Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 1 | Jonas M. Olímpio
Lucas 1:1-4 - Tendo, pois, muitos
empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, 2segundo
nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram
ministros da palavra, 3pareceu-me também a mim conveniente
descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já
informado minuciosamente de tudo desde o princípio, 4para que
conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
Nos 1.151 versículos dos seus 24 capítulos, a narração do
Evangelho escrita por um médico chamado Lucas[1] é um dos
mais belos escritos divinamente inspirados sendo também uma das mais completas
versões da história do ministério terreno de Jesus Cristo. Em seus pontos
principais se destacam o nascimento de João Batista e de Jesus; o ministério de
João Batista; e a genealogia, o ministério, a crucificação e a ressurreição de
Jesus. Seu alto nível cultural pode ser percebido pelo seu estilo de escrita
que o diferencia dos demais livros do Novo Testamento. Porém, como nos demais
relatos dos outros autores das Escrituras Sagradas sua maior beleza está em sua
revelação do caminho da salvação para os seus leitores. O centro de toda a sua
narrativa é a manifestação de Cristo como o salvador da humanidade. Todo seu
conteúdo é voltado a enfatizar os ensinamentos, o poder espiritual concedido
pelo Senhor aos seus servos e termina narrando sua aparição após a ressurreição
reafirmando sua promessa da descida do Espírito Santo. Seu grande objetivo
nesse trabalho é contar os fatos na ordem em que aconteceram segundo o relato
de pessoas que os presenciaram (Lc 1:1-4).
Como pode-se notar nos primeiros
versículos, assim como no decorrer e também no final da obra, ele não se
identifica. No entanto, com exceção da postura de alguns críticos que não
conseguiram provar suas teorias, ele é aceito sem resistência pelos cristãos
como autor do livro. Seu nome é citado em Colossenses 4:14, onde ele é chamado
de médico amado, e também em Filemom 1:24 e 2ª Timóteo 4:11 - todas são epístolas paulinas -, textos
esses que nos permitem entender que ele conhecia e era amigo e cooperador do
apóstolo Paulo. Baseados nesses relatos, podemos imaginar quantas vezes ele
deve ter tratado as feridas do apóstolo dos gentios, aliviando suas dores após
os açoites sofridos em suas prisões. A data provável desse livro, que
provavelmente foi escrito como carta endereçada à seu amigo Teófilo, gira em
torno da sexta década da era cristã; muito possivelmente, como creem alguns
estudiosos, entre os anos 59 e 75dC. A ele também é atribuída a autoria do
livro de Atos dos Apóstolos, pois as narrações do mesmo são uma continuação da
história narrada no Evangelho escrito por Lucas e tem como destinatário a mesma
pessoa (At 1:1-3).
Do pouco que é revelado sobre sua vida, o
que se sabe é que ele foi médico e historiador; sendo assim, foi um homem
tremendamente privilegiado para seu tempo, por se tratar de uma época em que
poucos tinham condições financeiras e acesso à tais posições na sociedade.
Sendo grego - portanto um gentio -,
ele foi mais uma alma fora de Israel alcançada pelo poder do Evangelho. Assim sendo,
juntando seu conhecimento com seu sentimento de gratidão pela salvação, ele
passou a se dedicar a expor a história de Cristo e a sua maravilhosa Graça
àqueles que não a conheciam; e, muito provavelmente, com seus conhecimentos
médicos, ele ajudou a muitos cristãos perseguidos e castigados pelo governo
romano. Nesse livro que é considerado como o terceiro Evangelho, ele focou a
vida e o ministério de Jesus, enquanto que em Atos ele se pôs a divulgar os
primeiros passos da Igreja Primitiva. Seu exemplo é uma prova de que também
somos muito úteis na propagação da Palavra não somente com dons espirituais,
mas também com nossas habilidades naturais, as quais também vem de Deus (Êx 31:3-5[2]).
A intenção de Lucas é que seus escritos é
que seus escritos chegassem não somente à Teófilo[3],
mas a todos os gentios como um material de evangelização e de informação sobre
quem é Jesus e como era a Igreja que havia se formado após sua crucificação. Dá
para perceber claramente, por suas palavras, que seu objetivo era pregar a
Palavra da salvação e também mostrar o poder concedido por Cristo aos seus
servos por meio do Espírito Santo. Mesmo não tendo sido uma testemunha ocular
das pregações, dos milagres, da morte e da ressurreição do Messias, como também
da formação do primeiro grupo de cristãos em Jerusalém, ele demonstrou muita fé
em tudo o que lhe foi apresentado e sentiu a necessidade de compartilhar tais
eventos com aqueles a quem ele pudesse alcançar. Não há testemunho de sua
conversão e nem de que forma ele conheceu o Evangelho, mas o que podemos notar
é que mesmo tendo sido ele um sábio grego, o qual fora nascido e criado em meio
à religiões pagãs, o poder da Palavra penetrou profundamente em sua mente e em
seu coração, transformando por completo a sua vida (2ª
Tm 3:15-17[4]).
