Jonas 4:1-3
Se dispor a cumprir um chamado significa compreender que você está a serviço de Deus e não Ele a seu serviço. |
1 - Não aceitando a decisão divina (4:1)
Mais de 120 mil pessoas haviam acabado de
se converter e não mais sofreriam a ira do Senhor. Qualquer pregador em seu
juízo perfeito estaria dando pulos de alegria. Mas Jonas não. Seus sentimentos
pessoais ainda estavam acima de seu chamado e seu coração ainda não conseguia
compreender a necessidade do perdão. Seu descontentamento era tão grande a ponto
de ele ficar ressentido, aborrecido, irado, ou seja, a tristeza dominou seu ser
interior. O que era uma mágoa contra um povo inimigo, sobre o qual ele esperava
vingança, tornou-se numa reprovação à atitude do próprio Deus.
Não são poucos os casos de pessoas muito
usadas nas mãos do Senhor que por vezes se encontram descontentes com o
resultado de seu trabalho. O que leva a isso é o fato que muitos possuem seus
próprios conceitos de justiça tanto em relação ao próximo como a si mesmos.
Muitos estão como Jonas: acham que sua pregação é para deixar o pecador
consciente de que ele merece o inferno e torna-lo ainda mais culpado por sua
condenação, e outros estão insatisfeitos em relação à sua própria condição como
mensageiros, pois acham que deveriam ter uma vida mais confortável por estarem
a serviço do Reino. Ambos os equívocos são inaceitáveis, pois, todos nós,
quando erramos queremos ser prontamente perdoados (Mt
18:23-27), então, não querer o perdão dos demais pecadores é hipocrisia
(Mt 18:28-35); e no que se refere aos nossos “merecidos”
privilégios como ministros do Evangelho, começando pelo próprio Jesus (Mt 8:20), vemos pela vida dos demais personagens
bíblicos que a Obra requer um grande esforço pessoal (2ª
Co 12:10,15; Hb 11:36-38).
2 - Julgando por si próprio sem considerar a misericórdia de
Deus (4:2)
Aqui o profeta revela o porquê de sua fuga
para Társis: de fato, ele não queria o perdão para aquele povo. Obviamente, é
compreensível sua reação emocional como ser humano, pois milhares de seu povo
haviam perecido nas mãos dos assírios; no entanto, como servo de Deus, ele
demonstrou estar longe do seu santo caráter. Sim, devemos compreender também
que ele vivia sob os ensinamentos da Lei Mosaica, a qual punia severamente
aqueles que derramavam sangue. Porém, ainda assim, não tinha ele o direito de
questionar com Jeová sua decisão de conceder àqueles cruéis sanguinários uma
oportunidade de salvação, principalmente porque deve-se considerar que aquele
povo não conhecia a Lei e agia na total ignorância. Mas o coração de um profeta
ressentido não conseguia compreender e tampouco aceitar isso.
Você já parou para pensar quantas vezes
pode ter julgado por si próprio e desconsiderado a justiça divina? Muitas vezes,
diante de um pecador, pregamos achando que ele não merece salvação, oramos
achando que ele não merece cura, ajudamos achando que ele não merece ajuda,
enfim, fazemos o bem achando que Deus está aguardando o momento de lhe dar seu
merecido mal; mas será que nós próprios somos merecedores da salvação, da cura,
de ajuda ou de qualquer tipo de bem (1ª Co 15:9,10)?
Sem agir com misericórdia, também não alcançaremos misericórdia (Mt 5:7; 6:14,15).
3 - Decepcionado com os resultados do seu ministério (4:3)
A situação estava tão séria que nesse ponto
ele já começa a apresentar sinais depressivos: ele pediu a morte. Em seu
interior, ele parecia não acreditar que havia sido usado por para levar
salvação ao principal inimigo de Israel. Era algo tão terrível plantado em seu
coração que ele parecia se sentir traído pelo próprio Deus. Sua vida e seu
chamado profético não tinham mais sentido, pois ele acabara de ter sido um
instrumento utilizado em favor daqueles que oprimiam a soberania de seu povo:
aqueles que até então, pelo seu conhecimento, eram os únicos com o privilégio
de ser a única nação escolhida por Deus.
Seja qual for seu dom - ou dons - você se
sente decepcionado com a forma como o Senhor te usa ou com os resultados do seu
trabalho na Obra? Você já parou para pensar em dois detalhes? Quem te concedeu
esses dons e a quem pertence a Obra? Pode o barro dizer ao Oleiro o que Ele
deve fazer (Rm 9:20,21)? Não adianta traçarmos
planos “profetizando” por nossa vontade própria o que o Senhor tem que fazer
apenas porque acreditamos que isso é justo. Nossos pensamentos não podem
compreender os insondáveis propósitos divinos (Is
55:6-9). O fato de sermos chamados filhos de Deus não nos torna
superiores aos que vivem na perdição; por piores que eles sejam, temos nós a
obrigação de desejar que eles alcancem a misericórdia (Mt
20:14,15; Lc 15:25-32). Uma das principais características de um
mensageiro do Reino é a prática do amor (Fp 1:21; Mc
12:30,31).
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