sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Enfim, o Casamento... Bem-Vindo a Um Novo Mundo!

A realização maior em nossa vida
terrena está no casamento; pois é
a partir dele que várias
conquistas se seguem fazendo
com que nos sintamos mais dignos
como cidadãos e como servos do
Senhor.
    Passado o período de euforia do início da vida à dois, depois de amenizar a ansiedade das novas experiências, é hora de começar a perceber que o sabor do mel é muito bom, mas para poder saboreá-lo, as vezes, é preciso suportar algumas ferroadas. Mas fique tranquilo, pois vale a pena sentir um pouco de dor para poder ter a honra de olhar no espelho e dizer: “Agora sou um chefe de família!”, “Agora sou uma dona de casa!”; afinal, a sensação de autoridade e liberdade é algo incomparável e não tem preço. Porém, é melhor ir com calma aí porque é preciso se lembrar de algo muito importante: o casamento é constituído por duas pessoas, sabe o que isso significa? Significa que você não está só e, se não está só, tanto a autonomia quanto a liberdade são limitadas, pois é preciso haver respeito e cuidado em relação àquela pessoa que agora vai viver ao seu lado até o fim da sua vida. E se você quer que essa convivência seja mesmo até o fim da vida é melhor ir se acostumando com essa ideia: “Não estou só!”; “Tudo o que tenho não é só meu!”; “Não posso tomar decisões importantes sozinho!”; “Quero ser amado, mas será que estou amando?”. É a partir do momento que conseguir fazer e responder essas perguntas a si mesmo que você poderá ter a certeza de que está agindo como um esposo ou uma esposa cristã (1ª Pe 3:6,7[1] [2] [3]).
    Uma das primeiras coisas que um recém-casado precisa é se acostumar com a ideia de que não está sozinho e que agora, querendo ou não, vai ter que aprender a impor limites a si mesmo para poder respeitar os direitos do cônjuge. Sendo assim, muitos costumes, hábitos ou manias precisam ser mudados ou até abandonados de vez, pois algumas atitudes que pareçam não ser um problema para você, talvez sejam um problema para a pessoa que está ao seu lado. A vida conjugal depende muito do amor[4], e amar, na prática, significa abrir mão de qualquer coisa que possa interferir negativamente em seu relacionamento com a pessoa amada ou também suportar algumas práticas dela que não te agradem muito; pois quem ama respeita, e quem respeita se sacrifica. Porém, é óbvio que você não vai ter que renunciar a tudo que faça parte da tua vida e nem também aceitar atitudes da parte dela que ultrapassem os limites do tolerável, afinal, o “sacrifício” tem que ser mútuo, ou seja: ambos devem se respeitar se limitando e se suportando dentro da medida do possível. Isso significa que em alguns momentos você precisará convidá-la para uma conversa um pouco mas séria e expor com clareza o que pensa, o que sente e apontar uma solução razoável para ambos: uma alternativa que não pareça apenas te favorecer, mas que seja viável também para ela. Esses diálogos não apenas representam uma saudável preocupação de sua parte em manter a harmonia no lar, mas demonstram também o quanto você é atencioso e se interessa não somente pelo seu próprio bem-estar, mas também pelo dela, lembrando ainda que, além de marido e mulher, são também irmãos em Cristo (Rm 12:9-11[5]).
    Outra coisa muito importante a aprender nos primeiros passos da vida conjugal é que praticamente tudo o que é seu também pertence a ela e vice-versa; quem não conseguir compreender o sentido da “lei do compartilhamento”, definitivamente, não vai se dar bem no casamento. O sentimento de egoísmo é uma das maiores causas de conflitos entre casais, pois não há como viver sob o mesmo teto estabelecendo “fronteiras de acesso proibido” ao seu próprio cônjuge. Tanto objetos de uso em comum quanto coisas mais sérias como senhas de cartões e decisões sobre negócios relacionados às finanças, estudos, saúde, questões sentimentais e quaisquer tipos de projetos devem ter plena participação de ambos. Afinal, casamento é liberdade de opinião e correção, parceria, confiança, amizade e até cumplicidade; a falta de algum desses fatores é o indício de que algo não está bem: um sinal de alerta indicando que alguma peça precisa ser ajustada antes que a engrenagem apresente problemas de funcionamento ou pare de vez. Sendo assim, entre duas pessoas que compartilham o mesmo sentimento, não pode haver restrições, desconfiança, segredos, vergonha ou deslealdade; caso haja, isso significa que um dos dois - ou os dois - não está compartilhando de fato do mesmo sentimento (1ª Co 13:4-7[6]).
    No que se refere às decisões importantes da casa, não deve o marido agir autoritariamente achando que tem direito sobre tudo ou mesmo jogando esse peso nas costas da esposa, e nem a mulher se excluir de suas responsabilidades pensando que isso não é problema dela ou ainda tomando a liberdade de não respeitar a autoridade do esposo. É preciso haver consenso: equilíbrio e concordância. E isso é necessário porque, além de ser uma demonstração de respeito, se algo der errado um não vai poder culpar o outro, afinal, ambos optaram juntos por essa decisão. O descumprimento dessa regra tão básica de convivência é um erro tão grave que não sou poucos os casos de separação porque, de repente, chegaram contas, ou cobranças de contas não pagas, que o esposo ou a esposa nem sequer imaginavam sua existência. Com exceção de ser um presente surpresa, ainda que os dois trabalhem para ganhar seu próprio dinheiro, é importante sim que cada um saiba dos negócios realizados pelo outro até mesmo porque num caso de desemprego, por exemplo, o parceiro estando ciente da dívida pode se programar para ajudar no pagamento da mesma. E esse acordo nas decisões é importante não apenas em assuntos financeiros, mas em tudo quanto seja realizado no dia-a-dia, pois é apenas um simples detalhe que pareça não fazer diferença alguma para você que pode fazer muita diferença para ela e provocar gravíssimos problemas com danos quase irreparáveis, sendo que tais prejuízos poderiam ser facilmente evitados com simples atitudes como, por exemplo: sempre ligar informando aonde está e para onde vai, não esconder recados e nomes de amigos adicionados em redes sociais, pedir opinião sobre qual roupa vestir ou com quem deve ir a determinado lugar e sempre comentar sobre seus sonhos ou objetivos demonstrando total disposição e interesse em saber o ponto de vista dela. Comunicar e pedir participação nas decisões, assim como em qualquer relacionamento, estruturam e fortalecem o casamento, pois a Bíblia nos ensina a não fazermos projetos sozinhos  (Pr 15:22; Ec 4:9,10).
    Outra falha que se deve evitar a todo custo são os questionamentos ou as cobranças excessivas, principalmente quando você não pratica como deveria aquilo que questiona ou cobra, e uma dessas coisas é o amor. A correria cotidiana tende em nos transformar em egoístas levando-nos pensar que estamos fazendo muito e recebendo pouco do nosso cônjuge. Um bom exemplo disso é o fato de que quando um homem chega em casa cansado, se a mulher pede atenção, ele se sente no direito de não lhe atender e, por outro lado, se é ele que lhe pede atenção e ela se justifica dizendo que está cansada, já acha que ela não está querendo retribuir ao seu amor; e como o inimigo adora essas brechinhas começa a colocar um monte de minhocas na cabeça do sujeito, tipo: “Ela está agindo com ingratidão, desinteresse, acho que não me quer mais, deve estar me botando chifre!” e por aí vai. Essa situação se aplica a ambos, e para evita-la basta simplesmente compreender que todos nós temos momentos de indisposição e a não ser que esses argumentos sejam rotineiros, não podem ser encarados como desculpas, mas sim como eventualidades as quais você vai sobreviver. Quem realmente ama passa a conhecer a pessoa de uma tal forma que dificilmente se consegue enganar com qualquer aparência e sabe entender as fraquezas e esperar, não se tornando assim um “torturador” da pessoa amada. Você ama de verdade? Então com certeza você a trata da mesma forma como espera que ela te trate (Mt 22:39; Rm 13:10).
    O casamento é muito mais do que uma mudança de casa, membros familiares e estado civil nos documentos, ele significa uma alteração total em sua rotina que interfere não só em seu coração, mas te faz sentir mudanças psicológicas e até físicas. É a partir daí que você vai aprender a conviver com uma realidade que te exigirá mais responsabilidade, autocontrole, firmeza, coragem, sabedoria, boa vontade e até fé em Deus... ou seja: tudo o que você já tinha ­- ou pensava ter­ - antes, agora precisa ser incalculavelmente multiplicado por valores indefinidos e dividido por dois. Mas não se assuste e nem pense que isso é negativo, pois é exatamente ao contrário: as experiências adquiridas a partir daí, ainda que algumas possam ter sabor amargo, te produzirão efeitos tão positivos que em pouco tempo você perceberá que evoluiu de tal forma que conquistas que pareciam impossíveis agora são uma realidade em sua vida. Casamento é a concretização da vontade divina em relação ao estabelecimento da família e a possibilitação da continuidade da raça humana de uma forma decente e honrada: dentro de um lar oficialmente constituído por meios legais e estruturado pelo sentimento do amor. A união conjugal, quando realizada sob a direção de Deus, é sinônimo de paz, segurança, honra e alegria; por isso, o consagre ao Senhor orando diariamente por ele e viva-o intensamente (Ec 9:9[7]; Pr 18:22; 19:14[8]).



