segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Biblicamente Falando, O Que é a Morte?

Para os verdadeiros cristãos, por
mais difícil que seja a separação
de um ente querido, resta o
grande consolo de saber que é a
partir desse momento que ele
começa a ter uma vida
verdadeiramente vitoriosa.
    Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece[1].”; Esse alerta registrado em Tiago 4:14 resume a realidade da morte[2] de forma bem clara e objetiva, levando-nos a refletir sobre nossa fragilidade e a brevidade de nosso tempo sobre essa terra. Diante de todas as dúvidas, nascemos e crescemos alimentando apenas uma certeza: podemos morrer a qualquer momento! Sendo ela o maior motivo de medo entre os seres humanos, por nós, cristãos, é encarada com muito mais seriedade ainda; isso porque sabemos que ela representa não apenas o fim da vida terrena, mas o início de uma vida no plano espiritual, o que pode ser muito bom... ou não. Nas Escrituras Sagradas, de forma direta ou indireta, a morte é citada mais de mil vezes. Mas antes de analisarmos biblicamente o que é a morte, vejamos o que ela significa sob o ponto de vista secular[3]. De acordo com os mais renomados dicionários da língua portuguesa, resumidamente, a palavra morte é definida como “fim ou cessação da vida animal ou vegetal”. Embora cause pavor, ao mesmo tempo ela fascina e desperta a curiosidade de muitos, razão essa pela qual esse assunto é bastante explorado. Para a maioria das pessoas, nada existe além da sepultura, mas o que a Bíblia diz sobre isso? Sendo o ser humano composto de corpo, alma e espírito (1ª Ts 5:23) - o que a Teologia define como tricotomia[4] -, o que acontece com esses três elementos após a morte? Para entender isso melhor, lembremo-nos do seguinte: fomos criados segundo a imagem de Deus (Gn 1:26,27), o qual possui uma tríplice personalidade - a Trindade[5] -: o Pai (a alma), o Filho (o corpo) e o Espírito Santo (o espírito).

O corpo
    Essa é a parte material do ser. É o que lhe permite funções físicas, as quais dependem do funcionamento de todo o organismo e membros que o compõem. A Bíblia afirma que ele foi formado da terra pelas próprias mãos de Deus, o qual lhe deu fôlego de vida soprando suas narinas (Gn 2:7,22[6]; 3:20[7]). A ciência reconhece que a composição básica do corpo humano é 43,5% de cálcio, 4,3% de sódio, 10,2% de potássio, 7,1% de enxofre, 1,4% de magnésio, 29,1% de fósforo e 0,1% de ferro, além de pequenas porcentagens de iodo, manganês, cilício e cobre entre outros minerais. Isso significa que não há como negar que somos realmente feitos do pó da terra. As Escrituras afirmam ainda que o corpo será transformado para a eternidade (1ª Co 15:51-54; 1ª Jo 3:2) e que é pelo que fazemos por meio dele que seremos julgados (2ª Co 5:10). Segundo os especialistas nas ciências que estudam o assunto, o corpo do ser humano, quando morre, passa por vários processos; e não há nada que contenha mais vida do que um cadáver[8], porque durante todo o estágio de putrefação ele se torna hospedeiro de vários parasitas que o consomem, assim executando sua decomposição, a qual já se inicia em poucos minutos após o óbito[9]. Os sinais determinantes da ausência de vida são a perda total da respiração e dos movimentos e a cessação do batimento cardíaco e da pulsação; e suas características mais notáveis se tornam visíveis em alguns minutos: queda de temperatura, endurecimento e uma coloração roxa e acinzentada; com o passar das horas, o cheiro vai se tornando cada vez mais desagradável. No ato do falecimento, quando cessa a respiração, as células param de receber oxigênio, mas ainda ficam vivas por alguns minutos gerando dióxido de carbono, um ácido que se acumula e se rompe dentro das células, digerindo-as de dentro para fora. Isso gera fluídos ricos em nutrientes que passam a alimentar fungos e bactérias que conforme consomem a matéria humana, produzem uma quantidade aproximada de quatrocentos produtos químicos e gases como freon, benzeno, enxofre e uma molécula chamada tetracloreto de carbono. Todo esse processo leva semanas e, até chegar a esse ponto, quase já não existe mais carne, pois as larvas e os insetos deixam apenas os ossos para trás. Com o passar do tempo - o que leva em média dois anos -, a proteína dos ossos também é decomposta e o que sobra é um mineral ósseo conhecido como hidroxiapatita, o que o leva a se transformar em pó. Assim vemos, sob comprovação científica, como a Palavra de Deus se cumpre fielmente (Ec 3:20). É interessante ressaltar ainda que a mistura desses elementos na terra formam uma substância que gera fertilidade no solo, ou seja: a partir deles brotam plantas, as quais sustentam vidas alimentando outros seres. Se quando estamos vivos nos alimentamos de vegetais e animais, depois de mortos também os sustentamos. A justiça divina nos impõe um ciclo de vida que nos torna alimentadores daqueles que nos alimentam.

