terça-feira, 5 de novembro de 2013

Trabalho e Prosperidade

Estudo Bíblico Baseado na Escola Bíblica Dominical da CPAD   |  4º Trimestre de 2013 - Provérbios e Eclesiastes - Lição 3 |  Jonas M. Olímpio
Organização, trabalho em equipe,
força de vontade, obediência e
planejamento para o futuro; a
Bíblia nos ensina não somente os
mandamentos espirituais, mas
também as regras mais comuns e
necessárias para um bom
convívio em sociedade

TEXTO ÁUREO
    Pr 10:22 - "A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores."

VERDADE PRÁTICA
    A Bíblia condena a inércia e a preguiça, pois é através do trabalho e da bênção de Deus que prosperamos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
    Provérbios 3:9,10; 22:13; 24:30-34

INTRODUÇÃO
    Como bem sabemos, os autores do livro de Provérbios fizeram bastante uso de linguagens figuradas para se expressar em seus ensinamentos baseados no cotidiano da vida; agora vamos meditar sobre quatro delas: "o celeiro e o lagar", "as formigas", "o leão", e "o espinheiro". Todas essas ilustrações são ricas em lições tanto em sentido espiritual quanto material. Jesus também fez muito uso desse estilo de linguagem por meio de suas parábolas, as quais, por serem comparações compatíveis com a vida real, permitem até aos menos entendidos ou estudados compreenderem o que o narrador está expressando.
    A base do crescimento é a sabedoria, pois é por meio dela que o trabalho produz resultados; por essa razão é que devemos pedir a Deus que prepare e cuide da nossa mente em tudo o quanto formos fazer (Pr 3:13-17).

I - A METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR

    1. A dádiva que faz prosperar

    A narrativa de Provérbios 3:9,10 representa as bênçãos do Senhor sobre a vida daqueles que o honram retribuindo através de contribuições por meio dos bens que Ele lhes dá. Um detalhe interessante é que o texto se refere às primícias, ou seja: aos primeiros frutos da colheita: exatamente o melhor da plantação. Isso significa que devemos oferecer o melhor do que temos ao nosso Deus, e não simplesmente o que sobrar - e isso quando sobra -; e essa oferta é tanto financeira quanto espiritual, pois naquilo que fazemos para Obra Sagrada ou para o nosso próximo, temos por obrigação também ofertar o melhor.
    Desde de que firmou o pacto com o seu povo, o Senhor lhes prometeu várias bênçãos as quais estão mais ligadas à obediência do que a contribuição financeira; como bem sabemos, é melhor obedecer do que sacrificar (Dt 28:8,9; 1ª Sm 15:22).

    2. A bênção que enriquece
    De fato, através de nossos esforços por meio de nosso trabalho podemos alcançar não somente sustento, mas também riquezas; porém, se as mãos do Todo-Poderoso não estiverem sobre nós, nenhum efeito produzirão as obras das nossas mãos. Tanto as bênçãos dos fiéis quanto as dos infiéis são permissão de Deus e não temos o mínimo direito de questionar suas ações. Em Provérbios 10:22 está escrito que é a bênção do Senhor que enriquece e que Ele não acrescenta dores; a versão Revista e Atualizada diz o seguinte: "A bênção do Senhor enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto." Aqui devemos entender o seguinte: enriquecer não significa necessariamente ter muitos bens, mas ter uma vida satisfatória possuindo o necessário para andar com dignidade nessa terra; quanto ao fato de Ele não acrescentar dores, isso quer dizer que, Ele nos dá condições de sermos felizes mesmo que passemos por situações difíceis, e que, quando não superamos nossos problemas e eles nos fazem sofrer, não é essa a sua vontade, e que se formos justos e obedientes, basta confiarmos que Ele restaurará nossa paz e alegria.
    Deus abençoa cada um a sua forma, porém usufruir das bênçãos é um dom divino; sendo assim, cabe a nós pedirmos a Ele condições para administrarmos responsavelmente tudo o que está em nossas mãos para que isso venha a ser canal de alegria e não de sofrimento (Ec 5:19).

