quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Nosso Maior Chamado é Para a Transformação

Criou-se o costume de dizer "fui
chamado para isso, fui
chamado para aquilo
", mas a
maioria se esquece do maior de
todos os chamados: a
transformação; a partir dela 
é 
que os demais chamados se 
desenvolvem, pois obediência
consiste em transformação e
quem é transformado honra seu
compromisso com o chamado
para a Obra.
1ª Pedro 1:14 - "como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;"

Contexto
- Essa epístola foi escrita por volta do ano 60dC., pelo próprio apóstolo Pedro; 
- Seu nome, em hebraico, pode ser traduzido como Fragmento de Rocha (a grande rocha é Cristo, nós somos apenas fragmentos).
- Seus destinatários eram os cristãos que viviam nas províncias romanas da Ásia menor. 
- Conforme está escrito em 1ª pedro 5:13, quando escreveu, ele estava num lugar chamado Babilônia (a Bíblia não revela que Babilônia seria essa e nem a situação do apóstolo).
- Seu principal conteúdo fala sobre esperança da salvação, santificação, a Pedra de Esquina, conduta conjugal, humildade, vigilância e resistência ao Diabo.

Mensagem
- Nos versículos anteriores, pode-se notar uma preocupação do apóstolo em relação à conduta dos novos crentes no que se refere ao zelo pela salvação.
1ª Pe 1:3-5,10,11 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós 5que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo, 10Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, 11indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir."

- Numa época em que muitos enfatizam seu chamado, poucos atentam para o mais importante de todos os chamados, a obediência; ela deve ser o foco de quem se dispõe a servir a Deus. 
Mt 26:39,42 - "E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. 42E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade."

- Pessoas verdadeiramente transformadas pelo Evangelho não se conformam com a situação desse mundo. 
Rm 12:1,2 - "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."

- Transformação é a marca registrada de quem realmente tem o Senhor reinando em seu coração. 
2ª Co 5:17 - "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo."

- Ser santo - separado - não é uma opção, mas sim uma obrigação para quem se julga cristão.
1ª Pe 1:15,16 - "mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, 16porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo."

- Santificação não é um estado periódico, mas sim uma ação permanente na vida do crente nessa terra. Você foi chamado pra isso.
1ª Pe 1:17 - "E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,"

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Parábola da Viúva e o Juiz

O objetivo da parábola da viúva
e o juiz iniquo não é comparar
Deus a um homem pecador,
mas sim nos ensinar que, por
meio da persistência,
demonstramos fé agradando a
Ele e assim alcançando
misericórdia.
Lucas 18:1-8

Lucas 18:1 - "E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer,"
    Sendo considerada por muitos estudiosos como uma parábola de difícil interpretação, essa história contada por Jesus tem um encaixe perfeito no cenário evangélico atual em que predomina o determinismo profético disfarçado de fé. Num tempo em que a oração como clamor tem sido substituída por expressões de autoridade que "decretam bênçãos", pregar e ensinar textos como esses tornou-se uma necessidade urgente. A perseverança em oração é o segredo de qualquer conquista ou conforto em possíveis derrotas. A oração é o veículo que nos transporta do mundo natural para o sobrenatural, levando-nos diante do trono de Deus. É por meio dela que necessidades e agradecimentos são expostos diante dEle; não que Ele precise de nossa verbalização para sabe-los, pois é onisciente, mas nós precisamos falar com Ele para senti-lo próximo a nós.

Lucas 18:2 - "dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum."
    Nos tempos de Jesus, pelo que se pode entender dos conceitos históricos, o governo romano mantinha um magistrado a seu serviço para julgar problemas sociais e outro a serviço religioso que defendia questões de interesse apenas dos judeus. No caso em questão, o juiz que tratava a causa possivelmente social dessa viúva era romano e não judeu, e por essa razão não tinha temor a Deus e nem se preocupava em garantir retamente o direito das pessoas. Isso nos mostra que corrupção entre os poderosos não é exclusividade da atualidade. Os juizes da época possuíam grande poder, o equivalente a um representante político dos dias atuais. Mas nem todos honravam o compromisso que lhes era confiado e tampouco alguma consideração por aquele povo; muitos do magistrado estavam ali apenas interessados no que ganhavam no exercício da função.

