quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Negação da Divindade de Jesus

Embora falem bastante
sobre Jesus, a visão das
Testemunhas de Jeová a
respeito dEle não condiz
com o que realmente diz a
Bíblia; um de seus maiores
erros é negar a sua divindade.
    Antes de refutar essa heresia[1] defendida pelas Testemunhas de Jeová, como também por outras seitas[2] (1ª Co 2:14), precisamos entender o que significa Trindade[3]. Resumidamente, ao contrário do que muitos pregam - alguns ofensivamente dizendo que cremos num bicho de três cabeças -, não se trata de crer na existência de três deuses (1ª Jo 5:7), mas saber que Deus se manifesta em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É óbvio que explicar a Trindade, assim como entende-la, não é tão simples assim, pois se trata de conhecer a personalidade de Deus, o que é um mistério que está muito acima da capacidade da comum compreensão humana; no entanto, não é impossível perceber que existem atributos[4] divinos tanto em Jesus (Jo 10:30) quanto no Espírito Santo (Jo 14:16,17). No que se refere ao nosso Salvador, negar sua deidade[5] é o mesmo que negar seu sacrifício, pois tal ato o reduz a um mero ser celestial encarnado num corpo humano sem a devida pureza para tal missão.
    Segundo a doutrina ensinada pelas Testemunhas de Jeová, Jesus é apenas divino, ou seja: Ele apenas provém - ou procede -, de Deus, assim como qualquer coisa que deva ser respeitada por ser considerada sagrada. Com esse argumento tentam nos confundir afirmando que não negam a divindade - ou deidade - de Cristo. De acordo com sua interpretação, o fato de Jesus ser tratado como filho e ter recebido poder sendo enviado por Jeová[6] à terra é uma prova de que Ele não é Deus. Como reforço à essa linha de pensamento, o comparam ainda com Moisés que também foi enviado para uma missão especial e, na Bíblia, é também chamado de Deus, mas nem por isso é Deus. Afirmam eles ainda que Ele seja um deus, ou simplesmente semelhante a Deus; não seria isso contraditório? Para se defenderem, ao negar que não creem na existência de mais de um Deus, simplesmente o comparam aos anjos e aos juízes humanos, os quais a Bíblia também menciona como deuses.
    Então vejamos aqui as suas falhas na interpretação bíblica: Dizer que Jesus é apenas divino - que Ele apenas provém de Deus -, é uma tentativa de diminui-lo ao mesmo nível de objetos que no Antigo Testamento foram considerados sagrados como, por exemplo, a Arca da Aliança e os demais objetos inseridos no tabernáculo e posteriormente no templo. As Escrituras Sagradas nos ensinam que Ele não é uma mera criatura, Ele está acima de tudo o que foi criado (Fp 2:9-11) e, inclusive, já existia no princípio dos tempos também fazendo parte do comando da criação (Jo 1:1-3[7]; Gn 1:26a; Cl 1:12-18[8] [9] [10]; Hb 1:8-10[11] [12]) e sua existência é eterna (Hb 13:8; Ap 1:8[13] [14]). O fato de Ele ser chamado de Filho de Deus apenas expõe a sua situação naquele momento em que Ele se esvaziou da sua glória, de forma física, ocupando um corpo humano temporariamente para habitar na terra e cumprir sua missão de sacrifício em nome da salvação daqueles que o reconhecessem como o Salvador (Jo 1:9-12,14; Fp 2:5-8[15]). Usar argumentos como os fatos  de que Moisés, os juízes e os anjos também foram chamados de deuses (Êx 7:1; Sl 82:1-7; 138:1) não tiram sua real divindade, pois tais afirmações apenas consistem numa figura de linguagem que os apresenta como representantes - ou embaixadores -, de Deus.
    Assim sendo, podemos afirmar que todas as refutações ao deísmo messiânico são apenas falhas de interpretação; seja de forma intencional ou não, eles apenas estão considerando a condição física da pessoa de Cristo como Messias na figura do homem encarnado. A maior dificuldade em se entender a Trindade está na compreensão da separação pessoal entre os três seres. Para clarear a mente em relação a isso, basta raciocinar da seguinte forma: como pessoas eles são três distintos: um não é o outro; o que os une é a divindade, a qual pertence a cada um dos três constituindo um só Deus. Resumindo: são três pessoas distintas que participam da mesma deidade. Cada um tem sua função, mas a divindade é a mesma. O Pai não é o Filho e nem o Espírito Santo, o Filho não é o Pai e nem o Espírito Santo e o Espírito Santo não é o Pai e nem o Filho; mas os três são  o mesmo Deus [não três deuses].
    Analisemos, então, biblicamente essa questão e, para que não pareça haver imparcialidade ou perseguição religiosa, usaremos, além da versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), a Tradução do Novo Mundo (TNM); vejamos alguns dos versículos mais utilizados em relação a esse assunto:
Jo 1:1-3
    (ARC) "No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2Ele estava no princípio com Deus. 3Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens;"
    (TNM) "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era um deus. 2Ele estava no princípio com Deus. 3Todas as coisas vieram a existir por meio dele, e sem ele nem mesmo uma só coisa veio a existir.”

