Romanos 15:4 - “Porque tudo o que dantes foi
escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação
das Escrituras tenhamos esperança”
Seja para pregar, ensinar ou
simplesmente meditar, o leitor, ao examinar a Bíblia deve ter muito cuidado;
pois, embora seja ela a Palavra de Deus, o qual é imutável, é necessário
entender que cada passagem se refere a situações diversas, o que envolve
diferenças de época, de ambiente, de costumes e de nível de conhecimento, detalhes
esses que influenciam na ocasião, na forma, na linguagem e até na razão pela
qual cada mensagem foi enviada. A aplicação de texto fora do contexto[1], sendo ela intencional ou não, é a
mãe de todas as heresias[2], como também das apostasias[3]. Para entender melhor sobre a
identificação e a interpretação dos textos bíblicos é essencial a análise dos
seguintes fatores relacionados a seguir:
A diferença entre o Antigo e o Novo Testamento
Em resumo, o Antigo
Testamento possui quatro tipos de mensagens: informações históricas sobre a
criação da terra e dos seres viventes, a revelação sobre a pessoa de Deus e o
seu caráter, a Lei entregue ao povo de Israel por meio de Moisés e as profecias
messiânicas[4] e escatológicas[5].
a)
Na história da Criação aprendemos sobre a origem da nossa vida e
podemos ver até através da ciência a confirmação da autenticidade da Bíblia;
b) De Gênesis à Malaquias há relatos que
incluem, por meio da história dos israelitas, através das profecias e dos
milagres ocorridos entre eles, ensinamentos e lições cabíveis aos dias atuais
sobre o relacionamento entre Deus e o homem;
c) No
que se refere à Lei Mosaica, embora haja pontos que se refiram exclusivamente à
Israel - as leis cerimoniais[6] e as civis[7] -, existem também preceitos[8] morais[9], os quais devemos sim observar
atualmente;
d) Quanto às profecias
messiânicas e escatológicas, as mesmas são confirmadas e completadas na Nova
Aliança e foram endereçadas diretamente à Igreja.
Questiona-se muito
sobre o fato de devermos ou não pregar ou enfatizar nos ensinamentos as
mensagens do Antigo Testamento; quanto a isso, os fatores que se deve realmente
levar em consideração são os seguintes: a forma como se deu a Criação não pode
ser esquecida, pois ela é a base do conhecimento e da defesa da nossa fé; todas
as situações positivas e negativas vividas pelos israelitas nos servem de
exemplo sobre que conduta devemos ter para agradar ao Senhor, e os milagres do
passado continuam válidos porque Deus é imutável e continua tendo o mesmo poder
e a mesma misericórdia. Só o que não devemos é tomar cada uma daquelas
situações em particular como “doutrinas” achando que devam acontecer exatamente
da mesma forma em nossa vida; as leis aplicadas à Israel, mesmo as que não
forem cabíveis à Igreja, nos servem de orientação de procedimento em relação a
um caráter santo, saudável e honesto; e as profecias messiânicas e escatológicas
são o fundamento de nossa doutrina, as quais nos permitem entender com mais
clareza a atuação de Jesus Cristo e a preparação para a sua volta nesses
últimos dias. Concluindo, o Antigo Testamento deve sim ser pregado e
detalhadamente ensinado nos dias atuais, pois, para nós, a importância do seu
conteúdo não é meramente histórica.
Quanto ao Novo
Testamento, o qual seu início demarca a “fronteira” entre a Lei e a Graça, suas
mensagens são endereçadas basicamente à dois tipos de público: a Igreja
Primitiva e a Igreja atual. Vejamos a diferença entre ambas:
No que se refere à
Igreja Primitiva, existe, principalmente nas epístolas do apóstolo Paulo,
doutrinas concernentes à cultura da época, as quais consideravam o que era
lícito ou não em relação aos costumes dos novos crentes, sendo que uns eram de
origem judia, como a prática da antiga Lei, e queriam inseri-los no
cristianismo, e outros eram de origem gentia, pois tratava-se de pessoas de
várias nações que tinham costumes idólatras ou imorais e também queriam
inseri-los na Igreja cristã. Ao abordar os assuntos contidos em tais epístolas
devemos ter muito cuidado para não apontarmos regras criadas especificamente
para aquele tempo de acordo com a situação cultural, social e intelectual de
cada comunidade evangélica da época. O que podemos extrair delas são exemplos
que confirmam que o Senhor requer de sua Igreja santidade, a qual significa na
prática uma vida de retidão de acordo com o seu santo caráter.
