segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Trocando Ideias Antes Para Depois Não Dizer que Não Sabia que Ele(a) Era Assim

Os pontos positivos e negativos
de uma pessoa são mais
facilmente percebidos quando
lhes damos atenção e a
fazemos se sentir a vontade
para expressar suas ideias e
sentimentos.
    Você quer se casar[1]? Quer mesmo? Tem certeza disso? Por acaso você conhece a pessoa com quem está namorando[2]? Sim. Eu sei... você sabe o nome dela, a altura, a cor do cabelo e dos olhos, as preferências, algumas manias, o endereço, já viu a família e até a acha bonitinha. Porém, sem querer te desanimar, essas informações basiquíssimas não te tornam um conhecedor a respeito da pessoa com quem está fazendo planos de passar o resto da vida; aliás, nem sabe se vai conseguir passar o resto da vida com ela. E é aí que está um grande perigo: primeiro, porque casamento de cristão tem que durar até a morte (Rm 7:2,3) e, depois, porque você está assumindo um compromisso moral de extrema seriedade e precisa ter a dignidade de honrar sua palavra dada a ela perante a família, a sociedade, a Igreja e, principalmente, diante de Deus; afinal, vai fazer um juramento no altar sagrado, e eu imagino que você não gostaria de mentir (Jo 8:44) principalmente ali (Mt 23:18-20), não é mesmo? Então, para evitar amargos arrependimentos mais tarde, é preciso saber que casamento não é sempre esse doce sabor de mel que você está experimentando agora, ou seja: atração por boa aparência ou suposto bom caráter pode trazer decepção; por isso, menos beijos e mais diálogos podem proporcionar muito mais prazer no futuro.
Então, já que é tão importante a troca de ideias entre um casal que está se preparando para uma futura vida conjugal[3], qual deve ser o conteúdo dessas conversas? Vejamos aqui cinco dos assuntos mais importantes que podem interferir de forma positiva ou negativa chegando a fazer diferença entre o sucesso ou o fim de um casamento:
1 - Postura social: Isso inclui todo o comportamento de um modo geral como, por exemplo: ética[4] profissional, convívio familiar, relacionamento com as demais pessoas e questões relacionadas à própria moral como a moderação das palavras e a sensualidade. É de extrema importância observar e comentar sobre isso com a pessoa durante o namoro, pois são atitudes aparentemente sem importância, mas que podem gerar desconfortos como irritação ou até ciúmes. Pois não são poucos os casos de sérios conflitos entre casais por nunca terem, no período do namoro e do noivado, notado e conversado sobre esses detalhes:
-  Se ele ou ela demonstrava mais preocupação com o emprego do que com a casa e a família ou também porque, no serviço, não mantinha uma conduta de honestidade ou respeito para com clientes e colegas de trabalho;
-  De que forma ela trata a família antes de se casar - os pais e os irmãos -. Pois isso revela sua verdadeira personalidade[5], assim deixando transparecer a forma que provavelmente ela te tratará depois do casamento, considerando ainda que após estar casada, ela sentirá mais domínio sobre a casa e, por ter mais autoridade, se imaginará no direito de se impor mais ainda sobre você;
-  Seu mal ou o bom relacionamento com vizinhos, irmãos de igreja e outras pessoas próximas. Pois isso também pode indicar se você poderá ou não futuramente ter problemas com alguém por causa dela;
-  Se ela tem o costume de expor seu corpo. Pois mesmo isso parecendo algo inocente e sem importância, na verdade, além de ser algo reprovável diante de Deus e impróprio diante da conduta cristã, pode também expressar um caráter indigno de confiança, pois qual será a intenção de alguém que gosta ou não se importa em mostrar partes ou o contorno de seu corpo?
-  Se ela fala muito ou se fala de forma imprudente. Pois o descontrole sobre a língua ou uma simpatia exagerada, ainda que praticados de forma ingênua, além de sérios problemas, também geram uma má impressão fazendo com que ela seja mal interpretada por pessoas que não a conheçam bem.