Jo 1:9-12,14
    (ARC) "Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo, 10estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. 11Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, 14E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade."
    (TNM) "Estava para vir ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todo tipo de pessoas. 10Ele estava no mundo, e o mundo veio a existir por meio dele, mas o mundo não o conheceu. 11Ele veio ao seu próprio povo, mas eles não o aceitaram. 12No entanto, a todos os que o receberam, ele deu autoridade para se tornarem filhos de Deus, porque exerciam fé no seu nome. 14De modo que a Palavra se tornou carne e residiu entre nós, e nós vimos a sua glória, uma glória como a de um filho unigênito de um pai; ele estava cheio de favor divino e de verdade.”

Jo 10:30
    (ARC) "Eu e o Pai somos um."
    (TNM) "Eu e o Pai somos um.”

Fp 2:5-8
    (ARC) "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. 7Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz."
    (TNM) "Mantenham a mesma atitude que Cristo Jesus teve: 6embora ele existisse em forma de Deus, não pensou numa usurpação, isto é, em ser igual a Deus. 7Pelo contrário, ele abriu mão de tudo que tinha, assumiu a forma de escravo e se tornou humano. 8Mais do que isso, quando veio como homem, ele se humilhou e se tornou obediente a ponto de enfrentar a morte, sim, morte numa estaca.”

Fp 2:9-11
    (ARC) "Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, 10para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai."
    (TNM) "Por essa razão, Deus o enalteceu a uma posição superior e lhe deu bondosamente o nome que está acima de todo outro nome, 10a fim de que, diante do nome de Jesus, se dobre todo joelho - dos que estão no céu, na terra e debaixo do chão - 11e toda língua reconheça abertamente que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai.”

Cl 1:12-18
    (ARC) "dando graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz. 13Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor, 14em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; 15o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. 17E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. 18E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,"
    (TNM) "ao passo que agradecem ao Pai, que os habilitou para participar na herança dos santos na luz. 13Ele nos livrou da autoridade da escuridão e nos transferiu para o reino do seu Filho amado, 14por meio de quem temos o nosso livramento por resgate, o perdão dos nossos pecados. 15Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16pois por meio dele foram criadas todas as outras coisas nos céus e na terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis, quer sejam tronos, quer domínios, quer governos, quer autoridades. Todas as outras coisas foram criadas por meio dele e para ele. 17Também, ele já existia antes de todas as outras coisas, e por meio dele todas as outras coisas vieram a existir. 18E ele é a cabeça do corpo, que é a congregação. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para se tornar aquele que é o primeiro em todas as coisas;”

Hb 1:8-10
    (ARC) "Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino. 9Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros. 10E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos;"
    (TNM) "Mas a respeito do Filho ele diz: “Deus é o seu trono para todo o sempre, e o cetro do seu Reino é o cetro da retidão. 9O senhor amou a justiça e odiou o que é contra a lei. É por isso que Deus, o seu Deus, o ungiu com óleo de alegria mais do que aos seus companheiros.” 10E: “Ó Senhor, no princípio lançaste os alicerces da terra, e os céus são obras das tuas mãos.”

Hb 13:8
    (ARC) "Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente."
    (TNM) "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.”

1ª Jo 5:7
    (ARC) "Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um."
    (TNM) "Pois são três os que dão testemunho:”

Ap 1:8
    (ARC) "Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso."
    (TNM) "“Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz Jeová Deus, “aquele que é, que era e que vem, o Todo-Poderoso”."