[1]Sara: Significa "Princesa". Esposa de Abraão e mãe de Isaque. Até os 90 anos foi chamada de Sarai que significaria "Briguenta" (Gn 11:29-31; 12:1; caps. 16-23; Hb 11:11; 1ª Pe 3:6.
[2]Abraão: Esse nome significa pai, ou líder de muitos. É um personagem bíblico citado no Livro do Gênesis a partir do qual se desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Obedecendo as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã, juntamente com sua esposa e seus bens, indo em direção a Canaã. Abrão já teria setenta e cinco anos de idade e dá a entender que já tivesse pessoas a seu serviço, embora nenhum filho. Teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos, quando nasceu Ismael: filho que ele concebeu com sua escrava Hagar, sob consentimento de sua esposa Sara que era estéril. Sara deu à luz a Isaque com a idade aproximada de 90 anos e Abraão tinha quase 100. Ele é considerado como o pai da fé e morreu com 175 anos de idade.
[3]Coabitar: Habitar em comum; viver em comum. Ter relações sexuais com alguém. Conviver intimamente.
[4]Amor: Sentimento de apreciação por alguém acompanhado do desejo de lhe fazer o bem.
[5]Cordialmente: De forma cordial. Amável; sincero. Relativo ao coração. Afetuoso, franco, sincero. Que estimula o coração.
[6]Leviandade: Procedimento irrefletido, precipitado ou sem seriedade; imprudência (Jr 23:32; 2ª Co 1:17).
[7]Vaidade: Ilusão. Qualidade do que é vão, instável ou de pouca duração. Desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros. Vanglória, ostentação. Presunção malfundada de si, do próprio mérito; fatuidade, ostentação. Coisa vã, fútil, sem sentido. Futilidade. Jactância, presunção.
[8]Fazenda: Riquezas e bens; Finanças.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Trocando Ideias Antes Para Depois Não Dizer que Não Sabia que Ele(a) Era Assim

