É com
muito prazer que venho comunicar aos senhores adeptos da antiga Lei[1]
que um homem nazareno, chamado pelo nome de Jesus, de 33 anos de idade, tendo
sido crucificado, veio a ressuscitar três dias após a execução da sua
condenação à pena de morte (Lc 24:1-7[2])
pelos doutores da Lei e sacerdotes, os quais persuadiram o governo romano a
isso sob uma série de falsas acusações (Mt 26:59-61; Lc
23:1-3). Suas cerimônias fúnebres foram canceladas devido ao fato de seu
túmulo encontrar-se vazio, e quem quiser prestar-lhe as devidas homenagens deve
procurar encontra-lo pessoalmente em um culto coletivo ou individual, com o
coração arrependido e não levar condolências ou lamentos, mas alegria e
disposição para festejar, além da ressurreição, a vida eterna que Ele prometeu
a todos os que o amarem incondicionalmente até a sua volta, pois o Mesmo garantiu
também que para onde Ele foi levará todos aqueles que honrarem fielmente a sua
memória (Jo 14:2-4,15). Informo ainda que com
esse “inesperado” acontecimento, Ele nos incluiu como herdeiros em seu
Testamento fazendo-nos participantes de uma dispensação[3] chamada
Graça[4] (Ef 1:7[5] [6]; 2:8), a qual torna desnecessários e inválidos os
rituais e sacrifícios voltados ao perdão de pecados (Hb
10:8-10[7])
e às supostas conquistas financeiras. Em decorrência disso, não mais estamos
sob a necessidade da mediação de sacerdotes ou profetas para nosso contato com
o Pai Celestial, pois, para esse fim, Ele nos concedeu o Consolador, pelo qual
temos acesso direto a Ele (Jo 14:16,17).
O motivo
desse “esclarecimento” é o fato de que muitos cristãos vivem como se Cristo não
tivesse ressuscitado, ou pior: como se o seu sacrifício não tivesse valor algum.
Estamos convivendo com organizações religiosas - não sei se devo chamar de
igrejas -, cujos líderes se colocam como portadores especiais de dons divinos,
comportando-se como profetas e sacerdotes do Antigo Pacto querendo ser
encarados como mediadores entre o homem e Deus, limitando “bênçãos” à
sacrifícios - sempre financeiros -, os quais devem ser entregues a eles, e assim
agem sem expor a devida base bíblica que os autoriza a isso (2º Rs 5:14-16; Mt 10:8-11). O incentivo à busca por
meio da oração e ao conhecimento da Palavra tem sido deixado de lado, pois,
através dos mesmos, seus seguidores descobririam que o véu[8]
foi rasgado e não mais apenas os “homens de Deus” podem entrar no santo dos
santos[9],
porque estamos vivendo sob a Graça e não mais a Lei (Rm
7:4). Sabe como a Bíblia classifica isso? Dominar o povo a seu bel
prazer (Cl 2:8)!
Tais
líderes estão em pecado? Isso é a consciência de cada um que deve responder,
pois é sim possível que muitos deles sejam verdadeiramente usados por Deus (Mt 7:21-23[10]); no entanto,
muitos também são usados pelo inimigo (2ª Co 11:13-15).
Porém, cabe a nós a busca por discernimento espiritual para não sermos
enganados (1ª Co 12:8-10; At 5:3). E sabe por
que devemos nos preocupar com isso? Reflita bem: o que acontece com um cego que
é guiado por outro cego (Lc 6:39)? Sei que aí
você pode até me questionar: “Mas a Bíblia não diz que o joio[11]
deve crescer junto com o trigo? Nós não podemos julgar!” Sim. Realmente. Mas
nem por isso você vai “comer” o joio também, vai? No que se refere a julgamento,
não podemos julgar a vida particular da pessoa, pois isso cabe a ela mesma e ao
próprio Deus (1ª Co 11:28ª; 2ª Co 13:5); porém,
no que se refere ao serviço ministerial, devemos julgar sim (1ª Jo 4:1), porque isso envolve a todos influindo em
seu futuro espiritual (Ap 2:20).
Conscientemente
ou não, judaizar a Graça - nada contra o judaísmo - nada mais é do que dizer: “Jesus, seu sacrifício não tem validade pra
mim!”. A utilização de elementos existentes no antigo Templo é restrita aos
judeus na época da Lei. Não há, no Novo Testamento, nenhuma afirmação que
demonstre alguma aprovação à prática de atos típicos da Lei Mosaica como, por
exemplo, imagens que representem ou lembrem a Arca da Aliança, o castiçal,
altares de sacrifícios, entre outros símbolos que apenas serviam para
representar a presença e o acesso à Deus numa época em que ainda não havia sido
derramado o Espírito Santo sobre o seu povo. A situação é exatamente o
contrário disso: as Escrituras Sagradas são claras ao afirmar que tais coisas e
atitudes demonstram que seus praticantes ainda estão sob o jugo da Lei (Hb 8:12,13; 2ª Co 5:17).
