Os pontos positivos e negativos de uma pessoa são mais facilmente percebidos quando lhes damos atenção e a fazemos se sentir a vontade para expressar suas ideias e sentimentos. |
Você quer se casar[1]?
Quer mesmo? Tem certeza disso? Por acaso você conhece a pessoa com quem está
namorando[2]?
Sim. Eu sei... você sabe o nome dela, a altura, a cor do cabelo e dos olhos, as
preferências, algumas manias, o endereço, já viu a família e até a acha
bonitinha. Porém, sem querer te desanimar, essas informações basiquíssimas não
te tornam um conhecedor a respeito da pessoa com quem está fazendo planos de
passar o resto da vida; aliás, nem sabe se vai conseguir passar o resto da vida
com ela. E é aí que está um grande perigo: primeiro, porque casamento de
cristão tem que durar até a morte (Rm 7:2,3) e,
depois, porque você está assumindo um compromisso moral de extrema seriedade e
precisa ter a dignidade de honrar sua palavra dada a ela perante a família, a
sociedade, a Igreja e, principalmente, diante de Deus; afinal, vai fazer um
juramento no altar sagrado, e eu imagino que você não gostaria de mentir (Jo 8:44) principalmente ali (Mt
23:18-20), não é mesmo? Então, para evitar amargos arrependimentos mais
tarde, é preciso saber que casamento não é sempre esse doce sabor de mel que
você está experimentando agora, ou seja: atração por boa aparência ou suposto
bom caráter pode trazer decepção; por isso, menos beijos e mais diálogos podem
proporcionar muito mais prazer no futuro.
Então,
já que é tão importante a troca de ideias entre um casal que está se preparando
para uma futura vida conjugal[3],
qual deve ser o conteúdo dessas conversas? Vejamos aqui cinco dos assuntos mais
importantes que podem interferir de forma positiva ou negativa chegando a fazer
diferença entre o sucesso ou o fim de um casamento:
1 - Postura social: Isso inclui todo o comportamento de
um modo geral como, por exemplo: ética[4]
profissional, convívio familiar, relacionamento com as demais pessoas e
questões relacionadas à própria moral como a moderação das palavras e a
sensualidade. É de extrema importância observar e comentar sobre isso com a
pessoa durante o namoro, pois são atitudes aparentemente sem importância, mas
que podem gerar desconfortos como irritação ou até ciúmes. Pois não são poucos
os casos de sérios conflitos entre casais por nunca terem, no período do namoro
e do noivado, notado e conversado sobre esses detalhes:
- Se ele ou ela demonstrava mais
preocupação com o emprego do que com a casa e a família ou também porque, no
serviço, não mantinha uma conduta de honestidade ou respeito para com clientes
e colegas de trabalho;
- De que forma ela trata a família antes
de se casar - os pais e os irmãos -.
Pois isso revela sua verdadeira personalidade[5],
assim deixando transparecer a forma que provavelmente ela te tratará depois do
casamento, considerando ainda que após estar casada, ela sentirá mais domínio
sobre a casa e, por ter mais autoridade, se imaginará no direito de se impor
mais ainda sobre você;
- Seu mal ou o bom relacionamento com
vizinhos, irmãos de igreja e outras pessoas próximas. Pois isso também pode
indicar se você poderá ou não futuramente ter problemas com alguém por causa
dela;
- Se ela tem o costume de expor seu
corpo. Pois mesmo isso parecendo algo inocente e sem importância, na verdade,
além de ser algo reprovável diante de Deus e impróprio diante da conduta
cristã, pode também expressar um caráter indigno de confiança, pois qual será a
intenção de alguém que gosta ou não se importa em mostrar partes ou o contorno
de seu corpo?
- Se ela fala muito ou se fala de forma
imprudente. Pois o descontrole sobre a língua ou uma simpatia exagerada, ainda
que praticados de forma ingênua, além de sérios problemas, também geram uma má
impressão fazendo com que ela seja mal interpretada por pessoas que não a
conheçam bem.