    Mínimos detalhes observados no comportamento desde o início de um relacionamento são o ponto chave para se prevenir de perigosos conflitos que poderão surgir no futuro. A identificação de alguns aspectos negativos pode possibilitar sua correção através de simples diálogos, os quais devem ser abordados com delicadeza e carinho - sem imposições ou qualquer demonstração de autoritarismo - para não causar atritos provocando problemas e colocando em risco a continuidade do namoro.
2 - Controle financeiro: Conversar sobre dinheiro te ajuda a passar para ela a imagem de alguém que se preocupa com o sustento da casa e te permite ter uma noção se ela pensa e age da mesma forma. É importante que haja um prévio acordo entre os dois a respeito do fato se apenas o homem vai trabalhar fora enquanto a mulher cuida da casa, ou se ambos terão empregos e, nesse caso, de quem é a responsabilidade por cada item das despesas. É importante notar se ela - ou ele - ganha seu próprio dinheiro ou se é dependente dos pais; e, no caso de ganhar seu próprio sustento, como o administra e se ajuda em casa, e de que maneira lida com as dívidas e como controla cheques ou cartões de crédito, e também se se preocupa em estudar e fazer cursos para crescer profissionalmente.
3 - Formação familiar: Falar sobre o futuro da família que pretende constituir é extremamente importante. Num relacionamento que visa o compromisso matrimonial, deve-se abordar com frequência questões como: “Vamos morar próximos aos nossos pais ou ficar longe da influência - ou interferência - de parentes”?; “Quantos filhos vamos ter?”; “Que tipo de educação vamos dar a eles?”;  “Você sabe cozinhar, lavar a roupa e limpar a casa?”. Esse tipo de questionamento pode parecer tolice, mas, por não terem discutido questões “bobas” como essas, muitos lares estão completamente desmantelados.
4 - Visão ministerial: Você canta, prega, é chegado numa vigília, crê em milagres e batismo com o Espírito Santo, gosta de dar “aleluia” e “glória a Deus”, curte o modernismo gospel, leva a sério a Escola Dominical, é a favor de Teologia, possui algum cargo relevante no ministério, participa assiduamente dos trabalhos da igreja, vai regularmente aos cultos ou é só um crente domingueiro? Sem supervalorizar ou desmerecer qualquer um desses itens, o mais importante a considerar aqui é se a pessoa com quem pretende se casar é igual, age assim ou pelo menos pensa - total ou parcialmente - da mesma forma e consegue tolerar atitudes diferentes daquelas que ela foi ensinada e acostumada a viver até aqui. Tais diferenças são fatores que têm atrapalhado a vida ministerial de muitos servos e servas de Deus causando esfriamento espiritual e gravíssimos problemas dentro de casa. Essa é a razão pela qual não é aconselhável o casamento entre pessoas de diferentes denominações[6]. Falar sobre isso e analisar os pontos negativos de qualquer discordância possibilita um melhor entendimento para que no futuro ambos possam ser autênticos instrumentos de Deus em sua Obra trabalhando juntos de maneira pacífica e harmoniosa.
5 - Comportamento sexual: Aí a coisa é mais complicada do que parece porque há palavras, gestos, atitudes e posições na hora do prazer que podem satisfazer o homem e não satisfazer a mulher ou vice-versa; além do mais, existe outro fator a se considerar: “Será que a forma como eu quero - ou ela quer - fazer é agradável ou abominável a Deus?”. Mesmo sendo um assunto ainda á beira da “proibição” devido a existência de tantos tabus[7] em torno dele é sim necessária sua abordagem durante o namoro para se evitar futuras frustrações, as quais, quando um dos cônjuges não está espiritualmente firme e, levado pela falta de vigilância sob o pretexto da insatisfação na cama, acaba se entregando ao adultério. É importante também ressaltar que somente se deve conversar sobre isso quando houver a certeza da maturidade e da seriedade da outra pessoa, primeiro para evitar que se ela for uma “super-crente” venha a se escandalizar e ficar com medo de você e, segundo para, caso ambos não tenham uma boa estrutura, não acabem deixando a conversa ficar “picante” demais e aí já sabe, né?