    Como pudemos observar nas comparações acima, algumas citações bíblicas que comprovam a divindade de Jesus foram alteradas ou simplesmente omitidas na Tradução do Novo Mundo; no entanto, boa parte dos seus escritos tem o mesmo sentido de nossas versões bíblicas, mas, ainda sim, insistem em interpretar de acordo com sua própria doutrina. Como confiar em um grupo religioso que manipula ao invés de manejar bem a Palavra de Deus (Ap 22:18,19; 2ª Tm 2:15)? As Testemunhas de Jeová afirmam ainda que a ressurreição de Cristo não foi física, mas apenas espiritual, sendo que as Escrituras Sagradas mostram o contrário (Lc 24:39; At 1:11). Quanto às afirmações de que Jesus é apenas um ser criado (Sl 2:7; At 13:33; Hb 1:5; 5:5), as citações bíblicas que poderiam insinuar isso não devem ser interpretadas literalmente; pois o ato de “gerar” representa simplesmente o fato de que Deus, nesse momento, demonstrava seu reconhecimento em relação a Ele, usando a linguagem figurada do nascimento de um filho, na verdade apresentando-o ao mundo como seu enviado, como se dissesse: “Hoje estou gerando um rei!”, não significando que Ele tivesse nascido naquele momento. Qual seria a intenção de uma organização religiosa em negar isso? Simples falhas de entendimento ou desvio consciente por alguma conveniência ou vontade de ser diferente dos demais grupos cristãos? Sejam suas heresias apóstatas[16] ou não, o grande problema é que tais erros estão confundindo a muitos, tirando-lhes a visão de quem é realmente o Senhor Jesus Cristo (Mt 18:11).


[1]Heresia: Doutrina, muitas vezes praticada de forma inconsciente, que se opõe aos dogmas da Igreja. Absurdo, contrassenso, disparate. Ato ou palavra ofensiva à Deus ou à religião.
[2]Seitas: Grupo religioso que se separa de um corpo maior ou primitivo. Grupo de pessoas que seguem determinados princípios ou doutrinas diversas dos geralmente aceitos no respectivo meio.
[3]Trindade: A união das três pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - formando um só Deus. Deus é ao mesmo tempo uno e trino (Mt 3:13-17; 28:19; 2º Co 13:13).
[4]Atributo: Aquilo que é próprio de um ser; qualidade (Rm 1:20).
[5]Deidade: Divindade.
[6]Jeová: Significa "Senhor". (Hebr.: YHVH, Javé.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é "o Eterno" ou "o Deus Eterno". Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Êx 3:14; 6:3). Seguindo o costume que começou com a Septuaginta, a grande maioria das traduções modernas usa "Senhor" como equivalente de YHVH (JAVÉ). A RA (Revista e Atualizada) escreve "SENHOR". A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma Jeová (Jehovah), que só aparece a partir do ano 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de YHVH (o Eterno) com as vogais de Adonai (Senhor).
[7]Verbo: Palavra (Jo 1:1-14). Jesus é o Logos (1ª Jo 1:1; Ap 19:13), isto é, a Palavra, que é mais do que expressão falada: é Deus em ação, criando (Gn 1:3), se revelando (Jo 10:30) e salvando (Sl 107:19-20; 1ª Jo 1:1-2).
[8]Principado: Dignidade de príncipe. Território cujo governo pertence a um príncipe ou a uma princesa. Mencionado na Bíblia também em referência a espíritos, sejam eles bons ou maus (1ª Co 15:24; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10,15).
[9]Potestade: Potência, força, poder. A divindade suprema, segundo a religião. Potentado.
[10]Preeminência: Posição superior (Cl 1:18); (1ª Tm 3:13).
[11]Cetro: Bastão que designava autoridade real. Pequeno bastão, que tem na extremidade superior uma esfera, uma flor ou outro ornamento e é usado pelos soberanos europeus. Autoridade real; poder soberano. Preeminência, superioridade.
[12]Equidade: Moderação. Imparcialidade. Justiça. Igualdade. Retidão.
[13]Alfa: A primeira letra do alfabeto grego. Quando mencionada em relação a Jesus significa “princípio”.
[14]Ômega: A última letra do alfabeto grego. Quando mencionada em relação a Jesus significa “o fim”.
[15]Usurpação: Ato de usurpar (apoderar-se de algo com fraude ou violência). Apoderação em proveito próprio de uma dignidade pertencente a outrem.
[16]Apóstata: O que pratica a apostasia (abandono ou desvio público e consciente de uma religião, de uma doutrina, opinião ou da própria fé).

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O Chamado

Jonas 1:1,2 - “E veio a palavra do Senhor a Jonas[1], filho de Amitai[2], dizendo: 2Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive[3] e clama contra ela, porque a sua malícia[4] subiu até mim.”

