quarta-feira, 18 de julho de 2018

A Beleza e a Glória do Culto Levítico


Esboço Resumido - Escola Bíblica Dominical (Lições Bíblicas - Adultos - CPAD)

Lição 2 - A BELEZA E A GLÓRIA DO CULTO LEVÍTICO

A liturgia de culto levítica é uma
verdadeira lição de reverência na
adoração. Cada detalhe e cada gesto
nos ensinam o quanto devemos nos
colocar em nosso devido lugar como
meros seres frágeis totalmente
dependentes diante de um Deus que
é único e soberano.
Texto Áureo
Levítico 9:23 - “Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo.”

Verdade Prática
O verdadeiro culto divino não se impõe pelo ritualismo nem por sua pompa, mas pelo quebrantamento de coração e pela integridade de espírito. A glória de Deus não pode faltar.

Leitura Bíblica em Classe
Levítico 9:15-24 - “Depois, fez chegar a oferta do povo, e tomou o bode da expiação[1] do pecado, que era pelo povo, e o degolou, e o preparou por expiação do pecado, como o primeiro. 16Fez também chegar o holocausto e o preparou segundo o rito. 17E fez chegar a oferta de manjares, e a sua mão encheu dela, e a queimou sobre o altar, além do holocausto da manhã. 18Depois, degolou o boi e o carneiro em sacrifício pacífico, que era pelo povo; e os filhos de Arão entregaram-lhe o sangue, que espargiu sobre o altar, em redor, 19como também a gordura do boi e do carneiro, e a cauda, e o que cobre a fressura, e os rins, e o redenho do fígado. 20E puseram a gordura sobre o peito, e ele queimou a gordura sobre o altar; 21mas o peito e a espádua[2] direita Arão moveu por oferta de movimento perante o Senhor, como Moisés tinha ordenado. 22Depois, Arão levantou as mãos ao povo e o abençoou; e desceu, havendo feito a expiação do pecado, e o holocausto, e a oferta pacífica. 23Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. 24Porque o fogo saiu de diante do Senhor e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilou e caiu sobre as suas faces.”

Comentário
    Em que consistia o culto levítico? Como sabemos, ele era repleto de rituais, mas é importante ressaltar que não se tratava apenas de formalidades inseridas para enfeitar os eventos durante suas reuniões, mas cada ato e cada item nele envolvido tinha um significado especial.
    Quando se trata de cultuar, é necessário ter duas questões em mente: cuidado com o ritualismo excessivo e cuidado com a informalidade irreverente; formalidade é a palavra-chave quando se fala de adorar. No capítulo 9 de Levítico aprendemos que para se achegar a Deus é preciso oferecer algo; qualquer entrega tem que ser de acordo com as regras estabelecidas; o que entregamos tem que ter qualidade; o culto é algo é algo em conjunto e não individual; nada do que se oferece deve ser incompleto; não podemos negar aos nossos irmãos o que é direito deles; a função da liderança é abençoar o povo; a presença de Deus precisa ser notória no ambiente de culto; todo trabalho realmente dedicado ao Senhor precisa ter resposta dEle.

    A definição básica do culto levítico é o amor, por meio dele o que se oferecia ao Senhor era voluntário e exclusivo à Ele. Tais características resultavam em reverência, ou seja, um grande respeito àquEle a quem o culto era oferecido. Os sacerdotes e os demais levitas nada faziam por obrigação, mas com coração aberto, sentindo-se privilegiados e não forçados a isso.
    Na Igreja atual, antes de entrar em um templo e oferecer qualquer coisa ao Senhor é preciso olharmos para dentro de nós mesmos e nos questionarmos sobre o que realmente estamos fazendo ali. Necessário também é sabermos que nossa adoração é constante, pois entrar em um templo nada mais é do que se reunir demonstrando comunhão com os demais irmãos enquanto se faz uso de todos os elementos requeridos em um culto. Cultuar é uma ordem que abrange a todos e não a uma específica classe de crente de acordo com sua condição espiritual ou posição ministerial (Sl 100:1).