Lucas 18:3 - "Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário."
    Imagina a situação daquela viúva, sabendo que teria que enfrentar uma pessoa tão difícil de se lidar, a qual tinha o poder nas mãos para resolver o problema dela ou prejudicá-la de vez. É interessante destacar o fato de que, naquela época, quase todos os casamentos eram arranjados pelos pais quando a mulher era ainda adolescente e, devido a isso, elas se casavam muito novas com homens geralmente bem mais velhos, o que fazia com que eles morressem, deixando-as viúvas ainda muito novas. Por costume da própria cultura, poucas eram bem instruídas e aptas para serem inseridas no mercado de trabalho e, por essa razão, dependiam totalmente dos maridos; assim sendo, quando eles morriam elas dependiam dos bens que eles haviam deixado. Não havendo herança, elas se tornavam totalmente desamparadas. Como é de se imaginar, havia muita disputa em torno de algum bem deixado por homens que poderiam ter dívidas ou até mesmo outras famílias e, certamente, elas ficavam a mercê de muitas injustiças. Dessa forma, se fazia necessário, por vezes, que algumas delas procurassem seus direitos diante dos magistrados.

Lucas 18:4 - "E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,"
    Esse "por algum tempo" aqui relatado expressa que nem tudo é para sempre. O "não quis" demonstra que não há incapacidade em Deus, mas tudo depende do seu querer. É óbvio que numa parábola nem tudo tem um significado literal, pois nesse presente caso, Jesus está usando a figura de um juiz incrédulo e corrupto para representar o próprio Deus; no entanto, seu objetivo é nos ensinar que a soberania divina está acima dos poderes humanos e dos próprios homens; pois nenhuma circunstância e nem ninguém teria influência sobre a decisão daquele juiz. Mas, nesse ponto da história, vemos ele já reconsiderando sua decisão mesmo não se vendo na obrigação de voltar atrás em seu propósito de não atende-la. Deus está acima de nossos "deuses" e de nossas vontades ou até mesmo necessidades; tudo o que alcançamos é puramente por misericórdia dEle.

Lucas 18:5 - "todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito."
    O juiz dessa parábola resolveu atendê-la, não porque considerou que ela merecesse ou tampouco porque ele próprio tinha a vontade de satisfazê-la, mas sim porque sua insistência em bater à sua porta o incomodava. Quem sabe, estaria ele resistindo a esse pedido para ver se realmente essa causa era tão importante para ela; pois muitos são os que colocam ações de questões não prioritárias diante do poder público, mas desistem devido a demora, dando assim a entender que as mesmas não eram de suma importância. O molestamento por parte dessa mulher representa nossa persistência em pedir ao Senhor por algo sem desistir, mesmo diante da demora em sermos atendidos. Persistência é sinônimo de fé, e sem fé é impossível agradar a Deus. A Bíblia nos ensina a bater até que a porta se abra; a pedir até que nos seja dado.

Lucas 18:6 - "E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz."
    Aqui o Senhor manda que prestemos atenção ao que um juiz desonesto disse, e suas palavras foram: "como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito"; ou seja, ela foi atendida porque o incomodou, ela não aceitou um "não" como resposta, e para não ter que suportá-la mais com aquela petição, ele a atendeu. Essa ilustração feita pelo próprio Senhor Jesus parece nos induzir à uma espécie de atrevimento em nosso clamor diante do verdadeiro Juiz, afirmação essa que daria uma certa base para a aplicação da Teoria da Prosperidade, porém aqui não se trata de colocar Deus numa situação em que Ele se sinta obrigado a nos atender, mas sim de mostrarmos o quanto confiamos nEle e acreditamos no seu poder para nos socorrer, a ponto de persistirmos até Ele nos atender. A razão disso foi mostrar que se mesmo um homem corrupto se sensibilizou com a mulher devido a sua insistência, quanto mais Deus vendo nossas necessidades.

Lucas 18:7 - "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?"
    O que vemos aqui não é simplesmente um homem ímpio que resolveu ajudar uma pobre mulher somente pelo fato de estar incomodado com a presença dela em seu recinto; mais do que o incômodo, o que o fez mudar de postura foi se sensibilizar diante do sofrimento de uma pessoa que não desistiu mesmo após várias negativas ou mesmo o silêncio dele. Se um pecador pode se comover diante de alguém que clama, quanto mais Deus que é, além de justo, cheio de misericórdia. Seu amor é incompreensível e incomparável para conosco, e seus ouvidos se inclinam para ouvir aqueles que o servem e, a todo momento, o buscam de várias formas crendo que ouvirão sua voz e verão suas mãos estendidas, tanto para abençoá-los quanto para abraçá-los em momentos de necessidade de um consolo em seu coração. A expressão "tardio para com eles" não significa que Ele demora, mas que, ao nosso ver mediante o sofrimento, sua resposta deveria ser mais rápida.