A alma
    Essa é a parte não-material do corpo. É o seu estado de consciência e sentimentos, seu intelecto. A palavra “alma”, muitas vezes na Bíblia, aparece com o significado de “vida”, “pessoa” (Gn 12:15; 46:26,27; Nm 9:13; At 27:37) e, em alguns casos, substitui o pronome pessoal como, por exemplo, no Salmo 22:20a em que Davi diz “livra a minha alma da espada”, clamando a Deus por um livramento à sua própria vida. Em Gênesis 2:7 está escrito que quando Deus deu o fôlego de vida, o homem se tornou alma vivente; isso significa que dando-lhe um corpo e condições de respirar, Ele simplesmente deu vida física à uma vida que poderia existir apenas sobrenaturalmente. Assim, podemos compreender que, após a morte do corpo, a alma - o estado de consciência - permanece de fato consciente tendo ele sido salvo ou não, conforme mostra o próprio Senhor Jesus em sua narração da parábola do rico e Lázaro registrada em Lucas 16:19-31. A Bíblia revela ainda que os mortos apenas não tem ciência do que acontece na terra, ou seja: fora do ambiente em que eles estão (Ec 9:4,5).

O espírito
    Assim como a alma, ele igualmente é uma parte não-material do corpo. Sendo também ligado à parte racional e emotiva do homem, sua função tende mais ao seu lado espiritual, ou seja: seu nível comunhão com Deus. Sendo por muitos confundido com a alma, suas características se assemelham às dela. A diferença está no fato de, no que se refere ao intelecto, ele não ser superficial, pois está diretamente ligado à sabedoria como uma ligação sobrenatural ao Espírito do Criador (Jo 3:6; Rm 8:1,2,13; 1ª Co 6:17; Ez 36:26,27). Na língua portuguesa, entre tantos sinônimos, ele aparece também significando estado de ânimo ou comportamento - espírito de luta, espírito de trabalho, espírito de paz, espírito de porco, etc. -, ou seja: expressa ação, estando assim acima do simples estado de conhecimento. É nosso espírito - e não nossa alma - que recebe as revelações de Deus, seja em profecia ou na interpretação durante a ministração da Palavra, por exemplo; da mesma forma, vivemos no espírito e oramos e adoramos em espírito e não em alma. Agora, voltando ao foco do nosso assunto que é o que acontece com espírito após a morte, a Bíblia diz que ele torna para Deus (Ec 12:7).

