segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Morro de Ciúmes. Como Posso Controlar Isso?

O maior sinal da existência de um
ciúme problemático é quando a
pessoa não espera surgir uma
evidência, mas procura por ela. 

Esse é o primeiro sintoma de 
uma grave doença que pode 
enfraquecer o casamento e 
levá-lo à morte.
    Antes de meditar biblicamente sobre o ciúme[1], é necessário relatar que estudiosos no assunto o classificam em vários tipos; porém, aqui, apenas os classificarei em duas formas: o benigno e o maligno. Mas pode haver ciúme benigno? É claro que pode! Tanto que esse sentimento é uma das características do Espírito Santo (Tg 4:4,5). O ciúme benigno é aquele que surge de forma natural e não causa danos; esse é até necessário, pois é impossível amar sem desenvolver nem um pouco desse sentimento, o qual, além de amor, expressa valorização e cuidado, fortalecendo o relacionamento por mostrar ao cônjuge - tanto o homem quanto a mulher - que não é indiferente em relação a ele, também levando-o a se sentir protegido por notar que a pessoa, de forma sábia - moderada e discretamente[2] -, prioriza o relacionamento fazendo-o se sentir amado e não sufocado. Já o ciúme maligno é aquele que demonstra desconfiança e, muitas vezes, mesmo sem provas que o justifiquem, causa tormento na mente da pessoa que tanto pode sofrer sozinha chegando até à depressão[3], como também se tornar um tormento na vida do cônjuge, levando, muitas vezes, à agressão física e até ao homicídio, o que explica - apesar de não justificar - tantas ocorrências de crimes passionais[4]. Esse segundo tipo, espiritualmente falando, embora aparente ser um simples estado emocional, é de origem maligna, pois, além de a medicina não apresentar cura, suas consequências são danos na vida espiritual, sentimental, familiar, física e até financeira. Sendo assim, só pode ser combatido com armas espirituais.
    Quando possessivo[5] e fora de controle, espiritualmente ele é definido como uma obra da carne como é descrito em Gálatas 5:19-21[6] [7] [8] incluído numa imensa lista de coisas condenáveis por Deus, as quais, aqueles que as praticam, se não as abandonarem, não têm direito à salvação. Dessa forma podemos perceber o quanto esse sentimento é perigoso, pois as obras da carne são originadas pela nossa tendência pecaminosa (Gl 5:17), a qual é operada por Satanás quando lhe damos alguma brecha para ele agir em nossa vida (1ª Pe 5:8). Por isso, devemos prudentemente lutar contra isso andando em Espírito (Gl 5:16; Tg 4:7). Mas como conseguir andar em Espírito quando um sentimento está machucando o coração? Quando a situação está nesse nível, precisamos apertar o “botão de alerta vermelho” espiritual, ou seja: parar, identificar o problema e providenciar a “manutenção” o mais breve possível, pois se insistir em prosseguir do jeito que está, a “máquina” com certeza vai quebrar e o prejuízo será muito grande. Isso significa que não se deve alimentar esse ciúme, mas sim encará-lo como um terrível mal e combate-lo de todas as formas até eliminá-lo de vez. Para isso, basta colocar em prática algumas regrinhas básicas do padrão moral de acordo com os princípios bíblicos. Vejamos algumas delas:
1.      Se você confia em Deus e ora por seu cônjuge, deve confiar que Ele não te permitiria continuar enganado caso estivesse sendo traído.
2.      Não se deixe levar por aparências, pois nem todos os que se aproximam da pessoa que você ama estão interessados nela. Controle suas reações porque ninguém gosta de se sentir controlado como se fosse um objeto que pertencesse a alguém.
3.      Caso ache que tenha razão para suspeitar de algo, investigue com cuidado e sem que ela perceba e, caso se confirme algo errado, peça direção a Deus, mantenha a calma e tome as devidas providências, de preferência, sob a orientação de alguém responsável e experiente no assunto.
4.      Se o problema for a postura chamativa dela em seu comportamento como, por exemplo, roupas curtas e apertadas e atenção exagerada a alguém, chame-a para uma conversa sincera, mas seja moderado em suas palavras e cuidadoso em suas atitudes.
5.      Procure sempre saber quais são as maiores carências do seu cônjuge e tente satisfazê-las; sua segurança é maior quando você se sente confiante naquilo que lhe está oferecendo.
    Vejamos agora também o outro lado da moeda: se você for a “vítima” da pessoa ciumenta, antes de qualquer decisão radical, precisa saber que é necessário levar em conta alguns fatores, tais como:
1.      Se a pessoa sente ciúmes, é porque você tem muita importância para ela; por isso, em vez de se sentir ofendido ou sufocado, sinta-se valorizado.
2.      Caso a atitude do seu cônjuge seja mesmo injusta e exagerada, aja com sabedoria mostrando-lhe que não há razões para tal conduta. Caso o mesmo persista em se comportar de forma inconveniente, uma boa conversa acompanhada pelo convite de buscarem a Deus juntos pelo relacionamento pode, e vai, ajudar muito.
3.      Para preservar seu casamento e sua paz dentro do lar vale qualquer esforço. Identifique as reclamações do seu parceiro e, no que for possível, mude seu comportamento: isso inclui sua forma de relacionamento com outras e até sua maneira de se vestir.
4.      No caso do ciúme chegar a ser doentio a ponto de tornar-se perigoso, nunca dê o troco na mesma moeda e nem o trate como um doente ou um criminoso, mas, sob uma intensa busca de solução diante de Deus, mostre-lhe o quanto o ama, fazendo-o perceber sua grande luta pela preservação do relacionamento.
5.      Lembre-se que uma pessoa ciumenta é extremamente sentimental, por isso, maltratá-la ou abandoná-la a levaria a um tão grande sofrimento que colocaria em risco a sua saúde e até a sua própria vida. Por essa razão, ajude-a. Além do mais, ao se casar, você assumiu um sério compromisso diante de Deus, no qual também está incluída a obrigação de cuidar do cônjuge nos momentos difíceis.
    Resumindo, o maior remédio contra o ciúme é a transparência na relação. Simples detalhes como o acesso à senha de redes sociais e, toda vez que for sair, perguntar se essa roupa que você está usando é do seu agrado, fazem grande diferença para a manutenção de um casamento saudável. Pois é preciso passar e ter confiança na pessoa a quem Deus permitiu ou colocou para fazer parte da sua vida. Se não tiver mais condições de controlar esse sentimento, converse com sua esposa ou seu esposo, proponha orarem juntos e, se preciso for, busque orientação espiritual de servos de Deus confiáveis e aptos para isso e, caso aja mesmo necessidade, procure por ajuda médica. É preciso levar isso muito a sério porque essa é uma das maiores causas de atos de violência, divórcios e transtornos mentais de gravíssimas consequências. É necessário se considerar também que isso nem sempre é sinônimo de amor, pois, muitas vezes, é apenas a explosão da ira proporcionada pelo ego humano, tendo sido originada pelo simples sentimento de posse, o qual o faz não aceitar parecer inferior diante de uma sensação de perda. Não importando a causa, sendo ela justa ou não, ciúme exagerado pode provocar problemas, e aonde reinam os problemas, certamente não existe amor puro e sincero; pois o verdadeiro amor é aquele que acredita, confia, dá liberdade, não sente medo de perder, ajuda, compartilha, proporciona conforto e, também, não se deixa dominar negativamente por sentimentos de ciúmes  (1ª Co 13:4).