    Os grandes patriarcas mencionados na Bíblia cultuaram a Deus e ensinaram suas famílias a fazerem o mesmo. Eles construíam altares e exerciam a função de sacerdotes em suas casas. Adorar era uma necessidade e não uma questão de status; pois fazia parte de sua identidade como servos do Senhor, detalhe esse que os diferenciava dos demais povos.
    O que nos move a adorar - ou dizer que estamos adorando - é uma pergunta que deve incomodar constantemente nossa mente para que não venhamos a fazer nada apenas por cumprimento de uma religiosidade, mas verdadeiramente alegria proveniente de dentro do coração (Sl 100:2).

    Na era de Moisés, por meio dos mandamentos e demais preceitos, Deus não criou, Ele simplesmente oficializou os atos de adoração que já eram feitos, mostrando claramente o que e como Ele queria que fosse feito. Assim surgiu formalmente a liturgia e a teologia. Dessa forma foram também estabelecidas reuniões sagradas como, por exemplo, a Páscoa e o Dia da Expiação. Dessa forma, o ato de cultuar deixou de ser algo restrito à algumas pessoas em seus lares e passou a ser praticado por todo o povo.
    Cultuar é reconhecer a soberania do Senhor, se prostrar diante dEle e declarar nossa total dependência e nossa fragilidade diante de um Ser incomparavelmente superior. É um ato de agradecimento por parte de alguém totalmente desprovido de condições tentando agradar o seu Sustentador (Sl 100:3).

    Até o início do reinado de Davi, os cânticos ainda não faziam oficialmente parte do culto; manifestações musicais anteriores como os cânticos de Miriã e de Débora foram atos espontâneos e isolados que tiveram significado particular. Com Davi, o louvor por meio de cântico foi oficializado e organizado com coros e instrumentos musicais. Posteriormente, Salomão aprimorou a prática da musicalidade levando a mostrar ao mundo a capacidade do povo de Deus, tanto espiritual quanto culturalmente.
    A aplicação dos cânticos nos cultos na igreja se faz útil e extremamente necessária, porque a prática da música vai além do louvor a Deus; ela tanto ajuda a preparar o coração do ouvinte, tornando-o mais receptivo à pregação da Palavra, quanto também é usada pelo Espírito Santo para falar ao coração de alguém de modo particular e ainda - quando sua letra é realmente bibliocêntrica - serve de auxílio no ensino das Escrituras Sagradas. Considerando-se que a verdadeira função de um levita girava em torno dos trabalhos prestados no ambiente de culto e não em torno da música, não há uma razão lógica para se considerar os músicos atuais como levitas, pois mais justo seria aplicar esse termo, ainda que simbolicamente, aos diáconos. O louvor por meio de canções vai além de um ato de prazer, é um verdadeiro gesto de adoração (Sl 100:4).

    No período do cativeiro babilônico, os que haviam sido escravizados ficaram setenta anos impedidos de cultuar verdadeiramente. O Salmo 137 relata bem a agonia de quem se vê impedido de adorar ao Senhor: eles choravam lembrando de sua pátria, e penduraram suas harpas não querendo tocar e nem cantar, porque aqueles que os aprisionaram lhe pediam para ouvir seus cânticos não para adoração, mas sim para uma satisfação de entretenimento apenas. Somente com sua volta à Jerusalém, puderam ter novamente a sensação de exaltar livremente e com alegria o nome de Deus.
    Muitos não dão valor à liberdade de cultuar ao Senhor e somente quando se veem numa situação de cativeiro em sua vida, passam a valorizar cada oportunidade de estarem numa reunião espiritual, cantar hinos, testemunhar, orar, pregar e ouvir a Palavra juntamente com os demais irmãos. Não percamos cada momento desse tão maravilhoso privilégio que nos é dispensado gratuitamente de adorar ao Pai, exaltando sua tão grandiosa misericórdia sobre a nossa vida (Sl 100:5).

    Os sacrifícios, mais do que pedidos de perdão ou provisão, significavam gratidão. No Antigo Testamento presenciamos várias ocasiões em que o nome do Senhor foi exaltado por meio deles. Desde o início, para entrar no tabernáculo, era necessário ter algo para oferecer a Ele, representado a dependência do homem diante de sua soberania.
    Nos dias atuais o sacrifício não é de animais para nos remir de nossos pecados ou por qualquer outro motivo, pois diante de qualquer situação, o que devemos sacrificar diante dEle é um coração arrependido e pronto a nos levar a uma vida de renúncia, fazendo com que mostremos ao mundo a transformação que o Evangelho fez em nós (Rm 12:1).