Toda a narrativa de Lucas é historicamente
confirmada e está em harmonia com os demais Evangelhos. Um grande exemplo disso
está nos dois primeiros versículos do terceiro capítulo do seu livro, aonde ele
cita detalhadamente datas e nomes de pessoas e lugares referentes ao Império
Romano, incluindo os sacerdotes da época, antes de começar a contar a história
do ministério de João Batista. Essa riqueza de fornecimento de dados sobre a
elite política antes da exposição espiritual da mensagem comprovam sua
preocupação em provar aos mais críticos que os seus escritos não eram mais um
conto fantasioso entre tantos que deveriam existir naquele tempo, mas sim fatos
reais, os quais, se fossem comprovados juntos a esses dados informados, seriam
provados como reais. Com isso aprendemos que a exatidão das nossas palavras não
é medida simplesmente pelo que dizemos, e sim de acordo com a forma que as
dizemos indicando detalhes que possam identifica-las como verdadeiras. A Bíblia
nos ensina a ter prudência no falar (Pr 4:5).
No quarto versículo do seu primeiro
capítulo, Lucas usa a expressão “Para que
conheças a certeza das coisas de que já estás informado”; no original
grego, a palavra traduzida como “informado” é katecheo que também significa doutrinar,
ensinar, convencer, que, no contexto aqui aplicado tem o sentido de
discipular. Essa palavra também deu origem ao termo “catequese”. Dessa forma
podemos ver o quanto esse livro é voltado ao evangelismo e ao discipulado de
novos crentes. Assim sendo, seguindo esse exemplo, devemos atentar para o fato
de que o ensinamento na igreja é de extrema importância e precisa ser feito de
forma minuciosa mostrando aos seus aprendizes o quanto é preciso que se
dediquem a investir na busca do conhecimento sabendo explorar todas as
informações necessárias para o seu desenvolvimento espiritual. Bons instrutores
devem estar sempre bem preparados para a formação de futuros obreiros e nunca
fugir da responsabilidade de ensinar os que têm sede de aprender (At 8:30,31[5]).
Lucas divide a história da salvação em três
estágios: o primeiro é o Antigo Testamento, quando ele menciona a Lei e os
profetas; o segundo é Jesus, a quem ele se refere como o Filho de Deus; e o
terceiro é a Igreja, sobre a qual ele narra a ação do Espírito Santo. Os dois
primeiros estágios estão registrados em seu Evangelho e o terceiro em Atos. Para
os crentes atuais, os quais pregam a salvação, é de extrema necessidade
conhecer e saber diferenciar e conciliar esses três estágios, pois todo o
Antigo Testamento aponta para Jesus e a Nova Aliança que incluiria os gentios,
e o próprio Jesus, que além de cumprir a Lei, mencionou o Espírito Santo como
aquele que ficaria com a Igreja até a sua volta, ou seja: todos eles estão
interligados e fazem parte do plano de Deus para a nossa salvação (At 1:6-8).
Todos os livros bíblicos têm seus temas
voltados para um único assunto: a salvação. E no livro de Lucas não poderia ser
diferente; e o que se nota em seu conteúdo é a sua característica missionária
transcultural, pois foi destinada à Teófilo, um gentio, com uma mensagem
atrativa para que os estrangeiros se sentissem incentivados a conhecer esse
Jesus, através do qual grandes maravilhas estavam sendo feitas em Israel. Essa
apologia ao Cristo da salvação pode ser claramente notada em vários trechos
como, por exemplo, em Lucas 2:32 ele narra as palavras de um homem chamado
Simeão que, referindo-se ao nascimento do Messias usou o termo “luz para alumiar as nações”; e também em
Lucas 24:47, onde ele relata as palavras do próprio Jesus, em uma de suas
aparições após a morte, dizendo que em seu nome deveria ser pregado o
arrependimento e a remissão dos pecados em todas
as nações. Lucas e Atos foram dois livros de extrema importância na
evangelização de outros povos, pois suas mensagens centralizam a volta de
Cristo (Lc 24:46,47; At 1:11).