Lucas 18:8 - "Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?"
    Observe que depois de dizer "ainda que tardio para com eles", Ele usa o termo "depressa, lhes fará justiça", essa é a comprovação de que o tempo que parece demorado para o homem é rápido para Deus; resumindo, o tempo dEle não é o nosso, pois Ele sabe qual é momento certo para tudo, nós é que não sabemos esperar. Mas a grande pergunta desse texto é: "Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?". Essa pergunta tem sentido tanto escatológico e coletivo quanto atual e pessoal, pois mexe com nosso estado espiritual, do qual depende nossa vida cotidiana e também futura. Quando clamamos por justiça olhando para Ele como o grande Juiz, o que Ele vê em nós? Importunadores que apenas serão ouvidos pela sua misericórdia ou seguidores dignos que, mesmo cheios de falhas, procuram viver retamente sendo justos cidadãos nessa "cidade"?

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Parábola do Fermento

Mateus 13:33

Na Bíblia, o fermento quase
sempre representa o pecado
devido ao seu poder de mistura,
inclusive é proibido em
diversas ocasiões, no entanto,
devemos compreender que
cada caso é um caso e que aqui,
especificamente, ele representa
crescimento.
Mateus 13:33 - "Outra parábola lhes disse: O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado."
    Também narrada em Lucas 13:20,21, a parábola do fermento é a continuação do ensinamento do Mestre sobre o crescimento da Igreja, ocasião na qual Ele fez uso da parábola do grão da mostarda. Partindo desse contexto, podemos entender que a presente parábola também se refere ao crescimento da Igreja. Essa mulher representa a Igreja - especificamente cada crente -, a qual recebeu a missão de propagar o Evangelho; o fermento faz a massa crescer, o que representa a pregação ou a exposição da Palavra de várias formas; a introdução de três medidas de farinha pode apenas simbolizar o ser humano - corpo, alma e espírito - que ouve a pregação e tem dentro de si seu efeito resultando em crescimento espiritual. Logicamente, nos círculos teológicos, há grande polêmica em torno da interpretação desse texto, mas o mais aconselhável é seguir o contexto que, por sua vez, está falando do crescimento do Reino.

Parábola do Grão de Mostarda

A mostarda, cujo nome científico
é sinapis nigra, sendo originada
da menor de todas as sementes
existentes, sua colheita pode ser
feita por volta de quatro meses
após a plantação e, quando
adulta, dependendo da espécie,
pode atingir três metros de altura.
Ela possui propriedades
medicinais.
Mateus 13:31,32

Mateus 13:31 -  "Outra parábola lhes propôs, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo;"
    Logo após contar a parábola do joio e do trigo, a qual se refere à falsos crentes no meio da Igreja, Jesus se pôs a ensinar sobre o crescimento do Reino de Deus, usando como exemplo o grão de mostarda (não confundir com a parábola em que Ele usou o grão de mostarda para falar sobre fé, citada em Mateus 17:20 e Lucas 17:6). Para falar sobre a impressionante expansão que a Igreja alcançaria após sua crucificação, Ele o assemelhou à menor das sementes que sendo lançada no campo - ou na horta, o que representa o mundo onde devemos pregar - produz abundantemente. É interessante que, tanto em Mateus 13:31 como em Lucas 13:19, Ele, ao se referir a esse homem, usa o pronome possessivo "seu"; o que nos leva a entender duas coisas: primeiramente, a expressão "homem" se refere à Ele próprio que é o edificador da Igreja e responsável por seu crescimento; e depois, figuradamente, o homem é cada discípulo (nós) a quem foi transferida essa missão, tornando-se, como administrador, também responsável pelo crescimento da Igreja, ainda que sendo dependente de seu Edificador. A expressão "semeou no seu campo" leva-nos também a entender o sentido organizacional da Obra, a qual nos ensina a não semearmos em campos alheios, ou seja, cada um deve respeitar o chamado, os dons, a forma de trabalhar e o espaço dos demais.

Mateus 13:32 -  "o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos."
    O uso da menor de todas as sementes como exemplo não foi por acaso; pois os seguidores de Cristo eram minoria em seu início. Tendo eles sido dispersos por vários lugares após sua crucificação, começaram assim a pregar a mensagem do Reino por onde passavam. Dessa maneira, aquele pequeno grupo, ligado à sua Raiz, foi se solidificando e o que era apenas um minúsculo broto, passou a crescer e a produzir saborosos e nutritivos frutos. Em Atos 2:41 vemos um relato que retrata bem esse crescimento com a agregação de quase três mil almas por meio de uma pregação de Pedro e pelo trabalho dos demais apóstolos. O termo "vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos", representa o acolhimento às almas; essa afirmação de Jesus é uma das confirmações da promessa relatada em Ezequiel 17:23 ("No monte alto de Israel, o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele todas as aves de toda sorte de asas e à sombra dos seus ramos habitarão"). A pregação do Evangelho deu à todos os povos o alcance à Palavra de Deus.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Assumindo a Paternidade dos Filhos Espirituais

Um dos princípios mais
básicos da liderança cristã
consiste no cuidado pelos
liderados: não basta gerar,
tem que cuidar. Vale
lembrar que cada líder é
também um liderado.
3ª João 1:4 - “Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade.”

