A realização maior em nossa vida terrena está no casamento; pois é a partir dele que várias conquistas se seguem fazendo com que nos sintamos mais dignos como cidadãos e como servos do Senhor. |
Passado o período de euforia do início da vida à dois, depois de
amenizar a ansiedade das novas experiências, é hora de começar a perceber que o
sabor do mel é muito bom, mas para poder saboreá-lo, as vezes, é preciso
suportar algumas ferroadas. Mas fique tranquilo, pois vale a pena sentir um
pouco de dor para poder ter a honra de olhar no espelho e dizer: “Agora sou um chefe de família!”, “Agora sou uma dona de casa!”; afinal, a
sensação de autoridade e liberdade é algo incomparável e não tem preço. Porém,
é melhor ir com calma aí porque é preciso se lembrar de algo muito importante:
o casamento é constituído por duas pessoas, sabe o que isso significa?
Significa que você não está só e, se não está só, tanto a autonomia quanto a
liberdade são limitadas, pois é preciso haver respeito e cuidado em relação
àquela pessoa que agora vai viver ao seu lado até o fim da sua vida. E se você
quer que essa convivência seja mesmo até o fim da vida é melhor ir se
acostumando com essa ideia: “Não estou
só!”; “Tudo o que tenho não é só meu!”;
“Não posso tomar decisões importantes
sozinho!”; “Quero ser amado, mas será
que estou amando?”. É a partir do momento que conseguir fazer e responder
essas perguntas a si mesmo que você poderá ter a certeza de que está agindo
como um esposo ou uma esposa cristã (1ª Pe 3:6,7[1] [2] [3]).
Uma das primeiras coisas que um recém-casado precisa é se acostumar com
a ideia de que não está sozinho e que agora, querendo ou não, vai ter que
aprender a impor limites a si mesmo para poder respeitar os direitos do cônjuge.
Sendo assim, muitos costumes, hábitos ou manias precisam ser mudados ou até
abandonados de vez, pois algumas atitudes que pareçam não ser um problema para
você, talvez sejam um problema para a pessoa que está ao seu lado. A vida
conjugal depende muito do amor[4],
e amar, na prática, significa abrir mão de qualquer coisa que possa interferir
negativamente em seu relacionamento com a pessoa amada ou também suportar
algumas práticas dela que não te agradem muito; pois quem ama respeita, e quem
respeita se sacrifica. Porém, é óbvio que você não vai ter que renunciar a tudo
que faça parte da tua vida e nem também aceitar atitudes da parte dela que
ultrapassem os limites do tolerável, afinal, o “sacrifício” tem que ser mútuo,
ou seja: ambos devem se respeitar se limitando e se suportando dentro da medida
do possível. Isso significa que em alguns momentos você precisará convidá-la
para uma conversa um pouco mas séria e expor com clareza o que pensa, o que
sente e apontar uma solução razoável para ambos: uma alternativa que não pareça
apenas te favorecer, mas que seja viável também para ela. Esses diálogos não
apenas representam uma saudável preocupação de sua parte em manter a harmonia
no lar, mas demonstram também o quanto você é atencioso e se interessa não
somente pelo seu próprio bem-estar, mas também pelo dela, lembrando ainda que,
além de marido e mulher, são também irmãos em Cristo (Rm
12:9-11[5]).
