Antes de entrar nesse assunto é necessário responder a um
questionamento que muitos fazem: “É
correto usar o termo ‘aceitar a Jesus’?”; sendo essa frase uma expressão de
uso comum no meio evangélico referindo-se ao ato de alguém se tornar crente, ou literalmente um membro da igreja, tem sido muito criticada por alguns: segundo os
críticos, é Jesus quem nos aceita e não nós a Ele. Para não parecer
implicância, alienação à tradição, apego ao modismo por preguiça de pensar,
imposição de opinião pessoal ou qualquer coisa do tipo, vamos analisar
biblicamente. As Escrituras Sagradas, desde o início, mostram que trilhar o
caminho certo, embora seja algo que provenha de Deus (Dt 30:15,16), é uma opção do homem
(Dt 30:17-19). Observando atentamente o Novo Testamento, vemos que a vontade
do Senhor é que todos os homens sejam salvos (Mc 16:15; 2ª Tm 2:3,4) e que com essa
finalidade Jesus Cristo se sacrificou pela humanidade (Jo 3:15,16[1]). Com seu grande amor e misericórdia, Ele nos chamou a
participarmos dessa tão grande dádiva[2], no entanto, deixa claro que apesar do chamado nem todos serão
escolhidos (Mt 20:16), argumento esse que mostra que depende de nós a aceitação de
tal benefício (Jo 3:19). As Escrituras revelam ainda a existência de nossa liberdade
de escolha expressando o fato de que somos convidados e não forçados a abrir a
porta para que Ele entre em nossa vida (Ap 3:20,21; Jo 14:23,24). A exemplo dos judeus
que receberam a sua Palavra e o rejeitaram (Jo 1:9-11), também temos tal
livre-arbítrio[3]; no entanto, não confundamos livre-arbítrio com o direito de
sermos salvos sem segui-lo em obediência à sua santa vontade (Mc 8:34,35; Lc 13:23,24); pois o direito de
escolha somente produz dois tipos de consequências: a salvação ou a condenação
(1ª Co 10:23; 6:12; Gl 6:7,8). Mas não somos salvos pela Graça[4]? Sim (Ef 2:4,5). Porém, no que se refere à justificação dos pecados, a Graça é
uma oportunidade e não uma garantia (1ª Co 10:12), porque apesar de não
sermos salvos pelas obras (Ef 2:8,9), ou seja: por méritos próprios, necessário é que, a partir do
momento em que passamos a conhece-lo mudemos nossas obras de modo que as mesmas
venham a agradá-lo (Ef 2:10). Isso significa que não há salvação pelas obras no que se
refere ao poder do ser humano de justificar a si próprio diante de Deus a ponto
de poder dizer que fez algo para conquistar, merecer ou comprar a salvação,
afinal, foi resgatado da podridão do pecado; mas, quando este reconhece seu
estado de pecador, suas obras passam a ser justas e por elas - pecado ou santificação - cada um será
julgado (Rm 2:5-9[5] [6] [7]; Tg 2:14,24; 3:13-18[8]; 4:17). Voltando à
legitimidade do termo “aceitar a Jesus”, devemos simplesmente lembrar que Ele,
tendo morrido por todos nós, nos aceita o tempo todo (Mt 11:28-30), mas com a condição
do arrependimento, é óbvio (At 3:19); assim sendo, nós é que devemos aceitar o sacrifício que Ele
fez por nós (Jo 1:12). Tudo isso significa que, mesmo tendo sido alcançados pela
Graça, se não formos obedientes aos seus mandamentos, o pecado pode sim roubar
a nossa salvação (Cl 2:6-8; 2ª Pe 2:20; Rm
6:23a); portanto, não
rejeitemos a Graça (Rm 6:23b)!
