Jonas 3:1-4
1 - Experimentando a misericórdia divina (3:1)
O pior já havia passado. Agora o profeta já
estava a salvo em terra. Seria esse o momento para o Senhor lhe cobrar
duramente por sua desobediência, mas “jogar na cara” o que fez por ele não era
seu objetivo. Havia uma grande missão a cumprir e o escolhido ainda era ele. Imagina-se
que o estado emocional de Jonas fosse uma grande mistura de temor e gratidão e,
sendo uma pessoa que tinha pelo menos um pouco de juízo, não viraria as costas
à voz de Deus novamente.
Misericórdia é uma das palavras-chave na
vida de cada crente (Lm 3:22,23). Se fôssemos
tratados pelo Senhor da mesma forma que muitas vezes o tratamos, já teríamos
sido fulminados. Ele pode até precisar de nós para determinadas missões, porém,
precisar não significa depender, pois Ele tem inúmeros meios de cumprir seus
propósitos e um deles é nos descartar definitivamente. Não somos exclusivos (Rm 11:3,4). Você já parou para pensar na importância
do lugar em que ocupa e no grande privilégio que usufrui diante daquilo que foi
confiado em suas mãos? Ele poderia estar usando outro, mas escolheu você e te
proporcionará meios para isso (Jr 1:4-10)!
2 - Tendo o pacto renovado com Deus (3:2)
O plano divino não havia mudado. A ordem
ainda era a mesma: “Levanta-te e vai à
grande cidade de Nínive e prega contra ela!”. Talvez esse fosse o temor
maior do profeta, mas o seu “plano B” não excluiu o “plano A” de Deus. Certamente,
apesar de não ser exatamente o que Jonas queria fazer, a sensação de alívio por
estar vivo e ainda poder ouvir a voz do Senhor foi seu grande fator
motivacional para não repetir o erro anterior desobedecendo-o.
Deus sabe como trabalhar conosco. Seu amor
nos constrange e, sem necessidade de imposições (Ap
3:20), nos leva a cumprir o que nos é proposto (2ª
Co 5:14ª; Jo 21:17[1]).
É óbvio que se Jonas resistisse à sua voz e definitivamente decidisse não ir (At 7:51), isso não impediria que Nínive ouvisse sua
Palavra (Is 43:13), pois o compromisso divino,
primariamente, é com a mensagem e não com o mensageiro (Mt 7:21-23). No entanto, o profeta arcaria com as consequências por
sua desobediência (Mt 25:11,12,24-30).
3 - Aproveitando de uma nova oportunidade (3:3)
Ouvindo esse segundo chamado, Jonas
levantou-se e foi. Sabia ele que não seria fácil cumprir essa tarefa: o lugar
era estranho, a fama de seus habitantes não era nada boa, a mensagem não possuía
um conteúdo nem um pouco agradável e havia uma longa caminhada de três dias
pela frente. Mas o que um homem dependente de Deus poderia fazer além de
obedecer? Ele estava muito longe de casa e, provavelmente, sem condições de
voltar; no entanto, creiamos que a razão de sua obediência tenha sido pela
vontade de aproveitar essa oportunidade em razão do amor e da gratidão a Deus
pelo seu livramento e não por falta de alternativa.
O que te move a obedecer a Deus? Aproveitar
oportunidades - principalmente quando se
trata de uma imerecida nova oportunidade - é uma atitude própria de quem
tem sabedoria e temor ao Senhor. Porém, há sinceridade em teu coração quando
você diz “sim” para Deus (At 8:18-21[2])?
Enfrentar terras estranhas, pessoas difíceis, mensagens indignas de aplausos e
trabalhos exaustivos são tarefas para quem tem convicção de seu chamado e
conhece o Deus a quem está servindo (2ª Tm 1:6-12).
Se não for por amor - sem interesses
secundários -, caso não haja arrependimento, o resultado é catastrófico (At 27:3-6).
4 - Cumprindo seu chamado (3:4)
Ele não esperou terminar a viagem de três
dias para descansar um pouco e depois se apresentar diante do rei, pedir a
montagem de um palco e ter tudo preparado para sua grande preleção[3].
