sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Autoria, o Período e o Conteúdo dos Livros Bíblicos

João 5:39 - "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam"
A interpretação das Escrituras
Sagradas também depende do
conhecimento sobre a sua
organização literária; tal
classificação facilita as
pesquisas de seus leitores, os
quais têm a possibilidade de
ler os textos bíblicos de
acordo com o tipo de
assunto.
    Para entender a Bíblia não basta ler, é necessário conhecê-la. E para conhecê-la é preciso saber identificar as suas divisões e os seus dados históricos: isso inclui a autoria, a situação política e religiosa e a época em que foram escritos cada um dos seus livros. Para facilitar a identificação desses detalhes, o presente estudo foi elaborado com um resumo de todos esses dados e contém as seguintes informações:
·        Nome: O nome conhecido de cada livro conforme é descrito na maioria das versões bíblicas existentes na língua portuguesa;
·        Abreviatura: A abreviatura do nome de cada livro escrita da forma que é mais popularmente utilizada;
·        Data: Todas as datas foram calculadas de acordo com dados históricos, os quais a maioria possui uma certa controvérsia. Portanto, os períodos de tempo mencionados são aproximados, podendo ser exatos ou não;
·        Autor: Apenas alguns livros identificam seus autores. Os demais tiveram sua autoria atribuída ao livro mediante pesquisas históricas: alguns nomes são incertos;
·        Capítulos: A quantidade de capítulos existente em cada livro;
·        Versículos: A quantidade de versículos existente em cada livro;
·        Resumo dos principais conteúdos: Alguns dos principais textos contidos em cada livro.
    Entre os itens aqui inseridos estão inclusas também as categorias em que foram divididos os livros (Pentateuco, Livros Históricos, Livros Poéticos, Profetas Maiores, Profetas Menores, Evangelhos, Histórico, Epístolas Paulinas, Epístolas Gerais e Profético); cada categoria está realçada com cores diferentes para possibilitar uma mais rápida identificação. O objetivo desse trabalho é facilitar pesquisas, reunindo - de forma resumida - as mais básicas informações sobre a Bíblia organizadas em um só texto.

ANTIGO TESTAMENTO
PENTATEUCO
1.      Gênesis (Gn): Escrito por Moisés em 1400aC, contém 50 capítulos e 1532 versículos. Assunto: A criação do universo; a origem do homem; o pecado; a história dos patriarcas.
2.      Êxodo (Êx): Escrito por Moisés em 1400aC, contém 40 capítulos e 1204 versículos. Assunto: A escravidão de Israel no Egito e a sua libertação; a caminhada do povo pelo deserto rumo à terra prometida.
3.      Levítico (Lv): Escrito por Moisés em 1400aC, contém 27 capítulos e 852 versículos. Assunto: A instituição do sacerdócio; a oficialização do culto e dos sacrifícios a Deus.
4.      Números (Nm): Escrito por Moisés em 1400aC, contém 36 capítulos e 1272 versículos. Assunto: A numeração das tribos de Israel.
5.      Deuteronômio (Dt): Escrito por Moisés em 1400aC, contém 34 capítulos e 952 versículos. Assunto: A confirmação da Lei de Deus entregue à Moisés.