II - A METÁFORA DA FORMIGA
    1. As formigas sabem poupar
    Em Provérbios 6:6-11, o exemplo do árduo trabalho das formigas durante o verão armazenando alimentos para o inverno, nos instrui sobre a importância da prudência. A Palavra de Deus nos diz para não vivermos ansiosos pelo dia de amanhã pois Deus é quem cuida de nós; porém, não viver ansioso não significa cruzar os braços e esperar que tudo caia do céu, porque temos por obrigação trabalhar e preparar aquilo que é necessário para o sustento do nosso lar. Outra coisa que podemos observar é que, mesmo não havendo líder, os formigueiros são bastante organizados: todas as formigas têm o seu espaço e cada uma sabe o que fazer; o que muitas vezes falta em nós é organização e planejamento, pois resolver questões financeiras na base do improviso pode ser muito perigoso; isso também é um sinal de preguiça e imprudência, pois se a pessoa não tem coragem sequer de planejar seu futuro, quanto menos terá coragem de trabalhar por ele.
    Trabalhar com prudência e poupar para o futuro demonstram responsabilidade e resultam num futuro mais tranquilo para a família (Ec 11:1).

    2. As formigas sabem ser autônomas
    A falta de um líder não impede as formigas de atingirem seus objetivos porque elas trabalham unidas. Essa união faz com que elas cooperem entre si ajudando uma as outras, e isso proporciona paz e prosperidade em sua comunidade. Por haver determinação e força de vontade em cada uma delas no que se refere a sua disposição para o trabalho, não há a necessidade de que vigiem umas às outras na intenção de se fiscalizarem, assim como na sociedade humana. Diferentemente das formigas, o homem não tem em seu instinto natural toda essa prudência com senso de coletividade e disposição para trabalhar; se não houverem equipes de fiscalização ele se deixa dominar por preguiça, incompetência e desonestidade em suas atitudes, e depois, quando chega o "inverno", ele ainda tem a hipocrisia de lamentar reclamando da má situação em que se encontra não considerando que ele foi o grande causador de seus próprios males.
    O homem prudente não apenas sabe poupar para o futuro como também ajuda o próximo tendo em mente a consciência de que a qualquer momento também poderá precisar de alguém (Ec 11:2).

III - A METÁFORA DO LEÃO
   1. Conhecendo o leão
    Em Provérbios 22:13 e 26:13 existe a curiosa ilustração sobre um preguiçoso que arrumou uma desculpa absurda para não ter que trabalhar: "Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas. (...) Um leão está no caminho; um leão está nas ruas." Essa situação não é nada diferente dos dias de hoje; somente o que mudaram foram os pretextos, pois o que mais se ouve é: "preciso terminar os estudos"; "preciso fazer bons cursos"; "tenho muito estudo e cursos, não posso aceitar qualquer coisa"; "sou muito novo"; "sou muito velho"; "estou doente, preciso ser amparado por programas assistenciais do governo". Diante desses e de outros "motivos" para não trabalhar, vemos aí que o que falta mesmo é esforço, pois não há limitação que não possa ser superada quando a pessoa realmente quer ganhar a vida com honra e dignidade. É claro que todos esses fatores dificultam realmente de se conseguir um emprego, mas essas situações são momentâneas e, além do mais, até mesmo pessoas consideradas inválidas pelo mercado de trabalho conseguem elaborar uma forma de investir em algo para terem pelo menos um complemento do seu sustento. É importante lembrar ainda que o trabalho não é apenas um meio de ganhar dinheiro, mas também uma forma de manter a mente ocupada com algo útil, o que também faz muito bem a saúde.
    O preguiçoso só pensa em seu bem-estar momentâneo e não reflete sobre suas para o amanhã (Pr 19:15).

   2. Matando o leão
    Esse leão, como bem sabemos, é o maligno espírito da preguiça e, numa outra ilustração, podemos identificá-lo com o leão do texto de 1ª Pedro 5:8, o qual define muito bem o que ele faz com suas vítimas: ele simplesmente as traga. A pessoa que se deixa levar pela preguiça não tem estratégia e nem forças para cumprir seus objetivos, e acaba se entregando facilmente às dificuldades, pois o comodismo, a miséria, a falta de dignidade, a dependência e o conformismo já dominaram sua mente. Mas a Palavra de Deus também diz para resistirmos a ele firmes na fé, o que significa que há sim uma saída e libertação para essa doença espiritual.
    Grande parte do que perdemos é por nossa própria negligência. Aonde há comodismo não há prosperidade (Ec 10:18).