No tocante à Igreja
atual, as mensagens endereçadas a ela estão descritas tanto nos evangelhos como
também em Atos dos Apóstolos, no Apocalipse e também nas epístolas gerais como
ainda nas paulinas. Os quatro evangelhos sinóticos[10] compreendem o nascimento, o
ministério terreno e o sacrifício de Cristo; Atos dos Apóstolos contém a
história do início da Igreja cristã que foi revestida de poder com o
cumprimento da promessa do envio do Espírito Santo; o Apocalipse relata as
coisas futuras, incluindo os últimos dias da humanidade na terra e os
acontecimentos após o arrebatamento até a descrição da condenação eterna e da
morada celestial; as epístolas gerais tratam de exortações variadas sobre a
doutrina a ser seguida pelos crentes atuais; e as paulinas que, além de
recomendações dirigidas especificamente aos cristãos primitivos, traz também
assuntos relacionados à doutrina dos cristãos de hoje.
O Novo Testamento se
inicia ainda na Lei, a qual vai até a consumação do sacrifício de Jesus Cristo.
Essa Nova Aliança, que nos é apresentada de forma escrita em 27 livros, não visa
anular os efeitos do Antigo Pacto que foi criado para garantir o cumprimento da
obediência à Jeová, mas nos mostrar que o sacrifício pelo perdão dos pecados já
foi feito na cruz, invalidando a prática de atos sacrificiais para esse fim, o
que inclui todas as cerimônias impostas aos antigos israelitas. Porém, a Graça
não aboliu os mandamentos, mas sim os resumiu à prática do amor: amando a Deus
e ao próximo, estamos cumprindo todos eles, os quais apenas consistem na
aplicação desse nobre sentimento de forma espiritual e fraternal. Tanto no
Antigo como no Novo Testamento não existe espécie alguma de censura em relação
a qualquer parte de seu conteúdo, desde que aplicado de forma coerente por quem
prega ou ensina, o qual deve deixar claro o que é doutrina e o que é exemplo
que possa ser empregado na exposição da doutrina.
O que é hermenêutica, exegese, etimologia, oratória e homilética
Existem alguns termos
muito mencionados durante os discursos relacionados à Bíblia, mas nem sempre os
pregadores e os professores explicam seu significado, e a utilização dos
mesmos, em vez de ajudar, acaba é causando desinteresse pelo discurso na
maioria dos ouvintes. Alguns desses são a hermenêutica,
a exegese, a etimologia, a oratória e
a homilética, expressões essas de
grande importância não apenas em que saiba seu significado, mas, principalmente
em sua aplicação, o que, infelizmente, tem sido muito deixada a desejar por
muito dos senhores que ocupam os púlpitos dos templos de modo geral. Então
saibamos do que se trata e como usá-los:
Hermenêutica: Essa palavra é originada do verbo grego hermēneuein significando declarar,
anunciar, interpretar, esclarecer e
traduzir. É derivada do nome de um
deus da mitologia grega chamado de Hermes;
segundo a tradição da crença dos antigos gregos, ele seria o mensageiro dos
deuses e, devido a isso, atribuem a ele o título de patrono da comunicação e do
entendimento humano. História à parte, o fato é que a hermenêutica se refere ao
entendimento de um texto.
Biblicamente, o
entendimento das Escrituras é a base do nosso conhecimento sobre Deus e as suas
leis. A interpretação é essencial e está acima de qualquer revelação
espiritual, pois nela não há mudança ou possibilidade de erro: o que está
escrito é a eterna Palavra divina. Isso inclui conhecer o texto por completo e
saber do que se trata o seu assunto a ponto de poder expô-lo ao público.
Exegese: Do grego exegesthai é um verbo com o sentido de interpretar e explicar. É uma interpretação ou explicação do texto, cujo termo
original significa levar para fora, o
que expressa a ideia de uma ampla exposição com textos paralelos que
proporcionem uma detalhada explicação da situação em si. Diferente da
hermenêutica, a exegese consiste em pesquisas de fatos que originaram o assunto
do texto em questão. Um exegeta é aquele que estuda profundamente de forma a
transmitir com clareza aquilo que quer passar para o público.
