Não há como iluminar o caminho de alguém que já se foi; pois se em vida ele não andava na luz, não há quem possa salvá-lo das trevas agora. |
Muitos crentes novos convertidos que saíram
do catolicismo, questionam algumas práticas da doutrina evangélica, as quais
vão contra aquilo que eles aprenderam durante anos. Uma dessas práticas é a não
aceitação da oração pelos mortos. Por razões de sentimentalismo humano, é claro
que entendemos a lógica da vontade de fazer algo pelos entes queridos que se
foram; porém, como servos do Senhor, sabemos que a razão tem que estar acima da
emoção, e a nossa razão é direcionada pela Bíblia, a qual reconhecemos ser a
autêntica e inerrante Palavra de Deus. Sendo assim, diante dessa, como de
qualquer outra questão, temos a obrigação de perguntar: “O que as Escrituras
Sagradas dizem sobre isso?”.
Uma das afirmações mais claras sobre o
assunto se encontra em Hebreus 9:27, que diz: “[...] aos homens
está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo,”.
Essa declaração não deixa dúvida alguma: depois da morte, o que ocorre é apenas
o juízo, ou seja: o julgamento, e isso é tanto para a salvação quanto para a
condenação. Não há aqui nenhuma brecha que nos permita entender que entre a
morte e o julgamento exista alguma oportunidade de mudança do veredito[1]
divino através de orações intercessórias, sacrifícios ou quaisquer outros meios
conhecidos e praticados nas mais diversas religiões.
Obviamente, não podemos negar que aqueles
que defendem a prática das orações pelos finados utilizam sim a Bíblia; os mesmos
se apoiam num texto do Antigo Testamento contido no livro de 2º Macabeus 12:32-45,
que diz que, depois que alguns judeus foram mortos numa batalha contra Górgias[2], o
então governador da Iduméia[3],
enquanto Judas[4]
Macabeus[5] e
seus soldados recolhiam os corpos para sepultá-los, descobriram escondidos em
suas roupas objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia[6],
os quais a Lei proibia terminantemente aos israelitas. Ao saber que os falecidos
haviam cometido tal pecado, puseram-se em oração rogando que os mesmos fossem
perdoados e fizeram uma coleta juntando quase duas mil dracmas[7] de
prata, enviando-as a Jerusalém como sacrifício expiatório[8] para
indulgência[9]
daquelas almas. Há aí dois pontos de extrema importância a serem observados que
podemos considerar como falhas na teologia católica:
Primeiro: Os livros de Macabeus são
considerados apócrifos[10] e,
além do mais, no texto que se segue, é dito que “se Judas não tivesse esperança na ressurreição dos que tinham morrido
na batalha, seria supérfluo e vão orar pelos mortos”; isso mostra que,
ainda que esse livro fosse inspirado por Deus, esse trecho seria apenas uma
narrativa histórica da fé e da opinião particular de um homem, - o qual, como todos, é sujeito a erros de
interpretação, até mesmo porque, na época, havia uma grande influência de povos
pagãos que acreditavam nisso - e não
uma determinação divina para se orar pelos falecidos.
Segundo:
Essa linha de raciocínio vai totalmente contra os padrões doutrinários
ensinados na Bíblia. Pois a própria santificação seria algo sem sentido sendo
que alguém poderia interceder por minha salvação após minha morte; sendo assim,
por que eu obedeceria a Deus? Mas, ao contrário disso, a Palavra nos alerta que
sem santificação ninguém será salvo (Hb 12:14).
Finalizando, bem sabemos que na passagem da vida para a morte,
imediatamente, os salvos gloriosamente encontrarão a Cristo (Lc 23:43), não havendo assim necessidade que se ore
por eles; enquanto que os condenados, infelizmente, partirão direto para a
condenação eterna (Lc 16:22,23[11]), num
lugar de onde não mais se pode sair (Lc 16:26),
não sendo possível aos vivos fazerem absolutamente nada por eles; fato esse que
também desmente a existência do que seria uma tal “sala de espera” para o julgamento
chamada purgatório[12].
[1]Veredito: Ou veredicto: Decisão de um júri ou de qualquer outro tribunal judiciário
acerca de uma causa cível ou criminal. Juízo pronunciado em qualquer matéria.
Opinião autorizada. Ratificação.