IV - O TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS
    1. Trabalho, prosperidade e espiritualidade
    Em Provérbios 24:30-34, aprendemos sobre o que pode acontecer quando nos entregamos à preguiça: aquilo que poderia ser instrumento para grandes bênçãos materiais pode estar sendo destruído por nossa própria falta de cuidado, enquanto ficamos aqui nos lamentando diante de Deus sobre o motivo de não prosperarmos e não conseguirmos o que queremos. Não adianta reclamar que a colheita está fraca por causa dos espinhos se você não tiver a coragem de se levantar e arrancá-los do meio da sua plantação. Há crentes que evitam o trabalho dizendo que estão se dedicando à Obra de Deus; mas será que ele tem mesmo um chamado especial para isso, ou seria essa mais uma desculpa para fugir de serviço? Uma das formas de identificarmos esse tipo de "obreiro" é observando que o seu foco é sempre o dinheiro e que o seu trabalho ministerial não cresce, pois por mais que pareça estar prosperando, a qualquer momento algum escândalo aparece. Existe também outro tipo de crente que se acha tão santo a ponto de pensar que o trabalho secular afasta o homem de Deus; esses ditos cujos geralmente não se importam em não fazer o suficiente para suprir toda a necessidade da família, pois nunca fazem horas-extras, se recusam a trabalhar a noite, não investem em cursos de especialização e jamais fazem um bico num dia de folga por mais difícil que esteja a situação, e tudo isso em nome da sua maravilhosa santidade de não querer perder um único culto. Isso é espiritualidade? Não. Isso é preguiça misturada com falta de responsabilidade e ausência de sabedoria, pois quem trabalha, ainda que por um período esteja impossibilitado de estar todos os dias na igreja, é honrado por Deus porque também está honrando o nome do Evangelho não sendo visto pelos ímpios como caloteiro e desonesto.
    Os únicos problemas de um cristão perante a sociedade deve ser de ordem espiritual, e jamais de origem moral; por isso devemos andar com sabedoria e honestidade perante todos (1ª Pe 4:15,16).

    2. Trabalho, ócio e lazer
    Obviamente, as considerações de Salomão a respeito dos preguiçosos são apenas um incentivo ao trabalho de forma moderada de acordo com o necessário e não uma insinuação de que o homem não tenha direito ao descanso e ao lazer. Pois, desde o princípio, conforme o relato de Gênesis 2:2, o próprio Deus nos ensina sobre a importância de uma pausa nas atividades cotidianas. Nós, como seres humanos, temos um corpo limitado, o qual se desgasta e necessita de repouso. A razão de muitas doenças que muitas vezes levam a pessoa à vários tipos de debilitação, inclusive à invalides parcial ou total, é a falta de descanso. Quem trabalha arduamente apenas visando os lucros de seus esforços materiais acaba tendo grandes prejuízos físicos, os quais também podem estar relacionados ao seu estado mental, sendo provocados ou provocando stress, depressão ou qualquer outro tipo de desconforto. Todos, inclusive os mais aplicados servos de Deus, devem ter a consciência da necessidade de reservar um tempo para o descanso, e isso significa não exatamente dormir mais ou cruzar os braços por algum período, mas sim mudar suas atividades, buscar diversões saudáveis, procurar ambientes menos agitados, tentar satisfazer desejos antigos e se valorizar ao máximo usufruindo de forma sábia de tudo aquilo que o Senhor lhes deu.
    Há tempo para tudo, inclusive para usufruir das bênçãos dadas pelo Senhor; porém, devemos vivê-las sabiamente (Ec 9:7-9).