LIVROS HISTÓRICOS
1.      Josué (Js): Escrito por Josué entre 1400 e 1375aC, contém 24 capítulos e 656 versículos. Assunto: A missão de Josué após a morte de Moisés; a conquista de Canaã e a sua divisão entre as tribos.
2.      Juízes (Jz): Escrito por Samuel, Natã? E Gade? entre 1000 e 900aC, contém 21 capítulos e 618 versículos. Assunto: Deus estabelece juízes para julgar em Israel.
3.      Rute (Rt): Escrito por Samuel, Natã? E Gade? entre 1000 e 900aC, contém 4 capítulos e 85 versículos. Assunto: A história de Rute e Noemi.
4.      1º Samuel (1º Sm): Escrito por Samuel, Natã? E Gade? entre 1150 e 1010aC, contém 31 capítulos e 811 versículos. Assunto: A angústia de Ana; o nascimento de Samuel e o seu chamado profético; o reinado e a morte de Saul.
5.      2º Samuel (2º Sm): Escrito por Samuel, Natã?, Gade?, Abiatar? entre 931 e 722aC, contém 24 capítulos e 695 versículos. Assunto: O reinado de Davi e os seus problemas familiares.
6.      1º Reis (1º Rs): Escrito por Jeremias? entre 560 e 538aC, contém 22 capítulos e 817 versículos. Assunto: Continuação da narrativa de 1º e 2º Samuel; o reinado de Salomão e os reis que o sucederam.
7.      2º Reis (2º Rs): Escrito por Jeremias? entre 560 e 538aC, contém 25 capítulos e 719 versículos. Assunto: Continuação do livro de 1ª Reis; reinado dos reis de Israel e de Judá.
8.      1º Crônicas (1º Cr): Escrito por Esdras entre 425 e 400aC, contém 29 capítulos e 942 versículos. Assunto: Resumo dos fatos mais importantes já relatados nos livros anteriores.
9.      2º Crônicas (2º Cr): Escrito por Esdras entre 425 e 400aC, contém 36 capítulos e 822 versículos. Assunto: Resumo dos fatos mais importantes já relatados nos livros anteriores.
10. Esdras (Ed): Escrito por Esdras entre 538 e 457aC, contém 10 capítulos e 280 versículos. Assunto: O retorno dos israelitas que estavam no cativeiro da Babilônia.
11. Neemias (Ne): Escrito por Esdras em 423aC, contém 13 capítulos e 406 versículos. Assunto: Neemias lidera a reconstrução das muralhas de Jerusalém.
12. Ester (Et): Escrito por Mardoqueu? ou Esdras? Em 465aC, contém 4 capítulos e 167 versículos. Assunto: Ester é escolhida pelo rei Assuero como rainha no lugar de Vasti; Mardoqueu descobre que Hamã preparava um plano para destruir os judeus; Ester intercede pelos judeus diante de Assuero; Mardoqueu é honrado pelo rei e Hamã é enforcado.

LIVROS POÉTICOS
1.      (Jó): Escrito por Moisés? e Salomão? por volta de 1400aC, contém 42 capítulos e 1070 versículos. Assunto: As perdas e o sofrimento de Jó e a sua restituição.
2.      Salmos (Sl): Escrito por Davi, Moisés, Asafe, Hemã, Salomão, Etã, Jedutum e os filhos de Corá entre 1000 e 300aC, contém 150 capítulos e 2641 versículos. Assunto: Seleção de cânticos e poesias de exaltação e louvor ao nome do Senhor.
3.      Provérbios (Pr): Escrito por Salomão, Agur e rei Lemuel em 900aC, contém 31 capítulos e 915 versículos. Assunto: Conselhos, avisos e palavras de exaltação à sabedoria dada por Deus.
4.      Eclesiastes (Ec): Escrito por Salomão em 931aC, contém 12 capítulos e 222 versículos. Assunto: Pensamentos reflexivos sobre a vida humana.
5.      Cantares (Ct): Escrito por Salomão entre 970 e 930aC, contém 8 capítulos e 117 versículos. Assunto: Palavras de amor entre um homem e uma mulher que fazem lembrar o amor entre Cristo e a Igreja.

PROFETAS MAIORES
1.      Isaías (Is): Escrito por Isaías entre 700 e 690aC, contém 66 capítulos e 1292 versículos. Assunto: Mensagens de correção e promessas de bênçãos para Israel; profecias messiânicas; a cura do rei Ezequias.
2.      Jeremias (Jr): Escrito por Jeremias entre 626 e 586aC, contém 52 capítulos e 1364 versículos. Assunto: O chamado de Jeremias; profecias contra Israel por sua desobediência; a parábola do oleiro; o exílio babilônico; profecias contra vários inimigos de Israel; o cerco e queda de Jerusalém.
3.      Lamentações (Lm): Escrito por Jeremias em 587aC, contém 5 capítulos e 154 versículos. Assunto: A tristeza do profeta Jeremias diante do sofrimento de Jerusalém.
4.      Ezequiel (Ez): Escrito por Ezequiel entre 593 e 573aC, contém 48 capítulos e 1273 versículos. Assunto: A chamada de Ezequiel; o exílio e o cativeiro de Judá; profecias contra vários inimigos de Judá; a restauração do templo.
5.      Daniel (Dn): Escrito por Daniel entre 605 e 582aC, contém 12 capítulos e 357 versículos. Assunto: O exílio de Judá; a fidelidade do jovem Daniel a Deus; interpretações dos sonhos de Nabucodonosor; convocação para adorar a estátua de ouro; livramento dos três jovens na fornalha; visões escatológicas.

