quinta-feira, 21 de março de 2013

Eliseu e a Escola dos Profetas


Estudo Bíblico Baseado na Escola Bíblica Dominical da CPAD    1º Trimestre de 2013 - Lição 12  |  Jonas M. Olímpio 

A busca pelo conhecimento da
Palavra é essencial para
aqueles que desejam seguir o
caminho sem errar e também
servir sem negligenciar
TEXTO ÁUREO 
    Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. 2E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros (2ª Tm 2:1,2). 

VERDADE PRÁTICA 
    A escola dos profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia empregado a Israel através da sua Palavra. 

PALAVRA-CHAVE 
    Escola de Profetas: Instituição de ensino do Antigo Testamento cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel conforme a sua Palavra. 


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 
2º Reis 6:1-7 
1 - E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. 
2 - Vamos, pois, até ao Jordão1 e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar. E disse ele: Ide. 
3 - E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. 
4 - E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. 
5 - E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado. 
6 - E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro. 
7 - E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou. 
     
INTRODUÇÃO 
  • A expressão "filhos dos profetas" é bastante comum nos dois livros de Reis, os quais aparecem situados em Betel, Jericó e Gilgal. 
  • Por toda a Bíblia, o termo "filho" não é usado apenas em sentido biológico, mas refere-se também a relacionamentos entre pessoas próximas como, por exemplo, os discípulos com seus mestres. 
  • Os profetas daquela época, de modo geral, não costumavam viver isolados, pois muitos faziam parte de comunidades ou grupos religiosos em que aprendiam e ensinavam as Escrituras e as suas experiências espirituais. Os mais experientes eram mestres e tinham servos, os quais eram seus alunos. 
  • É importante deixar bem claro que o objetivo das escolas de profetas não era ensinar a profetizar, pois a profecia é entregue ao homem diretamente por Deus e não pode ser ensinada; o objetivo dessas escolas era aprimorar o conhecimento daqueles que tinham o propósito de se dedicar a Obra. 
  • Atualmente, muitos ignoram a importância do estudo da Bíblia demonstrando um grande preconceito contra a Teologia; porém, os grandes homens de Deus sempre nos deram exemplos sobre o quanto é importante meditar procurando entender o conteúdo das Escrituras: 
E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. 9E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao SENHOR vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.”  
(Ne 8:8,9) 

I - A instituição das escolas de profetas 
1. Noção de organização e forma 
  • Em 2º Reis 6:1-7, na narração sobre o milagre da recuperação do machado perdido na água, é possível ter uma ideia de como funcionavam essas escolas. 
  • Nesse texto podemos perceber que essas instituições eram mesmo organizadas e que seus integrantes não eram simplesmente frequentadores, mas também moradores de suas dependências, as quais eram construídas de madeira. 
  • Outra coisa que podemos notar é que na época de Eliseu, aquele trabalho estava em crescimento, pois os filhos dos profetas precisaram ampliar o local que já estava ficando pequeno para eles. 
  • Seus discípulos não esperaram uma ordem para construírem um lugar maior para habitar, eles demonstraram interesse pelo trabalho e tomaram a iniciativa de edificar uma nova casa. A demonstração de interesse pela Obra é uma das coisas que o Senhor mais se agrada em seu servos, pois Ele não tem prazer em pessoas acomodadas que trabalham apenas por obrigação: 
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer." 
 (Lc 17:10) 

2. Noção de organismo e função 
  • Essas escolas não eram um mero ajuntamento de pessoas que não tinham onde morar e que por isso ali buscavam abrigo se amparando em uma religião; existia hierarquia, regras e objetivos por parte dos seus membros; certamente, seus membros não eram escolhidos pela liderança, mas sim aceitos depois de uma confirmação divina sobre o seu chamado para o ministério profético. 
  • De acordo com os textos de 1º Samuel 10:5,10 e 19:20, fica claro que nessas instituições não havia apenas ensinamento, mas eles realmente cultuavam a Deus; acredita-se que foi na época do profeta Samuel que elas tenham surgido. 
  • Pela narração de 2º Reis 6, fica claro que Eliseu não exercia apenas o ministério profético, mas também uma função pedagógica na qual ele atuaria como líder daquele grupo. 
  • Aqueles que realmente são chamados não podem exercer seu ministério de qualquer maneira, pois aqueles que se dispõem a obedecer a voz de Deus devem estar dispostos a zelar por sua responsabilidade cumprindo fielmente as exigências que a sua função exige: 
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, 2Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, 3Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”  
(Ef 4:1-3) 

