É lícito pedir aos santos - refiro-me a religiosos que já morreram -
que intercedam por nós diante de Deus? Antes de responder a essa pergunta é
importante analisarmos a seguinte questão: “Quem são os santos?”. A Bíblia
aplica esse termo referindo-se àqueles que são realmente fiéis a Deus, mais
claramente falando: aos que vivem em santidade[1] (Rm 1:7; 15:25; 1ª Co 6:1,2; Fp 4:21; 1ª Ts 5:27; 1ª Pe 1:16).
Porém, de um modo geral, no que se
refere aos costumes dos nossos queridos irmãos católicos, santos são pessoas
extremamente piedosas, as quais, depois de mortas, alcançam o direito à
canonização[2],
obtendo também poder para interceder pelos vivos que clamam - e
também adoram - a eles tendo a fé de que receberão um milagre. Essa crença
tem algum fundamento? Baseando-nos no fato de as Sagradas Escrituras afirmarem
que os mortos nada sabem sobre o que ocorre na terra (Ec
9:5,6) e que não podem ter contato com os vivos (Lc 16:26), podemos concluir que não há nenhum fundamento bíblico
que sustente esse argumento. Da mesma forma que nada podemos fazer por aqueles
que já se foram, eles também nada podem fazer por nós e sequer por eles mesmos.
Portanto, não podem ser intercessores ou mediadores entre a terra e o mundo celestial.
Os
que defendem essa prática tentam justificá-la usando referências do Novo
Testamento que falam sobre a importância e a necessidade de os homens
intercederem uns pelos outros; porém, isso é um gravíssimo erro de
interpretação, pois, em todas elas, é claríssimo o fato de que os santos a quem
devemos pedir oração são os nossos irmãos que estão vivos e não os que já
morreram (Rm 12:13; Tg 5:16). E a maior prova
que temos de que não existem mediadores humanos está em 1ª Timóteo 2:5, onde a Palavra não nos deixa dúvidas: “[...] há um só Deus,
e um só Mediador[3] entre Deus e os homens, Jesus
Cristo homem.”; nossas orações devem ser dirigidas
diretamente a Deus (Mt 6:9), por meio do nome de
Jesus (Jo 14:13,14) e com a ajuda do Espírito Santo
que é quem intercede por nós (Rm 8:26[4]).
Crer na necessidade da intervenção de
santos - principalmente santos mortos
- em nossas orações é o mesmo que não crer que Deus tenha poder suficiente para
nos ouvir e atender, e pensar que Jesus e o Espírito Santo também não estejam
em condições de desempenhar o seu papel e, que por isso, necessitem da ajuda de
“assessores” que possam conduzir nossas petições até Ele. Atitude essa que
consiste em pecado abominável, pois o nosso Senhor possui todo o poder no céu e
na terra e todas as criaturas estão sujeitas ao seu domínio (Jd 1:25). Além do mais, Ele proíbe terminantemente a
prática da idolatria[5] (Êx 20:3,4; Dt 6:14; Ap 22:15[6]),
pois não aceita dividir a sua glória com ninguém (Is
42:8).
[1]Santidade: Atributo de Deus (Pai, Filho e Espírito) pelo qual ele é moralmente
puro e perfeito, separado e acima do que é mau e imperfeito (Êx 15.11; Sl 29.2;
Hb 12.10). Qualidade do membro do povo de Deus que o leva a se separar dos
pagãos, a não seguir os maus costumes deste mundo, a pertencer somente a Deus e
a ser completamente fiel a ele (1Ts 3.13). No AT, separação de coisas ou
pessoas para Deus e para o culto. Eram santos os sacerdotes (Lv 21.6-8), os nazireus
(Nm 6.5-8), Canaã (Zc 2.12), Jerusalém (Is 52.1), o Templo (Sl 11.4), os altares,
o óleo e os utensílios do culto (Êx 30.25-29), os sacrifícios (Êx 28:38), etc.
[2]Canonização: O ato de atribuir a alguém o status de Santo; uma prática comum na Igreja
Católica.
[3]Mediador: Pessoa cuja função é reconciliar
partes. Cristo é o mediador da nova Aliança, através de quem Deus e as pessoas
são reconciliados (Is 42:6; 1ª Tm 2:5; Hb 8:6; 9:15).
[4]Inexprimível: Indizível, inefável, inexpressável,
inexplicável.
[5]Idolatria: Adoração
de Ídolos. Deus proíbe a adoração de qualquer imagem, seja de um deus falso ou
do Deus verdadeiro (Êx 20:3-6). As nações que existiam ao redor de Israel eram
idólatras, e Israel muitas vezes caiu nesse pecado (Jr 10:3-5; Am 5:26-27).
Entre outras, eram adoradas as imagens de Baal, Astarote e Moloque e o
Poste-ídolo.
[6]Cães: Expressão
usada em Filipenses 3:2 e em Apocalipse 22:15 para definir pessoas imundas,
impuras. Esse era um termo pejorativo usado pelos judeus, referindo-se aos
gentios. De acordo com a lei cerimonial, o cão era um animal imundo. Ser
chamado de cão era uma ofensa muito grande. Devido a sua imundície, Satanás é
popularmente chamado de cão.
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