Pregar na temida e odiada cidade
de Nínive não fazia parte dos
planos ministeriais de nenhum
profeta; porém, desistir de salvar
almas perdidas também não faz
parte dos planos de Deus. A
primeira coisa que precisamos
entender num chamado é que a
escolha é dEle e não nossa!
1 - Deus chama revelando-se pessoalmente (1:1)
    O chamado[5] do profeta[6] Jonas é um dos mais extraordinários que podemos ver em toda a Bíblia: Deus falou com ele pessoalmente de forma clara e direta. As Escrituras Sagradas nada revelam sobre sua vida pessoal a não ser o nome de seu pai. O que sabemos é que ele era um profeta descendente da tribo de Zebulom[7], pois morava na cidade de Gate-Hefer[8]. Sendo profeta, certamente estava acostumado a ouvir a voz de Deus. Então, podemos imaginar que ao ouvi-lo falar, deve ele ter pensado que fosse essa apenas mais uma mensagem ao povo de Israel ou a algum cidadão específico; nada fora do comum para alguém acostumado a exercer esse ofício. Mal imaginava ele que se tratava de uma das mais importantes missões de todos os tempos e, certamente, nem se deu conta do privilégio de ter sido convocado pelo próprio Jeová.
    Em nossa vida ministerial acontece da mesma forma: quando nosso chamado é verdadeiro, o Senhor se revela a nós de alguma maneira fazendo-nos entender o que Ele quer de nós. É óbvio que nem sempre ele vai falar de maneira audível como falou com Jonas, mas se fará perceptível seja usando alguém por meio do dom de profecia, ou simplesmente nos levará a sentir em nosso coração despertando nossa mente por meio da oração, da Palavra, sonhos, visões ou de qualquer outra maneira que Ele queira se revelar (Hb 1:1). O importante não é a forma como recebemos o entendimento sobre nosso chamado, mas que tenhamos a certeza de que não estamos sendo enganados por nosso coração (Jr 17:9; Pr 28:26) e nem sendo induzidos por incentivo do homem. Uma das coisas que devemos saber em nosso chamado é que o dom - ou dons - que o Espírito Santo nos concede têm um objetivo (1ª Co 12:7,11), o que consiste, quase sempre, numa forma e num lugar específico a ser aplicado, sendo isso por tempo determinado ou não. Nenhum talento[9] nos é entregue para nossa satisfação pessoal (At 8:18-21) ou simplesmente sem motivo algum. Sermos escolhidos, capacitados e colocados diante de uma oportunidade de fazer algo a serviço do Reino dos Céus não é uma simples opção nossa, é um privilégio incalculável pelo qual devemos agradecer ao Senhor e executar com amor, dedicação e responsabilidade, sabendo que por isso seremos cobrados um dia (Mt 25:24-30). Por essa razão devemos ter plena certeza de nosso foco ministerial e se Deus está sendo honrado por meio do que dizemos que estamos fazendo para a honra e glória dEle (Jo 3:30). Você está certo do seu chamado e sabe qual é a importância dele?

2 - Ele dá a missão e explica o seu motivo (1:2)
    Diante da difícil missão que confiou ao profeta, é interessante atentarmos ao fato de que ao lançar esse “convite”, o Senhor não lhe perguntou se ele queria ir, não o consultou sobre suas possibilidades, não questionou sua capacidade, nem o incentivou com promessas de bênçãos e tampouco lhe disse o que ele iria ganhar com isso. Ele simplesmente o tratou como servo e lhe transmitiu uma ordem sem opção de recusa; suas palavras simplesmente foram enfatizadas por três verbos no modo imperativo: “Levanta, vai e clama[10]!”, dando-lhe o endereço do destinatário da mensagem: o temido e odiado povo da cidade de Nínive, seguido da razão da missão: a maldade daqueles cidadãos havia chegado a um nível intolerável. Nínive, na época, era a capital da Assíria[11]. Tendo sido formada por Ninrode[12], ela chegou a ser um dos maiores impérios financeiros e militares; muitos a chamavam de “cidade ladra”, porque ela invadia e roubava cidades de outras nações para enriquecer. Suas táticas de ação eram cruéis: consistiam em torturar e matar suas vítimas de forma desumana. Diante disso, Deus viu necessidade de intervir drasticamente destruindo os ninivitas por completo; porém, sua imensa misericórdia o levou a dar-lhes uma oportunidade de salvação por meio da mensagem de arrependimento enviada por um profeta. Temos aí também um grande exemplo de humildade: o Senhor explicando à um servo a razão do seu chamado.
    Em tua visão da Obra, o que você enxerga? Possibilidades e benefícios ou a necessidade dela e o custo a ser empregado? Quando Deus nos convoca, Ele não nos convida para uma entrevista numa sala de RH como se fosse nos dar um emprego. Ele simplesmente nos chama e nos direciona, e podemos ver pelo menos duas razões para isso: a primeira é que Ele quer mexer com a nossa fé (Hb 11:6) e a segunda é que grande parte do salário já foi paga (1ª Pe 1:18,19), ou seja: nós somos devedores e não Ele. Como servos, é necessário que entendamos que se aceitamos seguir a Cristo, isso significa que devemos confiar nEle e até, se necessário, estarmos dispostos a morrer em nome dEle (At 20:24; Fp 1:21); seu sacrifício por nós foi por amor e não por merecimento (Ef 2:4,5), portanto devemos trabalhar por amor e não pelo que Ele nos dá (Ef 2:8-10); e o cumprimento do nosso chamado, assim como as honras ministeriais que muitas vezes almejamos, têm um custo, o qual exige nossa renúncia a nós mesmos (Mt 16:24; 10:38). Mas há algo maravilhoso que podemos entender também: Ele não nos manda sem ferramentas (Lc 24:49) e nem nos envia sem capacidade para o trabalho (1ª Co 15:9,10). Resumindo: quando é realmente Ele quem chama, ainda que tenhamos que ir para “Nínive”, Ele se responsabiliza (1ª Co 10:13).