CONCLUSÃO
    O conceito bíblico de prosperidade nada tem a ver com uma negociação com Deus à base de troca por meio de "sacrifícios, mas sim a busca de orientação para que o Senhor não somente abra, mas também nos mostre qual é a porta certa, dando-nos estratégia, disposição, condições e saúde para que através dela venhamos a ter o suficiente para nosso sustento, podendo também assim termos condições de colaborarmos com sua a Obra tendo ao mesmo tempo uma vida digna diante da sociedade por sempre podermos honrar nossos compromissos. O trabalho é totalmente necessário, mas não deve preencher todo o nosso espaço de tempo, pois precisamos preservar nossa saúde, ter momentos de lazer, nos dedicar a nossa família e cuidar de nossa vida espiritual. Ser próspero não é ter muito, mas ter o suficiente, o qual te permita viver bem em meio a sociedade, ter paz interior e comunhão com Deus.
    Estude, trabalhe, planeje o futuro e lute por aquilo que você acredita; mas nunca se esqueça: busque a direção divina, porque se Deus não estiver no negócio, tudo isso será tempo e investimento perdido (Sl 127:1,2).

DICIONÁRIO
Autônomo: Que não está sujeito a potência estranha, que se governa por leis próprias. Independente, livre. Que professa as próprias opiniões.
Bênção: Algo concedido por Deus. abençoar é desejar e proferir o bem a alguém em nome de Deus ou de Jesus.
Cardo: Nome comum a várias plantas espinhosas.
Celeiro: Depósito de cereais.
Dádiva: Dom, presente, donativo.
Fazenda: Riquezas e bens.
Inércia: Propriedade que têm os corpos de não modificar por si próprios o seu estado de repouso ou de movimento. Falta de ação, falta de atividade. Preguiça, indolência, torpor. Incapacidade.
Labor: Trabalho.
Lagar: Espécie de tanque grande, geralmente cavado em rocha, no qual vários homens, com os pés descalços, pisavam as uvas para extrair delas o suco usado para fazer vinho (Ne 13:15).
Mosto: Vinho novo.
Ócio: Preguiça. Descanso, folga do trabalho.
Parábola: Originária do grego parabole, significa narrativa curta ou apólogo, muitas vezes erroneamente definida também como fábula. Sua característica é ser protagonizada por seres humanos e possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto implícita como explícita. Ao longo dos tempos vem sendo utilizada para ilustrar lições de ética por vias simbólicas ou indiretas. Narração figurativa na qual, por meio de comparação, o conjunto dos elementos evoca outras realidades, tanto fantásticas, quando reais. Eram as histórias geralmente extraídas da vida cotidiana utilizadas por Jesus Cristo para ensinar aos seus discípulos. Segundo Marcos 4:11-12, eram utilizadas por Jesus para que somente seus discípulos as entendessem plenamente. Este gênero já era utilizado por muitos dos antigos profetas.
Permear: Fazer passar pelo meio; entremear. Atravessar, furar, penetrar, entrar.
Primícias: Os primeiros frutos colhidos. Os primeiros animais nascidos de um rebanho. Primeiras produções; primeiros efeitos; primeiros lucros.
Prosperidade: Estado ou qualidade de próspero (afortunado); crescimento, situação próspera, ventura, felicidade.
Sega: Colheita.
Trabalho: Ato ou efeito de trabalhar. Exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa; ocupação em alguma obra ou ministério. Esforço, labutação, lida, luta. Aplicação da atividade humana a qualquer exercício de caráter físico ou intelectual.
Tragar: Engolir, devorar; destruir.
Urtiga: Planta de folhas espinhosas.
Vinha: Videira ou parreira. Plantação de uvas. Trepadeira da família das vitáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, e cujo fruto é a uva, a qual produz suco e vinho. Originária da Ásia, a videira é cultivada em todas as regiões de clima temperado. O comércio de uvas e a produção de vinhas era um negócio muito lucrativo no antigo Oriente Médio. Na Bíblia, as uvas são mencionadas pela primeira vez quando Noé cultiva-os em sua fazenda (Gênesis 9:20-21). As uvas são especialmente simbólicas para os cristãos, que desde o início da Igreja faz o uso do vinho na celebração da Santa Ceia, pois o vinho representa o sangue de Jesus Cristo (Lc 22:17-20). Uvas também foram significativas para ambos gregos e romanos, e seu Deus da agricultura, Dionísio, estava ligado às uvas e do vinho, sendo frequentemente retratado com folhas de uva em sua cabeça.

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