(1º Samuel 24:6) - E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa
ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra ele; pois
é o ungido do Senhor.
Esse versículo, entre
outros (1º Sm 26:9; 2º Sm 1:14; 1º Cr 16:21,22), é usado
literalmente por determinados cristãos - principalmente
líderes - como ameaça quando se sentem afrontados por alguém. Dessa forma,
tentam manter os demais coagidos sem direito a questionamento ou opinião
própria. Existem crentes especiais? O que a Bíblia diz sobre isso?
Observemos que a
palavra ungido, nesse sentido,
aparece apenas uma vez no Novo Testamento, nas versões bíblicas mais comuns, referindo-se
ao próprio Jesus (At 4:26). Agora,
vejamos o significado desse termo: sua origem está no verbo ungir, o que significa por azeite na cabeça de uma pessoa; é
dessa forma que os profetas, sacerdotes e reis eram separados para suas funções
em Israel. Tal ação era executada sob ordem divina, isso explica o grande
respeito de Davi por seu inimigo Saul: ele não queira ser culpado por matar aquele
que Deus havia permitido ser o rei daquela nação; pois, devido a essa unção,
Saul não era uma pessoa qualquer. Além do mais, o próprio Davi havia sido
ungido para reinar após ele; por isso ele compreendia que o melhor era esperar pacientemente
pelo seu tempo (1º Sm 26:10,11). Deve-se observar ainda, que mesmo respeitando-o, Davi não
perdeu a oportunidade de conversar com Saul e explicar a injustiça que o mesmo
estava cometendo, fazendo-o compreender que estava errado (1º Sm 24:8-21).
Trazendo para a atualidade, não há base
bíblica para que qualquer crente comum ou líder ministerial “tome para si” a
unção de Saul afirmando que ninguém tenha o direito de questioná-lo. O que a
Palavra ensina é que devemos respeitar uns aos outros (Jo 13:34,35; Rm
12:9,10; Ef 4:32; Fp 2:3,4) e obedecer nossos superiores (Hb 13:7; 1ª Tm 5:17; Rm 13:1), mas não nos obriga
aceitar seus erros (1ª Jo 4:1; 1ª Co 14:29).
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