    Pessoas que tiveram experiências sobrenaturais em relação à morte, conhecidas como EQM[10], as relatam de diferentes formas. As descrições mais comuns são:
·        Medo e incerteza sobre o que está acontecendo.
·        Sentimento de paz interior.
·        Sensação de flutuar acima do corpo físico.
·        Impressão de estar em um outro corpo.
·        Visão privilegiada, em 360º, do ambiente ou fora dele.
·        Visão de pessoas - geralmente já mortas - a sua volta.
·        Visão de seres espirituais.
·        Sensação de que o tempo está passando mais rápido ou mais devagar.
·        Aumento da sensibilidade dos sentidos naturais.
·        Passagem por um túnel iluminado.
    Tais relatos, como outros, costumam ser contraditórios e muito confusos. A medicina costuma classifica-los como alterações psicológicas, enquanto que vários segmentos religiosos os definem como experiências espirituais ou sobrenaturais. No meio evangélico há vários casos de pessoas que afirmam terem ido ao céu ou ao inferno após a morte e terem posteriormente recebido ordem para voltar e contar o que viram, assim alcançando a ressurreição do corpo físico. Muitas dessas situações já estão comprovadas como fraudes ou equívocos enquanto outras, sendo recebidas como verdades, não possuem provas que nos deem clareza de sua autenticidade, até mesmo por não existir base bíblica para isso. A ressurreição sim é algo biblicamente comprovado e não existe nela nada que afirme que esse - e outros milagres - tenham sido cessados nos tempos apostólicos (Mt 10:7,8); no entanto, os relatos sobrenaturais dos que passaram por esse processo ficam por conta da fé e do discernimento espiritual.
    Como se estivéssemos preparados apenas para viver, o simples fato de pensar na morte nos aterroriza, principalmente por imaginarmos o quanto ela pode ser dolorosa e agonizante. Embora não tivesse medo da morte em si, mas até o próprio Jesus sofreu em seus momentos finais antes e durante a crucificação (Mt 26:37-39; 27:46). E não é sem razão, pois raras são as mortes repentinas. Mas, se não sobrevivermos até o arrebatamento da Igreja é inevitável passarmos por ela; então, o que importa é que estejamos preparados para isso (At 20:24). De tudo o que sabemos ou possamos aprender sobre a morte, o mais importante é: o verdadeiro cristão não pode e nem deve ter medo dela (Sl 23:4)! A vitória maior de um servo de Deus é concretizada quando ele deixa esse corpo físico (Fp 1:21); o fim da sua jornada na terra é o que lhe permite alcançar a maior de todas as bênçãos que um ser humano pode obter (2ª Tm 4:6-8). Esse corpo e tudo o que conquistamos por meio dele são meras vaidades (Ec 2:10,11,16; Lc 12:20,21), você está preparado para viver fora dele (1ª Co 2:9)?




[1]Desvanecer: Desaparecer.
[2]Morte: O fim da vida natural, que resultou da Queda em pecado (Gn 2:17; Rm 5:12). É a separação entre o espírito ou a alma e o corpo (Ec 12:7). Para os salvos, a morte é a passagem para a vida eterna com Cristo (2ª Co 5:1; Fp 1:23).
[3]Secular: Pertencente ou relativo a século. Que se observa ou se faz de século a século. Em sentido religioso, se refere àquilo que não é espiritual ou às pessoas mais ligadas às coisas relacionadas ao mundo do que às espirituais.
[4]Tricotomia: Significa "aquilo que é dividido em três". Termo teológico referente à interpretação de que o homem é composto de três matérias: corpo, alma e espírito.
[5]Trindade: A união das três pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - formando um só Deus. Deus é ao mesmo tempo uno e trino (Mt 3:13-17; 28:19; 2º Co 13:13).
[6]Adão: Significa "Terra, Solo". O primeiro homem criado por Deus (Gn 1:27-5:5). É uma figura de Cristo, que é o segundo Adão (Rm 5:14-19; 1ª Co 15:22). Nome genérico do ser humano, incluindo o homem e a mulher (Gn 5:1,2).
[7]Eva: Significa "Vida". A primeira mulher, esposa de Adão e mãe da humanidade (Gn 3:20). Junto com Adão foi enganada por Satanás, começando assim o pecado no mundo (Gn cap. 3). Adão e Eva tiveram filhos e filhas (Gn 5:4), mas na Bíblia são mencionados apenas os nomes de três: Caim, Abel e Sete (Gn 4:1,2).
[8]Cadáver: Corpo humano ou animal após a morte. Termo originado do latim "cadere" que significa "cair". Alguns pesquisadores acreditam que seja a abreviação da frase em latim "caro data vermibus" que significa "carne dada aos vermes". Defunto (do latim "defungor" que significa "cumprir"; o termo "vita defungi" significa "completar o tempo de vida").
[9]Óbito: Falecimento; morte de alguém. Passamento. Do latim "obitus", literalmente “ido”, particípio passado de "obire", “ir”, que se forma de "ob", “para fora, afastando-se”, mais "ire", “ir”.
[10]EQM: Experiência de Quase Morte.

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