[1]Jonas: Significa “Pombo”. Profeta de Israel, filho de Amitai, natural de Gate-Hefer, que predisse a vitória de Jeroboão II sobre a Síria (2º Rs 14:23-25). Famoso por sua inusitada experiência de ter sido engolido por um grande peixe ao tentar fugir de Deus. É o autor do livro que leva seu nome (Jn 1:1): o quinto livro dos Profetas Menores, escrito para demonstrar que o amor de Deus não se limita a Israel, mas se estende a pessoas de outras nações (Jn 4:11). Não é apenas profecia no sentido restrito, mas é uma história com sentido profético (Mt 12:39-41). Na época de Jesus, existia um outro homem com esse nome, era o pai de Simão Pedro (Jo 1:42).
[2]Amitai: Em hebraico significa "Minha Verdade". Foi o pai do profeta Jonas (Jn 1:1).
[3]Nínive: Uma das mais antigas cidades do mundo, fundada por Ninrode (Gn 10:11). Durante vários séculos foi a capital dos assírios. Em se território, atualmente, está situado o Iraque. Foi destruída pelos babilônios em 612 aC. O profeta Jonas foi enviado até ela para convertê-la (Jn 1:2), e Naum anunciou a sua queda.
[4]Malícia: Propensão para o mal. Natural disposição para fazer e proceder mal; maldade. Interpretação maliciosa. Astúcia, esperteza, empregadas com intenção de prejudicar alguém.
[5]Chamado: Teologicamente, é um termo referente à capacidade dada por Deus, por meio de dons naturais ou espirituais, à cada crente para exercer determinadas funções ministeriais. Ter um chamado é ter uma missão a cumprir. Essa expressão denota uma escolha, um privilégio dado a um cristão para trabalhar a serviço do Reino. Porém, em Mateus 20:16 e 22:14, Jesus Cristo nos alerta que ser chamado não é uma garantia de salvação: “Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.”; Isso significa que nossa responsabilidade é redobrada no que se refere aos dons que recebemos do Espírito Santo.
[6]Profeta: Pessoa capaz de predizer acontecimentos futuros. Biblicamente é aquele que fala por inspiração divina ou em nome de Deus. Um profeta nunca deve falar por si próprio.
[7]Zebulom: Significa habitação. Filho de Léia e de Jacó (Gn 30:19-20). Uma das 12 tribos de Israel (Nm 1:31; Mt 4:13-16).
[8]Gate-Hefer: Cidade em que vivia o profeta Jonas (2º Rs 14:25), situada há aproximadamente 5 quilômetros de Nazaré.
[9]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.
[10]Clamar: O ato do clamor. Súplica proferida em altas vozes; lamentação.
[11]Assíria: Significa "Plano". País localizado na Mesopotâmia. Suas capitais foram Assur, Calá e Nínive. Sua população era semita (descendente de Sem). Em várias ocasiões os assírios guerrearam contra o povo de Deus (2º Rs 15:19,29; 16:7). Em 721 a.C. os assírios acabaram com o Reino do Norte, tomando Samaria, sua capital (2º Rs 17:6). Os medos e os babilônios derrotaram a Assíria, tomando Nínive em 612 a.C. A Assíria é mencionada várias vezes nos livros proféticos: (Is 10:5-34, 14:24-27, 19:23-25 20:1-6, 30:27-33; Ez 23:1-31; Os 5:13; Na 1:1-15; Sf 2:13-15).
[12]Ninrode: Um dos descendentes de Cam. Foi caçador e fundador de cidades e de reinos (Gn 10:8-12).