segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O Que é Uma Parábola?


Marcos 4:34 - “E sem parábolas nunca lhes falava, porém tudo declarava em particular aos seus discípulos.”


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Desenvolver métodos de ensino
eficientes é o papel de qualquer
mestre que se preze, e não
poderia ser diferente com o
Mestre dos Mestres; Jesus nos
dá um perfeito exemplo de
como a aplicação de um bom
método didático surte efeitos
positivos em nossos discursos.
    A parábola é o principal método didático aplicado nos ensinos de Jesus; tanto que Ele não falava de forma direta, mas sempre por meio desse recurso e, posteriormente, explicando em particular àqueles que mais próximos eram dEle. Pelos registros contidos nos Evangelhos sinóticos - o que não inclui o Evangelho escrito por João -, podemos comprovar que, em seu ministério terreno, Ele fez uso de pelo menos quarenta e quatro delas (possivelmente Ele contou outras que não foram registradas nas Escrituras). Entende-las exige além de raciocínio, um coração espiritualmente aberto, e nem todos alcançam esse privilégio. Sendo Ele nosso exemplo maior de sabedoria, dessa forma nos ensina também a eficácia desse método de ensino pois ele aborda exemplos cotidianos e simples para os ouvintes, assim explicando questões mais complexas acerca do assunto em questão. O Antigo Testamento possui dez parábolas.

    A palavra parábola em hebraico é mashal tendo, muitas vezes, o significado de provérbio, analogia, enigma, discurso, poema, conto, símile, ditos populares e coisas do tipo. Por toda a Bíblia, dependendo da tradução, ela é mencionada 45 vezes, sendo 14 no Antigo e 31 no Novo Testamento. Em grego, seu termo original é parabolé, que significa “por ao lado de” expressando uma comparação. Jesus foi que mais fez uso de linguagens figuradas para atingir seus propósitos no que se referia a atingir a mente do público ouvinte. Prender a atenção dos mais variados tipos de pessoas levando todos ao entendimento de acordo com a necessidade nunca foi tarefa para qualquer um; no entanto, Ele nos ensinou que isso é possível.

    Em nossa linguagem comum da atualidade, a melhor forma de definir o significado de uma parábola é como ilustração: um dos recursos didáticos mais usados pelos mais conceituados oradores de nosso tempo. Parábolas, geralmente, são histórias curtas e elaboradas de forma simples e bastante objetiva. A mente humana possui muito mais facilidade de captação e assimilação de qualquer tipo de uma mensagem quando a mesma é apresentada com comparações; desde os primeiros anos do ensino fundamental, os educadores exploram persistentemente o método ilustrativo, pois sabem que é muito mais fácil a criança entender uma estória do que memorizar intermináveis explicações teóricas. Seguindo o exemplo do Grande Mestre, precisamos falar de uma forma que todos possam compreender (Mc 4:33).

    Diferenciar entre os diversos tipos de figuras de linguagem não é uma tarefa muito simples, pois, à primeira vista, todas são bastante semelhantes. Segue abaixo uma lista com o significado de algumas delas:
Metáfora: Quando algo ou alguém é considerado como um outro.
Exemplo: (Jo 10:14) “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. Literalmente, Jesus não é um pastor e nem seus seguidores ovelhas, mas essa forma de expressão representa de que forma devemos imaginá-lo e agir em relação a Ele.

Metonímia: Quando algo ou alguém é considerado como um outro por ter alguma relação com o mesmo.
Exemplo: (Lc 16:29b) “Eles têm Moisés e os Profetas”. Quando Jesus proferiu essa parábola, Moisés e os profetas já eram mortos; com isso, Ele simplesmente se referia a todos os demais que pregavam a Palavra ensinada por Moisés e pelos profetas.

Hipérbole: Usar termos que aumentam ou diminuem exageradamente a situação real.
Exemplo: (Sl 22:14) “...Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim”. É óbvio que um ser humano não pode se derramar como água, nem os seus ossos se desconjuntares ou mesmo seu coração se derreter como cera dentro do corpo simplesmente pelo seu estado de tristeza, mas essa foi uma maneira, ainda que exagerada, encontrada pelo salmista para expressar a tão terrível angústia que estava sentindo.