A exegese aplicada na
menção de textos bíblicos inclui, seja na pregação ou no ensinamento, a
narração da passagem lida com o auxílio de recursos de argumentos referentes ao
assunto, tais como a explicação da história que o antecede, sua comparação com
outras histórias semelhantes, o uso de conjecturas[11], a utilização de ilustrações na medida do
possível e, principalmente, versículos ligados ao mesmo tema. Quanto à opinião
ou testemunho pessoal do preletor - a eisegese[12] - só devem ser inseridos se o
mesmo os expressar de forma racional e equilibrada, tendo o cuidado de não
desviar o foco do público que deve ser para o texto bíblico e não para ele.
Etimologia: Sendo originada do grego etymon
- verdadeiro mais logos - significa tratado e estudo, ela
pesquisa o verdadeiro sentido das palavras explorando os termos que as
originaram, revelando sua história e os elementos gramaticais que a compõem,
permitindo-nos melhor entender seu significado. Para esse fim, os etimólogos
mantêm vivo o estudo de línguas já não mais oficialmente utilizadas por nenhum
povo como, por exemplo, o latim.
Biblicamente, sua
aplicação é essencial, pois nos possibilita compreender com mais clareza o
porquê da aplicação de determinados termos, os quais utilizamos vagamente em
nossa língua e não fazem parte de nossa cultura, e por essa razão não
entendemos seu real significado. Muitas das expressões aplicadas nos textos
sagrados são resultado da junção entre duas ou mais palavras, as quais sofrem
alterações de escritas quando traduzidas para a língua portuguesa. Saber o real
significado daquilo que está falando transmite mais segurança ao preletor e ao
público.
Oratória: É derivada da palavra orar,
que vem do latim orare, que significa
pronunciar em forma de ritual; Desde
o princípio, tendo o significado de falar,
passou a ser mais aplicada com o sentido de falar
em público ou discursar. Dessa
forma, oratória é o ato de falar. É
um conjunto de regras que constituem a arte do bem dizer: a eloquência.
A habilidade de falar,
principalmente em público, é indispensável para a propagação do Evangelho. Esse
ato consiste não somente no conhecimento de textos, mas também na capacidade de
expô-los verbalmente. Existem diferentes tipos e níveis de oradores: uns com
mais e outros com menos desenvoltura; só que mais do que uma ciência a ser
aprendida - embora possa ser aprimorada
-, a capacidade de se expressar publicamente é um dom que, apesar de muitas
vezes se manifestar naturalmente, pode sim ser alcançado por meio da busca
espiritual.
Homilética: Do grego homiletikos,
é derivada de homilos que significa montar em conjunto; consiste na arte de
pregar sermões religiosos, também conhecida como eloquência sagrada. O termo homília representa um discurso com a
finalidade de convencer. A arte de falar em público se iniciou na antiga Grécia
com o nome de retórica[13].
Para os pregadores ou mestres cristãos, ela
nada mais é do que o domínio da arte de preparar e expor um sermão de pregação
ou ensinamento da Palavra de Deus. Sua aplicação consiste em cativar o ouvinte,
causando-lhe interesse pela mensagem expressada verbalmente.
Uma dica importante
aos preletores é que caso optem pela utilização desses ou outros termos, que
pelo menos façam isso de forma que o público entenda seus significados. E,
acima de tudo, aplique-os para não distorcerem os textos sagrados.
Como identificar quando se trata de uma linguagem literal ou de
uma figura de linguagem
A linguagem expressa
por meio de figuras[14] é um recurso de escrita de uso
bastante comum na Bíblia Sagrada. Seu objetivo é, por meio de símbolos ou
exemplos, tornar o texto mais claro para todos os leitores, ou subliminar[15] para que apenas um público
específico o entenda. Para podermos identifica-las corretamente, devemos saber
quais são elas:
Metáfora: Quando algo ou alguém é
considerado como um outro.
Exemplo: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou
conhecido (Jo
10:14)”. Literalmente, Jesus não é um pastor e nem seus seguidores ovelhas, mas
essa forma de expressão representa de que forma devemos imaginá-lo e agir em
relação a Ele.
Símile: Uma comparação com algo
semelhante.
Exemplo: “... sou como um vaso quebrado (Sl 31:12b)”. Em seu momento de aflição, sentindo-se
inútil, o salmista se compara a um vaso quebrado.
Metonímia: Quando algo ou alguém é
considerado como um outro por ter alguma relação com o mesmo.
