Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 6 | AD Belém - Congr. Elias Fausto/SP - Jonas M. Olímpio
Lucas 8:1-3 - E aconteceu, depois disto,
que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o
evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, 2E algumas
mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria,
chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3E Joana[1], mulher de Cuza[2], procurador de Herodes, e
Suzana[3], e muitas outras que o
serviam com seus bens.
Como bem sabemos, as mulheres na Bíblia,
por uma questão da tradição judaica - apesar
que na antiga Lei Deus deixou várias determinações que as favoreciam (Nm 27:1-8)
-, nunca tiveram muito destaque, tanto que algumas sequer tem seu nome citado. Só
que isso não significa necessariamente que elas não fossem valorizadas ou que a
Bíblia seja um livro machista, mas sim que pelo fato de o homem ser o cabeça da
casa e o líder na sociedade e também nos assuntos religiosos, a atenção está
geralmente voltada a ele. Porém, Jesus sempre teve uma visão avançada para o
seu tempo, e jamais descartou ou menosprezou a participação das mulheres em seu
ministério. O livro de Lucas enfatiza bem isso mostrando claramente o cuidado
do Mestre em relação ao sexo frágil, tanto que Ele era muito procurado por
elas, as quais o serviam com amor e dedicação em agradecimento à sua ação em
suas vidas (Lc 8:1-3).
Grande parte dos livros do Novo Testamento
relata a presença feminina não somente no ministério terreno de Jesus, como
também na vida dos apóstolos. Muitas mulheres mencionadas na Bíblia não
conheceram Jesus pessoalmente, mas foram alcançadas pelo poder do Evangelho e
passaram a dedicar sua vida em prol da propagação da Palavra de Deus. Tanto de
forma direta como indireta - tanto no
ministério de Cristo como no dos apóstolos -, elas tiveram sua dignidade
resgatada e várias conquistas alcançadas. Vemos que ainda hoje existe um certo
preconceito em relação aos direitos femininos, mas, até mesmo ministerialmente,
elas estão ocupando um considerável espaço. Isso é o reflexo da presença delas
na vida de Jesus, ajudando-o a cumprir sua Obra (Lc
7:44-47[4] [5]).
No judaísmo, desde o princípio, por
tradição social e também religiosa, a mulher não tinha destaque e nem direitos
relevantes, e era tratada praticamente como se fosse um objeto pertencente ao
homem: não podia andar descoberta pelas ruas e nem dizer o que pensava. Suas principais
funções eram gerar filhos e cuidar da família. Jesus, ao contrário dos homens
da época, aproximou-se delas sem preconceito ou preocupação com o que os outros
iam pensar e lhes mostrou que elas tem valor e também direitos a serem
respeitados (Lc 7:48,49).
A mulher mais marcante na vida e no
ministério de Jesus foi, sem dúvida alguma, a sua própria mãe. Pois ela não só
o carregou em seu ventre e ensinou seus primeiros passos, como cuidou dEle por
toda a vida seguindo-o até o momento da crucificação. No entanto, nenhuma desses
nobres privilégios são razões para reconhecer sua divindade e nem mesmo para
acreditar em sua perpétua virgindade (Lc 8:19-21), porque, a não ser pelo fato
de ter recebido uma missão muito especial, ela foi um ser humano como qualquer
um de nós. Assim sendo, não há então motivos para crer que devamos adorá-la (Lc 11:27,28; Jo 2:3-5).
Outra mulher ligada à sua família e que fez
parte de sua história foi Isabel, a mãe de João Batista. Deus a escolheu para
dar à luz àquele que prepararia o caminho para o Mestre, e ela bem sabia da importância
da sua missão e agradecia ao Senhor por tal honra, pois ela era estéril e tinha
idade avançada (Lc 1:7,18,25). A Bíblia não relata mais sobre ela após o
nascimento do seu filho, mas sua importância é reconhecida no ministério de
Cristo por ter ela ajudado Maria e ter gerado e cuidado do profeta que o
antecedeu anunciando a sua chegada. E, assim como sua prima, ele se alegrou ao
saber que a promessa da vinda do Messias estava se cumprindo (Lc 1:41-43).
Pelo que podemos observar, muitas mulheres
passaram a servir a Jesus como forma de agradecimento pelo que Ele fez por
elas; vejamos alguns exemplos: A sogra de Pedro foi curada de uma febre que
estava bastante elevada e, em seguida, passou a servi-los (Lc 4:38,39). A
Bíblia não relata que serviço ela lhe prestou, talvez tenha sido uma simples cortesia
de honra a Ele como convidado em sua casa por aquele momento, mas o importante
é que ela fez algo; Os Evangelhos mencionam também a bela história de Maria
Madalena. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:1,2) e, a partir daí ela o
seguiu até a sua crucificação, testemunhando inclusive, sua primeira aparição
após a ressurreição. Seu amor por Ele foi tão grande que ela foi ao sepulcro aonde
Ele fora sepultado e chorou quando viu que seu corpo não estava mais ali; tal
demonstração de afeto tem feito muitos acreditarem que ela fosse sua esposa,
mas, na verdade, ele era apenas uma serva fiel e obediente ao seu Senhor (Lc 20:13-16).
Em Lucas 7:36-50 está registrado o curioso
episódio de uma mulher, cujo nome nem é citado, que chorando molhou os pés de
Jesus com suas lágrimas e os enxugou com seus próprios cabelos e, em seguida,
beijando-os, ungiu com o unguento que estava num vaso de alabastro[6].