Mínimos detalhes observados no
comportamento desde o início de um relacionamento são o ponto chave para se
prevenir de perigosos conflitos que poderão surgir no futuro. A identificação
de alguns aspectos negativos pode possibilitar sua correção através de simples
diálogos, os quais devem ser abordados com delicadeza e carinho - sem imposições ou qualquer demonstração de
autoritarismo - para não causar atritos provocando problemas e colocando em
risco a continuidade do namoro.
2 - Controle financeiro: Conversar sobre dinheiro te ajuda a
passar para ela a imagem de alguém que se preocupa com o sustento da casa e te
permite ter uma noção se ela pensa e age da mesma forma. É importante que haja
um prévio acordo entre os dois a respeito do fato se apenas o homem vai trabalhar
fora enquanto a mulher cuida da casa, ou se ambos terão empregos e, nesse caso,
de quem é a responsabilidade por cada item das despesas. É importante notar se
ela - ou ele - ganha seu próprio
dinheiro ou se é dependente dos pais; e, no caso de ganhar seu próprio
sustento, como o administra e se ajuda em casa, e de que maneira lida com as
dívidas e como controla cheques ou cartões de crédito, e também se se preocupa
em estudar e fazer cursos para crescer profissionalmente.
3 - Formação familiar: Falar sobre o futuro da família que
pretende constituir é extremamente importante. Num relacionamento que visa o
compromisso matrimonial, deve-se abordar com frequência questões como: “Vamos morar próximos aos nossos pais ou
ficar longe da influência - ou interferência - de parentes”?; “Quantos filhos vamos ter?”; “Que tipo de educação vamos dar a eles?”; “Você
sabe cozinhar, lavar a roupa e limpar a casa?”. Esse tipo de questionamento
pode parecer tolice, mas, por não terem discutido questões “bobas” como essas,
muitos lares estão completamente desmantelados.
4 - Visão ministerial: Você canta, prega, é chegado numa
vigília, crê em milagres e batismo com o Espírito Santo, gosta de dar “aleluia”
e “glória a Deus”, curte o modernismo gospel, leva a sério a Escola Dominical, é
a favor de Teologia, possui algum cargo relevante no ministério, participa
assiduamente dos trabalhos da igreja, vai regularmente aos cultos ou é só um
crente domingueiro? Sem supervalorizar ou desmerecer qualquer um desses itens,
o mais importante a considerar aqui é se a pessoa com quem pretende se casar é
igual, age assim ou pelo menos pensa - total
ou parcialmente - da mesma forma e consegue tolerar atitudes diferentes daquelas
que ela foi ensinada e acostumada a viver até aqui. Tais diferenças são fatores
que têm atrapalhado a vida ministerial de muitos servos e servas de Deus
causando esfriamento espiritual e gravíssimos problemas dentro de casa. Essa é
a razão pela qual não é aconselhável o casamento entre pessoas de diferentes
denominações[6].
Falar sobre isso e analisar os pontos negativos de qualquer discordância
possibilita um melhor entendimento para que no futuro ambos possam ser
autênticos instrumentos de Deus em sua Obra trabalhando juntos de maneira
pacífica e harmoniosa.
5 - Comportamento sexual: Aí a coisa é mais complicada do que
parece porque há palavras, gestos, atitudes e posições na hora do prazer que
podem satisfazer o homem e não satisfazer a mulher ou vice-versa; além do mais,
existe outro fator a se considerar: “Será
que a forma como eu quero - ou ela quer - fazer é agradável ou abominável a
Deus?”. Mesmo sendo um assunto ainda á beira da “proibição” devido a
existência de tantos tabus[7]
em torno dele é sim necessária sua abordagem durante o namoro para se evitar
futuras frustrações, as quais, quando um dos cônjuges não está espiritualmente
firme e, levado pela falta de vigilância sob o pretexto da insatisfação na
cama, acaba se entregando ao adultério. É importante também ressaltar que
somente se deve conversar sobre isso quando houver a certeza da maturidade e da
seriedade da outra pessoa, primeiro para evitar que se ela for uma
“super-crente” venha a se escandalizar e ficar com medo de você e, segundo
para, caso ambos não tenham uma boa estrutura, não acabem deixando a conversa
ficar “picante” demais e aí já sabe, né?