Exemplo: “Eles têm Moisés e os Profetas (Lc 16:29b)”. Quando Jesus proferiu essa parábola,
Moisés e os profetas já eram mortos; com isso, Ele simplesmente se referia a
todos os demais que pregavam a Palavra ensinada por Moisés e pelos profetas.
Hipérbole: Usar termos que aumentam ou
diminuem exageradamente a situação real.
Exemplo: “...Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu
coração é como cera e derreteu-se dentro de mim (Sl 22:14)”. É óbvio que um ser
humano não pode se derramar como água, nem os seus ossos se desconjuntares ou
mesmo seu coração se derreter como cera dentro do corpo simplesmente pelo seu
estado de tristeza, mas essa foi uma maneira, ainda que exagerada, encontrada
pelo salmista para expressar a tão terrível angústia que estava sentindo.
Ironia: Falar em sentido
contrário àquilo que realmente se quer dizer.
Exemplo: Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o
bem e o mal (Gn 3:22a)”.
Logicamente, o homem jamais será exatamente igual a Deus; mas, com isso, Ele
apenas quis dizer que por ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do
mal, o ser humano passaria a ter um conhecimento a mais, o qual era proibido à
ele, sendo isso um privilégio que somente os seres celestiais tinham acesso.
Antropomorfismo: Atribuir sentidos ou atitudes
humanas a Deus.
Exemplo: “... holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor (Lv 1:9c)”. Deus não
iria literalmente cheirar o sacrifício; essa afirmação apenas demonstra que Ele
ficaria satisfeito se esse ritual lhe fosse oferecido de forma correta e
sincera.
Tipo: Qualquer cerimônia, objeto ou
pessoa que se refira a algum evento futuro.
Exemplo: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho
do Homem seja levantado (Jo 3:14)”. A serpente de metal colocada sobre uma haste, para a
qual as pessoas picadas por cobras olhavam e não morriam pelos efeitos do seu
veneno, foi uma das tipificações que demonstravam profeticamente a missão do
Messias: salvar os pecadores que cressem nEle, assim neutralizando o efeito
mortal - a condenação eterna - causado pelo pecado.
Símbolo: Objeto que representa algo com
sentido espiritual.
Exemplo: “...E eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída
toda carne pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a
terra. 12E disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre
mim e vós e entre toda alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. 13O
meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a
terra... (Gn
9:11-13)”. Após o dilúvio, apareceu um arco-íris simbolizando um pacto entre
Deus e o homem como garantia de que o Senhor não mais mandaria o dilúvio para
destruir a terra.
Alegoria: A utilização de um fato verídico
como profecia de um acontecimento futuro.
Exemplo: “Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei? 22Porque
está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. 23Todavia,
o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por
promessa, 24o que se entende por alegoria; porque estes são os dois
concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. 25Ora,
esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora
existe, pois é escrava com seus filhos. 26Mas a Jerusalém que é de
cima é livre, a qual é mãe de todos nós; 27porque está escrito:
Alegra-te, estéril, que não dás à luz, esforça-te e clama, tu que não estás de
parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. 28Mas
nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque. 29Mas, como,
então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o
Espírito, assim é também, agora. 30Mas que diz a Escritura? Lança
fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará
com o filho da livre. 31De maneira que, irmãos, somos filhos não da
escrava, mas da livre (Gl 4:21-31)”. Esse é um exemplo de como Deus usou a história do
nascimento de Ismael e Isaque, os dois filhos de Abraão, para mostrar o que
aconteceria com o povo de Israel.
Parábola: Ilustrações elaboradas para
exemplificar algo real.
Exemplo: “E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que
eram justos, e desprezavam os outros: 10Dois homens subiram ao
templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. 11O fariseu,
estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não
sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como
este publicano. 12Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de
tudo quanto possuo. 13O publicano, porém, estando em pé, de longe,
nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus,
tem misericórdia de mim, pecador! 14Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se
exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado (Mt 18:9-14)”. Jesus contou essa
parábola para ilustrar o quanto algumas pessoas se julgam superiores condenando
o próximo por sua origem, aparência ou maneira não tradicional de servir ou
adorar a Deus, não se dando conta de que estão cometendo o terrível pecado da
soberba.