    Casal que não conversa não se entende, e quem não se entende não consegue conviver por muito tempo. Não é raro ouvirmos relato de pessoas que dizem: “Ele não era assim! Ele mudou com o tempo!”, mas, na verdade, pessoas não costumam mudar, simplesmente, com o tempo, ela acabam por revelar seu verdadeiro caráter e, na grande maioria desses casos, isso poderia ser facilmente percebido se tivesse havido mais diálogo e atenção aos mínimos detalhes por parte de quem hoje se tornou vítima da situação. Além dos assuntos aqui mencionados, há vários outros que devem ser abordados durante o namoro como, por exemplo, preferências culturais, opiniões sociais, temperamento[8] e até costumes relacionados à saúde e à higiene pessoal. Não adianta simplesmente achá-la bonitinha admirando seu corpo e saboreando seus doces beijos, pois a vida conjugal vai muito além disso; bem mais do que se imagina. A troca de ideias não é só uma expressão de opinião, mas também uma troca de conhecimento e experiências que tornarão o casal mais íntimo e mais confiante em seu relacionamento.
    É óbvio que como cristãos sabemos que nossas escolhas não se baseiam apenas em critérios baseados na lógica da boa convivência, mas também, e principalmente, na vontade de Deus e em seus propósitos para nossa vida (Rm 8:28) fazendo-se assim essencial muita oração com vigilância e pedido de discernimento entre o bem e o mal (Sl 86:11) para conseguir encontrar a pessoa ideal. No entanto, após a conquista, mesmo tendo a certeza de que essa é a princesa - ou o príncipe - dada pelo nosso Rei, isso não nos priva da responsabilidade de agir com prudência procurando conhecer para poder corrigir possíveis falhas que venham, futuramente, a causar problemas ou mesmo por um fim num lar que foi nos foi planejado, estruturado e estabelecido pelo próprio Deus; o fato de Ele nos dar uma bênção não nos livra da obrigação de cuidar bem dela para não perdê-la (Mt 25:24-28[9]).



[1]Casamento: Instituição divina pela qual um homem e uma mulher se unem por amor numa comunhão social e legal com o propósito de estabelecerem uma família (Gn 1:27-28; 2:18-24). É permanente e só pode ser dissolvido pela morte (Rm 7:2-3) ou, excepcionalmente, pelo divórcio (Mt 19:3-9). União legítima e legal de homem e mulher para constituir família.
[2]Namoro: Ato de namorar. Período em que um casal se dedica a conhecer um ao outro visando chegar ao casamento.
[3]Conjugal: Relativo a cônjuges (marido e mulher) ou ao casamento (Êx 21:10; Rm 7:2).
[4]Ética: Conjunto de princípios morais que se devem observar; é o que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade. Bom senso.
[5]Personalidade: Caráter essencial e exclusivo de uma pessoa. Aquilo que a distingue de outra.
[6]Denominação: Designação de uma pessoa ou uma coisa por um nome. Termo usado para definir as diferentes igrejas evangélicas.
[7]Tabu: Qualquer coisa que se proíbe supersticiosamente, por ignorância ou hipocrisia. Feitiço. Aquilo que tem caráter sagrado, sendo defeso a qualquer contato. A própria pessoa ou coisa sagrada. Instituição religiosa ou mágica que atribui a uma pessoa ou coisa caráter sagrado, interdizendo qualquer contato com elas.
[8]Temperamento: Caráter, constituição moral, gênio, índole. Equilíbrio; controle.
[9]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.

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