pode honrar a palavra dada.
Mateus 5:37 - “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.”
    Aparentemente, uma frase de fácil compreensão, mas, infelizmente, até isso conseguem interpretar equivocadamente. Não foram poucas as vezes em que ouvi crentes - inclusive líderes e pregadores - fazerem uso dessa afirmação de Jesus, cobrando responsabilidade dos irmãos, cometendo o erro de, por exemplo, acharem que se alguém é perguntado sobre uma decisão que precisa tomar, é obrigado a ter um “sim” ou “não” como resposta imediata; e isso induz à imprudência, pois é como se a pessoa tivesse que “prever o futuro” sem analisar a situação considerando as possibilidades ou imprevistos na realização de tal ato. É como se fosse pecado responder com um “talvez” porque a palavra do crente tem que ser “sim, sim” ou “não, não”.
    Jesus dirigiu essa mensagem ao povo devido a necessidade de compreenderem o real sentido do cumprimento dos mandamentos: não tomar o nome de Deus em vão (Êx 20:7). Primeiro Ele lembra que a Lei diz para não descumprir os juramentos feitos (Mt 5:33), pois jurando em falso estamos profanando o nome do Senhor (Lv 19:12); então fala que não se deve jurar nem pelo céu (Mt 5:34), o qual está acima de nós e representa sua morada (Mt 23:21,22) e nem pela terra (Mt 5:35), porque o que nela há é criação dEle (Mt 23:16-20); e ainda nem por si próprio (Mt 5:36), porque não temos poder nem mesmo sobre nosso corpo (Tg 4:13-15). Isso significa, ainda que nossas intenções sejam boas, nossos projetos são falhos e podem nos tornar mentirosos ao não cumprirmos nossas promessas (Lc 14:28-32). O contexto desse ensinamento visa exatamente nos orientar sobre a importância da honestidade (Tg 2:12; Fp 4:8), lembrando ainda que quando não cumprimos aquilo a que nos comprometemos estamos sendo usados pelo maligno (Jo 8:44; Tg 4:16). Então não podemos assumir compromissos? Podemos sim! Devemos! Mas com prudência e considerando que somos sujeitos a falhas (Tg 5:12).

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

“O Diabo Veio Para Roubar, Matar e Destruir”

Não há nenhum exagero em
afirmar que esse ladrão citado
por Jesus seja o Diabo agindo
através de seus instrumentos.
Uma das primeiras coisas que
se deve levar em consideração
ao interpretar a Bíblia é a
aplicação das figuras de
linguagem.
João 10:10 - “O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.”
    A primeira coisa a se observar aí é que está escrito “ladrão” e não “Diabo”. Porém, não quero eu dar uma de “advogado do Diabo”, pois, embora alguns intérpretes discordem, era exatamente dele - ou do espírito dele - que Jesus estava falando. Para compreender melhor essa ilustração, analisemos o contexto dessa passagem bíblica - só para esclarecer: grafar Diabo com letra maiúscula não é por respeito ao dito cujo, mas sim por entender que se trata da expressão de um nome próprio -.
    Jesus estava alertando o povo sobre a existência dos falsos mestres e falsos profetas, os quais não entram pela porta do curral, ou seja, não pregam o mesmo Evangelho (Jo 10:1); somente Ele tem a Palavra da salvação, e a prova disso é que Ele caminha junto com as ovelhas (Jo 10:2-4); os verdadeiros crentes não se deixam enganar por falsos ensinamentos (Jo 10:5-7); os que pregam em seu nome - ou falam de Deus -, mas não agem como Ele, são ladrões (Jo 10:8); Ele não é uma porta, Ele é a porta - pois não existe outra - (Jo 10:9); ao contrário dos mercenários, Ele deu a vida pelas ovelhas (Jo 10:11); os quais, estando apenas interessados nos benefícios que elas oferecem, não as ajudam e nem protegem (Jo 10:12,13); apenas Ele as conhece e seu objetivo é salvá-las de todo mal (Jo 10:14-18). Obviamente, apesar de estar citando pregadores mal-intencionados, cuja intenção é pregar em benefício próprio, Ele se referia ao maligno que está neles (1ª Jo 4:1-3), pois quem mais teria o objetivo de matar almas espiritualmente, roubar o que a elas foi dado por Deus e destruir nelas tudo o que possa exaltar ao Criador (Gn 3:15; At 13:10; 1ª Jo 3:8-10; Jo 8:44)? É claro que realmente há sim ensinadores tão mal-intencionados que usam nesse versículo o termo “Diabo” em vez de “ladrão” sem explicar seu contexto para proteger líderes religiosos corruptos, atribuindo todo mal somente a Satanás; porém, tanto o homem quanto o capiroto estão enquadrados no conteúdo dessa mensagem.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

“Se Alguém te Bater, Dê a Outra Face”