Tais figuras de linguagem possuem um imenso
valor no significado de um texto; porém, sua não interpretação ou uma
interpretação equivocada, inevitavelmente, provoca sérias consequências porque
distorce totalmente seu real sentido ou significado. Para saber se um texto
está em linguagem literal ou figurada é essencial a leitura de todo o seu
conteúdo, considerando todos os fatores possíveis mediante uma minuciosa
análise, ou seja: um detalhado exame de texto e contexto para concluir se ele
faz sentido ou não.
Finalizando nossa análise sobre
identificação e interpretação dos textos bíblicos, podemos concluir que o
principal fator para um bom entendimento sobre alguma leitura em particular é
saber para quem ela foi escrita, e depois sim fazer um detalhado exame sobre o
significado histórico e profético do texto. Grande é a responsabilidade dos
ministros[16] da Palavra de Deus, tanto é que
essa tarefa é recomendada à poucos (Tg 3:1). No entanto, receber esse maravilhoso dom não é motivo para
sentir-se atemorizado, mas sim honrado, porque esse é um privilégio dispensado
apenas a homens e mulheres em quem o Senhor deposita confiança; pois nem todos
são dignos e aptos à nobre missão de transmitir a grandiosa mensagem da
salvação (1ª Tm 5:17,18); e saber manejar bem o Livro é
mais do que um status, é uma obrigação (1ª Tm 2:15)!
[1]Contexto: Conteúdo do texto. Relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto. É
o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja emitir-
lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, etc. - e que permitem sua
correta compreensão.
[2]Heresia: Doutrina, muitas vezes praticada de forma inconsciente, que se opõe aos
dogmas da Igreja. Absurdo, contrassenso, disparate. Ato ou palavra ofensiva à
Deus ou à religião.
[3]Apostasia: Abandono ou desvio público e consciente
de uma religião, de uma doutrina, opinião ou da própria fé.
[4]Profecia Messiânica: Profecia relacionada à
vinda do Messias (Jesus Cristo).
[5]Profecia Escatológica: Profecia relacionada aos
acontecimentos dos últimos dias da humanidade sobre a terra.
[6]Lei Cerimonial: Conjunto de regras que
regulamentavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no
Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes e encontram-se
descritas especialmente no Livro chamado Levítico.
[7]Lei Civil: Conjunto de regras que
regulamentavam um padrão de conduta aos cidadãos em seu convívio na sociedade
israelita. Seu descumprimento resultava em penas, geralmente rígidas, que
podiam chegar a condenação à morte.
[8]Preceito: Ordem dada para servir como regra geral.
[9]Lei Moral: Conjunto de regras que
regulamentavam um padrão moral a ser seguido; consistia no ensinamento de
vários princípios básicos envolvendo respeito ao próximo, comportamento sexual
e higiene pessoal. Ela definia a conduta do cidadão em relação à família, à
sociedade e ao próprio Deus.
[10]Sinóptico: Que se refere ou pertence a sinopse. Diferentes apresentações com o
mesmo conteúdo. Os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João são considerados
sinópticos porque narram praticamente os mesmos fatos.
[11]Conjectura: Juízo ou opinião com fundamento
incerto; suposição, hipótese.
[12]Eisegese: Do grego eisegeses (eisegesis). Consiste em introduzir em um texto alguma
coisa que alguém deseja que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do
mesmo. É o Antônimo da exegese. Ela ocorre quando o leitor procura imprimir ao
texto sagrado a sua própria interpretação.
[13]Retórica: Conjunto de regras relativas à
eloquência. Livro que contém essas regras. Exibição de meios oratórios.
[14]Figura: Representação por pintura ou escultura de um corpo humano ou de um animal
(Lv 26:1), ou de um vegetal (2º Cr 4:3). Jeito; aspecto (1º Sm 28:14). Fiasco
(2º Sm 6:20). Comparação (Jo 16:25). Forma; semelhança (Fp 2:7). Tipo (Hb
9:23-24).
[15]Subliminar: Uma mensagem oculta dentro de outra mensagem.
[16]Ministro: Servo (Sl 103:21; Jo 18.36). Empregado (Rm 13:4). Conselheiro;
auxiliar (2º Sm 8:18). Pessoa designada para exercer um ministério
(2º Cr 29:11; At 26:16). O servo de Cristo que, na igreja, prega a palavra
e administra o batismo, a ceia, etc. (1º Co 4:1; Ef 6:21; 1º Tm 4:6). Um
administrador.
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