PROFETAS MENORES
1.      Oséias (Os): Escrito por Oséias em 750aC, contém 14 capítulos e 197 versículos. Assunto: O casamento de Oséias com uma prostituta simbolizando o casamento de Deus com Israel.
2.      Joel (Jo): Escrito por Joel entre 835 e 805aC, contém 3 capítulos e 73 versículos. Assunto: Profecias escatológicas; previsões sobre o derramamento do Espírito Santo.
3.      Amós (Am): Escrito por Amós entre 760 e 750aC, contém 9 capítulos e 146 versículos. Assunto: Julgamento divino sobre várias nações, inclusive Israel.
4.      Obadias (Ob): Escrito por Obadias em 586aC, contém 1 capítulo e 21 versículos. Assunto: Profecia contra Edom.
5.      Jonas (Jn): Escrito por Jonas em 700aC, contém 4 capítulos e 48 versículos. Assunto: O profeta Jonas desobedece a ordem divina para pregar em Nínive; ele é lançado ao mar e engolido por um grande peixe; o profeta recebe uma segunda ordem para pregar em Nínive; a conversão dos ninivitas desagrada a Jonas e Deus o castiga.
6.      Miqueias (Mq): Escrito por Miquéias entre 704 e 696aC, contém 7 capítulos e 105 versículos. Assunto: Reprovação pelos pecados do povo; profecias escatológicas.
7.      Naum (Na): Escrito por Naum e 612aC, contém 3 capítulos e 47 versículos. Assunto: O julgamento de Deus sobre os pecados de Nínive.
8.      Habacuque (Hb): Escrito por Habacuque em 600aC, contém 3 capítulos e 56 versículos. Assunto: Questionamentos do profeta Habacuque sobre a justiça divina e a resposta do Senhor; o profeta clama e exalta o nome de Deus.
9.      Sofonias (Sf): Escrito por Sofonias e 630aC, contém 3 capítulos e 53 versículos. Assunto: Alerta contra o pecado do povo.
10. Ageu (Ag): Escrito por Ageu em 520aC, contém 2 capítulos e 38 versículos. Assunto: A negligência do povo de Deus em relação ao templo.
11. Zacarias (Zc): Escrito por Zacarias entre 520 e 475aC, contém 14 capítulos e 211 versículos. Assunto: O chamado ao arrependimento; profecias escatológicas.
12. Malaquias (Ml): Escrito por Malaquias em 450aC, contém 14 capítulos e 211 versículos. Assunto: O amor de Deus por Israel; a importância da contribuição com dízimos e ofertas para a manutenção do templo.

NOVO TESTAMENTO
EVANGELHOS
1.      Mateus (Mt): Escrito por Mateus entre 50 e 75dC, contém 28 capítulos e 1071 versículos. Assunto: A genealogia, o nascimento, o ministério, a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo.
2.      Marcos (Mc): Escrito por João Marcos entre 65 e 70dC, contém 16 capítulos e 678 versículos. Assunto: O ministério de João Batista; o batismo, o ministério, a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo.
3.      Lucas (Lc): Escrito por Lucas entre 59 e 75dC, contém 24 capítulos e 1151 versículos. Assunto: O nascimento de João Batista e de Jesus; o ministério de João Batista; A genealogia, o ministério, a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo.
4.      João (Jo): Escrito por João, o filho de Zebedeu, em 85dC, contém 21 capítulos e 879 versículos. Assunto: O ministério, a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo.

HISTÓRICO
1.      Atos (At): Escrita por Lucas em 62dC, contém 28 capítulos e 1007 versículos. Assunto: A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes; o início do ministério dos apóstolos sem a presença física de Jesus; a organização da Igreja Primitiva; o apedrejamento de Estevão; a conversão de Saulo, o início de seu ministério e suas viagens missionárias.