Agora, a grande pergunta aqui é: “Eu preciso mesmo aceitar a Jesus?”. Para
responde-la, quero fazer outra pergunta: “Qual
é a vantagem em viver sem Jesus?”. Sim, já sei. Muitos vão dizer: “Eu já tenho Jesus!”; certamente falam
isso porque creem nEle. Porém, existe
uma abismal diferença entre acreditar e seguir; e é aí que muitos dizem: “Sim, eu o sigo! Não cometo crimes, não
blasfemo contra Ele e até vou à Igreja!”. E aí vem o “X” da questão: Seguir
não é servir, pois multidões o seguiam e poucos realmente estavam ao seu lado!
O grande erro de muitos é achar que são aprovados pelo Senhor somente por
crerem nEle (Tg 2:19), justificando ainda a si próprios apenas por cumprirem os mais
simples mandamentos de ordem moral (Mt 19:16-22), muitas vezes, apenas interessados em bênçãos (Lc 12:13-15[9]), sendo que o que Ele realmente quer são discípulos (Jo 12:26): pessoas dispostas a
servir ao Reino[10] e ao próximo (Mt 6:33a; Jo
13:13-15, Mc 12:30,31) e que o adorem com
absoluta sinceridade (Jo 4:23,24).
Se ainda restam
dúvidas, vou te dar apenas mais dez motivos para aceitar que Ele seja
verdadeiramente o Senhor da tua vida:
1.
Ele é o único caminho
que pode nos levar a Deus (Jo 14:6).
2.
Ele morreu,
sacrificando-se por amor a nós (Jo 15:9-16)
3.
Ele tem poder para
perdoar nossos pecados (Cl 2:13,14; 1ª Jo 1:9;
2:1,2).
4.
Somente Ele pode nos
dar descanso em meio às conturbações dessa vida (Mt 11:28-30[11]; Jo 14:1; 16:33).
5.
Todas as conquistas,
espirituais ou materiais, só podem ser alcançadas por meio do nome dEle (Jo 10:10; 14:13,14; Mc 10:28-30).
6.
Ele nos dá autoridade
espiritual (Mc 16:17,18; Lc 10:19).
7.
É Ele quem nos faz
herdeiros das promessas feitas aos seus escolhidos desde o princípio (Gl 3:7-9,16,29[12] [13]).
8.
Com Ele está o poder
sobre a vida e a morte (2ª Tm 1:10).
9.
Sem Ele não fazemos
parte do povo que aguarda a sua volta (Rm 12:5; 1ª Co 12:27; 1ª Ts 4:16,17).
10.
Ele é quem nos garante
a vida eterna (Jo 14:1-3).
Aceitar a Cristo vai muito além da busca de
uma vida tranquila na terra; o objetivo maior dessa decisão é muito mais
ambicioso: a vida eterna! Mas esta é condicional: depende da obediência a Ele.
Para não escandalizar os que levam tudo ao pé da letra, não vou dizer que seja
um “preço à pagar” ou um “sacrifício”, mas sim um ato de gratidão por sua
Graça. A santificação se faz necessária porque Ele repudia o pecado (Hb 12:14; 2ª Co 7:1; Mt 5:8). Então, aceita-lo
significa mudar costumes ofensivos à sua santidade, assim aceitando mudar seu
modo de viver visando ser agradável a Ele. É óbvio que sendo nós meros humanos,
sempre cometeremos falhas, e é exatamente isso que nos permite entender que não
somos merecedores de nada, e á aí que entra o maravilhoso papel da Graça
salvadora (Rm 8:26[14]);
no entanto, tal fragilidade não nos dá o direito de pecar voluntariamente, pois
isso seria provocar sua ira condenando-nos a nós mesmos (Mt 7:22,23). Muitos questionam nossa
responsabilidade pessoal devido ao fato de Ele ter nos escolhido e não nós a
Ele. Para esclarecer, aproveitando o fato de o casamento ser uma das
ilustrações usadas por Ele próprio em relação à sua Igreja, usemos o seguinte
exemplo: Se você é homem, escolhe alguém para namorar e planeja casar-se com
ela, mas depende dela aceitar essa proposta; da mesma forma, se você é mulher,
um homem te escolhe para namorar e planeja se casar contigo, mas depende de ti
aceitar esse pedido senão não vai haver casamento algum, não é mesmo? Assim é o
nosso relacionamento com o Senhor, precisamos aceitar voluntariamente porque
Ele não nos força! Promessa não é garantia, a ideologia de que “quem tem
promessa não morre” não funciona na prática, pois podemos sim perder aquilo que
não zelamos (Mt 25:24-30[15]; Tt
2:11-14) e não sabemos se
teremos outra oportunidade (Tg 4:14-16[16]).
