Jonas 1:3 - “E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para
Társis[1]; e, descendo a Jope[2], achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e
desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do Senhor.”
A falta de comprometimento com a Obra leva o
homem a virar suas costas a Deus (1:3)
Humanamente falando, vemos duas razões para
Jonas ter desobedecido ao chamado: medo e ressentimento contra os ninivitas;
porém, espiritualmente, o que vemos é simplesmente falta de comprometimento. De
fato, é sim compreensível o temor diante de um povo tão violento e cruel como
aquele, e compreensível também a mágoa em seu coração por saber que os
israelitas eram uma de suas maiores vítimas. No entanto, daquele que recebe um
chamado especial de Deus, o que se espera é confiança e perdão. O relato bíblico
não o mostra sequer analisando a situação, pois, logo ao receber a ordem, ele
simplesmente se levantou para fugir. É interessante que ele tinha já um destino
certo: a cidade de Társis; não sabemos se isso foi uma opção por razões
pessoais ou se aquele seria o próximo navio a realizar uma saída do porto de
Jope para fora do território de Israel naquele dia. Mas a grande verdade é: ele
queria fugir de diante da face do Senhor; atitude essa tremendamente ingênua, o
que revela o seu pouco conhecimento das Escrituras, porque ninguém tem como
fugir de Deus. Impressionante também é o fato de ele ter pago sua passagem para
Társis - uma cidade há aproximadamente 3.000 quilômetros de onde ele estava,
para a qual se supõe que o valor da viagem de navio fosse muito alto -,
enquanto que Nínive fica a aproximadamente 800 quilômetros e sua viagem seria
feita por terra, o que se certamente seria muito mais barata. Essa decisão nos
leva a perceber que ele não estava preocupado com seu prejuízo financeiro desde
que se visse livre da missão que recebera. Tudo o que ele queria era “ir com
eles” - vários homens que serviam a
falsos deuses - de diante da face do Senhor.
É fácil nos justificarmos por nossas
fraquezas, mas necessário é julgarmos a nós mesmos com sinceridade reconhecendo
que ou confiamos em Deus a ponto de obedecê-lo ou admitimos que não aceitamos a
sua vontade e tentamos lutar contra sua soberania, assim estando expostos ao
preço da desobediência (Rm 6:23). O Senhor tem
poder para impedir que nos levantemos para fugir, mas permite que o façamos
para nos julgar segundo as erras decorrentes de nossa natureza humana (2ª Co 5:10), assim também nos dando uma oportunidade
de arrependimento para que, se voltarmos atrás, seja por amor ou pela dor,
sejamos salvos pela sua misericórdia por não termos persistido na desobediência
(Lc 15:21-24; 1ª Jo 2:1-3). Um de nossos maiores
males é a arrogância de acharmos que se não fizermos algo, ninguém o fará; além
do inevitável medo, o profeta tinha um grande ressentimento contra os
ninivitas, mas será que ele pensou que fosse o único profeta disponível? E
mesmo que fosse, Jeová poderia levantar outro e o seu propósito teria sido
cumprido da mesma forma, pois seu compromisso é com a sua Palavra e não com o
profeta (Jr 1:12b; Mt 7:22,23). A
grande verdade é que se Jonas não tivesse ido, teria sofrido piores
consequências como talvez até a morte, ou seja: o grande prejudicado seria ele
mesmo (Mt 25:24-30) e não os ninivitas, e
tampouco o próprio Deus (Is 43:13; Lc 9:59-62). Mas o rebelde missionário preferiu pagar um
preço mais alto tentando trilhar o seu próprio caminho dentro de um navio fora
dos planos do Todo-Poderoso ao lado de vários homens pagãos[3].
Uma das maiores lições que podemos obter nessa mensagem é a seguinte: você pode
usar sua liberdade para escolher entre o bem e o mal (Dt
30:19), mas, optando pelo mal, ainda que tudo comece bem, não pense que
haverá felicidade na troca de sua missão por um navio mais confortável com
companhias que te levem para um caminho contrário (Mt
7:13,14), pois quando somos escolhidos para um propósito especial, caso
não o cumpramos à risca, os efeitos negativos são inevitáveis (Nm 20:7-12; Dt 32:51; 34:4). Não esconda no porão de
um navio o que Deus te deu, porque a qualquer momento Ele vai requerer isso de suas
mãos (Mt 23:13).
[1]Társis: Atual Tartessos: antigo porto da Espanha (Jn 1:3).
[2]Jope: Antigo porto marítimo cercado de muralhas, localizado 56 km a noroeste
de Jerusalém em território filisteu, mas que pertencia à tribo de Dã (Js
19.46). É também o porto aonde o profeta Jonas embarcou num navio para Társis
tentando fugir de Deus. Atual cidade de Jafa.
[3]Pagão: Relativo ao paganismo ou politeísmo. Adepto do paganismo. Diz-se
de toda religião ou pessoa que não seja cristã nem judaica. Maometano,
em relação aos cristãos, e herético, em relação aos católicos. Animal
xucro, ainda não montado, ou nos primeiros galopes da doma. O que segue
uma religião nativa, não cristã nem judaica, caracterizada pelo politeísmo e
pela superstição. Pessoa não batizada.
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