EPÍSTOLAS PAULINAS
1.      Romanos (Rm): Escrita por Paulo em 56dC, contém 16 capítulos e 433 versículos. Assunto: A apresentação do apóstolo Paulo; a justificação do pecado pela fé.
2.      1ª Coríntios (1ª Co): Escrita por Paulo em 56dC, contém 16 capítulos e 437 versículos. Assunto: A divisão pela preferência de liderança na igreja de Corinto; problemas de disciplina na igreja; a importância do amor; a vida conjugal; a santa ceia; o controle no uso dos dons; a ressurreição dos mortos.
3.      2ª Coríntios (2ª Co): Escrita por Paulo entre 55 e 56dC, contém 13 capítulos e 257 versículos. Assunto: O sofrimento de Paulo; problemas em Trôade; a importância da contribuição e da generosidade; a defesa de sua autoridade apostólica; alerta contra os falsos profetas.
4.      Gálatas (Gl): Escrita por Paulo entre 55 e 56dC, contém 6 capítulos e 149 versículos. Assunto: O desânimo dos Gálatas; a liberdade cristã; a necessidade do crente em ser guiado pelo Espírito Santo.
5.      Efésios (Ef): Escrita por Paulo entre 60 e 61dC, contém 6 capítulos e 155 versículos. Assunto: A Igreja é o Corpo de Cristo; a pureza espiritual; a conduta correta para um casal cristão; a armadura de Deus.
6.      Filipenses (Fp): Escrita por Paulo em 61dC, contém 4 capítulos e 104 versículos. Assunto: Salvação; ação de graças; oração; confiança em Deus para lidar com as adversidades da vida.
7.      Colossenses (Cl): Escrita por Paulo em 61dC, contém 4 capítulos e 95 versículos. Os problemas do legalismo; o culto aos anjos; a vida social do cristão.
8.      1ª Tessalonicenses (1ª Ts): Escrita por Paulo em 50dC, contém 5 capítulos e 89 versículos. Assunto: A esperança de rever os crentes de Tessalônica; exortação à santidade; a volta de Cristo; perseverança na vida espiritual.
9.      2ª Tessalonicenses (2ª Ts): Escrita por Paulo em 50dC, contém 3 capítulos e 47 versículos. Assunto: O castigo divino contra os desobedientes; o antiCristo; a operação do erro; não se misturar com os infiéis.
10. 1ª Timóteo (1ª Tm): Escrita por Paulo em 64dC, contém 6 capítulos e 113 versículos. Assunto: Conselhos ao jovem Timóteo; orar pelas autoridades; como as mulheres devem se comportar; o desejo do cristão pela Obra; a importância de se ter um bom testemunho; apostasia; como a Igreja deve tratar as viúvas.
11. 2ª Timóteo (2ª Tm): Escrita por Paulo entre 66 e 67dC, contém 4 capítulos e 83 versículos. Assunto: Despertar o dom; ter cuidado com o espírito de temor; a fortificação na graça; profecia sobre os tempos trabalhosos; relatos de perseguições; a inspiração das Escrituras Sagradas; o abandono dos obreiros que o acompanhavam.
12. Tito (Tt): Escrita por Paulo em 64dC, contém 3 capítulos e 46 versículos. Assunto: As qualidades requeridas de um obreiro; conselhos diversos.
13. Filemom (Fm): Escrita por Paulo entre 60 e 61dC, contém 1 capítulo e 25 versículos. Assunto: Apelo de Paulo a Filemom para que aceitasse de volta seu escravo Onésimo.

EPÍSTOLAS GERAIS
1.      Hebreus (Hb): Escrita por um autor desconhecido em 70dC, contém 13 capítulos e 303 versículos. Assunto: Revelações sobre a pessoa de Jesus; os heróis da fé.
2.      Tiago (Tg): Escrita por Tiago entre 48 e 62dC, contém 5 capítulos e 108 versículos. Assunto: As tentações; a verdadeira religião; a acepção de pessoas; a fé e as obras; os perigos da língua; santificação; os bens materiais.
3.      1ª Pedro (1ª Pe): Escrita por Pedro em 60dC, contém 5 capítulos e 105 versículos. Assunto: A esperança da salvação; santificação; Cristo, a pedra de esquina; conduta conjugal; humildade; vigilância; resistência ao Diabo.
4.      2ª Pedro (2ª Pe): Escrita por Pedro entre 65 e 68dC, contém 3 capítulos e 61 versículos. Assunto: A esperança da salvação; os falsos profetas; as consequências do pecado; o arrebatamento da Igreja.
5.      1ª João (1ª Jo): Escrita pelo apóstolo João em 90dC, contém 5 capítulos e 105 versículos. Assunto: Comunhão com Deus; confissão de pecados; Jesus Cristo, nosso advogado; hipocrisia; o amor às coisas do mundo; santificação; provar se os espíritos são de Deus; o verdadeiro amor; o mundo está no maligno.
6.      2ª João (2ª Jo): Escrita pelo apóstolo João em 90dC, contém 1 capítulo e 13 versículos. Assunto: A carta é destinada, muito provavelmente, a uma família cristã; cuidado com os falsos obreiros; o amor ao próximo.
7.      3ª João (3ª Jo): Escrita pelo apóstolo João em 90dC, contém 1 capítulo e 15 versículos. Assunto: Carta destinada ao presbítero Gaio, a quem Pedro muito elogia por sua fidelidade; seguir o bem e não o mal.
8.      Judas (Jd): Escrita por Judas, irmão de Jesus, entre 65 e 80dC, contém 1 capítulo e 25 versículos. Assunto: A intromissão de ímpios no meio da igreja; o castigo divino aos infiéis.