Outra coisa muito importante a aprender nos primeiros passos da vida
conjugal é que praticamente tudo o que é seu também pertence a ela e
vice-versa; quem não conseguir compreender o sentido da “lei do compartilhamento”,
definitivamente, não vai se dar bem no casamento. O sentimento de egoísmo é uma
das maiores causas de conflitos entre casais, pois não há como viver sob o
mesmo teto estabelecendo “fronteiras de acesso proibido” ao seu próprio
cônjuge. Tanto objetos de uso em comum quanto coisas mais sérias como senhas de
cartões e decisões sobre negócios relacionados às finanças, estudos, saúde, questões
sentimentais e quaisquer tipos de projetos devem ter plena participação de
ambos. Afinal, casamento é liberdade de opinião e correção, parceria, confiança,
amizade e até cumplicidade; a falta de algum desses fatores é o indício de que algo
não está bem: um sinal de alerta indicando que alguma peça precisa ser ajustada
antes que a engrenagem apresente problemas de funcionamento ou pare de vez. Sendo
assim, entre duas pessoas que compartilham o mesmo sentimento, não pode haver restrições,
desconfiança, segredos, vergonha ou deslealdade; caso haja, isso significa que um
dos dois - ou os dois - não está
compartilhando de fato do mesmo sentimento (1ª Co
13:4-7[6]).
No que se refere às decisões importantes da casa, não deve o marido agir
autoritariamente achando que tem direito sobre tudo ou mesmo jogando esse peso
nas costas da esposa, e nem a mulher se excluir de suas responsabilidades pensando
que isso não é problema dela ou ainda tomando a liberdade de não respeitar a
autoridade do esposo. É preciso haver consenso: equilíbrio e concordância. E isso
é necessário porque, além de ser uma demonstração de respeito, se algo der
errado um não vai poder culpar o outro, afinal, ambos optaram juntos por essa
decisão. O descumprimento dessa regra tão básica de convivência é um erro tão
grave que não sou poucos os casos de separação porque, de repente, chegaram
contas, ou cobranças de contas não pagas, que o esposo ou a esposa nem sequer imaginavam
sua existência. Com exceção de ser um presente surpresa, ainda que os dois
trabalhem para ganhar seu próprio dinheiro, é importante sim que cada um saiba
dos negócios realizados pelo outro até mesmo porque num caso de desemprego, por
exemplo, o parceiro estando ciente da dívida pode se programar para ajudar no
pagamento da mesma. E esse acordo nas decisões é importante não apenas em
assuntos financeiros, mas em tudo quanto seja realizado no dia-a-dia, pois é
apenas um simples detalhe que pareça não fazer diferença alguma para você que
pode fazer muita diferença para ela e provocar gravíssimos problemas com danos
quase irreparáveis, sendo que tais prejuízos poderiam ser facilmente evitados
com simples atitudes como, por exemplo: sempre ligar informando aonde está e
para onde vai, não esconder recados e nomes de amigos adicionados em redes
sociais, pedir opinião sobre qual roupa vestir ou com quem deve ir a
determinado lugar e sempre comentar sobre seus sonhos ou objetivos demonstrando
total disposição e interesse em saber o ponto de vista dela. Comunicar e pedir
participação nas decisões, assim como em qualquer relacionamento, estruturam e fortalecem
o casamento, pois a Bíblia nos ensina a não fazermos projetos sozinhos (Pr 15:22; Ec 4:9,10).
Outra falha que se deve evitar a todo custo são os questionamentos ou as
cobranças excessivas, principalmente quando você não pratica como deveria
aquilo que questiona ou cobra, e uma dessas coisas é o amor. A correria
cotidiana tende em nos transformar em egoístas levando-nos pensar que estamos
fazendo muito e recebendo pouco do nosso cônjuge. Um bom exemplo disso é o fato
de que quando um homem chega em casa cansado, se a mulher pede atenção, ele se
sente no direito de não lhe atender e, por outro lado, se é ele que lhe pede
atenção e ela se justifica dizendo que está cansada, já acha que ela não está querendo
retribuir ao seu amor; e como o inimigo adora essas brechinhas começa a colocar
um monte de minhocas na cabeça do sujeito, tipo: “Ela está agindo com ingratidão, desinteresse, acho que não me quer mais,
deve estar me botando chifre!” e por aí vai. Essa situação se aplica a
ambos, e para evita-la basta simplesmente compreender que todos nós temos
momentos de indisposição e a não ser que esses argumentos sejam rotineiros, não
podem ser encarados como desculpas, mas sim como eventualidades as quais você vai
sobreviver. Quem realmente ama passa a conhecer a pessoa de uma tal forma que dificilmente
se consegue enganar com qualquer aparência e sabe entender as fraquezas e
esperar, não se tornando assim um “torturador” da pessoa amada. Você ama de
verdade? Então com certeza você a trata da mesma forma como espera que ela te
trate (Mt 22:39; Rm 13:10).