Os pontos positivos e negativos
de uma pessoa são mais
facilmente percebidos quando
lhes damos atenção e a
fazemos se sentir a vontade
para expressar suas ideias e
sentimentos.
    Você quer se casar[1]? Quer mesmo? Tem certeza disso? Por acaso você conhece a pessoa com quem está namorando[2]? Sim. Eu sei... você sabe o nome dela, a altura, a cor do cabelo e dos olhos, as preferências, algumas manias, o endereço, já viu a família e até a acha bonitinha. Porém, sem querer te desanimar, essas informações basiquíssimas não te tornam um conhecedor a respeito da pessoa com quem está fazendo planos de passar o resto da vida; aliás, nem sabe se vai conseguir passar o resto da vida com ela. E é aí que está um grande perigo: primeiro, porque casamento de cristão tem que durar até a morte (Rm 7:2,3) e, depois, porque você está assumindo um compromisso moral de extrema seriedade e precisa ter a dignidade de honrar sua palavra dada a ela perante a família, a sociedade, a Igreja e, principalmente, diante de Deus; afinal, vai fazer um juramento no altar sagrado, e eu imagino que você não gostaria de mentir (Jo 8:44) principalmente ali (Mt 23:18-20), não é mesmo? Então, para evitar amargos arrependimentos mais tarde, é preciso saber que casamento não é sempre esse doce sabor de mel que você está experimentando agora, ou seja: atração por boa aparência ou suposto bom caráter pode trazer decepção; por isso, menos beijos e mais diálogos podem proporcionar muito mais prazer no futuro.
Então, já que é tão importante a troca de ideias entre um casal que está se preparando para uma futura vida conjugal[3], qual deve ser o conteúdo dessas conversas? Vejamos aqui cinco dos assuntos mais importantes que podem interferir de forma positiva ou negativa chegando a fazer diferença entre o sucesso ou o fim de um casamento:
1 - Postura social: Isso inclui todo o comportamento de um modo geral como, por exemplo: ética[4] profissional, convívio familiar, relacionamento com as demais pessoas e questões relacionadas à própria moral como a moderação das palavras e a sensualidade. É de extrema importância observar e comentar sobre isso com a pessoa durante o namoro, pois são atitudes aparentemente sem importância, mas que podem gerar desconfortos como irritação ou até ciúmes. Pois não são poucos os casos de sérios conflitos entre casais por nunca terem, no período do namoro e do noivado, notado e conversado sobre esses detalhes:
-  Se ele ou ela demonstrava mais preocupação com o emprego do que com a casa e a família ou também porque, no serviço, não mantinha uma conduta de honestidade ou respeito para com clientes e colegas de trabalho;
-  De que forma ela trata a família antes de se casar - os pais e os irmãos -. Pois isso revela sua verdadeira personalidade[5], assim deixando transparecer a forma que provavelmente ela te tratará depois do casamento, considerando ainda que após estar casada, ela sentirá mais domínio sobre a casa e, por ter mais autoridade, se imaginará no direito de se impor mais ainda sobre você;
-  Seu mal ou o bom relacionamento com vizinhos, irmãos de igreja e outras pessoas próximas. Pois isso também pode indicar se você poderá ou não futuramente ter problemas com alguém por causa dela;
-  Se ela tem o costume de expor seu corpo. Pois mesmo isso parecendo algo inocente e sem importância, na verdade, além de ser algo reprovável diante de Deus e impróprio diante da conduta cristã, pode também expressar um caráter indigno de confiança, pois qual será a intenção de alguém que gosta ou não se importa em mostrar partes ou o contorno de seu corpo?
-  Se ela fala muito ou se fala de forma imprudente. Pois o descontrole sobre a língua ou uma simpatia exagerada, ainda que praticados de forma ingênua, além de sérios problemas, também geram uma má impressão fazendo com que ela seja mal interpretada por pessoas que não a conheçam bem.
    Mínimos detalhes observados no comportamento desde o início de um relacionamento são o ponto chave para se prevenir de perigosos conflitos que poderão surgir no futuro. A identificação de alguns aspectos negativos pode possibilitar sua correção através de simples diálogos, os quais devem ser abordados com delicadeza e carinho - sem imposições ou qualquer demonstração de autoritarismo - para não causar atritos provocando problemas e colocando em risco a continuidade do namoro.
2 - Controle financeiro: Conversar sobre dinheiro te ajuda a passar para ela a imagem de alguém que se preocupa com o sustento da casa e te permite ter uma noção se ela pensa e age da mesma forma. É importante que haja um prévio acordo entre os dois a respeito do fato se apenas o homem vai trabalhar fora enquanto a mulher cuida da casa, ou se ambos terão empregos e, nesse caso, de quem é a responsabilidade por cada item das despesas. É importante notar se ela - ou ele - ganha seu próprio dinheiro ou se é dependente dos pais; e, no caso de ganhar seu próprio sustento, como o administra e se ajuda em casa, e de que maneira lida com as dívidas e como controla cheques ou cartões de crédito, e também se se preocupa em estudar e fazer cursos para crescer profissionalmente.
3 - Formação familiar: Falar sobre o futuro da família que pretende constituir é extremamente importante. Num relacionamento que visa o compromisso matrimonial, deve-se abordar com frequência questões como: “Vamos morar próximos aos nossos pais ou ficar longe da influência - ou interferência - de parentes”?; “Quantos filhos vamos ter?”; “Que tipo de educação vamos dar a eles?”;  “Você sabe cozinhar, lavar a roupa e limpar a casa?”. Esse tipo de questionamento pode parecer tolice, mas, por não terem discutido questões “bobas” como essas, muitos lares estão completamente desmantelados.
4 - Visão ministerial: Você canta, prega, é chegado numa vigília, crê em milagres e batismo com o Espírito Santo, gosta de dar “aleluia” e “glória a Deus”, curte o modernismo gospel, leva a sério a Escola Dominical, é a favor de Teologia, possui algum cargo relevante no ministério, participa assiduamente dos trabalhos da igreja, vai regularmente aos cultos ou é só um crente domingueiro? Sem supervalorizar ou desmerecer qualquer um desses itens, o mais importante a considerar aqui é se a pessoa com quem pretende se casar é igual, age assim ou pelo menos pensa - total ou parcialmente - da mesma forma e consegue tolerar atitudes diferentes daquelas que ela foi ensinada e acostumada a viver até aqui. Tais diferenças são fatores que têm atrapalhado a vida ministerial de muitos servos e servas de Deus causando esfriamento espiritual e gravíssimos problemas dentro de casa. Essa é a razão pela qual não é aconselhável o casamento entre pessoas de diferentes denominações[6]. Falar sobre isso e analisar os pontos negativos de qualquer discordância possibilita um melhor entendimento para que no futuro ambos possam ser autênticos instrumentos de Deus em sua Obra trabalhando juntos de maneira pacífica e harmoniosa.
5 - Comportamento sexual: Aí a coisa é mais complicada do que parece porque há palavras, gestos, atitudes e posições na hora do prazer que podem satisfazer o homem e não satisfazer a mulher ou vice-versa; além do mais, existe outro fator a se considerar: “Será que a forma como eu quero - ou ela quer - fazer é agradável ou abominável a Deus?”. Mesmo sendo um assunto ainda á beira da “proibição” devido a existência de tantos tabus[7] em torno dele é sim necessária sua abordagem durante o namoro para se evitar futuras frustrações, as quais, quando um dos cônjuges não está espiritualmente firme e, levado pela falta de vigilância sob o pretexto da insatisfação na cama, acaba se entregando ao adultério. É importante também ressaltar que somente se deve conversar sobre isso quando houver a certeza da maturidade e da seriedade da outra pessoa, primeiro para evitar que se ela for uma “super-crente” venha a se escandalizar e ficar com medo de você e, segundo para, caso ambos não tenham uma boa estrutura, não acabem deixando a conversa ficar “picante” demais e aí já sabe, né?
    Casal que não conversa não se entende, e quem não se entende não consegue conviver por muito tempo. Não é raro ouvirmos relato de pessoas que dizem: “Ele não era assim! Ele mudou com o tempo!”, mas, na verdade, pessoas não costumam mudar, simplesmente, com o tempo, ela acabam por revelar seu verdadeiro caráter e, na grande maioria desses casos, isso poderia ser facilmente percebido se tivesse havido mais diálogo e atenção aos mínimos detalhes por parte de quem hoje se tornou vítima da situação. Além dos assuntos aqui mencionados, há vários outros que devem ser abordados durante o namoro como, por exemplo, preferências culturais, opiniões sociais, temperamento[8] e até costumes relacionados à saúde e à higiene pessoal. Não adianta simplesmente achá-la bonitinha admirando seu corpo e saboreando seus doces beijos, pois a vida conjugal vai muito além disso; bem mais do que se imagina. A troca de ideias não é só uma expressão de opinião, mas também uma troca de conhecimento e experiências que tornarão o casal mais íntimo e mais confiante em seu relacionamento.
    É óbvio que como cristãos sabemos que nossas escolhas não se baseiam apenas em critérios baseados na lógica da boa convivência, mas também, e principalmente, na vontade de Deus e em seus propósitos para nossa vida (Rm 8:28) fazendo-se assim essencial muita oração com vigilância e pedido de discernimento entre o bem e o mal (Sl 86:11) para conseguir encontrar a pessoa ideal. No entanto, após a conquista, mesmo tendo a certeza de que essa é a princesa - ou o príncipe - dada pelo nosso Rei, isso não nos priva da responsabilidade de agir com prudência procurando conhecer para poder corrigir possíveis falhas que venham, futuramente, a causar problemas ou mesmo por um fim num lar que foi nos foi planejado, estruturado e estabelecido pelo próprio Deus; o fato de Ele nos dar uma bênção não nos livra da obrigação de cuidar bem dela para não perdê-la (Mt 25:24-28[9]).