Contexto
- Escrita entre 85 e 90dC., pelo apóstolo João, essa epístola foi destinada à Gaio, um cristão que provavelmente muito o ajudou em seu ministério.
- Ao que tudo indica, o apóstolo João ainda não se encontrava preso em Patmos, mas sim livre em Éfeso. Era o último apóstolo vivo.
- Um de seus objetivos era alertar contra Diótrefes, possivelmente um obreiro que distorcia a pregação do Evangelho e não aceitava na igreja quem cresse no que João havia ensinado.
- Seu conteúdo básico é seguir o bem e não o mal.

Mensagem
- Sua grande alegria era saber da firmeza de seus filhos na fé.
3ª Jo 1:3 - “Pois folgo muito, quando os irmãos vêm dar testemunho da tua verdade, como tu andas em verdade.”

- Como líder, ele nos ensina que devemos apoiar os liderados;
3ª Jo 1:1,2 - “O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo em verdade. 2Amado, peço a Deus que prosperes em tudo e tenhas saúde, assim como tua alma prospera.”

- E, da mesma forma, incentiva-los a continuar trabalhando.
1ª Jo 3:5,6 - “Amado, tu procedes fielmente em tudo o que fazes aos irmãos, e estes até estranhos, 6os quais dão testemunho do teu amor diante da igreja, aos quais farás bem se ajudares na sua viagem de um modo digno de Deus;”

- Você se alegra com o crescimento do seu irmão?
Rm 12:15 - “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.”

- Gerar “filhos” implica em cuidados.
2ª Co 12:14,15 - “Eis aqui estou pronto para, pela terceira vez, ir ter convosco e não vos serei pesado; pois que não busco o que é vosso, mas, sim, a vós; porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos. 15Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.”

- A forma como você trata as pessoas à sua volta define o desenvolvimento do seu ministério.
Gl 6:2,6-9 - “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo. 6E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui. 7Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. 8Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna. 9E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Parábola do Semeador

Todo semeador precisa ter a
consciência de que sua
responsabilidade vai muito além
de simplesmente semear, pois é
preciso preparar o solo, investir
em adubo, separar sementes,
expulsar répteis e insetos,
enfrentar sol e chuva e cuidar da
terra; depois de tudo isso é
necessário estar ainda preparado
para obter possíveis resultados
negativos ou abaixo da
expectativa.
Marcos 4:3-8

Marcos 4:3 - "Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear."
    Essa parábola contada por Jesus é narrada também em Mateus 13:1-9 e Lucas 8:4-8. No texto do capítulo 4 de Marcos ela começa a ser explicada no versículo 14: "O que semeia semeia a palavra". Nessa ocasião, Ele se colocava a ensinar aos que o seguiam, e posteriormente, de modo particular aos seus discípulos, sobre a necessidade e a dificuldade da evangelização.  O que podemos absorver desse texto é que nos dias atuais nós somos semeadores, a semente é a Palavra e a terra são os ouvintes. E qualquer semeador sabe o que se exige dele: determinação, disponibilidade, paciência e conhecimento sobre as sementes e a terra com que ele está trabalhando. Ele usa o verbo "sair", o que nos mostra que esse trabalho não é feito sem mobilização, pois é necessário movimentar-se primeiramente em busca da semente, e em seguida ir em direção à terra que irá recebe-la.

Marcos 4:4 - "E aconteceu que, semeando ele, uma parte da semente caiu junto ao caminho, e vieram as aves do céu e a comeram."
    O semeador dessa parábola não teve total êxito em sua semeadura. Logo de início, parte da semente caiu à beira do caminho e foi comida por aves; no verso 15 temos a explicação disso: "e os que estão junto ao caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo eles a ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada no coração deles". Beira do caminho significa entrada ou saída, imaginemos então uma porta; é onde fica aquela pessoa que não entra e nem sai. É aquele novo crente sem firmeza que qualquer coisa o tira do foco; a esses  o inimigo facilmente lança algo que o faz desistir do objetivo de servir a Deus. Plantas na beira do caminho, raramente crescem e produzem porque estão vulneráveis a tudo que não pertence à plantação. Como semeadores, devemos cuidar em analisar se não estamos plantando rasamente de maneira que qualquer ave maligna venha a nos tomar nossa semente como presa.