O casamento é muito mais do que uma mudança
de casa, membros familiares e estado civil nos documentos, ele significa uma
alteração total em sua rotina que interfere não só em seu coração, mas te faz
sentir mudanças psicológicas e até físicas. É a partir daí que você vai
aprender a conviver com uma realidade que te exigirá mais responsabilidade, autocontrole,
firmeza, coragem, sabedoria, boa vontade e até fé em Deus... ou seja: tudo o
que você já tinha - ou pensava ter -
antes, agora precisa ser incalculavelmente multiplicado por valores indefinidos
e dividido por dois. Mas não se assuste e nem pense que isso é negativo, pois é
exatamente ao contrário: as experiências adquiridas a partir daí, ainda que algumas
possam ter sabor amargo, te produzirão efeitos tão positivos que em pouco tempo
você perceberá que evoluiu de tal forma que conquistas que pareciam impossíveis
agora são uma realidade em sua vida. Casamento é a concretização da vontade
divina em relação ao estabelecimento da família e a possibilitação da continuidade
da raça humana de uma forma decente e honrada: dentro de um lar oficialmente
constituído por meios legais e estruturado pelo sentimento do amor. A união
conjugal, quando realizada sob a direção de Deus, é sinônimo de paz, segurança,
honra e alegria; por isso, o consagre ao Senhor orando diariamente por ele e
viva-o intensamente (Ec 9:9[7]; Pr 18:22; 19:14[8]).
[1]Sara: Significa "Princesa".
Esposa de Abraão e mãe de Isaque. Até os 90 anos foi chamada de Sarai que
significaria "Briguenta" (Gn 11:29-31; 12:1; caps. 16-23; Hb 11:11; 1ª
Pe 3:6.
[2]Abraão: Esse nome
significa pai, ou líder de muitos. É um personagem bíblico citado
no Livro do Gênesis a partir do qual se desenvolveram três das
maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e
o islamismo. Obedecendo as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã,
juntamente com sua esposa e seus bens, indo em direção a Canaã. Abrão já teria
setenta e cinco anos de idade e dá a entender que já tivesse pessoas a seu
serviço, embora nenhum filho. Teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e
seis anos, quando nasceu Ismael: filho que ele concebeu com sua escrava Hagar,
sob consentimento de sua esposa Sara que era estéril. Sara deu à luz a Isaque
com a idade aproximada de 90 anos e Abraão tinha quase 100. Ele é considerado
como o pai da fé e morreu com 175 anos de idade.
[3]Coabitar: Habitar em comum; viver em
comum. Ter relações sexuais com
alguém. Conviver intimamente.
[4]Amor: Sentimento de apreciação por alguém
acompanhado do desejo de lhe fazer o bem.
[5]Cordialmente: De forma cordial. Amável; sincero. Relativo ao
coração. Afetuoso, franco, sincero. Que estimula o coração.
[6]Leviandade: Procedimento
irrefletido, precipitado ou sem seriedade; imprudência (Jr 23:32; 2ª Co
1:17).
[7]Vaidade: Ilusão.
Qualidade do que é vão, instável ou de pouca duração. Desejo imoderado e
infundado de merecer a admiração dos outros. Vanglória, ostentação. Presunção
malfundada de si, do próprio mérito; fatuidade, ostentação. Coisa vã, fútil,
sem sentido. Futilidade. Jactância, presunção.
[8]Fazenda: Riquezas e bens; Finanças.
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