[1]Casamento: Instituição divina pela qual um homem e uma mulher se unem por amor numa comunhão social e legal com o propósito de estabelecerem uma família (Gn 1:27-28; 2:18-24). É permanente e só pode ser dissolvido pela morte (Rm 7:2-3) ou, excepcionalmente, pelo divórcio (Mt 19:3-9). União legítima e legal de homem e mulher para constituir família.
[2]Namoro: Ato de namorar. Período em que um casal se dedica a conhecer um ao outro visando chegar ao casamento.
[3]Conjugal: Relativo a cônjuges (marido e mulher) ou ao casamento (Êx 21:10; Rm 7:2).
[4]Ética: Conjunto de princípios morais que se devem observar; é o que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade. Bom senso.
[5]Personalidade: Caráter essencial e exclusivo de uma pessoa. Aquilo que a distingue de outra.
[6]Denominação: Designação de uma pessoa ou uma coisa por um nome. Termo usado para definir as diferentes igrejas evangélicas.
[7]Tabu: Qualquer coisa que se proíbe supersticiosamente, por ignorância ou hipocrisia. Feitiço. Aquilo que tem caráter sagrado, sendo defeso a qualquer contato. A própria pessoa ou coisa sagrada. Instituição religiosa ou mágica que atribui a uma pessoa ou coisa caráter sagrado, interdizendo qualquer contato com elas.
[8]Temperamento: Caráter, constituição moral, gênio, índole. Equilíbrio; controle.
[9]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

E Por Falar em Namoro... Como Está Seu Relacionamento com Deus?

APRESENTAÇÃO

    Ser adolescente ou jovem em nossa sociedade atual tem se tornado um desafio cada vez mais difícil, e se tratando de garotos e garotas que professam e vivem o cristianismo a situação é mais complicada ainda. Pois além dos obstáculos que enfrentam para concluir os estudos, conseguir o primeiro emprego e se preparar para o casamento, precisam encarar ainda a incompreensão e o desrespeito da maioria que os discrimina por manterem uma vida moralmente íntegra preservando sua dignidade e os bons costumes sendo fiéis a Deus e a sua Palavra.
    O conteúdo desse trabalho visa alertar e encoraja-los a se fortalecerem diante dessas dificuldades e, ao mesmo tempo, ter uma vida agradável com a perspectiva de um futuro promissor. Os temas aqui abordados têm como foco principal as dúvidas mais comum em relação a questões sentimentais, sexualidade e preparo para o casamento, com o objetivo da valorização da formação de uma família saudável constituída de acordo com os princípios bíblicos.

CONTEÚDO
 100 páginas coloridas;
 10 estudos bíblicos;
 131 notas de rodapé com significados das palavras mais difíceis;
 206 referências bíblicas;
 18 ilustrações com imagens e gráficos.

TEMAS
1 - Será Que Estou Honrando o Amor Que Meus Pais Têm Por Mim?
2 - O que é Amor? Isso Existe Mesmo?
3 - Por Que é Preciso Casar Em Vez de Simplesmente “Curtir a Vida”?
4 - É Errado “Ficar” Para Conhecer a Pessoa Certa?
5 - Dar Uns “Amassos” Durante o Namoro... Pode?
6 - E Ver Pornografia... Tem Algum Problema?
7 - Sensualidade é Pecado? Por Quê?
8 - Desejo ou Curiosidade Por Atos Homossexuais: Como Lidar Com Isso?
9 - Não Aguento Mais Tantas Regras! Quero Ser Independente! Será que Devo Sair de Casa?
10 - Até Que Ponto Posso me Expor nas Redes Sociais?

Disponível para download



terça-feira, 14 de outubro de 2014

Até que Ponto Posso Me Expor nas Redes Sociais?

