Uma quebra de aliança conjugal começa na quebra da aliança com Deus. Se quer saber se está em condições de resistir às tentações carnais, analise como está sua vida espiritual. |
O adultério[1] é
uma das mais repugnantes práticas pecaminosas, porque ele não somente mancha o
caráter moral e expõe a diversos riscos as pessoas envolvidas, como também
afeta a todos os que fazem parte da sua vida. Geralmente, aqueles que se deixam
levar pela satisfação passageira dos desejos sexuais ou por falsos sentimentos
travestidos de amor, usam até mesmo a própria Bíblia na covarde tentativa de se
justificar dizendo: “A carne é fraca”;
mas se esquecem que no mesmo versículo em que diz que a carne é fraca, o Senhor
Jesus também diz que o espírito está pronto, ou seja: nosso lado espiritual
conhece a verdade e quer fazer o que é certo. Além do mais, o contexto dessa
Palavra refere-se à oração, então, se querem realmente inseri-la nessa
situação, isso significa que a própria pessoa admite que precisa orar mais e,
inclusive, vigiar - tomar muito cuidado
- em suas atitudes (Mt 26:41). Porém, alguns de
“ânimo” mais aguçado poderiam me questionar: “Mas, em relação à tentação[2] sexual é diferente: o corpo foi feito pra
isso; existe nos membros sexuais um constante e incontrolável pedido de prazer”;
e então eu teria que responder que, urgentemente, é preciso parar de se
esconder atrás da própria fraqueza e olhar para as Escrituras Sagradas e ver
que é sim possível à um ser humano comum - mesmo com todos os seus membros sexuais
ativos e aguçados - resistir às tentações.
I. As causas da tentação:
As tentações são inevitáveis, pois somos humanos (1ª Co
10:12,13; Tg 5:17). No entanto, é preciso estar atento para não ceder à
elas, por isso é necessário saber evitar tudo o que possa nos derrubar através
dos desejos carnais, os quais costumam se manifestar de várias maneiras:
a)
Os
sentidos naturais do corpo: As portas de entrada que
estimulam nossos desejos são os olhos, por onde vemos e apreciamos o que é
agradável; os ouvidos, pelos quais somos convencidos a agir; o paladar, um meio
que, mesmo ainda não havendo um contato direto, sente vontade de saborear o
corpo alheio como pelo beijo, por exemplo; o tato, que é o mais estimulado
principalmente quando há uma aproximação mais intensa: geralmente, um abraço; e
até mesmo o olfato, que serve como meio de excitação para pessoas mais sensíveis
aos mínimos detalhes. Controlar esses sentidos não é tão fácil; porém, é
importante lembrar que eles são dominados pela mente, pois somos seres
racionais. Baseados nesse princípio, basta procurarmos ter autocontrole,
pensamento firme naquilo que é certo e ocuparmos a mente com coisas saudáveis (Sl 101:2,3; Cl 3:2,3,5,6; Fp 4:7,8).
b)
Se
colocar em situações de risco: Como sabemos que
somos sujeitos ao pecado, devemos reconhecer nossa fragilidade e evitar ficar a
sós e manter diálogos muito liberais com pessoas do sexo oposto. Isso também
inclui um extremo cuidado com as conversas em redes sociais. Uma conduta
vigilante é essencial para o autocontrole (1ª Pe 5:8,9)
e, se for necessário fugir, fuja (Gn 39:7-12)!
c)
Auto-exposição:
Esse fator se refere a ambos, mas o cuidado deve ser bem maior por parte das
mulheres, pois a exposição do próprio corpo com vestes ou comportamento
inadequados, como sorrisos maliciosos ou olhares insinuantes, as torna um alvo
desejável para homens mal-intencionados. A partir do momento que a mulher - propositalmente
ou não - causa excitação em homens, passa a eles a impressão de estar usando um
cartaz que diz “estou disponível”.
Diante disso, se ela não tiver realmente firmeza de caráter, em algum momento
poderá não resistir às inevitáveis “cantadas”. A preservação da própria imagem
é essencial para a preservação moral (1ª Ts 5:21,22; 1ª
Co 10:32).
II. Adultério é
desrespeito ao cônjuge, à família e a Deus:
Atos de traição não representam apenas um estado de fraqueza carnal e
espiritual, eles expressam também falta de maturidade, o que reflete no
desrespeito aos compromissos em relação a tudo e todos que estão a nossa volta.
