São tantas as dúvidas que surgem em nossa vida que, muitas vezes, nem sabemos que direção tomar; essa é a razão pela qual não devemos agir por nós mesmos, pois só Deus conhece o nosso caminho |
Nossas
decepções têm uma só origem: a falta de orientação divina na hora de tomar
decisões. A autoconfiança levada pela vontade ou pela necessidade de uma
resposta rápida nos impulsiona a agir por nós mesmos e, ignorando a supremacia[1] de
Deus ou ingenuamente crendo que Ele sempre aprova nossos negócios, não nos damos
ao trabalho de pedir sua orientação e esperar pela sua resposta. Mas esse mal
não é uma exclusividade dos dias atuais, pois há quase três mil anos atrás,
como está escrito em Provérbios 16:1, o sábio professor Salomão dava
uma lição sobre isso ensinando sobre a falibilidade[2]
dos projetos humanos diante de Deus: “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a
resposta da boca”; em outras palavras, isso significa que você pode
até fazer seus planos, mas é o Senhor Deus quem dá a última palavra. De nada
adiantam projetos bem elaborados, altos investimentos, trabalho árduo e até
mesmo a fé se Ele não estiver no negócio. A vontade do Senhor sempre prevalece
acima de tudo, e se persistirmos em contrariá-lo, podemos até ter um sucesso
temporário, mas o resultado é trágico.
A ovelha conhece a voz do seu pastor; isso significa que quando não conseguimos reconhecer a voz de Deus, algo está errado em nossa vida espiritual |
Porém, pelo
que se pode observar, o maior problema da maioria dos crentes não é a falta de
fé e nem a rebeldia em dar ouvidos a Deus, mas sim a dificuldade em entender se
é Ele mesmo quem está falando ou não, ou seja: falta de discernimento
espiritual; e é esse um dos dons que, tanto em sentido coletivo quanto individual,
a Igreja necessita com mais urgência atualmente, pois nele está a diferença
entre o fracasso e o sucesso. O crente não pode de forma nenhuma se conformar
em não reconhecer a voz de Deus, pois de acordo com o que Jesus ensina em João 10:1-5,
as ovelhas conhecem a voz do seu pastor; baseados nesse contexto, podemos então
concluir que aquele que não reconhece a voz do Senhor não é uma ovelha, ou
seja: não é um crente verdadeiramente íntimo em sua relação com o Pai
Celestial. É aí que entra a necessidade do discernimento, o qual o apóstolo
Paulo classifica em 1ª Coríntios 12:10 como o dom de discernir espíritos;
e é por meio dele que você vai ter condições e autoridade de julgar entre o que
é de Deus, do homem ou de Satanás, dessa forma não sendo enganado por líderes
mal-intencionados, falsos profetas, profetizadores movidos pela emoção, pregadores
egocêntricos[3], mestres
contrários aos princípios bíblicos e os enganos do seu próprio coração. E, como
todos os dons, esse também é conquistado por meio de oração. Muita oração.
A morte não avisa quando vai chegar, por isso devemos estar sempre alertas, tendo em mente que os mais importantes projetos da nossa vida são aqueles que incluem o plano divino da salvação |
Em Tiago 4:13-16[4], existe
uma clara demonstração de como é importante pedirmos a orientação divina em
nossos projetos: primeiro, ele ensina que nossa vida é frágil e a morte imprevisível
e, depois, conclui ensinando que devemos considerar que nossos desejos somente
se realizarão se Deus quiser que assim seja feito. Da mesma forma, aprendemos no
Salmo 127:1,2[5]
que se o Senhor não estiver na direção dos nossos planos, todo o nosso trabalho
é em vão. No texto de Isaías 55:7,8 conseguimos entender o porquê de
Deus agir dessa forma: Ele sabe o que é bom para nós e conhece o melhor caminho
para que não venhamos a errar o destino. Tomar decisões sem consulta-lo é o
mesmo que caminhar de olhos fechados sem nenhum objeto de apoio ou ninguém para
guiar e, da mesma maneira, procurar ajuda no lugar errado é o mesmo que ser
guiado por um cego (Lc 6:39).
