segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Participação das Mulheres no Ministério de Jesus

Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 6 | AD Belém - Congr. Elias Fausto/SP - Jonas M. Olímpio

Com sua integridade espiritual,
Jesus conseguia conviver e
trabalhar com as mulheres sem
cobiçá-las carnalmente; suas
virtudes as atraíam a Ele, e foi
dessa forma que o Mestre
não somente libertou, mas
conseguiu ajudá-las a
conquistar seu espaço na
sociedade.
Lucas 8:1-3 - E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, 2E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3E Joana[1], mulher de Cuza[2], procurador de Herodes, e Suzana[3], e muitas outras que o serviam com seus bens.

    Como bem sabemos, as mulheres na Bíblia, por uma questão da tradição judaica - apesar que na antiga Lei Deus deixou várias determinações que as favoreciam (Nm 27:1-8) -, nunca tiveram muito destaque, tanto que algumas sequer tem seu nome citado. Só que isso não significa necessariamente que elas não fossem valorizadas ou que a Bíblia seja um livro machista, mas sim que pelo fato de o homem ser o cabeça da casa e o líder na sociedade e também nos assuntos religiosos, a atenção está geralmente voltada a ele. Porém, Jesus sempre teve uma visão avançada para o seu tempo, e jamais descartou ou menosprezou a participação das mulheres em seu ministério. O livro de Lucas enfatiza bem isso mostrando claramente o cuidado do Mestre em relação ao sexo frágil, tanto que Ele era muito procurado por elas, as quais o serviam com amor e dedicação em agradecimento à sua ação em suas vidas (Lc 8:1-3).
    Grande parte dos livros do Novo Testamento relata a presença feminina não somente no ministério terreno de Jesus, como também na vida dos apóstolos. Muitas mulheres mencionadas na Bíblia não conheceram Jesus pessoalmente, mas foram alcançadas pelo poder do Evangelho e passaram a dedicar sua vida em prol da propagação da Palavra de Deus. Tanto de forma direta como indireta - tanto no ministério de Cristo como no dos apóstolos -, elas tiveram sua dignidade resgatada e várias conquistas alcançadas. Vemos que ainda hoje existe um certo preconceito em relação aos direitos femininos, mas, até mesmo ministerialmente, elas estão ocupando um considerável espaço. Isso é o reflexo da presença delas na vida de Jesus, ajudando-o a cumprir sua Obra (Lc 7:44-47[4] [5]).
    No judaísmo, desde o princípio, por tradição social e também religiosa, a mulher não tinha destaque e nem direitos relevantes, e era tratada praticamente como se fosse um objeto pertencente ao homem: não podia andar descoberta pelas ruas e nem dizer o que pensava. Suas principais funções eram gerar filhos e cuidar da família. Jesus, ao contrário dos homens da época, aproximou-se delas sem preconceito ou preocupação com o que os outros iam pensar e lhes mostrou que elas tem valor e também direitos a serem respeitados (Lc 7:48,49).
    A mulher mais marcante na vida e no ministério de Jesus foi, sem dúvida alguma, a sua própria mãe. Pois ela não só o carregou em seu ventre e ensinou seus primeiros passos, como cuidou dEle por toda a vida seguindo-o até o momento da crucificação. No entanto, nenhuma desses nobres privilégios são razões para reconhecer sua divindade e nem mesmo para acreditar em sua perpétua virgindade (Lc 8:19-21), porque, a não ser pelo fato de ter recebido uma missão muito especial, ela foi um ser humano como qualquer um de nós. Assim sendo, não há então motivos para crer que devamos adorá-la (Lc 11:27,28; Jo 2:3-5).
    Outra mulher ligada à sua família e que fez parte de sua história foi Isabel, a mãe de João Batista. Deus a escolheu para dar à luz àquele que prepararia o caminho para o Mestre, e ela bem sabia da importância da sua missão e agradecia ao Senhor por tal honra, pois ela era estéril e tinha idade avançada (Lc 1:7,18,25). A Bíblia não relata mais sobre ela após o nascimento do seu filho, mas sua importância é reconhecida no ministério de Cristo por ter ela ajudado Maria e ter gerado e cuidado do profeta que o antecedeu anunciando a sua chegada. E, assim como sua prima, ele se alegrou ao saber que a promessa da vinda do Messias estava se cumprindo (Lc 1:41-43).
    Pelo que podemos observar, muitas mulheres passaram a servir a Jesus como forma de agradecimento pelo que Ele fez por elas; vejamos alguns exemplos: A sogra de Pedro foi curada de uma febre que estava bastante elevada e, em seguida, passou a servi-los (Lc 4:38,39). A Bíblia não relata que serviço ela lhe prestou, talvez tenha sido uma simples cortesia de honra a Ele como convidado em sua casa por aquele momento, mas o importante é que ela fez algo; Os Evangelhos mencionam também a bela história de Maria Madalena. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:1,2) e, a partir daí ela o seguiu até a sua crucificação, testemunhando inclusive, sua primeira aparição após a ressurreição. Seu amor por Ele foi tão grande que ela foi ao sepulcro aonde Ele fora sepultado e chorou quando viu que seu corpo não estava mais ali; tal demonstração de afeto tem feito muitos acreditarem que ela fosse sua esposa, mas, na verdade, ele era apenas uma serva fiel e obediente ao seu Senhor (Lc 20:13-16).
    Em Lucas 7:36-50 está registrado o curioso episódio de uma mulher, cujo nome nem é citado, que chorando molhou os pés de Jesus com suas lágrimas e os enxugou com seus próprios cabelos e, em seguida, beijando-os, ungiu com o unguento que estava num vaso de alabastro[6]. Sua forma de adoração foi contestada pelo fariseu dono da casa em que Jesus estava hospedado, que achou um absurdo Ele receber algo de uma pecadora, e, nesse momento Jesus o lembra que ele, sendo o anfitrião, nem um beijo no rosto lhe deu, enquanto ela, sendo pecadora, lhe beijava seus pés. É importante ressaltar que esse fato nada tem a ver com o mencionado em João 12:1-8, que se refere a Maria de Betânia que procedeu quase da mesma forma e foi severamente criticada por Judas Iscariotes. Quanto ao episódio da pecadora narrado por Lucas, a sua abnegação[7] resultou no perdão dos seus pecados (Lc 7:50).
    Jesus tinha uma função ministerial bastante notável: Ele era um rabi[8]. Seu trabalho consistia em andar pela região ensinando a Palavra. Os rabinos não deviam cobrar para ensinar, por isso dependia de ajuda ou doações das pessoas que os recebiam ou ouviam seus ensinamentos. Para os judeus era uma grande honra poder sustentar alguém que cumpria uma tão nobre missão e, no caso de Jesus, Ele não estava só, pois era acompanhado por seus discípulos. E, nessa grande caminhada pela propagação das Boas Novas do Reino, não foram poucas as mulheres que se propuseram a ajuda-lo. É inegável que as mesmas tinham um grandioso coração missionário, pois sabiam de sua necessidade nessa Obra porque presenciavam seu incansável trabalho perante as multidões que o procuravam (Lc 8:1,4).
    Numa sociedade tão opressora em relação às mulheres, certamente o que elas tinham para ofertar à Jesus não era muito, pois, pelo fato de não possuírem estudo e nem muita força física, obviamente seus ganhos eram bastante reduzidos, porém, nem assim deixavam de oferecer o que podiam porque compreendiam o incalculável valor daquele maravilhoso trabalho que estava sendo desenvolvido. Em obediência à própria cultura local que não permitia mulheres falando em público e ao seu nível intelectual - não por falta de conhecimento, mas por falta de instrução -, elas não podiam e nem tinham como ensinar, então, o que lhes restava era contribuir de alguma forma oferecendo seu trabalho e parte de sua renda financeira. Devemos considerar também a possibilidade de que algumas dessas mulheres poderiam ser viúvas herdeiras de grandes posses e, por isso, tinham condições de prestar uma alta ajuda financeira e possibilitar-lhes acesso à membros da elite para lhes pregarem o Evangelho. Muito interessante é o fato de que, desde o princípio, a mulher, mesmo tendo pecado, recebeu a promessa de que dela viria a Semente que iria ferir a cabeça de Satanás (Gn 3:15), o que se cumpriu no nascimento de Cristo, o qual foi sobrenaturalmente gerado em uma mulher e, ironicamente, justamente as mulheres sempre estiveram presentes em seu ministério, o qual sempre consistiu em libertar escravos do maligno de suas opressões e resgatar suas almas para o Reino de Deus. Mesmo com suas falhas e fraquezas, elas sempre contribuíram em sua vitória sobre o inimigo e o acompanharam por toda a sua jornada até o fim (Lc 24:49).
    Atualmente, pelo menos na maior parte do mundo, a situação das mulheres, embora ainda haja um certo preconceito, é bem mais confortável do que nos tempos de Jesus. Hoje elas ocupam posições de destaque tanto no meio profissional quanto no ministerial, e muitas assumem a liderança de sua própria casa. Muitas de suas conquistas nos tempos modernos, deve-se ao cristianismo que, ao contrário do que muitos dizem, não é machista e isso é comprovado pelo fato de que o próprio Jesus enfrentou o preconceito do seu tempo abrindo espaço para as mulheres. Numa época em que um homem sequer podia dialogar com uma mulher, Ele evangelizou uma samaritana e defendeu uma adúltera que seria apedrejada. De uma forma ou de outra, todos nós sempre temos mulheres que nos ajudam e intercedem por nós, valorizemos sempre aquelas que sustentam a Igreja tanto com o seus trabalhos quanto com os seus joelhos no chão (At 1:14).