Aceitar essa realidade é dizer o tão esperado “sim” que Ele quer ouvir de você
diante do altar divino. Aceitar a Jesus
nada mais é do que recebe-lo como o Salvador da sua alma dizendo: “Senhor, eu
aceito o sacrifício que fizeste por mim naquela cruz!”.
[1]Unigênito: Único gerado.
Filho único.
[2]Dádiva: Dom, presente, donativo.
[3]Livre-arbítrio: Livre vontade. Liberdade do indivíduo para decidir por si próprio de
que forma deve agir.
[4]Graça: Favor
imerecido ou não merecido. O vocábulo Graça provém do latim gratia, que deriva
de gratus (grato, agradecido) e que em sua primeira acepção designa a qualidade
ou conjunto de qualidades que fazem agradável a pessoa que as têm.
Teologicamente, refere-se ao período que se iniciou com a morte de Cristo na
cruz, o qual pôs fim às rígidas imposições da Lei mosaica, colocando em vigor o
Novo Testamento.
[5]Impenitente: Que é obstinado, endurecido no pecado. Que não se arrepende.
[6]Contencioso: Causador de
contendas. Que é contestado, litigioso. Duvidoso, incerto. Encrenqueiro.
Popularmente chamado de contendeiro.
[7]Iniquidade: Falta de equidade
(retidão). Pecado que consiste em não reconhecer igualmente o direito de
cada um, em não ser correto, em ser perverso. Erro consciente.
[8]Faccioso: Seguidor de uma facção. Parcial. Sedicioso. Perturbador da ordem.
Causador ou defensor de rebeliões ou confusões.
[9]Avareza: Apego
demasiado e sórdido ao dinheiro; desejo imoderado de adquirir e acumular
riquezas. Mesquinhez, sovinice. Ciúme.
[10]Reino de Deus: Reino dos Céus. O domínio de Deus sobre as pessoas e sobre o mundo, tanto
no presente como no futuro (Mt 5:3; 12:28; Lc 17:21; Rm 14:17). Às vezes também
se refere à vida com Deus no céu (2ª Tm 4:18).
[11]Jugo: Peça de madeira que se prende com correias ao pescoço de animais de
carga, para que assim possam puxar uma carroça ou um arado (Nm 19:2; 1º Sm
6:7). Em sentido figurado: domínio, opressão (Gn 27:40; Jr 28:2; Gl 5:1);
sofrimento (Lm 3:27); obediência (Mt 11:29-30); aliança (2ª Co 6:14); trabalho
(Fp 4:3).
[12]Abraão: Esse nome significa pai, ou líder de muitos. É um
personagem bíblico citado no Livro do Gênesis a partir do qual se
desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade:
o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Obedecendo
as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã, juntamente com sua esposa e seus bens,
indo em direção a Canaã. Abrão já teria setenta e cinco anos de idade e dá a
entender que já tivesse pessoas a seu serviço, embora nenhum filho. Teria sido
pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos, quando nasceu Ismael: filho que
ele concebeu com sua escrava Hagar, sob consentimento de sua esposa Sara que
era estéril. Sara deu à luz a Isaque com a idade aproximada de 90 anos e Abraão
tinha quase 100. Ele é considerado como o pai da fé e morreu com 175 anos de
idade.1)
[13]Posteridade: Série de
indivíduos que descendem de uma mesma origem. As gerações futuras.
Descendência.
[14]Inexprimível: Indizível,
inefável, inexpressável, inexplicável.
[15]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade
de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi
introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema
monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez
eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual
a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava
entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje
valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os
talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem
popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito
usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.
[16]Desvanecer: Desaparecer.
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