Marcos 4:5 - "E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda."
    Continuando a semeadura, o semeador lançou algumas sobre os pedregais. No 16º versículo temos a explicação do Mestre: "E da mesma sorte os que recebem a semente sobre pedregais, que, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem". Pedras na superfície impedem o livre contato entre a raiz e a terra, dificultando a planta de receber do solo que é necessário para adquirir firmeza. Isso nos leva a refletir sobre os perigos da precipitação; muitos começam com euforia, se comprometendo a fazer coisas que nem conhecem, não dando um tempo para si mesmos terem a oportunidade de aprenderem algo dentro do devido tempo, assim podendo melhor se desenvolver, tanto espiritual quanto ministerialmente. Boa parcela da culpa dessa tentativa de "colheita de frutos imaturos" está na própria liderança que, muitas vezes, por carência de obreiros ou pela tentativa de segurar a pessoa, a incentiva, explorando-a nesse momento de empolgação.

Marcos 4:6 - "Mas, saindo o sol, queimou-se e, porque não tinha raiz, secou-se."
    No 17º versículo Ele continua: "mas não têm raiz em si mesmos; antes, são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam". A expressão temporãos significa literalmente fora de tempo; uma frágil plantinha que desponta acima da terra não tendo sido fortificada dentro de seu tempo necessário não resiste ao calor que a espera fora do subsolo que a protegia. Palavras, cobranças, expectativas e frustrações são ataques duros demais para o crente imaturo. Trata-se daquele que vive dependendo de ajuda e que facilmente se entristece até chegar ao ponto de não mais conseguir caminhar. Como semeadores, precisamos observar o solo, e se percebermos pedras em excesso nele, devemos cavar para proteger a semente que ali estamos lançando.

Marcos 4:7 - "E outra caiu entre espinhos, e, crescendo os espinhos, a sufocaram, e não deu fruto."
    Agora o semeador se depara com outro terreno também difícil de plantar: um solo com espinhos, ervas daninhas. Nos versículos 18 e 19, temos a explicação de Jesus: "E os outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas, e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera". Podemos entender estes como sendo aqueles que ficam um tempo na igreja, mas seu pensamento se resume em dizer que há coisas mais importantes do que o comprometimento com a Obra e costumam acusar os crentes compromissados com o ministério de fanatismo; geralmente, seu pensamento é totalmente voltado ao materialismo, costumando duvidar de quase tudo que se manifeste espiritualmente. O bom semeador deve zelar para conduzir - ensinar - suas plantas livres dos espinhos.

Marcos 4:8 - "E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro, sessenta, e outro, cem."
    Finalmente o semeador conseguiu jogar a semente em boa terra, e o Grande Agricultor mais uma vez explica: "E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra, e a recebem, e dão fruto, um, a trinta, outro, a sessenta, e outro, a cem, por um". Estes são aqueles que ouvem, entendem, buscam firmeza e logo já estão produzindo com boa qualidade; sentem sede de se envolver e necessidade de estar sempre próximos às coisas espirituais; a expressão "dão fruto, um, a trinta, outro, a sessenta, e outro, a cem, por um", significa que cada um se desenvolve de uma forma no Reino de Deus, tendo diferentes dons, e também produzindo uns mais e outros menos. Infelizmente, esse tipo de terra está cada vez mais raro nos campos onde semeamos, pois muitos insetos e poluição maligna têm envenenado o solo; porém, não devemos apelar para o uso de agrotóxicos - artifícios extra-bíblicos -, pois nosso adubo tem que ser natural, totalmente puro - oração, consagração, Palavra e bom testemunho -. O bom agricultor deve zelar pela qualidade da semente e, se possível, preparar a terra e cuidar bem dela.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Por Que Jesus Fez Tanto Uso de Parábolas?

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Direcionar a mensagem à um
público específico de uma forma
simples e direta conforme eles
podiam entender com mais
facilidade, e também não ser
compreendido por aqueles que
não tinham o coração aberto
para recebê-lo; essas são as
razões pela qual Ele tanto fez
uso de parábolas.
Mateus 13:10-17

Mateus 13:10 - "E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?"
    Seus próprios discípulos não compreendiam não simplesmente as parábolas, mas também o porquê de Ele ensinar por meio delas. O questionamento “por que lhes fala por meio de parábolas”, na verdade, nada mais é do que apenas mais uma das várias demonstrações que vemos nos Evangelhos de que os homens que estavam ao seu lado não possuíam uma total sintonia com Ele, pois por repetidas vezes expressaram falta de fé para praticar o que lhes era ensinado pelo Mestre. Isso nos ensina que “andar com Jesus” não significa sempre compreender suas ações e, principalmente, repeti-las; dessa forma também compreendemos que a Igreja vive em constante busca de perfeição: sempre há algo a aprender e colocar em prática na nossa vida.