Vejamos alguns dos principais exemplos:
a) Representa falta de amor: A
pessoa que ama respeita. Ainda que a tentação seja grande, não consegue fazer
ao seu cônjuge o que não gostaria que ele fizesse com ela; pois mesmo que a
atração tenha diminuído e os defeitos pareçam ser maiores do que no começo do
casamento, se existe realmente amor, qualquer detalhe pode ser superado (1ª Co 13:4-7[3]).
b) Demonstra falta de
responsabilidade: Uma pessoa que constitui uma família e
depois a desrespeita demonstra que não tem firme compromisso diante das
responsabilidades que assume. O casamento é formalizado a partir de um
juramento no qual está incluída a promessa de fidelidade sob quaisquer
circunstâncias até que a morte os separe. Tal juramento é feito perante o
cônjuge, a família de ambos, o Estado, a sociedade, a Igreja e o próprio Deus. Não
cumpri-lo significa ter mentido diante do altar numa cerimônia que,
independentemente de ter sido realizada em um templo ou não, é inegavelmente
sagrada. Mentir já é um pecado grave (Jo 8:44),
quanto mais diante de algo tão sagrado quanto a família (Gn 2:24; Mt 19:4-6). Além disso, deve-se ainda
considerar que o casamento não lhe foi imposto, foi voluntário; e, se foi
voluntário, precisa ser respeitado (Dt 23:21,22; Ec
5:4-7).
c) Significa falta de temor:
Qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento bíblico sabe que o adultério é
pecado, até mesmo porque isso consiste numa grave afronta aos padrões morais do
ser humano em qualquer sociedade considerada normal. É inaceitável que alguém que
se diz cristão cometa um ato tão abominável e fique com a consciência
tranquila, pois o Espírito Santo é sensível e exige pureza; assim sendo, se um
adúltero não se sente mal em suas atitudes, isso significa que ele já estava afastado
de Deus a muito tempo, porque uma pessoa que peca e ainda tenha o temor[4]
divino, prontamente se arrepende, pede perdão e procura consertar seu erro.
Quem se conforma com o pecado não tem mais aliança com o Senhor e precisa,
urgentemente, resgatar seus sentimentos espirituais, antes que seja tarde (Rm 12:1,2).
III. As consequências do
adultério: Como na grande maioria dos atos
pecaminosos, o adultério não atinge apenas os adúlteros, mas todos aqueles que
fazem parte da vida deles. Além da morte espiritual - pois o Espírito Santo não
habita em um “templo” de prostituição (1ª Co 6:15-20)
-, a pessoa que desrespeita seu cônjuge está se destinando a arcar com
prejuízos materiais, morais e sentimentais que passam a segui-la a partir daí:
a) O adúltero fica em descrédito: Pessoas
que caem em adultério, - mesmo depois de se arrependerem -, ainda carregam uma
mancha por toda a sua vida. No caso de não conseguirem resgatar seu casamento -
pois a Bíblia dá direito ao divórcio ao cônjuge traído (1ª Co 7:15,16; Mt 5:32[5])
-, na tentativa de se envolver novamente com outra pessoa, sempre vai enfrentar
a desconfiança e questionamentos devido às razões de seu erro do passado.
Quando consegue resgatar seu antigo casamento, a confiança também já não é mais
a mesma, porque perdoar não significa confiar e, na mente do cônjuge sempre vai
ter o seguinte pensamento: “Quem errou
uma vez tem a tendência de errar novamente”. E os prejuízos vão além do
âmbito sentimental, pois atinge todas as áreas, incluindo a ministerial, na
qual é muito difícil se erguer novamente. Tudo tem o seu preço, principalmente
o pecado (Rm 6:22,23; Gl 6:7-9).
b) A vítima do adúltero é prejudicada
em todos os sentidos: Seja homem ou mulher, quem tira uma
pessoa de sua casa e de sua família assim alterando todo seu modo de viver,
deve ter perfeito juízo sobre a seriedade do compromisso que está assumindo,
pois se o relacionamento não der certo devido ao adultério - ou até mesmo
outros motivos -, Deus vai requerer dele a maldade de ter ferido os sentimentos
e a dignidade de uma pessoa que pode até ser levada ao sofrimento e à depressão
por ter confiado e acreditado que ao seu lado teria encontrado sua tão desejada
felicidade conjugal. O bem-estar das pessoas que vivem ao seu lado também fazem
parte da mordomia cristã, ou seja: da responsabilidade do crente (Lc 12:42-46).
c) A família do adúltero sofre por
seu erro: A única vítima do adultério não é a esposa ou o esposo,
mas, principalmente, os filhos. Pois, além de perderem a confiança - e, as
vezes, até o amor - na figura de quem eles tinham admiração e respeito, estão
também sujeitos a seguirem os maus exemplos chegando a ser, futuramente,
pessoas infiéis. A responsabilidade da educação dos filhos, principalmente em
sentido moral, é dos pais (Pr 22:6; Ef 6:4).
[1]Adultério: Quebra da
fidelidade conjugal. Adulteração, contrafação, falsificação. Heresia,
apostasia.
[2]Tentação: Atração para fazer o mal por esperança de obter
prazer ou lucro. Pode vir do tentador (Gn 3:1-5) ou de dentro do ser
humano (Tg 1.14-15).
[3]Leviandade: Procedimento irrefletido, precipitado ou sem
seriedade; imprudência (Jr 23:32; 2ª Co 1:17).
[4]Temor: Medo. Respeito. Reverência.
[5]Repudiar: Rejeitar.
Divorciar-se; Repudiar a esposa. Renunciar
voluntariamente: Arredar de si; repelir.
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