Ironia: Falar em sentido contrário àquilo que realmente se quer dizer.
Exemplo: (Gn 3:22a) “Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal”. Logicamente, o homem jamais será exatamente igual a Deus; mas, com isso, Ele apenas quis dizer que por ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, o ser humano passaria a ter um conhecimento a mais, o qual era proibido à ele, sendo isso um privilégio que somente os seres celestiais tinham acesso.

Antropomorfismo: Atribuir sentidos ou atitudes humanas a Deus.
Exemplo: (Lv 1:9c) “... holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor”. Deus não iria literalmente cheirar o sacrifício; essa afirmação apenas demonstra que Ele ficaria satisfeito se esse ritual lhe fosse oferecido de forma correta e sincera.

Tipo: Qualquer cerimônia, objeto ou pessoa que se refira a algum evento futuro.
Exemplo: (Jo 3:14) “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado”. A serpente de metal colocada sobre uma haste, para a qual as pessoas picadas por cobras olhavam e não morriam pelos efeitos do seu veneno, foi uma das tipificações que demonstravam profeticamente a missão do Messias: salvar os pecadores que cressem nEle, assim neutralizando o efeito mortal - a condenação eterna - causado pelo pecado.

Símbolo: Objeto que representa algo com sentido espiritual.
Exemplo: (Gn 9:11-13) “...E eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra. E disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre mim e vós e entre toda alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra...”. Após o dilúvio, apareceu um arco-íris simbolizando um pacto entre Deus e o homem como garantia de que o Senhor não mais mandaria o dilúvio para destruir a terra.

Alegoria: A utilização de um fato verídico como profecia de um acontecimento futuro.
Exemplo: (Gl 4:21-31) “Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa, o que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz, esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque. Mas, como, então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também, agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da livre”. Esse é um exemplo de como Deus usou a história do nascimento de Ismael e Isaque, os dois filhos de Abraão, para mostrar o que aconteceria com o povo de Israel.

    É necessário destacar também a diferença entre parábolas e mitos. Nas parábolas, ainda que a história em si não seja real, seu conteúdo não é fantasioso, ou seja, é totalmente possível de acontecer na realidade. Nos mitos, além de sua história não ser real, seu conteúdo é fantasioso, impossível de acontecer na realidade; resumindo: tudo que se refere a mito é uma completa mentira. Jesus foi um grande contador de história, no entanto, suas histórias não eram infundadas e sem sentido, pois tinham objetivo didático servindo para clarear o entendimento daqueles a quem Ele queria atingir com seus discursos. Assemelhar o Reino de Deus à um grão de mostarda para explicar seu crescimento é um grande exemplo de sua habilidade oratória, pois a mostarda era uma hortaliça bastante conhecida na época (Mc 4:31,32).

    Como já foi dito aqui, entre os seguidores de Jesus não haviam apenas admiradores, mas também opositores. Sua mensagem era de paz, porém seu título, ainda que não oficial, era de rei. A afirmação de ser o Messias trazia um desconforto político entre os nobres da época e representava uma ameaça ao governo romano. Assim sendo, pelo menos duas razões tinha Ele para não querer que suas mensagens de salvação não fossem entendidas por todos: as ameaças e a dureza do coração de muitas pessoas. 

    Ser o alvo direto das mensagens divinas é um privilégio de valor incalculável. Enquanto muitos não entendem porque não o buscam verdadeiramente, você receber dEle algo de forma que Ele faz questão que você entenda, embora não te torne melhor que os demais, te diferencia te proporcionando uma posição de servo mensageiro, a qual não é dispensada a todos que o seguem ou creem nEle. Porém, do mesmo modo que te coloca em um alto patamar, receber algo a mais do Senhor, aumenta sua responsabilidade e cobrança diante dEle (Mc 4:11-13).

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