quarta-feira, 18 de julho de 2018

Levítico, Adoração e Serviço ao Senhor

Esboço Resumido - Escola Bíblica Dominical (Lições Bíblicas - Adultos - CPAD)

Lição 1 - LEVÍTICO, ADORAÇÃO E SERVIÇO AO SENHOR

O fascinante e complexo livro de
Levítico, embora tenha sido elaborado
no objetivo de instruir o serviço
sacerdotal, possui um valor simbólico
e didático para a prestação de culto na
Igreja atual.
Texto Áureo
Levítico 26:11 - “E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará.”

Verdade Prática
A verdadeira adoração a Deus compreende, necessariamente, o nosso serviço voluntário, santo e amoroso ao seu Reino.

Leitura Bíblica em Classe
Levítico 27:28-34 - “Todavia, nenhuma coisa consagrada que alguém consagrar ao Senhor de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda coisa consagrada será uma coisa santíssima ao Senhor. 29Toda coisa consagrada que for consagrada do homem não será resgatada; certamente morrerá. 30Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores são do Senhor; santas são ao Senhor. 31Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará o seu quinto sobre ela. 32No tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. 33Não esquadrinhará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se em alguma maneira o trocar, o tal e o trocado serão santos; não serão resgatados. 34Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.”

Comentário
    Falar do livro de Levítico, para a Igreja atual, parece ser desnecessário e cansativo, pois aparentemente seu conteúdo se resume a preceitos exclusivos para Israel naquela época. Esse pensamento se dá devido a quase totalidade de seus textos serem explicações detalhadas sobre sacrifícios e procedimentos dos levitas, principalmente dos sacerdotes.
    Porém, ele não traz apenas regras de culto como se fosse simplesmente um manual de conduta sacerdotal. Ele possui sim uma mensagem, a qual está centralizada na santificação e serve de ensinamento para nós hoje de como termos uma verdadeira aproximação e intimidade com o Senhor por meio da adoração e prestação de serviço ao seu Reino. Em seu capítulo 27, por exemplo, nos ensina a importância da consagração a Deus de parte daquilo com o que Ele nos permite sermos abençoados em nossa vida, mostrando que o sustento material de sua Obra na terra é responsabilidade nossa; ensina que o que temos não é nosso, é dEle; fala que nossas posses também são sagradas; enfatiza a responsabilidade que temos sobre aquilo que é entregue na Casa dEle; destaca nossas obrigações como administradores; alerta sobre o perigo de profanar aquilo que é sagrado; lembra ainda da obediência que se deve aos seus mandamentos. Ainda que se trate de algo destinado à orientação de Israel naquela época, não deixa de ser um imprescindível ponto de referência para a conduta da Igreja que aguarda o Arrebatamento.

    A comprovação de que Levítico é um livro canônico é o fato de que ele foi colocado junto com os demais livros do Pentateuco na Arca da Aliança no Tabernáculo. Dessa forma, ele é também considerado como livro da Lei ou livro do Senhor.
    Os cinco primeiros livros bíblicos se completam como uma definição histórica e doutrinária que nos levam ao conhecimento sobre nossa origem e responsabilidade diante de Deus. Embora Jesus tenha resumido os mandamentos em amar a Deus e a si próprio, isso não elimina seu conteúdo original, pois quem ama não desonra a Deus, não adora falsos deuses, não debocha do santo nome dEle, reserva um tempo para Ele, honra pai e mãe, não mata, não adultera, não furta, não mente e não cobiça. Em relação ao conteúdo da Lei Mosaica, ela se dividia em cerimonial, civil e moral, as quais, respectivamente, tinham a função de organizar a adoração, as questões sociais e as regras mais básicas de convívio. Quanto à adoração, haviam razões para sacrifícios que não se aplicam à igreja atual, porque nossos “sacrifícios” hoje se resumem no que fazemos em nome dEle; em relação à civil, entendemos que cada país tem por direito definir seus padrões de justiça, então o que havia ali era a permissão divina de acordo com a necessidade dos israelitas naquele momento, assim não se tratando de uma obrigatoriedade para nós aqui hoje; no tocante às questões morais, isso sim são mandamentos válidos em qualquer época e lugar. Portanto, ter Levítico como base - e não regra - doutrinária, nada mais é que ter nossas origens como fonte de nosso aprendizado (2ª Tm 3:14).