Mateus 13:11 - "Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;"
    Porém, mesmo que não compreendessem as parábolas em si, tinham seus discípulos o privilégio de receber diretamente do Mestre uma explicação sobre seu significado. Além da ministração ao povo, Ele concedia aos homens que andavam com Ele um ensinamento em particular e lhes deixava claro que eles recebiam algo a mais de sua parte. Isso os colocava em um diferente nível, uma hierarquia superior. Eles precisavam compreender que recebiam mais do que aquelas multidões que os cercavam por onde passavam. O que se pode compreender disso é que crentes que possuem chamado e exercem funções de liderança têm por obrigação buscar mais, porque a eles isso lhes é oferecido. Conforme o Senhor aumenta o peso sobre nossos ombros, também mais nos fortalece para suportar.

Mateus 13:12 - "porque àquele que tem se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado."
    Por um momento, essa declaração de Jesus talvez lhes tenha enchido de orgulho, no entanto, seu objetivo não era levantar o ego deles, mas sim lhes mostrar a grande responsabilidade que estava em suas mãos, a qual trazia consigo dificuldades e perigos. Possuir dons espirituais e cargos ministeriais, embora não deixe de ser uma situação honrosa, mais do que status consiste em uma temorosa missão a ser cumprida, da qual dependem vidas de não-crentes a serem alcançadas e de crentes a serem edificadas. A expressão “aquele que não tem, até o que tem será tirado”, significa que aqueles que se aproximam dEle, quanto mais buscam, mais alcançam, ao passo que aqueles que, mesmo estando próximo, pouco buscam, pouco alcançam e, com o passar do tempo, vão perdendo até o que conquistaram.

Mateus 13:13 - "Por isso, lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem."
    No meio de sua imensa plateia não havia apenas fiéis que o ouviam por amor com vontade de aprender o que era necessário para servir a Deus e alcançar o Reino dos céus; muitos ali infiltrados eram pessoas descritas como escribas, fariseus, mestres da lei e sacerdotes entre outros, cujo objetivo era pegar em suas palavras algo que pudessem testemunhar contra Ele em julgamento. Sabendo disso, Ele direcionava suas mensagens focado na mente daqueles que estavam ali de coração puro realmente querendo absolver seus ensinamentos. Com sua incomparável sabedoria Ele conseguia falar diante dos inimigos de modo que estes não entendiam e, muito provavelmente, o tinham apenas como um simples contador de histórias aparentemente sem sentido. Isso não significa que Jesus tinha medo deles, mas que precisava se resguardar, pois ainda não havia chegado seu momento de ser preso.

Mateus 13:14 - "E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis e, vendo, vereis, mas não percebereis."
    A mensagem de Cristo era direcionada à um público específico: aqueles que o aceitavam verdadeiramente como o Salvador, o esperado Messias mencionado pelos profetas. Os que mantinham o coração duro, fechado para ouvir sua voz e o receber como Rei, não tinham que entender o que Ele estava ensinando acerca do Reino. O profeta Isaías já havia falado sobre isso, conforme podemos conferir em Isaías 6:9: “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis”. A realidade da igreja atual não é diferente, pois muitos estão dentro de uma congregação por várias razões, muitas vezes, longe de ouvir, compreender e aceitar a vontade de Deus; quanto mais fecham seu coração, mas seu entendimento se embaraça na captação das mensagens pregadas.

Mateus 13:15 - "Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou os olhos, para que não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e compreenda com o coração, e se converta, e eu o cure."
    Conforme vemos em Isaías 6:11, a profecia continuou falando duramente contra eles: “Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser sarado”; isso nos leva a entender também que não se tratava apenas de homens de poder social que se sentiam politicamente ameaçados por Jesus, mas também que entre a camada mais baixa da população - o povo - haviam pessoas que, por motivos diversos, tinham seu coração endurecido para a pregação do Evangelho. Tal endurecimento causava um afastamento tão grande entre eles e Deus que chegava a provocar a ira do Todo-Poderoso a ponto de que Ele próprio não queria que eles, ouvindo a mensagem, a compreendessem e se convertessem. O que nossas atitudes ou pensamentos estão provocando no coração de Deus?