[1]Joana: Mulher de Cuza, procurador de Herodes (Lc 3:3). A Bíblia não oferece maiores informações sobre ela, imagina-se que fosse uma mulher de boas condições financeiras.
[2]Cuza: Procurador de Herodes, o Tetrarca. Sua esposa, junto com outras mulheres piedosas, supria com suas posses as necessidades de Jesus e dos discípulos (Lc 8:3).
[3]Suzana: Mencionada em Lucas 3:3 como uma das mulheres que ajudaram Jesus em seu ministério terreno, não há mais relatos bíblicos a respeito dela. Por ter ser nome citado em um dos Evangelhos, supõe-se que fosse uma mulher de destacável importância social, pois a Bíblia não relata muitos nomes de mulheres.
[4]Ósculo: Beijo. Faz parte da tradição os homens judeus se cumprimentarem com um beijo no rosto.
[5]Unguento: Designação antiga de certas drogas ou essências, com que se perfumava o corpo. Medicamento para uso externo, pouco consistente, e que tem por base uma substância gorda.
[6]Alabastro: Pedra branca, pouco resistente, parecida com o mármore, usada para fazer esculturas, vasos e jarros (Et 1:6; Mt 26:7).
[7]Abnegação: Ato de abnegar. Abandono; altruísmo; desprendimento. Desprezo ou sacrifício dos próprios interesses para atender ou satisfazer as necessidades alheias.
[8]Rabi: Palavra Aramaica que significa Mestre (Jo 1:38; 3:2).

Resumo baseado na revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2015 (Jesus, o Homem Perfeito - O Evangelho de Lucas, o médico amado) | Lição 6 | AD Belém - Congr. Elias Fausto/SP - Jonas M. Olímpio

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