    Seu gênero literário pode ser definido como um manual de culto para Israel no Antigo Testamento. O propósito desse livro é ensinar o povo de Deus a viver em segurança espiritual para não se desviar do santo caminho. Sua autoria é atribuída à Moisés em 1.406aC, pouco antes de sua morte. Seus personagens centrais são Moisés, Arão, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Seus temas giram em torno de sacrifícios, sacerdócio, purificação e santificação. Os principais acontecimentos narrados nele são o início do ministério sacerdotal e a morte de Nadabe e Abiú que ofereceram fogo estranho perante o Senhor - provavelmente um incenso não consagrado ou algo assim -.
    Levítico é um reflexo de toda a Bíblia, inclusive do Novo Testamento, pois o que mais lemos nas Escrituras Sagradas são exortações à santificação seguido de orientações sobre a verdadeira adoração. Os princípios morais e a reverência de culto são citados em todas as passagens de diferentes formas. Por muitas vezes, nos inspiramos em Moisés e em seus demais personagens como exemplo de liderança ou de servos, seja em seus erros ou em seus acertos. Desde nosso início na caminhada na fé aprendemos a importância de cada um dos livros bíblicos e Levítico não está fora dessa lista (2ª Tm 3:15).

    A inspiração desse, como de todos os outros livros bíblicos, é divina; porém, a escrita é humana e, no caso do livro de Levítico, foi feita por Moisés. Ele, por sua vez, também escreveu os outros quatro livros do Pentateuco. Logo no início do seu primeiro capítulo podemos constatar isso: "E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes [...]".
    Tudo o que fazemos para a Obra de Deus não deve ser atribuído como mérito nosso, pois aquEle que nos inspira é o verdadeiro Autor das obras executadas por nossas mãos. Para ser porta-voz de Deus, tanto por palavras escritas ou faladas e também por ações, necessário lhe foi ter uma intimidade muito grande com o Senhor: lhe falava face a face, como um amigo. Como está o seu relacionamento com Deus? Ele tem te usado como instrumento em seus propósitos? Ele confia em você? O que você faz pode ser considerado como divinamente inspirado (2ª Tm 3:16)?

    Sua data, segundo a cronologia bíblica, se estabelece entre o período da saída do Egito até a morte de Moisés, de 1.445 até 1.406aC. Em meio às dificuldades do deserto foi erguido o tabernáculo e muitos milagres foram presenciados. Não há como contar a história de Israel sem se lembrar desse intervalo de tempo.
    Períodos difíceis de nossa vida são aqueles que mais contribuem para o nosso bem, pois são eles que nos exigem a “construção de um tabernáculo”, ou seja, nos aproximam mais de Deus e nos ensinam a adorá-lo verdadeiramente. Quando resistimos de pé diante das crises, nossa história fica marcada por esse capítulo, o qual nos permite estarmos sempre vivos na memória daqueles que nos tomam como exemplo de luta e perseverança. Se seus problemas não te mataram, tenha certeza de uma coisa: na escola da vida, Deus está te usando como lousa para dar as aulas do dia-a-dia aos demais alunos. Ao passo que aprendemos, ensinamos; ao passo que somos edificados, edificamos (2ª Tm 3:17).

    Em todo o Pentateuco vemos que o maior desafio de Moisés não foi tirar o povo do Egito, mas sim tirar o Egito do povo; os maiores exemplos disso são as murmurações por comida e a construção de um bezerro de ouro. Eles enfrentavam um sério problema devido ao fato de terem convivido por tanto tempo com a idolatria no Egito. Eles estavam fisicamente livres, mas permaneciam escravizados pelo pecado e necessitavam urgentemente de libertação. Por essa razão, santificação é o tema central de levítico; eles precisavam aprender a diferenciar o puro do impuro.
    Libertação não é estar dentro de uma igreja, libertação é saber que a igreja está dentro de você. Deixar ídolos pra traz, ou seja, não se prender mais às coisas do passado que te impediam o contato com Deus é a prova de que no tabernáculo que você ergueu em seu deserto realmente paira a presença do Senhor. Precisamos nos comportar como filhos, tomar nossa posição de sacerdotes, nos separar daquilo que pode nos separar de Deus e fazer jus ao valor que Ele atribui a nós imerecidamente; tudo isso para que nossos sacrifícios sejam dignos de adentrar sua glória sendo por Ele recebido (1ª Pe 2:9).