PROFÉTICO
1.      Apocalipse (Ap): Escrita pelo apóstolo João entre 79 e 95dC, contém 22 capítulos e 405 versículos. Assunto: Profecias escatológicas; um novo céu e uma nova terra.

    Como vimos, entre os vários detalhes que se pode destacar, a organização dos livros bíblicos não segue uma ordem cronológica. Isso ocorre porque sua sequência foi classificada pelo tipo de escrita, ou seja: foram juntados de acordo com a semelhança que há entre eles. Isso também facilita os estudos dos mesmos, fazendo com que o leitor tenha melhor entendimento em seu conteúdo. Por isso é de extrema importância que ao ler cada texto - seja versículo, capítulo ou livro inteiro -, observe-se sua autoria, o período e o destinatário para se ter uma melhor compreensão em relação ao seu objetivo.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Por que na Criação do Homem Deus Instituiu a Família?

A família foi criada por
Deus como o primeiro
meio de convívio do
homem em sociedade;
isso nos dá noção da
razão pela qual
devemos colocá-la em
primeiro lugar no que
se refere ao nosso
relacionamento
humano.
    Após a criação dos céus e da terra e de tudo o que neles há, Deus criou o homem (Gn 2:7), e lhe deu moradia e meio de sustento pelos quais ele devia zelar (Gn 2:8-10,15). A Bíblia não relata se foi no mesmo momento, mas o Senhor disse claramente: “Não é bom que o homem esteja só!”, e ressaltou a importância de que ele tivesse uma ajudadora (Gn 2:18). Se a missão primária do homem era cuidar da terra (Gn 2:5), poderia Jeová ter criado vários homens e simplesmente substituí-los conforme envelhecessem e morressem; no entanto, isso apenas formaria uma classe de seres individualistas e sujeitos a satisfação carnal entre si sem objetivos. Assim sendo, tendo uma mulher, ele desenvolveria por ela um sentimento e um desejo especial, pois não se tratava de um ser fisicamente igual a ele e poderia procriar sabendo de seu dever de cuidar também de seus descendentes. É clara a necessidade que Adão sentia necessidade de companhia e não satisfazia isso nas criações já existentes (Gn 2:20). Assim sendo, criou Deus a mulher; e não a formou de igual modo pegando do pó da terra, mas a fez da costela do homem (Gn 2:21-22), para que ela soubesse que é osso de seus ossos e carne da sua carne (Gn 2:23), assim não lhe dando sensação de independência; porém, o fato de a ter formado da costela, nos dá a ideia de que ambos devem estar lado a lado constituindo uma vida em comum (Gn 2:24). A família moral e espiritualmente bem formada é o sustento de uma sociedade equilibrada no cumprimento de sua missão de honrar seu santo caráter (Gn 1:27,28; Ef 5:22-27; 2:10; 1ª Pe 1:16). Sem família o ser humano está mais vulnerável ao pecado (1ª Co 7:1,2; Pr 18:22).

sábado, 19 de setembro de 2015

Usos e Costumes: Uma Doutrina do Homem ou de Deus?