    Os cânticos iam muito além da música, eles abrilhantavam o culto levando seus participantes a sentir a presença divina antes mesmo da ministração da Palavra. Muitos deles foram compostos por Davi, como também por outros autores, e estão registrados nos Salmos. A música sempre foi símbolo de alegria e pacificação da alma.
    Hoje em dia, infelizmente, não generalizando, muito do que chamam de louvor nada mais é do que barulho técnica e psicologicamente preparado para envolver o corpo e a mente das pessoas, levando-as apenas a exaltar os músicos que mais parecem estar competindo com suas belas vozes e domínio sobre os instrumentos do que realmente para elevar o clima do ambiente de maneira que todos sintam a presença do Senhor. O verdadeiro louvor precisa ser espiritual e sair de dentro do coração (Ef 5:18,19).

    Expor a Palavra de Deus durante o culto era uma necessidade, porque por meio dela é que o povo tinha condições de conhecer a vontade dEle para servir e obedecê-lo fielmente. Salomão deu um grande exemplo disso, assim como vários outros homens de Deus. Naquela época, a maioria não era alfabetizada, por essa razão a leitura era um privilégio de poucos, assim tornando a atenção à ministração algo imprescindível.
    A mesma necessidade da exposição da Palavra de Deus durante o culto é indiscutível nos dias atuais, pois mesmo tendo acesso às várias formas de literatura bíblica, nada substitui sua ministração sobre o altar. A função da pregação e do ensinamento é levar o crente ao crescimento por meio da aquisição da sabedoria, a qual se obtém através da correção mútua entre os membros do Corpo de Cristo (Cl 3:16).

    A oração era uma prática inseparável do culto. Assim como os sacrifícios, ela tinha uma função que ia além de um ato de petição ou simples formalização de pedidos de perdão, pois também servia para expressar gratidão a Ele. Também por meio dela, o sacerdote, na prática, falava com Deus e via sua resposta por meio de suas intervenções nas necessidades do povo.
    Orar é um ato fundamental para o andamento espiritual do culto e até mesmo da própria vida do crente. O nome do Senhor Jesus precisa ser primazia em nossas reuniões em ações. Orar não é apenas pedir; orar é dar a Ele graças por tudo, ou seja, admitir que Ele é o nosso sustentador (Cl 3:17).

    A Bíblia, também no Antigo Testamento, está repleta de exemplos da prática da leitura das Escrituras Sagradas. Esdras e Neemias retomaram esse costume após o cativeiro babilônico, pois assim já procediam os sacerdotes para ensinar o povo desde a implantação da Lei. Era esse também o costume dos chefes de família para ensinar seus filhos.
    Na Igreja atual, um obreiro sem um razoável conhecimento bíblico não é digno de ser chamado de obreiro. Por mais que se ore, jejue e faça o quer que seja alcançando resultados satisfatórios, se não houver domínio e aplicação fiel do conteúdo das Escrituras, seu culto não está completo e o seu próprio ministério pode estar sendo reprovado (2ª Tm 2:15).

    Conforme descrito em Números 6:22-26, a bênção completava o ato do culto. Ela confirmava a misericórdia de Jeová sobre aqueles que o obedecessem. Ela enfatizava o privilégio do povo de Israel como propriedade particular dEle, fazendo-o lembrar que o que este lhe ofereceu naquele momento de adoração, por Ele foi recebido e o que dEle foi falado na ministração, por Ele lhe seria feito.
    Da mesma sorte, a Igreja, como herdeira adotiva no plano de salvação, não deixa de ser agraciada pelas bênçãos divinas. E não poderia ser diferente em sua liturgia a existência da ministração da bênção, a qual lembra o amor divino, o sacrifício de Cristo e a ação do Espírito Santo sobre a nossa vida (2ª Co 13:13).

