O cumprimento de rituais nem sempre é sinônimo de reverência. Compreender isso é o primeiro passo para entender o verdadeiro significado de comunhão espiritual. |
Para entender o significado desse tipo de
oração, primeiro é preciso saber diferenciar para não fazer confusão entre orar
no ou com o Espírito [Santo] e orar com o espírito
[humano] - note aí a diferença entre a
letra “e” maiúscula e minúscula
-. A primeira se refere a uma oração que, independentemente de ser verbalizada
ou não, é aquela com a qual a pessoa se sente realmente em contato com o
Espírito Santo e com poder espiritual, o que também pode incluir o ato de orar
em línguas; e a segunda a uma oração silenciosa, privada, sem aparentar que se
está orando. A utilização desses termos, não importa em que sentido, tem causado
certa discórdia por parte daqueles que não conhecem seu significado. Não se
trata aqui do fato de haver ou não necessidade de que sejamos ou não profundos
conhecedores da língua portuguesa, mas é, na verdade, uma questão de interpretação
bíblica que deve ser esclarecida para que sua aplicação errônea não continue levando
pessoas a pensarem que não se deve orar em silêncio ou que, de fato, exista um
tal de “espírito de oração”.
Mas, afinal, quais são as bases bíblicas
que nos ajudarão a resolver esse mal entendido? Antes de tudo, é preciso
ressaltar que esse assunto é abordado na Bíblia por três vezes, analisemos,
então, separadamente, a cada uma dessas referências:
Efésios 6:18 - “Orando em todo o
tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda
a perseverança e súplica por todos os santos,”. Esse texto nos passa
claramente a ideia de uma oração constante, pois fala sobre “orar o tempo todo”, mas como isso seria
possível? A única forma de manter uma vida de constante oração é viver conectado
ao Senhor por meio da santificação, ou seja: andar em Espírito ou viver cheio
do Espírito. Há momentos em que não podemos parar para fazer uma oração formal,
por isso é importante estarmos sempre em sintonia com o Espírito Santo,
exercendo nossa fé com vigilância e perseverança em nossas súplicas, em todo o
nosso modo de pensar, falar e agir.
Judas 1:20 - “Mas vós, amados, edificando-vos
a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,”.
Embora esteja no mesmo sentido do texto acima, aqui é possível notar a
necessidade de uma oração dirigida a Deus de uma forma mais intensa. Isso expressa
uma ideia de poder espiritual alcançado por meio do contato com Deus. Essas palavras
expressam o quanto é necessário que haja edificação da fé por meio da oração, a
qual resulta em poder espiritual. Esse tipo de oração pode ser tanto em voz
alta quanto em voz baixa, como também em línguas espirituais ou na língua natural,
pois não é o barulho ou o silêncio, tanto como o meio de se expressar ou sentir
a presença de Deus, que definem a autoridade na hora de lutar contra as forças
malignas, mas sim a fé, a santidade e o propósito de Deus na operação de um milagre
ou no envio de uma resposta.
1ª Coríntios 14:15 - “Que farei, pois?
Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei
com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.”. Os dois
textos acima nos ensinam o valor da comunhão e da autoridade espiritual. Já
aqui, aprendemos a aplicar esse valores com reverência e sabedoria, a qual pode
ser traduzida como ordem e decência. Numa oração, nem tudo o que sentimos ou
pensamos devemos falar, pois há coisas de nosso ser interior que devemos tratar
apenas com Deus, pois a exposição de nossas intimidades podem provocar escândalos
e resultar na perda da nossa credibilidade perante o homem. Quanto às coisas
que podemos verbalizar em orações públicas, devemos ainda ter o cuidado quanto
a maneira que vamos nos expressar. Por mais que estejamos alegres por nossa
edificação espiritual, devemos também considerar o fato de que o Senhor pode
nos usar em profecia enquanto oramos, e nos lembrar que há pessoas precisando
compreender o que estamos falando para que elas também sejam edificadas. Mesmo em
momentos de profunda comunhão com o Espírito Santo, é preciso que a razão se sobressaia
diante da emoção, sabendo que estamos cheios e não possessos pelo Espírito Santo, o qual não nos obriga a nada e
nos dá plena liberdade de pensamento e ação.
Agora, pra encerrar, vamos tratar a
respeito desse polêmico “espírito de oração”: ele existe na Bíblia? Não! Mas não
vamos radicalizar e aprendamos a respeitar a liberdade de expressão alheia. Pois,
quando analisamos a intenção de quem usa esse termo, conseguimos compreender
que seu objetivo é dizer que está orando
em pensamento: sem elevar a voz. Na verdade, a própria língua portuguesa lhe dá o direito de se expressar dessa maneira, pois, a palavra espírito também é definida como um sentido nem sempre expresso claramente
ou um estado de comportamento;
então, isso quer dizer que quando eu uso o termo espírito de oração estou dizendo que, em meu ser interior, estou em
um estado ou comportamento de oração, ou seja: estou simplesmente orando em
pensamento. E é ainda importante destacar que “orar em pensamento” não é o
mesmo que “pensar que está orando”, por isso é importante termos a total
certeza de que estamos realmente em contato com o Espírito Santo e não perdidos
em nossos próprios pensamentos; essa é a razão pela qual muitos preferem orar
em voz alta: suas condições psicológicas não lhes permitem acreditar que estão
realmente orando se não abrirem a boca. Para vencer isso é preciso,
primeiramente, conhecimento da Palavra para entender que as coisas de Deus são
muito mais simples do que parecem e não meros rituais e, depois, plena certeza
de sua comunhão espiritual. Em oração, nossos pensamentos valem tanto quanto nossas
palavras se formos sinceros e fiéis àquEle com quem estamos nos comunicando.
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