A exposição pessoal nas redes sociais
de forma imprudente já causou sérios
problemas entre adolescentes e
jovens como, por exemplo, divisão
familiar, desilusões amorosas,
atos de violência, depressão e até
suicídios; por isso, ao revelar suas
intimidades ao público, deve analisar
se vale a pena correr tanto risco.
    Nos dias atuais, em que a maioria vive constantemente online, podemos afirmar seguramente que não há nada tão real quanto a vida virtual[1]. Isso porque, de uma forma ou de outra, muitos - principalmente jovens e adolescentes - adquiriram o péssimo hábito de expor quase todas as suas atividades cotidianas em redes sociais, fazendo delas uma espécie de “diário” em que costumam publicar até mesmo intimidades como frustrações sentimentais, limitações físicas, segredos profissionais e problemas familiares. E mesmo os que não têm o costume de acessar rotineiramente ou se abrir tanto em tais redes, estão ativas sim no mundo virtual por meio de e-mails, sites de compras, portais de pesquisas, blogs informativos, aplicativos de chat no celular ou sistemas interligados de empresas ou escolas aonde, de alguma maneira, acabam tendo que divulgar algum tipo de informação pessoal, situação essa que se não for administrada com prudência pode expô-los à uma série de perigos que vão desde simples fofocas que geralmente não surtem nenhum efeito como até a riscos maiores que podem facilitar até a ação de criminosos. Mas como ficar “off” num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia? Na verdade, não é preciso se desligar, mas se policiar aprendendo a desenvolver um estilo de comportamento defensivo que te permita usufruir do melhor que a interatividade[2] moderna tenha a oferecer sem ser vítima de seus malefícios levado pela sua própria ingenuidade por meio da curiosidade ou da necessidade, expondo-se imprudentemente.
    Em Provérbios 11:13, a Palavra de Deus nos ensina que “o mexeriqueiro[3] espalha segredos, mas a pessoa séria é discreta[4]”; embora em seu contexto, esse versículo se refira a pessoas que se intrometem na vida dos outros, essa realidade se aplica também àqueles que não conseguem guardar nem seus próprios segredos. Baseado nesse princípio, referindo-se ao uso das redes sociais, como da internet de um modo geral, seria bom você refletir: “Como está o meu perfil diante daqueles que me observam?”. Expor-se demais revela um caráter ingênuo e indigno de confiança. No caso de jovens solteiros há ainda algumas particularidades que exigem cuidados especiais, pois esses meios de comunicação interativa têm se tornado uma vitrine para aqueles que procuram alguém para se relacionar afetivamente; e é aí que mora um grande perigo: “Por quem eu estou sendo visto, e para quem estou passando essas informações?”. Analisemos alguns erros que mais colocam em risco aqueles navegam imprudentemente:
1 - Postar fotos sensuais:
    Além do pecado da sensualidade, as pessoas - principalmente as garotas - que postam fotos que mostrando seu próprio corpo com roupas curtas, apertadas ou transparentes, estão cometendo o gravíssimo erro colocando-se em risco de serem vítimas de comentários maldosos, assédio sexual, estupro e utilização de sua imagem por indivíduos mal intencionados. Sua intimidade física deve ser preservada porque seu corpo pertence a Deus (1ª Co 6:19,20).
2 - Publicar mensagens que insinuem desejo sexual:
    Insinuar desejo sexual, além de comprometer sua dignidade e abalar sua confiança em relação às pessoas sérias, te coloca em risco de sofrer ataques tanto morais quanto como físicos. As tentações não devem ser tratadas publicamente como se fossem virtudes, mas combatidas (Tg 4:7).
3 - Compartilhar postagens imorais:
    Seus compartilhamentos demonstram que você concorda com aquilo que está sendo mostrado ou falado. Compartilhar frases com palavras obscenas ou imagens de conteúdo que exaltem o sexualismo ou mesmo a violência ou quaisquer outros atos abomináveis a Deus te fazem tão pecador quanto aqueles que os praticam (Rm 1:29-32[5] [6]).
4 - Revelar brigas ou decepções amorosas:
    Esse é um outro prato cheio para o “destruidor”; demonstrar insatisfação no namoro ou no noivado é um verdadeiro convite aos “consoladores” de plantão - paqueradores e amigos (as) que só dão maus conselhos - que não perdem a oportunidade de tirar proveito de alguém que está sofrendo emocionalmente. Quer desabafar ou pedir ajuda? Se for preciso, procure alguém de confiança, mas antes, no íntimo do seu coração, fale com o verdadeiro Consolador da sua alma (Jo 14:15-17).
5 - Aceitar chamadas de pessoas estranhas no bate-papo:
    Não conversar com pessoas estranhas é uma regra antiga que serve não só para proteger crianças na rua, mas também usuários da internet contra criminosos virtuais. A maioria das pessoas mal intencionadas buscam, por meio de promessas de relacionamentos amorosos, por pessoas ingênuas que geralmente se julgam espertas; geralmente seu objetivo é extorsão financeira ou exploração sexual. A princípio, numa chamada de um estranho no chat, o ideal é ignorar o mesmo e, no caso de insistência, bloqueá-lo; mas, caso resolva atender, é preciso alguns cuidados como, por exemplo: exigir identificação por nome e por foto e ficar atento à linguagem por ele utilizada; pois, normalmente, indivíduos de mal caráter não têm uma boa cultura e cometem excessivos erros ortográficos. No demais, deve-se observar se ele mantém o respeito e a ética durante a conversa; para isso é preciso uma certa capacidade de percepção, o que a Bíblia chama simplesmente de discernimento (1ª Co 2:14,15).