    Uma das finalidades do culto levítico era adorar ao único e verdadeiro Deus. Em suas reuniões era perceptível que eles tinham como prioridade demonstrar seu reconhecimento dEle como único e verdadeiro enquanto rejeitavam os falsos deuses adorados pelos povos pagãos. Cultuar era dizer “sim” a Jeová e “não” ao paganismo predominante nas nações a sua volta.
    Nosso culto precisa ser, à vista dos incrédulos, um ato de exaltação à Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma rejeição às práticas pecaminosas que o mundo oferece e idolatra. Nossa sujeição a Ele deve servir para mostrar aos ímpios que é do Alto que vem a nossa exaltação (1ª Pe 5:6).

    Cada detalhe no culto levítico visava expor a misericórdia divina sobre suas vidas. Tanto nas canções como na Palavra, o nome de Deus era exaltado por meio das lembranças que faziam de suas ações maravilhosas na vida dos seus antepassados. Tais testemunhos reforçavam sua fé e esperança no Criador.
    O que e com que objetivo temos oferecido em nossos cultos? Nossos louvores exaltam ao Senhor? Nossas pregações edificam o ouvinte? O que passamos aos demais em nossas diversas apresentações e discursos? Muitos, as vezes, fazem uso dos púlpitos para lamentar seus infortúnios ou exaltar sua super santidade, porém, a razão do uso do mesmo deve ser para falar das misericórdias e do poder divino, assim fazendo edificar a fé de nossos irmãos, mostrando o quanto Ele tem cuidado de nós (1ª Pe 5:7).

    Professar a fé, ou seja, afirmar e reafirmar a confiança em Deus era a marca registrada de um culto na época dos levitas. Sua liturgia era aplicada de modo a inserir e deixar gravado em cada mente a divindade, a soberania e a misericórdia divina. Não eram reuniões de petições por seus problemas cotidianos, mas sim verdadeiras ministrações de ensinamento sobre o quanto era essencial que não se esquecessem dEle tanto nos tempos bons quanto nos tempos ruins.
    Que fé professamos quando nos reunimos? Ou será que apenas nos juntamos para pedir uns aos outros que intercedam por nossa vitória nessa vida natural? Muitas coisas pertencentes apenas a esse mundo passageiro têm roubado o verdadeiro foco do culto atualmente, pois muitos ministérios se resumem apenas a organizações de campanhas, cujo ingênuo objetivo é transformar o homem em vencedor e Deus em seu servo (1ª Pe 5:8).

    A espera pelo Messias era, já naquela época, um dos objetivos de seus cultos. Eles o reverenciavam mesmo sem saber de fato quem Ele seria. Isso mostra uma característica de total espiritualidade em sua adoração, pois não exaltavam ao Senhor apenas pelo que Ele já havia feito ou estava fazendo, mas sim também pelo que Ele ainda faria, incluindo a salvação de suas almas.
    A volta de Cristo é o tema central de suas ministrações? Você tem pregado a resistência firme na fé diante das perseguições desse mundo? Por mais que saibamos que Ele concede bênçãos materiais, nosso principal conteúdo de mensagens deve visar a salvação da alma, pois tudo nesse mundo é passageiro, mas o espiritual, seja para a salvação ou para a condenação, é eterno (1ª Pe 5:9).

    Tristemente, embora eles observassem muito as exigências litúrgicas, falharam como adoradores. O próprio Senhor Jesus confirmou a profecia que dizia que aquele povo honrava a Deus com seus lábios, mas seu coração estava longe dEle. Com o tempo, o perigo maior de um culto se fez realidade entre eles: a adoração tornou-se apenas uma aparência ilusória de ações e palavras vazias; estava faltando o envolvimento do coração nos sacrifícios, no louvor e na Palavra.
    Zelar para que o culto não se transforme em gestos vazios - vazios de Deus e cheios do homem - é um dos maiores desafios para a Igreja hoje. Adorar em espírito e em verdade, ou seja, com um sentimento real proveniente do coração e com atitudes que demonstrem isso na prática, é o que o Senhor requer de nós. Quer resposta no seu altar? Sacrifique com seriedade antes (Jo 4:24).


Jonas M. Olímpio



[1]Bode de Expiação: Bode que era tocado para o deserto durante a cerimônia do Dia do Perdão. Ele era o sinal visível de que os pecados do povo tinham sido esquecidos e perdoados (Lv 16:5-28).
[2]Espádua: O ombro com a carne em volta; o quarto dianteiro (Nm 6:19).

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