Mateus 13:16 - "Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem."
    Em contrapartida, bendizia Ele os que o ouviam de bom grado chamando-os de bem-aventurados. A boa recepção à mensagem do Evangelho e às Escrituras Sagradas como um todo, nos levam a uma maior comunhão com o Senhor, pois à medida que o alegramos com atitudes que o agradem, Ele também nos alegra, permitindo ou proporcionando-nos uma vida agradável, na qual, mesmo em meio a muitas aflições e lutas, ainda conseguimos encontrar uma paz que, aos olhos humanos, é simplesmente inexplicável. Eles foram chamados de bem-aventurados por presenciarem e viverem aquele tão maravilhoso momento, dando-lhe seu devido valor; isso significa que valorizando o que o Senhor nos proporciona podemos obter plena paz em nossa vida; somente a esperança da vida eterna já é motivo mais que suficiente para isso.

Mateus 13:17 - "Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não o viram, e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram."
    Estar ao lado do Messias, ou simplesmente ouvi-lo ou vê-lo, ainda que de longe era um tão grande privilégio que os que viveram antes daquele tempo desejaram isso, mas não puderam alcançar; porém, nem todos que ali estavam valorizavam de fato essa tão rica e única oportunidade. Tal situação nos ensina que o lugar que ocupamos, tanto espiritual como ministerialmente, tem um tão inestimável valor, o qual, se conhecêssemos de fato, valorizaríamos muito mais do que temos valorizado. Muitas vezes, nossas limitações não nos permitem compreender que temos em nós o Espírito do Deus Vivo: Criador e Sustentador do universo; Ele próprio em contato com nós, nos guardando e orientando a cada momento de nossa vida.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O Que é Uma Parábola?


Marcos 4:34 - “E sem parábolas nunca lhes falava, porém tudo declarava em particular aos seus discípulos.”


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Desenvolver métodos de ensino
eficientes é o papel de qualquer
mestre que se preze, e não
poderia ser diferente com o
Mestre dos Mestres; Jesus nos
dá um perfeito exemplo de
como a aplicação de um bom
método didático surte efeitos
positivos em nossos discursos.
    A parábola é o principal método didático aplicado nos ensinos de Jesus; tanto que Ele não falava de forma direta, mas sempre por meio desse recurso e, posteriormente, explicando em particular àqueles que mais próximos eram dEle. Pelos registros contidos nos Evangelhos sinóticos - o que não inclui o Evangelho escrito por João -, podemos comprovar que, em seu ministério terreno, Ele fez uso de pelo menos quarenta e quatro delas (possivelmente Ele contou outras que não foram registradas nas Escrituras). Entende-las exige além de raciocínio, um coração espiritualmente aberto, e nem todos alcançam esse privilégio. Sendo Ele nosso exemplo maior de sabedoria, dessa forma nos ensina também a eficácia desse método de ensino pois ele aborda exemplos cotidianos e simples para os ouvintes, assim explicando questões mais complexas acerca do assunto em questão. O Antigo Testamento possui dez parábolas.

    A palavra parábola em hebraico é mashal tendo, muitas vezes, o significado de provérbio, analogia, enigma, discurso, poema, conto, símile, ditos populares e coisas do tipo. Por toda a Bíblia, dependendo da tradução, ela é mencionada 45 vezes, sendo 14 no Antigo e 31 no Novo Testamento. Em grego, seu termo original é parabolé, que significa “por ao lado de” expressando uma comparação. Jesus foi que mais fez uso de linguagens figuradas para atingir seus propósitos no que se referia a atingir a mente do público ouvinte. Prender a atenção dos mais variados tipos de pessoas levando todos ao entendimento de acordo com a necessidade nunca foi tarefa para qualquer um; no entanto, Ele nos ensinou que isso é possível.

    Em nossa linguagem comum da atualidade, a melhor forma de definir o significado de uma parábola é como ilustração: um dos recursos didáticos mais usados pelos mais conceituados oradores de nosso tempo. Parábolas, geralmente, são histórias curtas e elaboradas de forma simples e bastante objetiva. A mente humana possui muito mais facilidade de captação e assimilação de qualquer tipo de uma mensagem quando a mesma é apresentada com comparações; desde os primeiros anos do ensino fundamental, os educadores exploram persistentemente o método ilustrativo, pois sabem que é muito mais fácil a criança entender uma estória do que memorizar intermináveis explicações teóricas. Seguindo o exemplo do Grande Mestre, precisamos falar de uma forma que todos possam compreender (Mc 4:33).

    Diferenciar entre os diversos tipos de figuras de linguagem não é uma tarefa muito simples, pois, à primeira vista, todas são bastante semelhantes. Segue abaixo uma lista com o significado de algumas delas:
Metáfora: Quando algo ou alguém é considerado como um outro.
Exemplo: (Jo 10:14) “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. Literalmente, Jesus não é um pastor e nem seus seguidores ovelhas, mas essa forma de expressão representa de que forma devemos imaginá-lo e agir em relação a Ele.