É preciso ter muito equilíbrio
para definir o que é doutrina de
Deus e o que é costume do
homem para não tirar a
liberdade que nos é dada por
natureza e nem ofender a santa
natureza divina. O princípio
básico para isso é: "O que eu
faço ou deixo de fazer está ou
não agradando a Ele?"
    Diante de tantas polêmicas no meio cristão, essa é uma das que mais têm se destacado nos “ringues ministeriais”. De um lado, com muito peso, os mais tradicionais defendendo uma postura muitas vezes até radical dos fiéis e, de outro, aparentemente com bastante agilidade, os mais liberais apoiando mudanças, algumas até extravagantes na conduta dos mesmos. O que torna essa briga mais difícil é que todos usam a mesma arma: a Bíblia. Sendo assim, como juíza dessa luta, a quem ela declara como vencedor? Se a analisarmos cuidadosamente, ambos estão empatados e, mesmo longe da vitória, também não estão completamente errados. Não! Eu não estou procurando um jeito de ficar em cima do muro e agradar a todos! Estou apenas conseguindo enxergar que há exageros dos dois lados, enquanto que a Palavra de Deus exige de nós equilíbrio (Ec 7:16,17). Para prosseguir, não há como entendermos se o controle da igreja sobre a conduta pessoal de seus membros no que se refere às vestimentas, ao vocabulário e à própria visão sobre o mundo são legítimas ou não sem antes sabermos o significado da palavra doutrina.
    Segundo os dicionários da língua portuguesa, resumidamente, doutrina é o conjunto das ideias básicas contidas num sistema filosófico, político, religioso, econômico, etc.; um conjunto de princípios que servem de base para a definição de regras que, de certa forma, funcionam como lei em um determinado grupo de convívio. No que se refere à religião, principalmente no cristianismo, é a organização de um regulamento interno com dogmas[1] que definem um padrão de comportamento que valorize a ordem, a moral e os bons costumes perante a família, a Igreja e a sociedade como um todo de modo agradável a Deus, tendo como fundamento as escrituras por elas consideradas sagradas. Assim sendo, espera-se que todos os ensinamentos de uma igreja evangélica referentes à postura pessoal de seus frequentadores sejam fundamentados pela Bíblia. No entanto, é aí que começa um grande problema: a interpretação do Livro Sagrado depende de muito discernimento tanto espiritual quanto intelectual, e se não houver equilíbrio entre os dois, o resultado pode ser catastrófico. Pois o que temos visto, principalmente de uns tempos atrás, são comportamentos bizarros e até intolerantes por parte de muitos que pensam estar agradando ao Senhor agindo radicalmente (Cl 2:16-23), e também atitudes extremamente liberais que chegam a ser intoleráveis porque provocam escândalo ao Evangelho (Cl 2:8[2] [3] [4]).
    Os líderes mais tradicionalistas costumam associar doutrina ao autoritarismo como forma de manter controle sobre o povo, como se isso significasse santificação e tivesse ligação direta à conduta de acordo com o que eles ensinam como sendo determinações divinas; mas não é isso que as Escrituras ensinam: o termo traduzido em português como doutrina aparece 50 vezes na Bíblia, sendo 8 vezes no Antigo Testamento e 42 no Novo. Vejamos seus significados:
v Do hebraico basar, significando trazer novidades, dar notícia, publicar, pregar, anunciar; como, por exemplo, em 1º Samuel 4:17; 2º Samuel 1:20; Salmos 40:9 e Isaías 52:17.
v Do hebraico lecach, significando ensinamento, ensino, percepção, instrução, persuasão; como, por exemplo, em Deuteronômio 32:2, Jó 11:4, Provérbios 1:5 e Isaías 29:24.
v Do hebraico yacar, significando castigar, disciplinar, instruir, admoestar, corrigir; como, por exemplo, em Levítico 26:18, Deuteronômio 4:36, Provérbios 9:7 e Ezequiel 23:48.
v Do hebraico yarah, significando dirigir, ensinar, instruir, encaminhar, mostrar; como, por exemplo, em Gênesis 46:28, Êxodo 15:25, Deuteronômio 17:10, Salmos 27:11.
    Como pudemos constatar, realmente, doutrina possui, em alguns casos, o sentido de castigo ou correção; porém, na maioria das aplicações, essa expressão se refere a anunciar, pregar, mostrar ou ensinar. É óbvio que tudo isso consiste sim em ter uma conduta agradável a Deus, mas em toda a Bíblia, principalmente no Novo Testamento, não encontraremos nenhuma lista de regras concernentes a poder ou não usar isso ou aquilo, muito pelo contrário: se somos espirituais, nossa consciência é controlada pelo Espírito Santo (1ª Jo 3:20,21). No entanto, nos ensina também a obedecer nossos líderes (Hb 13:17,7), e é aí que muitos se perdem.
    No tocante às vestes, as ordens divinas que encontramos aparecem inseridas na Lei Mosaica[5] e se referem a homem não usar roupas de mulher e vice-versa (Dt 22:5), mostrando uma reprovação de Deus a qualquer ato que possa pelo menos insinuar uma condição de homossexualismo, e claras determinações contra a nudez (Êx 20:26; Gn 9:21-23), o que podemos entender também como uma alusão à sensualidade[6], o que, além de escândalo e desvalorização da própria pessoa, também pode provocar outros à prática do pecado tanto pela cobiça sexual quanto pelo incentivo aos demais a andarem da mesma forma. Como bem sabemos, a antiga Lei foi entregue aos israelitas e não temos que seguir à risca uma “constituição[7]” que foi feita para uma nação específica de acordo com a sua situação daquele momento; porém, bem sabemos também que a Palavra do Senhor é imutável e que devemos não aplicar o modo de viver do povo de Israel em nossa vida, mas sim respeitar os princípios morais ensinados nos mandamentos, os quais se confirmam na Nova Aliança (Ap 3:18).