A missão era urgente e, logo no primeiro dia, enquanto caminhava, começou a
pregar, assim sendo ouvido pelos que encontrava pelo caminho. A mensagem era
forte. Não tinha como “amaciar” fazendo uso de técnicas de oratória para ser
melhor aceito pelos ouvintes, os quais eram pecadores que necessitavam ser
alertados quanto à necessidade de arrependimento. Assim prosseguiu ele até o
fim, talvez, sem ter a certeza de que consequências pessoais isso pudesse lhe
causar.
O que mais costuma nos atrapalhar no
cumprimento de nosso chamado é o período de preparo que impomos à nós mesmos. Logicamente,
é inquestionável que devemos sim nos preparar, no entanto, é necessário lembrar
também que a própria Obra é uma grande escola e que as maiores lições são
aprendidas na prática. Essa missão é urgente (2ª Tm 4:2[4] [5]
[6])!
Outro fator que também muito atrapalha é o receio de trabalhar com a verdade:
nos preocupamos com a quantidade do que podemos perder diante do homem, assim
desprezando a qualidade do serviço que estamos prestando a Deus. Qual é o valor
da verdade? Esse valor é a diferença entre a salvação e a condenação dos vários
“ninivitas” para as quais o Senhor nos ordena a pregar diariamente (Ez 3:18-21). Quer realmente cumprir seu chamado?
Pregue sobre subversão[7]
sem subverter o conteúdo da pregação (2ª Co 4:3-5[8]).
[1]Simão: Significa "Ouvinte". Na Bíblia aparecem nove homens com
esse nome: 1) Pedro (Mt 4:18); 2) Iscariotes, pai de Judas (Jo 13:26); 3) O
leproso (Mc 14:3); 4) Cirineu (Mt 27:32); 5) Curtidor (At 10:6); 6) Fariseu (Lc
7:40); 7) Mágico (At 8:9-24); 8) Zelote ou Cananeu (Mt 10:4); 9) Irmão de Jesus
(Mt 13:55).
[2]Simão, o mágico: É um personagem bíblico com quem o apóstolo Pedro travou polêmica em
Samaria (At. 8, 9-24). Além do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, o
personagem é referido em outras obras ligadas ao gnosticismo. O texto bíblico
narra o episódio em que Simão tenta comprar dos apóstolos o poder de operar
milagres. Tal ato, considerado pecaminoso pela teologia cristã, foi denominado
de simonia (ato de Simão), termo que define especificamente o comércio ou
tráfico de coisas sagradas e espirituais, tais como sacramentos, dignidades,
indulgências e benefícios eclesiásticos, e que estaria no centro das críticas e
discussão que conduziriam à Reforma protestante no século XVI.
[3]Preleção: Palestra com finalidade didática ou educativa; aula, lição.
[4]Redarguir: Repreender, replicar, responder.
[5]Exortar: Animar, incentivar, estimular. Induzir, conversar. Advertir,
admoestar, aconselhar.
[6]Longanimidade: Paciência. Qualidade de quem tem grandeza de ânimo. Benigno,
complacente, indulgente, corajoso, generoso, paciente, resignado, longânimo.
[7]Subversão: Ato ou efeito de derrubar, destruir; ruína, destruição, queda. Perversão
moral.
[8]Fábula: Lenda, conto. Composição, geralmente em verso, em que se narra um fato
cuja verdade moral se oculta sob o véu da ficção. Mitologia. Mentira. Ficção,
falsidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, seja ele crítico, elogioso, complementar ou simplesmente direcionado à esclarecer alguma dúvida.
Todos serão respondidos desde que estejam de acordo com o regulamento abaixo:
Não serão publicados comentários que contenham palavrões, ofensas, anúncios não autorizados, e/ou usuários anônimos.
Muito obrigado pela sua participação!
Obs.: Apenas respondemos quando percebemos que a pessoa realmente quer uma resposta, pois quando notamos que ela apenas quer arrumar confusão, simplesmente ignoramos.