quarta-feira, 18 de julho de 2018

A Função Social dos Sacerdotes


Esboço Resumido - Escola Bíblica Dominical (Lições Bíblicas - Adultos - CPAD)

Lição 4 - A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES

A lepra, assim como outras
doenças, era uma das maiores
preocupações na era levítica.
Os sacerdotes, por sua vez,
tinham que se expor ao risco
de contaminação para garantir
o bem-estar do povo.
Texto Áureo
Lucas 5:14 - “E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas disse-lhe: Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho.”

Verdade Prática
As funções do sacerdote iam além da liturgia; sua principal obrigação era zelar pela santidade e pureza do povo de Deus.

Leitura Bíblica em Classe
Levítico 13:1-6 - “Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: 2O homem, quando na pele da sua carne houver inchação, ou pústula[1], ou empola[2] branca, que estiver na pele de sua carne como praga de lepra, então, será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes. 3E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, praga da lepra é; o sacerdote, vendo-o, o declarará imundo. 4Mas, se a empola na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele, e o pêlo não se tornou branco, então, o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias. 5E, ao sétimo dia, o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer, parou, e a praga na pele se não estendeu, então, o sacerdote o encerrará por outros sete dias. 6E o sacerdote, ao sétimo dia, o examinará outra vez; e eis que, se a praga se recolheu, e a praga na pele se não estendeu, então, o sacerdote o declarará limpo: apostema[3] é; e lavará as suas vestes e será limpo.”

Comentário
    O governo teocrático representado pelo sacerdócio ia muito além de sacrifícios, orações, ensinamentos e cânticos. O trabalho sacerdotal não se resumia à liturgia de culto no tabernáculo ou no templo, havia muito o que se fazer fora do ambiente sagrado. O livro de Levítico expõe suas atividades de verdadeiros “fiscais ou agentes de saúde” pelas ruas e casas da comunidade. Porém, tais trabalhos sociais não tinham simples objetivo de zelar pela saúde pública, pois sua finalidade era cuidar pelo cumprimento de pontos da Lei que exigiam que pragas consideradas imundas se alastrassem pelo povo; assim sendo, suas funções sociais eram realizadas por razões espirituais.
    Temos nós cuidado de nossa saúde como se ela realmente fosse algo de importância espiritual? Nosso corpo é templo Espírito Santo, estamos zelando devidamente da casa dEle? Pragas como a lepra simbolizam o pecado, mas pecar vai além de adulterar ou fazer outras coisas profanas com o corpo; descuidar dele também é uma desonra à confiança daquEle que nos confiou para cuidar desse tabernáculo terrestre.

    Numa época sem grandes avanços medicinais, doenças contagiosas como a lepra, e também outros males como sarampo, escarlatina e varíola, representavam um grande problema que colocava em risco até a sobrevivência da nação toda, pois uma grave epidemia poderia atingir a todos, até mesmo levando-os à extinção. Por isso a prevenção era o melhor remédio. A qualquer indício dessa doença a pessoa era imediatamente isolada até que se constatasse sua completa cura para que pudesse ser reintegrada à sociedade. Os sacerdotes tinham a missão de fazer essa inspeção e todo o processo até a purificação.
    Cuidar dos enfermos e principalmente curá-los sempre foi uma das principais atividades no ministério terreno de Jesus. O bem-estar do ser humano sempre esteve nos planos de Deus. Orar pela cura e também cuidar dos enfermos é uma das principais tarefas da igreja (Mt 10:8).

    Fora do Egito os israelitas não tinham mais acesso a médicos; embora ainda não houvesse cura para a lepra, eles tinham meios de tratar o doente e fazer os procedimentos para preservação dos demais para também não se contaminarem. Então, no deserto, restou aos sacerdotes cumprir essa função.
    A limpeza dos leprosos, assim como a cura dos demais enfermos, foi uma das ordens de Jesus aos seus discípulos. Interessante que essa determinação é completada enfatizando-se o anúncio do Evangelho. Isso mostra que nenhum trabalho, por mais que tenha sinais e milagres, é completo se não houver salvação de almas (Mt 11:5).

    Se Deus não fizesse um milagre, os sacerdotes não tinham recursos humanos para curar um leproso; só o que lhes restava era aguardar um período de tempo, inspecioná-lo novamente para poder declará-lo limpo ou impuro - ele tinha que saber bem essa diferença -, e assim se seguia até sua cura ou sua morte. Em caso de cura, era ele também responsável para, conforme narrado em Levítico 14, fazer o ritual de purificação recebendo dele, como oferta, duas aves vivas, pau de cedro, carmesim e hissopo.
    Como cristão você sabe “identificar uma lepra” e orientar “o leproso” para não contaminar os demais? Quando curava um leproso, Jesus lhe ordenava que se mostrasse ao sacerdote, oferecendo-lhe a oferta determinada por Moisés. Ele não fazia questão e nem queria ser apontado como aquEle que o curou, mas apenas dizia para que o leproso curado testemunhasse conforme necessário para se cumprir a Lei (Mt 8:4).