Do mesmo
modo, inserir à liturgia de culto a repetição de fatos ocorridos com servos do
Senhor no passado como, por exemplo, os mergulhos de Naamã, o cajado de Moisés,
a capa de Elias, as pedrinhas de Davi, como também várias invenções como
lenços, ferramentas de pedreiro, produtos de higiene pessoal, canetas e os mais
variados objetos “ungidos”, embora, teoricamente, possa surtir algum efeito
como estímulo de fé, na prática, apenas retrata o desinteresse de tais líderes em
ensinar os fiéis que a verdadeira fé consiste em crer no invisível (Hb 11:1), porque apegar-se a objetos para materializar
uma crença significa simplesmente praticar superstição, ato esse muito próximo
à idolatria: algo condenado por Deus (1ª Co 10:14; 1ª
Jo 5:21). Certo, eu sei que a Bíblia fala dos lencinhos do apóstolo
Paulo (At 19:11,12); no entanto, ela atribui os
milagres a Deus e não aos objetos, e também não relata em que circunstâncias
isso aconteceu, não o mostra pedindo dinheiro em troca deles, e tampouco foi
isso pregado como doutrina a ser seguida pela Igreja. Ah! E a mesma regra se
aplica à sombra de Pedro (At 5:15,16). Quer ser
abençoado? Coloque-se diante de Jesus em agradecimento pelo seu sacrifício,
tendo a consciência de que será ouvido e atendido segundo os propósitos dEle (1ª Jo 5:14,15) e não em troca de seus próprios
“sacrifícios” ou crenças em amuletos de sorte.
Algumas ramificações do cristianismo costumam lamentar a morte de Cristo
e lembra-la como se estivessem num funeral. Tais cristãos não atentam para o
fato de que sua crucificação foi o fator essencial para que hoje tivéssemos
acesso à Graça, sendo justificados pela fé e não por obras, sacrifícios e
cumprimentos de rituais conduzidos por sacerdotes humanos (Hb 9:6-9). Sua morte nos proporcionou liberdade para
com o Pai (Hb 9:13,14), alegria e autoridade
espiritual (Lc 10:17-20), direito ao exercício
ministerial que antes era restrito aos levitas[12]
(1ª Pe 2:5,9) e o privilégio de não sermos
apenas seguidores de uma religião, mas membros de um Corpo (1ª Co 12:27; Cl 1:24) e também filhos de Deus (Rm 8:14,15). Diferentemente dos israelitas, para os
quais o sangue de animais derramado lembrava sua libertação do Egito, o sangue
de Jesus, para nós, representa nossa libertação do pecado: uma oportunidade
pessoal e voluntária de salvação. Resumindo: a morte de Jesus é vida, e vida
com abundância (Jo 10:9-11)! Ele está vivo (Mc 16:6)! Espalhe essa notícia (Mc 16:15)!
[1]Lei: É um termo usado com frequência na Bíblia; para definir um código de
leis formado por mandamentos, ordens e proibições. Segundo as Escrituras hebraicas,
a Lei foi dada por Deus através do profeta Moisés, tendo sido os Dez
Mandamentos escritos em tábuas de pedra pelo próprio dedo de Deus no monte
Sinai, a tábua dos dez mandamentos. Pode ser resumida nos Dez Mandamentos, que
em língua hebraica são chamados simplesmente de "As Dez Palavras" ou
"Os Dez Ditos". Os Dez Mandamentos regulamentam a relação do ser
humano com Deus e com seu próximo. Para fins didáticos, o Código Mosaico pode
ser dividido em Leis Morais, Leis Civis e Leis Religiosas (Leis Cerimoniais).
As leis cerimoniais, regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e,
posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos
sacerdotes e encontram-se descritas especialmente no Livro chamado Levítico.
[2]Especiaria: Qualquer coisa de cheiro agradável, especialmente planta, usada para dar
mais sabor aos alimentos ou bebidas. O cravo, a canela, a pimenta são
especiarias (Is 39:2; Ap 18:13).
[3]Dispensação: Da parte de Deus, o
plano de salvação da humanidade (Ef 1:10; 3:9). Da parte do ser humano,
"dispensação" é trabalho ou missão que visa à aplicação do plano
divino em favor da humanidade (1ª Co 9:17; Ef 3:2; Cl 1:25).
[4]Graça: Favor
imerecido ou não merecido. O vocábulo Graça provém do latim gratia, que deriva
de gratus (grato, agradecido) e que em sua primeira acepção designa a qualidade
ou conjunto de qualidades que fazem agradável a pessoa que as têm.
Teologicamente, refere-se ao período que se iniciou com a morte de Cristo na
cruz, o qual pôs fim às rígidas imposições da Lei mosaica, colocando em vigor o
Novo Testamento.
[5]Redenção: Libertação.
[6]Remissão: Ato ou efeito de remir, livrar. Indulgência, misericórdia. Expiação,
perdão.
[7]Oblação: Palavra do latim "oblatio" que significa "oferta".
Ação pela qual se oferece qualquer coisa a Deus. Oferta a Deus. Oferta
sacrifical comestível.
[8]Véu: Pano com que as mulheres
cobrem a cabeça e/ou o rosto (Is 3:23). A cortina que, no tabernáculo e no
Templo, separava o Santo Lugar do Santíssimo Lugar (Êx 26:33; Mt 27:51).
[9]Santo dos santos: A parte
mais sagrada do Tabernáculo e do Templo, onde ficava a Arca da Aliança e onde o
sumo sacerdote só entrava uma vez por ano. Era separado do santo lugar por uma
cortina (Êx 26:33,34; Hb 9:3-7).
[10]Iniquidade: Falta de equidade
(retidão). Pecado que consiste em não reconhecer igualmente o direito de
cada um, em não ser correto, em ser perverso. Erro consciente.
[11]Joio: Erva ruim que cresce nas plantações de trigo (Mt 13:25).
[12]Levita: Membro
da tribo de Levi (um dos filhos de Jacó). Foi a tribo escolhida por Deus para
cuidar dos trabalhos sagrados. Todos os sacerdotes também tinham que ser
levitas. Os levitas serviam no santuário, ajudavam nos sacrifícios, carregavam
a arca da aliança, ensinavam e tinham o direito de ser sustentados com os
dízimos e as ofertas. Sua história e suas funções está registrada
detalhadamente no livro de Levíticos.
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