Sua forma de adoração foi contestada pelo fariseu dono da casa em que Jesus
estava hospedado, que achou um absurdo Ele receber algo de uma pecadora, e,
nesse momento Jesus o lembra que ele, sendo o anfitrião, nem um beijo no rosto
lhe deu, enquanto ela, sendo pecadora, lhe beijava seus pés. É importante
ressaltar que esse fato nada tem a ver com o mencionado em João 12:1-8, que se
refere a Maria de Betânia que procedeu quase da mesma forma e foi severamente
criticada por Judas Iscariotes. Quanto ao episódio da pecadora narrado por
Lucas, a sua abnegação[7] resultou no
perdão dos seus pecados (Lc 7:50).
Jesus tinha uma função ministerial bastante
notável: Ele era um rabi[8].
Seu trabalho consistia em andar pela região ensinando a Palavra. Os rabinos não
deviam cobrar para ensinar, por isso dependia de ajuda ou doações das pessoas
que os recebiam ou ouviam seus ensinamentos. Para os judeus era uma grande
honra poder sustentar alguém que cumpria uma tão nobre missão e, no caso de
Jesus, Ele não estava só, pois era acompanhado por seus discípulos. E, nessa
grande caminhada pela propagação das Boas Novas do Reino, não foram poucas as
mulheres que se propuseram a ajuda-lo. É inegável que as mesmas tinham um
grandioso coração missionário, pois sabiam de sua necessidade nessa Obra porque
presenciavam seu incansável trabalho perante as multidões que o procuravam (Lc 8:1,4).
Numa sociedade tão opressora em relação às
mulheres, certamente o que elas tinham para ofertar à Jesus não era muito, pois,
pelo fato de não possuírem estudo e nem muita força física, obviamente seus
ganhos eram bastante reduzidos, porém, nem assim deixavam de oferecer o que
podiam porque compreendiam o incalculável valor daquele maravilhoso trabalho
que estava sendo desenvolvido. Em obediência à própria cultura local que não
permitia mulheres falando em público e ao seu nível intelectual - não por falta de conhecimento, mas por falta
de instrução -, elas não podiam e nem tinham como ensinar, então, o que
lhes restava era contribuir de alguma forma oferecendo seu trabalho e parte de
sua renda financeira. Devemos considerar também a possibilidade de que algumas
dessas mulheres poderiam ser viúvas herdeiras de grandes posses e, por isso,
tinham condições de prestar uma alta ajuda financeira e possibilitar-lhes
acesso à membros da elite para lhes pregarem o Evangelho. Muito interessante é
o fato de que, desde o princípio, a mulher, mesmo tendo pecado, recebeu a
promessa de que dela viria a Semente que iria ferir a cabeça de Satanás (Gn
3:15), o que se cumpriu no nascimento de Cristo, o qual foi sobrenaturalmente
gerado em uma mulher e, ironicamente, justamente as mulheres sempre estiveram
presentes em seu ministério, o qual sempre consistiu em libertar escravos do
maligno de suas opressões e resgatar suas almas para o Reino de Deus. Mesmo com
suas falhas e fraquezas, elas sempre contribuíram em sua vitória sobre o
inimigo e o acompanharam por toda a sua jornada até o fim (Lc 24:49).
Atualmente,
pelo menos na maior parte do mundo, a situação das mulheres, embora ainda haja
um certo preconceito, é bem mais confortável do que nos tempos de Jesus. Hoje
elas ocupam posições de destaque tanto no meio profissional quanto no
ministerial, e muitas assumem a liderança de sua própria casa. Muitas de suas
conquistas nos tempos modernos, deve-se ao cristianismo que, ao contrário do
que muitos dizem, não é machista e isso é comprovado pelo fato de que o próprio
Jesus enfrentou o preconceito do seu tempo abrindo espaço para as mulheres. Numa
época em que um homem sequer podia dialogar com uma mulher, Ele evangelizou uma
samaritana e defendeu uma adúltera que seria apedrejada. De uma forma ou de
outra, todos nós sempre temos mulheres que nos ajudam e intercedem por nós,
valorizemos sempre aquelas que sustentam a Igreja tanto com o seus trabalhos
quanto com os seus joelhos no chão (At 1:14).
[1]Joana: Mulher de Cuza, procurador de
Herodes (Lc 3:3). A Bíblia não oferece maiores informações sobre ela,
imagina-se que fosse uma mulher de boas condições financeiras.
[2]Cuza: Procurador de Herodes, o Tetrarca.
Sua esposa, junto com outras mulheres piedosas, supria com suas posses as
necessidades de Jesus e dos discípulos (Lc 8:3).
[3]Suzana: Mencionada em Lucas 3:3 como uma
das mulheres que ajudaram Jesus em seu ministério terreno, não há mais relatos
bíblicos a respeito dela. Por ter ser nome citado em um dos Evangelhos,
supõe-se que fosse uma mulher de destacável importância social, pois a Bíblia
não relata muitos nomes de mulheres.
[4]Ósculo: Beijo. Faz parte da tradição os homens judeus se cumprimentarem com
um beijo no rosto.
[5]Unguento: Designação antiga de certas drogas ou essências, com que se
perfumava o corpo. Medicamento para uso externo, pouco consistente, e que tem
por base uma substância gorda.
[6]Alabastro: Pedra branca, pouco resistente, parecida com o mármore, usada para
fazer esculturas, vasos e jarros (Et 1:6; Mt 26:7).
[7]Abnegação: Ato de abnegar. Abandono; altruísmo; desprendimento. Desprezo ou
sacrifício dos próprios interesses para atender ou satisfazer as necessidades
alheias.
[8]Rabi: Palavra Aramaica que significa Mestre (Jo 1:38; 3:2).
Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 6 | AD Belém - Congr. Elias Fausto/SP - Jonas M. Olímpio
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