II - Os objetivos das escolas de profetas 
1. Treinamento 
  • Em 2º Reis 2:15,16, pela reação dos filhos dos profetas diante de Eliseu no momento em que Elias foi levado ao céu, pode-se notar que nessa escola os discípulos eram bem instruídos a obedecer e faziam isso com amor e dedicação para servir os seus mestres. 
  • Em 1º Reis 20:35,36, podemos ver ainda que haviam também filhos dos profetas já experientes que agiam com autoridade dada por Deus. 
  • Os líderes dessas escolas eram homens exemplares que tinham êxito nos treinamentos que davam porque viviam conforme aquilo que ensinavam. 
  • "Ninguém nasce sabendo", e essa regra também é válida espiritualmente, pois não há como aprender se não for ensinado. Jesus sempre se preocupou com a questão do ensinamento, bois não basta pregar e fazer milagres, é preciso ensinar: 
E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles." 
(Mt 11:1) 

2. Encorajamento 
  • Eliseu era um profeta preocupado não somente com o seu próprio ministério, mas também um homem dedicado na missão de formar novos obreiros. 
  • Ele não tinha o egoísmo de manter exclusividade naquilo que Deus lhe tinha dado, mas tinha prazer em compartilhar com os demais ensinando-lhes tudo o que estava aprendendo de Deus. 
  • Eliseu, assim como havia aprendido com Elias, era um professor participativo: um líder que estava sempre na linha de frente incentivando seus liderados a serem como ele. 
  • O que a Bíblia nos ensina, através dos maiores homens da história do povo de Deus, é que a função de um líder não é simplesmente mandar, mas sim ser o primeiro a fazer aquilo que deve ser feito; Moisés foi um grande exemplo disso, ela não se limitava a dar ordens, mas estava sempre a frente das batalhas, do início até ao final, esforçando-se juntamente com seus sub-líderes, ensinando-os a trabalhar lado a lado com o povo: 
Por isso disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão. 10E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Arão, e Hur subiram ao cume do outeiro. 11E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia. 12Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pós.”  
(Êx 17:9-12) 

III - O currículo das escolas de profetas 
1. A Escritura 
  • Em toda a história de Elias e Eliseu podemos constatar que tudo o que eles faziam e ensinavam era estruturado pela Palavra de Deus. 
  • Sua preocupação em relação aos israelitas era o fato de eles por diversas vezes abandonarem o cumprimento dos mandamentos sagrados caindo na influência idólatra dos povos pagãos. 
  • Eles não faziam shows e nem inventavam moda, apenas orientavam seus filhos na fé a cumprirem as Escrituras Sagradas. 
  • Tudo o que falamos e ensinamos deve estar baseado na Palavra de Deus, pois qualquer argumento que não tenha sua origem comprovada no Livro Sagrado é mera opinião humana: 
Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei:" 
 (1ª Co 11:23a) 

2. A experiência 
  • Uma das mais importantes coisas que aprendemos através das atitudes tanto de Elias quanto de Eliseu é que a formação de bons obreiros depende da boa vontade dos mais experientes em compartilhar com eles aquilo que sabem. 
  • Porém, o fator mais importante é que todas as suas experiências pessoais jamais estiveram acima da revelação, ou seja: da ordem e da vontade divina. Eles não agiam por vontade própria e nem se aproveitavam de seu status de fama ou liderança. 
  • Outro fator de grande relevância é que seu ministério pedagógico não se resumia em palavras de ensinamento teórico, mas de manifestação de poder na prática em tudo o que faziam. 
  • As multidões seguiam Jesus porque seu ensinamento tinha autoridade; e essa autoridade era proveniente de suas experiências espirituais as quais se manifestavam poderosamente e trazia transformação à vida das pessoas: 
E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.”  
(Mc 1:22) 

IV - A metodologia da escolas de profetas 
1. Ensino através do exemplo 
  • Nessas escolas de profetas, professores e alunos não eram meros funcionários e números de matrículas dentro de uma instituição formal, eles se relacionavam entre si: havia companheirismo, convivência, compartilhamento, dedicação e demonstração de afeto de ambas as partes. 
  • Ali o aluno podia aprender observando e não apenas ouvindo seu mestre; as pregações e os milagres realizados através de Elias e Eliseu eram parte do seu cotidiano, e isso, certamente, os estimulava a ter a vontade de ser como eles. 
  • Obviamente, esses homens de Deus eram seres humanos e também tinham suas falhas, e nem sempre aquilo que passavam para seus alunos era perfeitamente assimilado e levado a sério, pois o aprendizado, embora seja responsabilidade do professor, também depende muito do caráter do aluno; um grande exemplo disso é o caso de Geazi2, que mesmo tendo sido servo de Eliseu, não seguiu seus princípios morais, deixando-se levar pela ganância e fazendo uso da mentira para alcançar seus objetivos materiais. 
  • Servir de exemplo não é uma opção, mas sim uma obrigação de todo aquele que exerce alguma função de liderança; porém, antes de seguirmos os exemplos de nossos líderes, devemos observar se eles estão seguindo os exemplos de Jesus Cristo: 
Sede meus imitadores, como também eu de Cristo." 
 (1ª Co 11:1) 