    Levítico 14:34-57 retrata bem a função do sacerdote como sanitarista. Ele tinha autoridade para esvaziar, inspecionar, interditar e, se preciso fosse, mandar demolir uma casa e enviar seus moradores para fora da cidade. Até as roupas das pessoas envolvidas precisavam ser analisadas por ele.
    Nosso sacerdócio cristão hoje consiste em identificar o pecado e orientar os demais a ter cuidado com ele. Obviamente não podemos mandar os pecadores persistentes para um isolamento e nem devemos ficar longe deles, porém devemos nos prevenir para não nos contaminarmos com seus pecados cometendo os mesmos erros que eles (Rm 16:17).

    Algumas manchas estranhas e fundas numa parede eram o suficiente para que o morador suspeitasse de lepra em sua casa e chamasse o sacerdote. Quando ele chegava, fazia a avaliação e se realmente constatasse a praga, tomava as medidas necessárias. Quatro qualidades precisava ter o sacerdote nessa situação: boa vontade para atender os necessitados, coragem para lidar com uma doença perigosa, discernimento para identificar a lepra e conhecimento para saber que atitude tomar.
    Saber chamar o “sacerdote” na hora que o lar sofre uma ameaça é uma obrigação de todo cristão. E saber responder com amor atendendo a esse chamado, tendo coragem, discernimento e sabedoria para agir é obrigação do sacerdote. Comunhão e boa vontade entre liderados e líderes são fatores fundamentais para que lares cristãos não desmoronem com as tempestades da vida (Mt 7:24-27).

    Até as vestes precisavam ser inspecionadas pelo sacerdote. Mofos e fungos deveriam ser analisados para constatar se não se tratava de lepra. A princípio, em caso de suspeita, a roupa passaria por um isolamento de sete dias, e se a praga persistisse, a mesma seria queimada.
    Vestes limpas representam proteção e dignidade. Espiritualmente, isso se obtém por meio da obediência à Palavra do Senhor. Para manter-se vestido e com vestes limpas é preciso um cuidado muito especial. Todo cuidado é pouco para aqueles que querem estar livres da contaminação lepra desse mundo (Ap 3:4).

    O sacerdote tinha poder de juiz. Sua autoridade social ia além de fiscalizar doenças contagiosas, ela tinha que estabelecer a ordem fazendo com que os preceitos da Lei concernentes à família e outras questões cotidianas fossem respeitados, e em caso de desobediência cabia a ele a decisão da sentença de acordo com o que estava estabelecido nos códigos legais de Israel.
    A Igreja atual não exerce autoridade no quadro político do país, no entanto, a liderança da mesma deve ter influência na formação moral de seus membros para que os mesmos sejam bons exemplos na sociedade como cristãos e cidadãos. Não se trata simplesmente de dizer o que é certo ou errado e apenas o que pode ou não pode, mas ensinar o povo a ter uma vida equilibrada de modo que em tudo glorifiquem o nome de Deus (1ª Co 10:31).

    Cabia ainda ao sacerdote garantir a cada um seu direito de moradia. Até mesmo a alimentação tinha suas regras estabelecidas para que os mais pobres não passassem fome. Outras situações como, por exemplo, questões ambientais para proteção da natureza deveriam também ser observadas. Em tudo isso eram eles também exemplos às demais nações.
    Cuidar do que temos é honrar ao Senhor diante do mundo. Que benefícios temos oferecido no espaço que ocupamos na sociedade? Respeitar o espaço alheio, ajudar os menos favorecidos e até mesmo preservar o meio ambiente são detalhes que pesam muito em nossa “pregação prática” como cidadãos do céu (1ª Co 10:32).

    A Lei era minuciosa e incluía detalhes como colocar um parapeito no telhado das casas, a responsabilização dos donos em relação aos perigos oferecidos por seus animais, cidades de refúgio para proteger aqueles que matavam sem intenção e, entre outras coisas, a proteção do feto e da mulher grávida. Tudo isso porque a vida é o bem maior na terra que o ser humano recebeu de Deus; algumas coisas poderiam parecer exageros ou difíceis de se cumprir, mas cada um deveria compreender que era para o bem de todos.
    Você obedece totalmente as leis visando o bem do seu próximo? Viver o cristianismo implica em observar suas próprias atitudes para ver se não está prejudicando alguém. Agradar ao Senhor consiste em, muitas vezes, abrir mão de seus próprios direito ou conforto para que alguém possa se sentir melhor. Simples atos de renúncia podem conquistar almas para o Reino de Deus (1ª Co 10:33).

    A função social envolvia as três classes do sacerdócio hebreu: o sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas. Todos estavam envolvidos e sabiam da honra e também do peso que estavam sobre eles. Sua conduta deveria ser irrepreensível, pois eram eles um espelho para os demais.
    A função social da Igreja hoje também a envolve como um todo: pastores, cooperadores e membros. Não basta a eles reunirem-se periodicamente para dar “glória a Deus” e “aleluia” juntos, é necessário que sua comunhão seja comprovada por meio de seu bom convívio social primeiramente entre si e depois dentro da sociedade secular. Você se sente digno de dizer que pode ser imitado por alguém (1ª Co 11:1)?



Jonas M. Olímpio





[1]Pústula: Tumor.
[2]Empola: Bolha.
[3]Apostema: Tumor.

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