[2]Górgias: Foi um general sírio-selêucida do século II a.C., que serviu ao rei
Antíoco Epifanes.
[3]Iduméia: Foi um reino ao sul da Jordânia
no primeiro milênio aC. na Idade do Ferro. A região tem muito arenito
avermelhado, que pode ter dado origem ao nome. Povo originado por Edom (Esaú).
Os edomitas foram um grupo tribal vizinhos de Judá ao sul, de língua semítica
habitantes do Deserto de Negev e do vale de Arabá do qual é hoje o sul do Mar
Morto e vizinho ao Jordão.
[4]Judas: Na Bíblia
existem sete Judas: 1)
Iscariotes, escolhido por Jesus para ser apóstolo (Mt 10:4), sendo o tesoureiro
do grupo (Jo 12:6). Traiu a Jesus (Mt 26:47-49) e, depois, enforcou-se (Mt
27:3-5; At 1:16-19). 2) Irmão de Jesus (Mt 13:55) e provável autor da
carta que leva seu nome (Epístola de Judas). 3) Apóstolo, filho de Tiago,
também chamado de Tadeu (Mt 10:3; Lc 6:16). 4) Cristão de Damasco, em cuja casa
Paulo se hospedou, após sua conversão (At 9:11). 5) Cristão que se destacou na
igreja de Jerusalém, também chamado de Barsabás (At 15:22-32). 6) O Galileu, um
revolucionário (At 5:37). 7) Macabeu, chefe da revolta dos macabeus (Sua
história está registrada nos livro apócrifos 1º e 2º Macabeus).
[5]Macabeus: Nome dado a uma família de judeus, também conhecida como Hasmoneus, que
liderou a revolta contra a Síria, governada por Antíoco IV Epífanes. O chefe da
revolta foi Matatias, cujo bisavô se chamava "Hasmoneu",
provavelmente da cidade de Hasmoná. "Macabeu", que quer dizer
"martelo", era o apelido de Judas, o maior de seus líderes e um dos
filhos de Matatias. A revolta começou em 167 aC., e a família continuou a
governar o povo judeu até 63 aC.
[6]Jâmnia: É uma cidade de Israel, no distrito Central. Era conhecida como Iamnia ou
Jamnia durante o período romano. Segundo o livro apócrifo 2º Macabeus, era um
lugar aonde havia muita idolatria.
[7]Dracma: O
mesmo que darico: uma moeda de ouro que pesava 8,4 g (1ºCr 29:7)). No Novo
Testamento, moeda grega de prata que tinha o mesmo valor do denário (Lc 15:8).
[8]Expiatório: Que serve de expiação (cumprimento de pena imposta para pagamento por
crime ou erro).
[9]Indulgência: Qualidade
de indulgente. Clemência. Condescendência, tolerância. Remissão total ou
parcial das penas relativas aos pecados. Perdão. Absolvição plena das penas
temporais.
[10]Apócrifo: Que não foi reconhecido como devidamente inspirado. Que não é do autor
a que se atribui. Teologicamente, refere-se aos também conhecidos como Livros
Pseudo-canônicos: são os livros escritos por comunidades cristãs e pré-cristãs
(ou seja, há livros apócrifos do Antigo Testamento) nos quais os pastores e a
primeira comunidade cristã não reconheceram a Pessoa e os ensinamentos de Jesus
Cristo e, portanto, não foram incluídos no cânon bíblico. esse termo foi criado
por Jerônimo, no quinto século, para designar basicamente antigos documentos
judaicos escritos no período entre o último livro das escrituras judaicas,
Malaquias e a vinda de Jesus Cristo (um período de 400 anos). São livros que,
segundo a religião em questão, não foram inspirados por Deus e que não fazem
parte de nenhum cânon. São também considerados apócrifos os livros que não
fazem parte do cânon da religião que se professa. Alguns deles são aceitos pela
Igreja Católica (Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico, Baruque e também as adições em Ester e Daniel).
[11]Hades: Lugar
dos maus; também traduzido como inferno (Mt 11:23;16:18;
Lc 10:15; 16:23; At 2:27,31; Ap 1:18; 6:8; 20:13,14). Na mitologia grega, é o
deus do mundo inferior e dos mortos.
[12]Purgatório: É uma errônea visão da teologia
católica que define a condição e processo de purificação, ou castigo temporário
em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o
Reino dos céus.
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