    Mas o problema aí está no entendimento no momento da aplicação, pois os tradicionalistas acertam em seu cuidado com o corpo, o qual é templo do Espírito Santo (1ª Co 6:12-20), e aí temos que concordar que, principalmente no caso das mulheres, roupas demasiadamente apertadas, curtas ou transparentes desonram a Deus que não as criou para mostrar sua intimidade à homens que não sejam seus maridos, mas os mesmos radicalizam em estipular determinados tipos de roupa como pecaminosas. Por exemplo: dizem que uma mulher não pode usar calças compridas porque isso é roupa de homem, no entanto, se dermos para alguns desses senhores uma calça feminina, prontamente recusarão dizendo ser isso uma calça de mulher. E agora? De repente ela deixou de ser roupa de homem, mas também não pode ser usada porque é roupa de mulher? Ou seria o contrário? Essa conclusão parece, no mínimo, incoerente, não é mesmo? Continuando a lista de proibições, mencionam os adornos - colares, pulseiras, brincos: enfim, os penduricalhos de modo geral -, e, de fato, a Bíblia também fala disso (1ª Tm 2:9,10[8]); porém, referindo-se aos excessos porque isso representa orgulho e soberba, e também porque enfeites em exagero era uma característica própria das prostitutas, e havia ainda a questão da idolatria, a qual também era manifesta por meio de muitos desses ornamentos; mas não os proíbe por completo, o que significa que simples colares, pulseiras ou brincos de tamanho ou conteúdo moderados que não expressem falta de modéstia e nem permitam confundi-las com mulheres vulgares, e nem contenham imagem idólatras, não levarão ninguém à condenação. Convenhamos também que as saias e as maquiagens de algumas senhoras sacrossantíssimas até dentro da igreja provocam mais escândalos e desejos imorais nos homens do que calças bem ajustadas - não justas - que não definam o corpo e nem mostram as pernas. Da mesma forma aos homens: não há mandamentos bíblicos que os proíbam de usar bermudas, camisetas regatas ou demais roupas esportivas, ou mesmo deixar a barba crescer, desde que saibam se portar devidamente como cristãos, é claro (1ª Pe 3:3-5[9]).
    O problema da maioria dos ortodoxos[10] atuais é que as “doutrinas” de suas igrejas foram implantadas ainda nas primeiras décadas do século XX. Naquela época, determinados tipos de roupa eram comuns até mesmo na sociedade secular[11], então, as denominações evangélicas que surgiram, nada mais fizeram do que se adequar ao padrão de comportamento daquele período em cada país que chegavam. Com o tempo, as tendências de moda foram mudando e o próprio mundo deixou de ter um comportamento que fosse totalmente aceitável pelo padrão cristão. Devido a isso, houve uma necessidade de que os líderes se preocupassem em manter a diferença não permitindo aos seus liderados uma postura que ferisse os bons costumes ensinados na Palavra. Só que muitos se excederam nesse cuidado não tendo discernimento para entender que a Igreja pode sim acompanhar a modernidade até o ponto que esta não fira a moralidade (Jo 17:15-17; At 5:28,29), pois nem tudo é indecente desde que saibamos a diferença entre o certo e o errado. Uma visão limitada transformou alguns pastores em ditadores, os quais “transformaram” as regras antigas em lei e praticamente as classificaram como sagradas. Tais equívocos de interpretação os levavam - e ainda levam alguns - a expor membros de suas denominações ao constrangimento aplicando-lhes disciplina[12] por atos tão simples, pelos quais muitos não aguentaram e saíram da igreja sentindo-se incompreendidos e injustiçados, principalmente quando conhecem o conteúdo bíblico (At 15:28,29[13]); e não nos esqueçamos também que o conteúdo bíblico alerta a nos abstermos da fornicação, a qual também pode ser estimulada pelo tipo de roupa que se usa.
    Sem dúvida nenhuma, a liderança da igreja é sim instituída por Deus (Ef 4:10-12) e deve realmente ser obedecida. Além do mais, o que muitos não entendem é que, embora haja alguns equívocos de interpretação e exageros no rigor de sua aplicação, a intenção da maioria dos pastores não é abusar da autoridade, mas sim zelar pelas almas das ovelhas, pois acreditam que assim estão garantindo sua segurança na caminhada até o céu. E, de fato, ainda que tais exigências não sejam mandamentos divinos, quem os obedecer nada estará perdendo com isso. Aos que não concordam, o meio mais racional de lidar com a situação é escolher uma denominação de acordo com aquilo que ache mais justo para não viver em murmuração, assim estando em pecado de rebeldia (Am 3:3; 1ª Sm 15:23; At 15:37-41).
    Não estou aqui me posicionando contra e nem a favor a isso ou aquilo, mas apenas deixando claro que o importante é sabermos muitas das exigências que fazem parte do regulamento interno da maioria das igrejas não se trata de santificação, mas de uma postura adotada por sua liderança que acredita ser essa uma forma de agradar ao Senhor. Se você muitas vezes aceita trabalhar com um uniforme imposto por sua empresa, o qual você acha ridículo ou inadequado, e nem por isso pede demissão, por que não respeitar aqueles os quais pode-se perceber nitidamente que, estando errados ou não, apenas estipulam regras que visam elevar a sua vida espiritual? No entanto, se optar por uma associação ministerial mais aberta e modernizada, também não pode ser censurado por isso; porém, certifique-se de que a liberdade por eles pregada esteja verdadeiramente fundamentada na Bíblia Sagrada (1ª Jo 4:1; Mt 7:15,16). Para concluir, lembre-se sempre de uma coisa: Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2:11), mas isso não significa que Ele não queira que elas mudem (Rm 12:1,2).