O mito de que crente é bobo não
condiz com os ensinamentos
bíblicos. O que a Bíblia de fato
ensina é que devemos evitar
confrontos mesmo que para isso
seja necessário abrir mão de
nossa razão ou nossos direitos.
Mas em nenhum momento
afirma que em situações que
coloquem em risco nossa
integridade física não tenhamos
o direito de nos defender.
Mateus 5:39b - “[...] se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;”
    Apanhar sem se defender, ouvir sem responder; afinal, somos cristãos, pregamos a paz e, ainda que fiquemos irados, não podemos pecar praticando violência mesmo que seja para autodefesa... Foi isso que Jesus quis dizer, não é mesmo? À primeira vista numa leitura isolada, sim; mas que tal entendermos o contexto relacionado a essa afirmação?
    Aqui, o Mestre estava simplesmente dizendo para não praticarmos a vingança (Mt 5:38). Nesse mesmo versículo está registrada sua afirmação de que não podemos oferecer resistência ao mal (Mt 5:39a), ou seja, não devemos retribuir a um ato de agressão com a mesma agressão. Dar a outra face nada mais é do que evitar confrontos violentos. Na sequência, Ele fala que se alguém quiser disputar e tirar sua túnica, você deve entregar também a capa (Mt 5:40); isso significa que disputas materiais são insignificantes demais para se perder a paz (Lc 12:13-15). Em seguida, diz que se alguém quiser caminhar com você uma milha, deve ir com ele duas (Mt 5:41) - os soldados romanos tinham por direito obrigar um civil a caminhar com ele carregando seu fardo por uma milha (1.609m) -; obviamente isso revoltava a qualquer cidadão, no entanto, mesmo não sendo fácil as vezes, nossa obrigação é obedecer às leis (Mt 22:15-22; Cl 3:22-25). Afirma Ele ainda que devemos dar ou emprestar a quem nos pede (Mt 5:42); isso mostra que o cristão não deve ser avarento e tem que praticar o amor (1ª Co 6:9,10). Nos versículos seguintes, Ele continua ensinando regrinhas básicas sobre como tratar os inimigos (Mt 5:43-48). Assim sendo, considerando que face representa a honra de uma pessoa, dar a outra face abrir mão de sua razão e não apanhar sem se defender. Então podemos concluir que podemos reagir em autodefesa, mas sem cometer abusos quando a situação estiver sob controle. A vingança não nos pertence, pois a justiça vem de Deus (Tg 1:19,20; Hb 10:30). Linguagem figurada é um perigo para quem costuma interpretar tudo ao pé da letra!

"Não Julgueis Para Não Serem Julgados”

Muitos usam a expressão "não
julgueis
" para tentar amordaçar
aqueles que não aceitam seus
pecados; porém, biblicamente,
essa advertência não é uma
ordem divina para encararmos
tudo como se fosse normal,
mas sim uma exortação para
que não falemos e nem
tomemos nenhuma atitude
sem provas mediante qualquer
tipo de acusação.
Mateus 7:1 - “Não julgueis, para que não sejais julgados,”
    Depois das frases de efeito que determinam bênçãos, a expressão “não julgueis” é uma das preferidas da atual geração gospel. Isso porque muitos, por serem descompromissados com as doutrinas bíblicas, precisam de argumentos também bíblicos para se defenderem quando se sentem acusados em relação a seus pecados. Então isso quer dizer que podemos julgar? Se é assim, por que Jesus disse para não julgar? Calma aí... Vamos por partes. A primeira coisa a se entender é o significado do verbo “julgar” e a situação em que ele é aplicado. Julgar nada mais é que “supor”, “imaginar”, “pensar”; no entanto, muitos confundem com “condenar”. Isso significa que embora tenhamos o direito de deduzir algo sobre alguém, devemos ter cuidado para não transformar isso num julgamento para condenação; primeiro porque só Deus tem o direito de condenar e segundo porque jamais devemos falar algo sem provas.
    Na Lei, o Senhor separou juízes em Israel, porque sem julgamentos não há como fazer justiça numa sociedade (Dt 1:15-18). Há muitas situações em que nós cristãos temos o dever de julgar para resolver algo (Gl 6:1) ou ajudar a pessoa que está no erro (2ª Ts 3:11-15; 1ª Co 5:1-5); esse é o papel da Igreja (Mt 18:15-17; 1ª Co 6:1-8). O que Jesus condenou foram as acusações sem provas e a hipocrisia (Mt 7:2-5), como também a falta de perdão (Jo 8:10,11; Mt 6:14,15). Julgamentos indevidos podem ainda ocorrer em sentido positivo como, por exemplo, falar bem de alguém sem saber se ele é mesmo digno de honra e confiança. Julgamentos precisam ter por base a justiça divina (Jo 7:24), o discernimento espiritual (1ª Jo 4:1) e a observação de conduta (Mt 7:15-20). O cristão que não julga é facilmente enganado e acaba consentindo com o pecado. Quando Jesus disse que Ele não veio para julgar (Jo 8:13-18), se referiu à sua onisciência, pois quem presencia ou conhece um fato não está julgando, mas apenas relatando e tomando atitude em relação ao que viu. Concluindo: quem muito teme julgamento é porque muito esconde (Jo 8:7-9)!