6 - Divulgar o endereço de casa:
    Parece até tolice dizer isso, mas o fato é que muitos divulgam não somente o endereço de sua residência, mas até os lugares que costumam frequentar rotineiramente incluindo horários de saída e chegada. Seus perfis, além de serem realmente diários pessoais, mais parecem verdadeiros GPS’s, pois possibilitam a qualquer um fazer completo “rastreamento” da sua vida. Isso não somente o torna “vítima” de pessoas que ele chama de fofoqueiras, como também o transforma em alvo fácil de ações criminosas possibilitadas por informações divulgadas ingenuamente, o que tem sido cada vez mais comum nessa globalização interativa. Se não agir com prudência, não adianta questionar porque Deus não deu o livramento (Pr 18:7).
7 - Clicar em links de conteúdo muito chamativo:
    Anúncios com promessas de coisas muito fáceis, curiosidades exageradas, notícias sensacionalistas e apelação sensual ou pornográfica, na grande maioria das vezes são, na verdade, armadilhas que visam conseguir dinheiro vendendo produtos inexistentes ou vírus criados para invadir sua privacidade para roubar senhas de bancos ou cartões de crédito ou mesmo de redes sociais com o objetivo de espalhar links no seu nome, o que também pode comprometer sua reputação. Procure sempre investigar a origem dos sites antes de clicar e, caso peçam informações pessoais envolvendo numeração de documentos ou downloads de arquivos desconhecidos e extensões para exibição de vídeos ou algo assim, simplesmente feche a página antes de baixar e não confie por completo nos antivírus, pois nem sempre eles conseguem detectar e barrar todas as ameaças. Pessoas sábias não se deixam enganar facilmente (1ª Ts 5:21).
8 - Dar opiniões ofensivas:
    O anonimato virtual trouxe um grande “benefício”: a transformação de covardes em valentes. Se por um lado ele deu voz aos desconhecidos, por outro ele tem ajudado a produzir inimigos e destruir antigas amizades. É reconhecivelmente válido o direito de ter e expressar opiniões contrárias a quem quer que seja; porém, as mesmas devem ser expostas com sabedoria: respeito, educação e mansidão. O espaço online não deve ser encarado como um lugar para desabafar porque não gosta do fulano - até mesmo porque não gostar de alguém contraria os princípios bíblicos - ou para impor sua razão ainda que se tenha a certeza de que alguém ou as demais pessoas estejam erradas. Utilize suas páginas para defender sim o que julga certo, mas demonstrando amor para, com sabedoria, ganhar os que precisam ser alcançados (1ª Pe 3:15,16).
9 - Contar segredos da empresa em que trabalha:
    Essa tem sido a razão de algumas demissões, inclusive por justa causa. Publicar fotos, vídeos, opiniões, reclamações e até elogios sobre uma empresa sendo funcionário dela pode causar sérios problemas. Geralmente, por motivos de concorrência ou para evitar problemas na justiça devido a irregularidades, não aceitam divulgar imagens de suas instalações internas; sugestões, por questões éticas, devem ser entregues aos departamentos correspondentes de acordo com as regras estipuladas pelos superiores; reclamações, da mesma forma, e precisam ser previamente analisadas para não resultar em represálias; e até os elogios têm que ser moderados para não parecerem bajulação e tentativa de pedido de aumento ou promoção. Quem quer manter seu emprego, embora, por muitas vezes, saiba que seu patrão seja corrupto e injusto, deve seguir a orientação bíblica que orienta a respeitá-lo e obedecer às suas ordens (1ª Pe 2:18,19).
10 - Dizer que é cristão, mas se comportar de forma contraditória:
    Não vou afirmar convictamente seja um problema psicológico, mas, talvez por “distração” algumas pessoas ainda não se deram conta que a diferença entre a vida real e a virtual é que uma é vivida fisicamente em todos os lugares e a outra exercida atrás do teclado de um computador... resumindo: é tudo a mesma coisa, ou seja: tudo o que você faz ou fala virtualmente representa e é interpretado como atitudes e palavras reais. Por isso é preciso encarar a tela do PC, do tablet e do celular como olhos e ouvidos humanos que te observam e reagem conforme as suas ações; a sua moral e o seu caráter dependem daquilo que você demonstra através da forma de se expressar. Isso também significa que, espiritualmente é da mesma maneira: sua conduta nas redes sócias definem se você é um autêntico cristão ou não. Por isso é preciso um grande cuidado em considerar se todas as suas atualizações, compartilhamentos, curtidas e comentários estão de acordo com o comportamento a ser seguido por alguém que diz ser seguidor de Jesus Cristo; pois agindo de forma contrária a isso estará não apenas denegrindo a si próprio, mas escandalizando e dificultando a evangelização daqueles que não creem (1ª Co 10:32,33).
    Como vimos, a exposição acima dos limites nas redes sociais provocam consequências que vão desde simples gafes até ao risco de ser vítima de criminosos. Adolescentes e jovens cristãos precisam ter um cuidado redobrado com isso porque, por estarem numa fase de maior busca por relacionamentos afetivos, devido ao fato de não terem grande experiência, se não tiverem cuidado e sabedoria, são presas fáceis de aproveitadores de todos os tipos. A defesa contra esses perigos consiste em vigilância e oração (Mt 26:41) para que além de não ser vítima de nenhum engano e nem ser levado pelas inúmeras tentações ali existentes, também poder servir de exemplo usando sempre seu espaço para a honra e a glória do nome de Deus (Cl 3:16,17)!