    Os israelitas peregrinaram por quarenta anos numa região desértica, e não é pelo fato de não estarem ainda na terra prometida que eles não precisavam de leis, muito pelo contrário, pois mesmo em viagem, eles necessitavam de regras que regulamentassem seu convívio social, como também sua vida espiritual. Essa foi a função do livro de levítico: mostrar que eles já eram uma nação antes mesmo de se estabelecerem fisicamente numa terra que realmente pertencesse a eles. Se não houvesse regras não haveria ordem, e sem ordem não haveria condições de convivência. Aquele era um povo duro por natureza, por isso as leis eram tão duras.
    Todos os mandamentos bíblicos, do Antigo ao novo Testamento, foram estabelecidos à altura da necessidade e da condição do homem como pecador, mostrando-lhe com clareza o que é requerido dele para ser considerado justo diante de Deus. Lembrar do Egito que saímos é um bom começo para entender o privilégio da justificação, pois agora somos parte do povo de Deus; ainda que merecêssemos a condenação, sua misericórdia nos alcançou (1ª Pe 2:10).

    O livro de Levítico mostra a função de Moisés como líder: levar pessoas pecadoras, idólatras e acomodadas a serem santas, fiéis e obreiras. Esse escrito visava então ser um material didático desse desafiador aprendizado. Neles estava contido o passo-a-passo que deveriam cumprir se quisessem tornar-se verdadeiros servos do Senhor, assim alcançando as bênçãos e não as maldições por Ele propostas.
    Santificação, fidelidade e serviço; sem essas condições não há como agradar a Deus, pois nossa caminhada espiritual consiste em separação das coisas mundanas, amor verdadeiro ao único Senhor e prazer em fazer algo em prol de seu Reino. Para entender e viver isso é preciso ter em mente que vivemos nesse mundo, mas não pertencemos a ele; os prazeres ilícitos são passageiros, mas suas consequências inimagináveis, por isso precisamos nos privar deles; o pecado sempre os usará para derrotar nossa alma (1ª Pe 2:11).

    Esse livro foi entregue nas mãos dos filhos de Levi e não nas mãos do povo. Sobre os sacerdotes estava a responsabilidade de orientar os liderados quanto à vontade divina. Porém, eles não só ensinavam, mas primeiramente serviam de exemplo observando, ou seja, praticando rigorosamente o que nele está escrito. Sua pureza moral, espiritual e até física estava exposta diante de todo o povo.
    Como líderes, sabemos que nossas atitudes falam muito mais alto do que nossas palavras, pois os liderados querem ver em nós o que cobramos deles. Da mesma forma, como cristãos comuns, todos precisam ser exemplo diante do mundo, pois não há como ganhar almas se não mostrarmos a eles que há alguma vantagem em largar os prazeres mundanos para professar uma crença espiritual. Diante do mundo devemos estar alicerçados, mostrando firmeza naquilo que por nós é construído; diante de Deus devemos estar de coração aberto, prontos à qualquer mudança para fazer algo que lhe agrade (1ª Pe 2:5).

    Levítico traz um apelo que desperta o povo à urgência de uma vida de total entrega à vontade do Senhor. Sua ênfase à santificação mostra o quanto as coisas impuras podem contaminar e matar uma alma. Ele mostra a importância e a necessidade de que do maior até o menor todos estejam prostrados diante dEle. A situação é tão séria que o sacerdote tinha que sacrificar também por ele e depois pelo povo.
    O Novo Testamento também nos atenta à essa questão, levando-nos a compreender que antes de sermos ministros devemos ser também ministrados. Nos ordena a pregar, mas nos orienta a estarmos aptos a praticar a pregação; nos alerta a termos cuidado para não morrermos enquanto estamos tentando salvar os demais (1ª Tm 4:16).

    Algo que também Levíticos ensina com grande destaque é a necessidade e o valor da intercessão. Na era da Lei, intercessão era algo bem mais complexo, pois o sacerdote fazia o papel de intermediador entre o homem e Deus; ele precisava estar sempre preparado para exercer essa delicada função.
    O sacrifício de Cristo, nosso Sumo Sacerdote, mudou essa situação, dando-nos acesso ao Espírito Santo, assim transformando nosso próprio coração num altar de sacrifício. Desse modo, podemos nós mesmos, em nome de Jesus, falar e ouvir diretamente o Pai. É necessário interceder uns pelos outros, mas um detalhe na oração é que não basta orar, é preciso estar em condições de orar (1ª Tm 2:1,8).

    Deus é santo e abençoador, e sempre requereu de seus escolhidos santificação e serviço. O povo precisava se abster daquilo que impedisse sua comunhão com ele, enquanto que os sacerdotes deveriam oferecer o máximo de si e com perfeição. Cada detalhe tinha um significado e nada podia ser ignorado tanto na adoração quanto na ação.
    O que estamos levando para o templo? O que estamos oferecendo ao Senhor? No que realmente estamos pensando no momento que dizemos que estamos adorando a Ele? O que estamos de fato querendo em tudo aquilo que fazemos em nome dEle (Lv 11:44; 1ª Pe 1:16)?

Jonas M. Olímpio

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