Metonímia: Quando algo ou alguém é considerado como um outro por ter alguma relação com o mesmo.
Exemplo: (Lc 16:29b) “Eles têm Moisés e os Profetas”. Quando Jesus proferiu essa parábola, Moisés e os profetas já eram mortos; com isso, Ele simplesmente se referia a todos os demais que pregavam a Palavra ensinada por Moisés e pelos profetas.

Hipérbole: Usar termos que aumentam ou diminuem exageradamente a situação real.
Exemplo: (Sl 22:14) “...Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim”. É óbvio que um ser humano não pode se derramar como água, nem os seus ossos se desconjuntares ou mesmo seu coração se derreter como cera dentro do corpo simplesmente pelo seu estado de tristeza, mas essa foi uma maneira, ainda que exagerada, encontrada pelo salmista para expressar a tão terrível angústia que estava sentindo.

Ironia: Falar em sentido contrário àquilo que realmente se quer dizer.
Exemplo: (Gn 3:22a) “Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal”. Logicamente, o homem jamais será exatamente igual a Deus; mas, com isso, Ele apenas quis dizer que por ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, o ser humano passaria a ter um conhecimento a mais, o qual era proibido à ele, sendo isso um privilégio que somente os seres celestiais tinham acesso.

Antropomorfismo: Atribuir sentidos ou atitudes humanas a Deus.
Exemplo: (Lv 1:9c) “... holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor”. Deus não iria literalmente cheirar o sacrifício; essa afirmação apenas demonstra que Ele ficaria satisfeito se esse ritual lhe fosse oferecido de forma correta e sincera.

Tipo: Qualquer cerimônia, objeto ou pessoa que se refira a algum evento futuro.
Exemplo: (Jo 3:14) “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado”. A serpente de metal colocada sobre uma haste, para a qual as pessoas picadas por cobras olhavam e não morriam pelos efeitos do seu veneno, foi uma das tipificações que demonstravam profeticamente a missão do Messias: salvar os pecadores que cressem nEle, assim neutralizando o efeito mortal - a condenação eterna - causado pelo pecado.

Símbolo: Objeto que representa algo com sentido espiritual.
Exemplo: (Gn 9:11-13) “...E eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra. E disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre mim e vós e entre toda alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra...”. Após o dilúvio, apareceu um arco-íris simbolizando um pacto entre Deus e o homem como garantia de que o Senhor não mais mandaria o dilúvio para destruir a terra.

Alegoria: A utilização de um fato verídico como profecia de um acontecimento futuro.
Exemplo: (Gl 4:21-31) “Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa, o que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz, esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque. Mas, como, então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também, agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da livre”. Esse é um exemplo de como Deus usou a história do nascimento de Ismael e Isaque, os dois filhos de Abraão, para mostrar o que aconteceria com o povo de Israel.

    É necessário destacar também a diferença entre parábolas e mitos. Nas parábolas, ainda que a história em si não seja real, seu conteúdo não é fantasioso, ou seja, é totalmente possível de acontecer na realidade. Nos mitos, além de sua história não ser real, seu conteúdo é fantasioso, impossível de acontecer na realidade; resumindo: tudo que se refere a mito é uma completa mentira. Jesus foi um grande contador de história, no entanto, suas histórias não eram infundadas e sem sentido, pois tinham objetivo didático servindo para clarear o entendimento daqueles a quem Ele queria atingir com seus discursos. Assemelhar o Reino de Deus à um grão de mostarda para explicar seu crescimento é um grande exemplo de sua habilidade oratória, pois a mostarda era uma hortaliça bastante conhecida na época (Mc 4:31,32).

    Como já foi dito aqui, entre os seguidores de Jesus não haviam apenas admiradores, mas também opositores. Sua mensagem era de paz, porém seu título, ainda que não oficial, era de rei. A afirmação de ser o Messias trazia um desconforto político entre os nobres da época e representava uma ameaça ao governo romano. Assim sendo, pelo menos duas razões tinha Ele para não querer que suas mensagens de salvação não fossem entendidas por todos: as ameaças e a dureza do coração de muitas pessoas. 

    Ser o alvo direto das mensagens divinas é um privilégio de valor incalculável. Enquanto muitos não entendem porque não o buscam verdadeiramente, você receber dEle algo de forma que Ele faz questão que você entenda, embora não te torne melhor que os demais, te diferencia te proporcionando uma posição de servo mensageiro, a qual não é dispensada a todos que o seguem ou creem nEle. Porém, do mesmo modo que te coloca em um alto patamar, receber algo a mais do Senhor, aumenta sua responsabilidade e cobrança diante dEle (Mc 4:11-13).