Casal que não conversa não se entende, e
quem não se entende não consegue conviver por muito tempo. Não é raro ouvirmos
relato de pessoas que dizem: “Ele não era
assim! Ele mudou com o tempo!”, mas, na verdade, pessoas não costumam
mudar, simplesmente, com o tempo, ela acabam por revelar seu verdadeiro caráter
e, na grande maioria desses casos, isso poderia ser facilmente percebido se
tivesse havido mais diálogo e atenção aos mínimos detalhes por parte de quem
hoje se tornou vítima da situação. Além dos assuntos aqui mencionados, há
vários outros que devem ser abordados durante o namoro como, por exemplo,
preferências culturais, opiniões sociais, temperamento[8]
e até costumes relacionados à saúde e à higiene pessoal. Não adianta
simplesmente achá-la bonitinha admirando seu corpo e saboreando seus doces
beijos, pois a vida conjugal vai muito além disso; bem mais do que se imagina.
A troca de ideias não é só uma expressão de opinião, mas também uma troca de
conhecimento e experiências que tornarão o casal mais íntimo e mais confiante
em seu relacionamento.
É óbvio que como cristãos sabemos que
nossas escolhas não se baseiam apenas em critérios baseados na lógica da boa
convivência, mas também, e principalmente, na vontade de Deus e em seus
propósitos para nossa vida (Rm 8:28) fazendo-se
assim essencial muita oração com vigilância e pedido de discernimento entre o
bem e o mal (Sl 86:11) para conseguir encontrar
a pessoa ideal. No entanto, após a conquista, mesmo tendo a certeza de que essa
é a princesa - ou o príncipe - dada
pelo nosso Rei, isso não nos priva da responsabilidade de agir com prudência
procurando conhecer para poder corrigir possíveis falhas que venham,
futuramente, a causar problemas ou mesmo por um fim num lar que foi nos foi
planejado, estruturado e estabelecido pelo próprio Deus; o fato de Ele nos dar
uma bênção não nos livra da obrigação de cuidar bem dela para não perdê-la (Mt 25:24-28[9]).
[1]Casamento: Instituição
divina pela qual um homem e uma mulher se unem por amor numa comunhão social e
legal com o propósito de estabelecerem uma família (Gn 1:27-28; 2:18-24). É
permanente e só pode ser dissolvido pela morte (Rm 7:2-3) ou, excepcionalmente,
pelo divórcio (Mt 19:3-9). União legítima e legal de homem e mulher para
constituir família.
[2]Namoro: Ato de namorar.
Período em que um casal se dedica a conhecer um ao outro visando chegar ao
casamento.
[3]Conjugal: Relativo a cônjuges (marido e
mulher) ou ao casamento (Êx 21:10; Rm 7:2).
[4]Ética: Conjunto de
princípios morais que se devem observar; é o que indica as normas a que devem
ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade. Bom senso.
[5]Personalidade: Caráter essencial e exclusivo de uma pessoa. Aquilo
que a distingue de outra.
[6]Denominação: Designação de
uma pessoa ou uma coisa por um nome. Termo usado para definir as
diferentes igrejas evangélicas.
[7]Tabu: Qualquer coisa
que se proíbe supersticiosamente, por ignorância ou hipocrisia. Feitiço. Aquilo
que tem caráter sagrado, sendo defeso a qualquer contato. A própria pessoa ou
coisa sagrada. Instituição religiosa ou mágica que atribui a uma pessoa ou
coisa caráter sagrado, interdizendo qualquer contato com elas.
[8]Temperamento: Caráter, constituição moral, gênio, índole.
Equilíbrio; controle.
[9]Talento: O talento
de ouro ou prata era a unidade de moeda
romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido
na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema
monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez
eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual
a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava
entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento
hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente,
os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na
linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo
muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.
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