Lucas identifica Jesus como o Filho de Deus
e Filho do Homem. Ambas as expressões comprovam sua divindade. Ao chama-lo de
Filho de Deus, Lucas o está reconhecendo como o Messias anunciado pelos
profetas. Esse termo aparece cinco vezes em seu livro e mais duas em Atos,
sendo que em três delas, estando registradas no quarto capítulo, se referem a
Satanás desafiando-o em sua tentação no deserto. Já a expressão Filho do Homem,
que aparece vinte e cinco vezes em seu Evangelho, o identifica como sendo
verdadeiramente um homem, pois, mesmo com sua identidade divina, sendo a
segunda pessoa da Trindade, ele foi encarnado na forma humana e gerado por uma
mulher como todos os demais seres humanos. Aqui na terra Ele viveu como um
homem perfeito, nos mostrando que mesmo vivendo num mundo corrompido é sim
possível resistir ao pecado (Jo 17:14-18).
O Evangelho de Lucas, assim como o livro de
Atos, dá um destaque especial à pessoa do Espírito Santo. Dos versículos 16 ao
19 do seu quarto capítulo, ele nos mostra também o relacionamento pessoal entre
Jesus Cristo e o seu Espírito, apresentando-o como o realizador do seu
ministério terreno. Usando as expressões “me ungiu” e “me enviou”, completando
com as ações “evangelizar”, “curar”, “pregar”, “restaurar”, “pôr em liberdade”
e “anunciar”, o Senhor nos ensina que o Espírito Santo é o grande responsável
pelo nosso bom desempenho em sua Obra através dos dons que Ele nos concede. Por
essa razão, antes de tentarmos fazer qualquer coisa no que se refere ao Reino
de Deus, devemos ter a certeza de que o seu Santo Espírito está conosco, pois
somos dependentes dEle tanto no recebimento dos dons quanto em sua execução (1ª Co 12:6,7,11).
Os
quatro Evangelhos sinóticos se completam entre si. Entre eles, Lucas é o que
mais retrata o amor de Deus, destacando, além de seu poder, sua misericórdia
salvadora; e isso é claramente perceptível por sua linguagem evangelística e
discipuladora. Em seus escritos é possível notar também sua preocupação em
relação amor ao próximo, como também em Atos aonde ele narra a união e
assistência social fortemente aplicada pelos apóstolos da Igreja primitiva. Uma
leitura detalhada desse livro leva o pecador a ter o desejo de aproximar-se de
Deus, e proporciona no crente uma grande vontade de conhece-lo ainda mais. Meditar
e estudar os relatos ali contidos nos levam a ter uma grande certeza: estamos
devendo muito em nossa vida espiritual para que através de nós se cumpram por
completo todas as grandes bênçãos que o Senhor tem para nós (Lc 10:19).
[1]Lucas: Do grego "Loukas" significa "O que Dá Luz".
Médico e companheiro de Paulo (Cl 4:14; 2ª Tm 4:11; Fm 1:24). É o autor do
Evangelho de Lucas e de Atos dos Apóstolos.
[2]Lavor: Gravação em relevo (Êx 28:11). Lavrar; esculpir.
[3]Teófilo: Significa "Amigo de Deus". Cristão a quem Lucas dedicou o
seu Evangelho (Lc 1:3) e o livro de Atos (At 1:1). A palavra Teófilo era também
um título de honra usado no Império Romanos; devidos a isso, alguns estudiosos
especulam que esse não seria o nome do amigo de Lucas a quem ele destinou seus
escritos, mas uma menção a sua posição respeitando sua importância na
sociedade. Mas, independentemente de sua posição ou títulos, o que se pode
afirmar com mais segurança é que ele foi um grego, ou um romano, convertido ao
cristianismo.
[4]Redarguir: Repreender, replicar, responder.
[5]Eunuco: Homem castrado que servia de guarda das mulheres do seu dono (Et
2:3). Eram também chamados de eunucos alguns altos funcionários de confiança
dos reis, quer esses funcionários fossem castrados ou não (At 8:27). Tradicionalmente,
no Oriente é um guardião de mulheres, principalmente nos haréns. Muitos já
nascem com problemas congênitos - um mal desenvolvimento dos testículos -
proporcionando baixa ou nenhuma potência sexual impossibilitando uma vida
conjugal normal e a geração de filhos. Os que nascem nessa condição podem ser
considerados transexuais, porém, isso nada tem a ver com homossexualismo ou
opção sexual.
Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 1 | Jonas M. Olímpio
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