2. Ensino através da Palavra 
  • Eliseu não foi um profeta literário, mas seu amor e zelo pelo conhecimento da Palavra são qualidades inegáveis em sua personalidade, pois ele sempre agiu de acordo com os ensinamentos das Sagradas Escrituras. 
  • Certamente, em seus discursos diante de seus alunos, ele mantinha esse cuidado de expor o conteúdo dos mandamentos divinos e não a sua opinião destacando seus testemunhos de experiências pessoais, embora esses também sejam importantes e edificantes desde que estejam baseados nas Escrituras e sempre exaltando o nome do Senhor e não do homem. 
  • Foi baseado na Palavra de Deus que ele reprovou o pecado de Acabe mencionando a obediência de Josafá3. Ilustrações comparativas sempre foram um recurso muito usado pelos profetas e também pelos apóstolos. 
  • A sabedoria é um dom concedido por Deus, mas deve ser desenvolvida através da busca pelo conhecimento da Palavra e do discernimento espiritual, pois devemos estar atentos à autenticidade dos ensinamentos que recebemos nos dias tão difíceis da atualidade em que muitos têm se corrompido fazendo do Evangelho uma fonte de renda: 
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.”  
(Gl 1:8) 

CONCLUSÃO 
  • Não existe uma certeza sobre até que período prevaleceram as escolas de profetas; mas os judeus, de um modo geral, sempre valorizaram muito a questão do aprendizado, principalmente no que se refere às Escrituras Sagradas e a origem de seu povo; mesmo que por várias vezes tenham se desviado do caminho do Senhor e, em sua maioria, não tenham reconhecido Jesus Cristo como o Salvador, sempre se preocuparam em preservar o conhecimento sobre sua história. 
  • As escolas de profetas não visavam treinar homens para manipular a mente do povo por meio da religião com objetivos financeiros como temos visto nos dias atuais, mas sim transformar discípulos em mestres visando a expansão do Reino de Deus. 
  • Assim como Elias se alegrou em ver o desempenho de seu servo Eliseu e, com toda certeza, partiu tranquilo sabendo que estava deixando seu ministério em boas mãos, obviamente, Eliseu tinha o mesmo desejo de formar bons sucessores para quando ele terminasse sua jornada. Nosso objetivo não deve ser querer mostrar como somos bons mestres, mas sim nos esforçarmos para que nossos discípulos sejam ainda melhores do que nós para o bem do progresso da Obra do Senhor. 
  • Na escola espiritual de nossa vida cotidiana, o segredo do sucesso em nosso ministério é a humildade de colocarmo-nos em posição de servos, não somente de Deus mas também daqueles a quem por hierarquia humana achamos que deveriam nos servir: 
E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; 28Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.”  
(Mt 20:27,28) 

Jonas MOlímpio 

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Geazi foi um grande exemplo
de que nem sempre um bom
mestre pode garantir um bom
aprendizado se não houver
interesse por parte do aluno; e
seu comportamento é o que
tem refletido na vida de
muitos obreiros que se
aprofundam em estudos
teológicos com a intenção
de satisfazer interesses
pessoais; porém, assim como
Geasi sofreu as consequências
de seus atos, também os
enganadores dos dias
atuais pagarão um alto preço
por esse gravíssimo pecado
1Jordão: Rio principal da Palestina, que nasce no monte Hermom, atravessa os lagos Hulé e da Galiléia e desemboca no mar Morto. O Jordão faz muitas curvas, estendendo-se por mais de 200 km numa distância de 112 km, entre o lago da Galiléia e o mar Morto. O rio tem a profundidade de um a três m e a largura média de 30 m. Na maior parte de seu curso, o rio encontra-se abaixo do nível do mar, chegando a 390 m abaixo deste nível ao desembocar no mar Morto. O povo de Israel atravessou o rio a seco; João Batista batizava nele, e ali Jesus foi batizado (Mt 3:6,13). 
2Geazi: Servo do profeta Eliseu (2º Rs 4:8-5:27). 
3JosafáJeosafá. Quarto rei de Judá, que reinou de 870 a 848 a.C., depois de Asa, seu pai. Mandou ensinar ao povo a Lei do Senhor (2º Cr caps. 17-20). É também o nome do vale em que Deus julgará todas as nações no Dia do Senhor (Jl 3:2,12). 
4Anátema: Maldição, reprovação: lançar o anátema sobre alguém. Pessoa anatematizada, excomungada.

Estudo Bíblico Baseado na Escola Bíblica Dominical da CPAD   |  1º Trimestre de 2013 - Lição 12  |  Jonas M. Olímpio

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