[1]Virtual: Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade. Que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade.
[2]Interatividade: Qualidade de interativo; o que é capaz de interação (Ato de interagir. Ação recíproca de dois ou mais corpos uns nos outros).
[3]Mexeriqueiro: Maldizente. Aquele que fala mal dos outros; difamador.
[4]Discreto: Que sabe guardar segredo; reservado. Atento, circunspecto, prudente. Modesto, recatado.
[5]Detrator: O que pratica detração (calúnia). Caluniador.
[6]Néscio: Ignorante; tolo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Não Aguento Mais Tantas Regras! Quero Ser Independente! Será que Devo Sair de Casa?

Ir embora quando algo não está bem
parece ser uma boa saída; porém,
fugir de um problema e encontrar
vários outros não é uma solução tão
sábia assim.
    Acordar cedo, arrumar a cama, ajudar nos serviços de casa, estudar, precisar dar explicações quando tirar notas baixas, escutar reclamações, ter que dividir a televisão e o computador com os irmãos, controlar o horário para chegar cedo quando sair e, se trabalhar fora, ainda ter que ajudar financeiramente. É... Vida de solteiro dentro da casa dos pais não é nada fácil não! Então, a mente começa a martelar aquela velha “solução” estratégica: “Preciso arrumar um canto só pra mim!”. Sabe o que eu tenho a dizer para quem pensa assim? “Parabéns!”. Isso mesmo. Só consegue pensar em liberdade quem tem ousadia para tomar atitudes radicais e enfrentar o selvagem mundo lá fora sem a proteção da família. É admirável a personalidade forte de quem planeja sua fuga da “ditadura” dos pais, porque certamente ele tem condições para cumprir com todas as responsabilidades que surgirão e ainda terá tempo para estudar, fazer comida, lavar roupas, limpar a casa, e ainda conseguir curtir a vida sossegado, afinal, agora a TV e o PC são só dele e, além do mais, ele também pode sair e voltar na hora que quiser sem ter que dar satisfações a ninguém; pois agora é tudo só dele assim como também o dinheiro... O dinheiro? Opa! Peraí! O dinheiro vai dar pra tudo isso? Parece que além do tempo necessário para se cumprir com as obrigações normais, ainda encontramos aqui um outro “probleminha” bem mais sério: suprir as necessidades financeiras da “liberdade” - aluguel, água, luz, telefone, cartões de crédito, etc. e muitas outras etc’s... - não é a mesma coisa que dar uns trocados em casa uma vez por mês sabendo que os pais vão bancar o restante sem te cobrar nada. E agora? Será que não é melhor repensar seus conceitos de liberdade?
    Só pra ajudar a reforçar seu raciocínio enquanto decide, vou te contar a história de um jovem na Bíblia que também pensava igualzinho a você e um dia resolveu sair de casa. Sim. É dele mesmo que estou falando: o filho pródigo[1] (Lc 15:11-32[2] [3] [4] [5])! Apesar de ser apenas uma ilustração, essa história contada por Jesus nos dá uma clara noção sobre as desvantagens e os perigos de tentar se aventurar fora de casa sem estar preparado para isso. Vejamos apenas dez das muitas lições que podemos aprender com os erros desse rapazinho cabeça dura:
1 - Falta de sentimento afetivo:
    Ele tinha um pai, provavelmente uma mãe, e um irmão, mas não se importou com eles e quis se distanciar do seu lar.
    O desapego à família já é um sinal de que algo não está bem, pois o convívio familiar é um dos princípios bíblicos de maior valor para os servos de Deus, devendo ser interrompido apenas pelo casamento (Gn 2:24; Mc 10:7). Qualquer outra razão que te faça ter vontade de sair de casa como, por exemplo, a autoridade dos pais ou a simples vontade de curtir a vida, deve ser encarada como um problema e não como uma solução porque a desagregação familiar nada mais é do que mais uma ação maligna para oprimir o ser humano (Tg 3:14,15[6]).
2 - Interesse pelo dinheiro:
    Ele poderia ter saído sem nada, com a intenção de arrumar um emprego, mas demonstrou que o mais importante eram as posses da sua família.
    A cobiça tem sido uma das maiores razões de desentendimento entre pais e filhos e entre irmãos. Muitos, mesmo sem sair de casa, demonstram uma preocupação tão grande pelos bens materiais que excedem ao zelo e evidenciam seu caráter egoísta; isso fica bem claro ao exigirem sua parte ou seus “direitos” em tudo sem se importarem com seus irmãos e com o quanto aquilo possa ter custado aos seus pais. Pensar em si mesmo mais do que nos outros é um sentimento de indiferença que precisa ser combatido e substituído pelo sentimento de amor, o qual nos leva a querer ajudar e dividir o que temos em vez de somente usufruir daquilo que parece termos direito (Fp 2:3,4).
3 - Desrespeito pela hierarquia familiar:
    Tradicionalmente, a herança só é dividida após a morte dos pais, com exceção de quando os mesmos decidem entregá-la ainda em vida. Tomando a iniciativa de pedi-la antecipadamente, ele agiu de forma desonrosa em relação à autoridade de seu pai e à primogenitura do irmão mais velho que, em caso de necessidade, era quem teria por direito fazer a solicitação da divisão dos bens.
    Passar por cima da autoridade de alguém - principalmente do pai - e ferir os direitos alheios é uma grande demonstração de arrogância e rebeldia. Nesse caso, vemos também uma certa falha do pai, o qual podia lhe ter negado esse pedido absurdo e deixado bem claro que se ele quisesse sair teria que ir sem nada; dessa forma, muito provavelmente, como na maioria dos casos, ele desistiria de ir embora porque não poderia executar seus planos supérfluos sem dinheiro. O mal de muitos pais é não saber diferenciar entre amor e falta de autoridade e, por dó de corrigirem duramente, muitas vezes acabam contribuindo com o pecado e o futuro sofrimento dos filhos e deles próprios. Assim como a obediência dos filhos, a autoridade paterna não é uma opção, mas uma determinação divina (Cl 3:20,21).
4 - Falta de responsabilidade:
    Ele desperdiçou tudo o que tinha, sendo que, mesmo que quisesse se divertir, poderia ter feito isso moderadamente guardando uma parte para investir em algum negócio próprio ou, pelo menos, deixando alguma reserva para ter com o que se sustentar até conseguir um bom emprego, se casar e viver tranquilamente.
    Essa é uma característica bastante comum em muitos desajuizados: apenas se divertir como se a vida fosse um belo mundo encantado cheio de fantasias. Ao sair de casa, ele não considerou o fato de que a partir daquele momento não podia mais contar com o apoio do pai e que os valores financeiros que levava nos bolsos eram a única coisa que ele tinha, sendo assim necessária uma boa administração, pois seu futuro era incerto. Agir com prudência é um ato de responsabilidade obrigatório para não sofrer no futuro (Lc 14:31,32).
5 - Excesso de confiança na estabilidade:
    Certamente ele achou que sempre haveria recursos ou empregos no lugar aonde estava. Quando uma grande crise atingiu aquela região, ele não tinha mais dinheiro sequer para procurar um lugar melhor.
    Estar preparado para tudo não é paranóia[7] de pessimistas como pensam alguns, mas sim uma prova de sabedoria e sensatez; isso porque a pessoa sábia tem ciência de que não existe estabilidade no mundo que vivemos e a pessoa sensata tem maturidade suficiente para entender que o que ela possui não vai durar para sempre. É óbvio que devemos ter nossa confiança centralizada em Deus, mas ignorar a possibilidade de perdas não é sinal de fé e sim de irracionalidade por estar colocando à prova a misericórdia divina (Lc 14:28-30).
6 - Tentar remediar a situação para não encarar a vergonha da volta para casa:
    Recorrer à família depois de tê-la abandonado não fazia parte de seus planos, então o jeito era tentar sobreviver a todo custo ainda que isso significasse sujeitar-se a enfrentar situações para as quais ele não estava preparado como, por exemplo, apascentar porcos.
    A princípio, reconhecer um erro parece ser um simples ato de se expor à humilhação, e é esse sentimento de orgulho que provoca o aumento do sofrimento numa situação que poderia ser facilmente resolvida. Não querer mudar de atitude expõe a pessoa a situações ainda mais humilhantes e castigadoras do que o pedido de perdão e o conserto do erro. Para muitos, principalmente os jovens, o orgulho é um grande inimigo que precisa ser combatido com a convicção de que a maior dignidade está na humildade de admitir as falhas e não na arrogância de querer mostrar que está sempre certo (1ª Pe 5:6,7).