Muitos cristãos
também não buscam orientação divina antes de tomar decisões porque não creem
que Deus está no controle da sua vida ou não se conformam com sua vontade para
com eles. E esse é o motivo do fracasso de muitos casamentos em que as pessoas
olharam mais para a aparência ou o poder aquisitivo, a desilusão de vários anos
perdidos em cursos e faculdades visando apenas o lucro daquela profissão sem
considerar sua vocação, grandes investimentos em negócios que pareciam rentáveis,
mudança de um lugar para o outro ambicionando lucros financeiros e até a saída
de uma igreja para outra visando apenas crescimento ministerial; todas essas
coisas, quando feitas sem que se tenha ouvido previamente a voz de Deus,
resultam em decepção, tristeza, desânimo, falta de fé e até doenças como, por
exemplo, a depressão. E essas consequências, dependendo de cada caso, tanto podem
ser castigo pela desobediência, como também uma experiência ou uma oportunidade
para uma segunda chance; mas o fato é que, seja como for, esse é o preço por
quererem agir por si mesmos não aceitando a supremacia de Jeová em sua vida (Rm 6:23).
Se o próprio Senhor Jesus Cristo, num momento de grande agonia, orou dizendo que
se Deus quisesse que o livrasse daquela situação, mas que todavia se fizesse a
vontade dEle e não a sua (Mt 22:41,42), quem somos nós para nos opormos à soberania[6]
divina impondo o nosso querer? Determinar ou “profetizar” bênçãos é uma forma
de dizer: “Deus, o que importa é a minha
vontade e não a tua!”. Lembra do que Ele disse ao profeta Jeremias sobre os
que profetizam bênçãos sem que Ele tenha mandado (Jr 14:13-16)? Cuidado! Isso é muito
perigoso (2ª Pe
2:1-3)!
De fato, as Escrituras
Sagradas são muito claras em relação à necessidade de haver direção espiritual
em nossa vida. Mas, é ainda preciso saber que Deus fala de várias formas e que
nem sempre vai se dirigir a nós da forma que esperamos. Seja por meio da profecia,
Palavra pregada, sonho, um sentimento colocado no coração, resposta a um sinal
que pedimos ou até mesmo no silêncio, uma coisa extremamente importante que
precisamos entender é a seguinte: não basta ter fé, discernimento e a graça de
obter uma resposta, acima de tudo, é preciso estar disposto a obedecer a sua
voz mesmo que sua vontade pareça desfavorável diante da situação; pois isso é
demonstração de fé e Ele não se agrada de incredulidade (Hb 11:6). Buscar a orientação divina
antes de tomar qualquer decisão é uma forma de dizer: “Senhor, reconheço que sou dependente de ti e aceito o seu domínio sobre
a minha vida!”; essa também é uma forma de adoração: um meio de glorifica-lo.
Nada devemos fazer sem oração, pois, sem Deus, de nada somos capazes (2ª Co 3:5)
e nossos planos acabam falhando (Lc 12:16-21). É ainda preciso ressaltar que para
nos achegarmos diante de seu santo trono em busca de orientação é necessário
que estejamos com nossas vestes limpas, ou seja: vivendo em santidade (Ec 9:8; Sl 139:24).
[1]Supremacia: O poder supremo,
perfeitamente independente e superior a todos os poderes. Superioridade ou
grandeza maior que todas as outras. Hegemonia, preponderância, proeminência.
[2]Falibilidade: Qualidade daquilo ou
de quem é falível. Possibilidade de errar.
[3]Egocêntrico: Pessoa
especialmente interessada em si mesma e em tudo quanto lhe diga respeito,
normal nas crianças de menos de sete anos.
[4]Desvanecer: Desaparecer.
[5]Sentinela: Guarda, vigia.
[6]Soberania: Domínio;
autoridade. Caráter ou qualidade de soberano. Autoridade suprema. Autoridade
moral considerada como suprema; poder supremo, irresistível.
Jonas M. Olímpio
Muito bom este estudo!
ResponderExcluirQue Deus abençoe, Ana Cláudia!
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