[1]Dogma: Ponto ou princípio de fé definido por uma Igreja. Conjunto das doutrinas fundamentais do cristianismo. Cada um dos pontos fundamentais de qualquer crença religiosa. Fundamento ou pontos capitais de qualquer sistema ou doutrina. Proposição apresentada como incontestável e indiscutível.
[2]Filosofia: Estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si; os valores, o sentido, os fatos e princípios gerais da existência, bem como a conduta e destino do homem. Sabedoria humana em contraste com o conhecimento revelado por Deus (Cl 2:8). Filósofo era uma pessoa que procurava compreender e explicar o sentido da experiência humana (At 17:18).
[3]Sutileza: Astúcia. Esperteza; habilidade em enganar.
[4]Rudimento: Fundamento; princípio.
[5]Leia Mosaica: Lei de Moisés: A Lei de Deus entregue por Moisés ao povo de Israel.
[6]Sensualidade: Lascívia (Conduta vergonhosa, como imoralidade sexual, libertinagem, luxúria). Atos modos ou gestos que despertam em outras pessoas desejos relacionados à pratica sexual. Estímulo ao apetite carnal.
[7]Constituição: Lei fundamental que regula a organização política de uma nação soberana; carta constitucional. Ordenação, estatuto, regra.
[8]Pudor: Sentimento de pejo ou vergonha, produzido por atos ou coisas que firam a decência, a honestidade ou a modéstia. Vergonha. Pundonor, recato, seriedade.
[9]Frisado: Trançado.
[10]Ortodoxo: Quem age conforme a uma doutrina definida; quem é rígido em suas convicções.
[11]Secular: Pertencente ou relativo a século. Que se observa ou se faz de século a século. Em sentido religioso, se refere àquilo que não é espiritual ou às pessoas mais ligadas às coisas relacionadas ao mundo do que as espirituais.
[12]Disciplina: Pessoa que segue os ensinamentos de um mestre. No Novo Testamento se refere tanto aos Apóstolos (Mt 10:1) como aos cristãos em geral (At 6:1). Em linguagem ministerial, é o período em que uma pessoa, após cometer um grave pecado, fica na igreja afastada de qualquer tipo de cargo, geralmente sem o direito de participar da Ceia e sem poder ministrar a Palavra ou participar de grupos de louvor; é o popular “ficar de banco”; seu tempo de pena varia de acordo com a determinação do corpo administrativo de cada denominação ou congregação local; normalmente se aplica a membros batizados nas águas.
[13]Fornicação: Relação sexual ilícita (At 15:29).