[1]Ciúme: Inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade no amor ou em outra aspiração. Vigilância ansiosa ou suspeitosa nascida dessa inquietação. Ressentimento invejoso contra um rival ou suposto rival mais eficiente ou mais bem-sucedido, ou contra o possessor de uma vantagem material ou intelectual cobiçada.
[2]Discreto: Que sabe guardar segredo; reservado. Atento, circunspecto, prudente. Modesto, recatado. Moderado, sem alarde. Que não ofende o recato ou a modéstia de outrem.
[3]Depressão: Existem dois tipos de depressão: a depressão mental e a depressão nervosa. A depressão mental é uma perturbação que atinge e mente e é caracterizada pela ansiedade e pela melancolia; e a depressão nervosa é um estado patológico de sofrimento psíquico assinalada pelo abatimento do sentimento de valor pessoal, por pessimismo e por desinteresse em relação à vida. Ambos os tipos também se caracterizam pela irritação e, geralmente, são causados pelo stress, podendo causar problemas cardíacos que podem levar até mesmo à morte. A depressão provoca as seguintes reações no corpo humano: diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial; maior produção de fatores coagulantes, permitindo a formação de coágulos que entopem as artérias; desequilíbrio nas atividades do endotélio estreitando os vasos e produzindo compostos inflamatórios; emissão de sinais que elevam a frequência cardíaca; redução no sistema de defesa, deixando o corpo vulnerável à várias doenças.
[4]Passional: Relativo a paixão. Motivado pela paixão.
[5]Possessivo: Que indica posse. Relativo a posse. Essa é uma expressão referente a pessoas que sentem-se donas de algo ou de alguém.
[6]Porfia: Contenda de palavras; discussão.
[7]Emulação: Competição. Sentimento que leva a igualar ou a superar alguém.
[8]Dissensão: Divergência de opiniões, de interesses, de sentimentos; disputas; desinteligências; desavenças; dissentimento.

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