7 - Despreparo para enfrentar trabalhos difíceis:
    O único emprego que conseguiu, além de estar fora de suas condições de exercê-lo e de não ser muito agradável, parecia não ter uma remuneração muito justa, pois ele não tinha nem mesmo o que comer.
    A Bíblia não relata, mas a situação nos leva a supor que ele era um filho mimado, criado com excesso de liberdade, não muito aplicado aos estudos e nem ensinado a exercer serviços mais duros. Esse despreparo, no momento de dificuldade, o levou a sofrer porque ele não encontrou nada para fazer que estivesse à altura de sua capacidade; além do mais, o fato de estar trabalhando num lugar aonde não tinha nem o que comer, evidencia um certo descaso por parte de seu patrão e uma falta de habilidade ou conhecimento de sua parte para lutar pelos seus direitos. Isso reflete a mais pura realidade em que vivem muitos de nossos jovens: descaso com os estudos, desinteresse pela qualificação profissional, desconhecimento sobre as leis e falta de argumento para se defender quando é injustiçado. Muitas coisas que passamos são conseqüências do despreparo no passado; a construção do futuro depende bastante do planejamento que é feito hoje (Pr 24:27).
8 - O abandono das pessoas próximas:
    Todos ali sabiam da situação, mas ninguém lhe dava nada. Talvez essas mesmas pessoas tivessem se divertido com ele quando estava cheio de dinheiro; porém, no momento de necessidade, lhe viraram as costas.
    Sabe aqueles amigos que sempre te convidam para baladas, pizzaria, passeios, festinhas e as vezes até mesmo para eventos de igreja, mas que sempre fazem questão de lembrar que tem que levar grana pra “rachar” conta? Quer saber se eles são teus amigos de verdade? Diga que está doente ou que não tem dinheiro... Quantos será que vão te oferecer ajuda ou continuar andando com você? Muitas vezes nos decepcionamos por achar que podemos contar com todos que aparentam estar ao nosso lado, por isso é essencial ter um certo discernimento para poder selecionar bem as amizades e, mesmo assim, ainda estar preparado para encarar possíveis desilusões (Pr 19:4,7).
9 - A lembrança do conforto do lar na hora do aperto:
    Apenas na hora de maior sofrimento, não havendo mais condições de enfrentar sozinho a situação, “lembrou-se” da confortável casa do pai.
    A coisa apertou, todas as possibilidades de saída já estavam esgotadas, então não tinha outro jeito a não ser suportar a vergonha e ir bater à porta da casa do pai torcendo para ele ter misericórdia e aceitá-lo de volta. O interessante é que nessa hora ele se lembrou de Deus também - porque confessou ter pecado contra o céu -, o que mostra que ele foi criado num lar religioso. Muitos apenas se lembram da família e do próprio Deus apenas quando os problemas aumentam e eles percebem que não têm mais como resolver sozinhos. Esse é um dos maiores exemplos da hipocrisia humana e é uma das razões pelas quais o Senhor permite tanto sofrimento ao homem; muitas adversidades que passamos são apenas oportunidades para que reconheçamos nossos erros, peçamos perdão e mudemos de atitude. Lembrar das bênçãos que já alcançamos e desperdiçamos, do chamado, das promessas e dos livramentos que já tivemos, muitas vezes, nos levam a renovar nossas forças e ter esperança para seguir em frente. Porém, melhor que isso é lembrarmos sempre de Deus, para não termos que implorar sua misericórdia nos momentos de maior sufoco (Jn 2:1,2).
10 - A humilhação de voltar atrás e pedir perdão:
    Não tendo outra alternativa, tomou a difícil decisão de enfrentar a vergonha se humilhando e, admitindo que errou, pedir para voltar à mesma família a qual ele tinha abandonado.
    Há situações embaraçosas que somos nós mesmos que criamos. É inegável que foi nobre sua atitude de se reconciliar com a família, mas toda essa amarga experiência foi fruto de sua própria negligência para com ele mesmo. Ainda que tenha sido recebido de braços abertos pelo pai, isso não significa que ele não tenha sofrido as conseqüências de seus atos, pois, como podemos ver adiante, teve que enfrentar a rejeição do irmão mais velho e, certamente, a discriminação das demais pessoas que não mais podiam confiar nele como um homem responsável e digno de respeito, o que pode também tê-lo levado a ter dificuldades para conseguir um casamento porque os pais daquela época - como os de hoje também - observavam muito a capacidade e o caráter de um rapaz antes de aceitá-lo como noivo de sua filha. Ser jovem numa sociedade como a nossa já não é fácil devido à má fama que a juventude atual carrega e, se der motivos então, torna-se quase impossível conquistar novas oportunidades. Há feridas que até são curadas, porém, as cicatrizes ficam e denunciam a existência daquele mal que, mesmo não mais estando ali, levam muitos a te ver alguém que não tem uma saúde perfeita. É importante preservar a integridade, pois ela é um dos poucos valores que nos levam a sermos avaliados pelo que somos e não pelo que temos (Pr 28:6; 16:8).
    Como vimos, o abandono de um lar, ainda que pareça ser por motivos justos, causa irreparáveis transtornos que vão muito além do prejuízo material. Por isso, quando seus pais reclamarem de suas atitudes, antes de se revoltar, lembre-se que eles querem o seu bem e que, com toda certeza, a razão dessa reclamação não está na rabugice deles e sim em algum erro seu que estão corrigindo para que você próprio e nem eles venham a sofrer depois. Se, por ventura, forem injustos, lembre-se também que ninguém é perfeito e que cabe a você reagir com respeito e pedir sabedoria a Deus para que te dê graça para lhes mostrar o porquê de sua razão e juntos chegarem a um acordo razoável para ambas as partes. Também não é necessário se culpar por, em alguns momentos, achar a vida dentro de casa entediante e ter vontade de sair, pois você é um ser humano normal e sua adrenalina pede isso. No entanto, busque satisfazer essa necessidade de diversão de uma maneira saudável colocando sempre em primeiro lugar o amor a Deus e à sua família, pois, sendo infiel a eles, você estaria jogando fora sua própria salvação e causando dores irreparáveis naqueles que te amam. E uma outra coisa que você pode ter absoluta certeza é de que quando tiver seus filhos, você tentará controlá-los da mesma forma e também sofrerá quando eles te desobedecerem. Você quer que a sua casa seja um lugar melhor? Então comece por você mesmo sendo um filho melhor, um irmão melhor, um vizinho melhor, um namorado melhor, um aluno melhor, um funcionário melhor, um crente melhor... enfim, uma pessoa melhor para depois poder esperar que todos a sua volta, principalmente seus familiares, sejam melhores para com você (Lc 6:31; Jo 13:15). Um bom meio de convívio é construído por nós mesmos através da nossa boa convivência com o próximo. Quer conquistar um bom casamento constituindo um lar abençoado? Então seja uma bênção desde já para ser digno de colher bons frutos quando você for o chefe da casa. Valorize sua família enquanto ainda a tem; melhor é o desconforto das cobranças do que um dia sentir a dor da saudade e do remorso por lembrar que não foi um bom filho e agora não há mais como voltar atrás. Quer independência? Então ganhe sabiamente a confiança dos seus pais pelas suas boas atitudes; agindo assim, não só obterá boas experiências, como também sempre terá um lugar de honra entre os seus (Tg 3:13,17).



[1]Pródigo: Que despende com excessiva profusão; que desbarata os seus bens; dissipador, esbanjador, gastador, perdulário. Que distribui, faz ou emprega com profusão: Pródigo de elogios. Generoso, liberal. Aquele que gasta e destrói desordenadamente seus bens, reduzindo-se à miséria. Pessoa que por sua prodigalidade se torna incapaz de administrar seus bens.
[2]Fazenda: Riquezas e bens; Finanças.
[3]Dissolutamente: Desregradamente: sem regra; sem controle, sem limites. Com lascívia, perversão, imoralidade.
[4]Bolota: Alfarroba (vagem grande produzida pela alfarrobeira. Sua polpa, doce e nutritiva, é usada como alimento para animais, inclusive os porcos).
[5]Cevado: Animal engordado (Lc 15:23).
[6]Faccioso: Seguidor de uma facção. Parcial. Sedicioso. Perturbador da ordem. Causador ou defensor de rebeliões ou confusões.
[7]Paranoia: Psicose caracterizada por um conceito exagerado de si mesmo e ideias de perseguição, reivindicação e grandeza, que se desenvolvem progressivamente, sem alucinações.