Marcos 4:34 - “E sem parábolas nunca lhes falava, porém tudo
declarava em particular aos seus discípulos.”
A parábola é o
principal método didático aplicado nos ensinos de Jesus; tanto que Ele não
falava de forma direta, mas sempre por meio desse recurso e, posteriormente,
explicando em particular àqueles que mais próximos eram dEle. Pelos registros
contidos nos Evangelhos sinóticos - o que
não inclui o Evangelho escrito por João -, podemos comprovar que, em seu
ministério terreno, Ele fez uso de pelo menos quarenta e quatro delas
(possivelmente Ele contou outras que não foram registradas nas Escrituras).
Entende-las exige além de raciocínio, um coração espiritualmente aberto, e nem
todos alcançam esse privilégio. Sendo Ele nosso exemplo maior de sabedoria,
dessa forma nos ensina também a eficácia desse método de ensino pois ele aborda
exemplos cotidianos e simples para os ouvintes, assim explicando questões mais
complexas acerca do assunto em questão. O Antigo Testamento possui dez
parábolas.
A palavra parábola em hebraico é mashal tendo, muitas vezes, o
significado de provérbio, analogia, enigma, discurso, poema, conto, símile,
ditos populares e coisas do tipo. Por toda a Bíblia, dependendo da tradução,
ela é mencionada 45 vezes, sendo 14 no Antigo e 31 no Novo Testamento. Em grego,
seu termo original é parabolé, que
significa “por ao lado de”
expressando uma comparação. Jesus foi que mais fez uso de linguagens figuradas
para atingir seus propósitos no que se referia a atingir a mente do público
ouvinte. Prender a atenção dos mais variados tipos de pessoas levando todos ao
entendimento de acordo com a necessidade nunca foi tarefa para qualquer um; no
entanto, Ele nos ensinou que isso é possível.
Em
nossa linguagem comum da atualidade, a melhor forma de definir o significado de
uma parábola é como ilustração: um dos recursos didáticos mais usados pelos
mais conceituados oradores de nosso tempo. Parábolas, geralmente, são histórias
curtas e elaboradas de forma simples e bastante objetiva. A mente humana possui
muito mais facilidade de captação e assimilação de qualquer tipo de uma
mensagem quando a mesma é apresentada com comparações; desde os primeiros anos
do ensino fundamental, os educadores exploram persistentemente o método
ilustrativo, pois sabem que é muito mais fácil a criança entender uma estória
do que memorizar intermináveis explicações teóricas. Seguindo o exemplo do Grande Mestre,
precisamos falar de uma forma que todos possam compreender (Mc 4:33).
Diferenciar entre
os diversos tipos de figuras de linguagem não é uma tarefa muito simples, pois,
à primeira vista, todas são bastante semelhantes. Segue abaixo uma lista com o
significado de algumas delas:
Metáfora: Quando algo
ou alguém é considerado como um outro.
Exemplo: (Jo 10:14) “Eu
sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”.
Literalmente, Jesus não é um pastor e nem seus seguidores ovelhas, mas essa forma
de expressão representa de que forma devemos imaginá-lo e agir em relação a
Ele.
Metonímia: Quando algo
ou alguém é considerado como um outro por ter alguma relação com o mesmo.
Exemplo: (Lc 16:29b) “Eles
têm Moisés e os Profetas”. Quando Jesus proferiu essa parábola, Moisés e os
profetas já eram mortos; com isso, Ele simplesmente se referia a todos os
demais que pregavam a Palavra ensinada por Moisés e pelos profetas.
Hipérbole: Usar termos
que aumentam ou diminuem exageradamente a situação real.
Exemplo: (Sl 22:14) “...Como
água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como
cera e derreteu-se dentro de mim”. É óbvio que um ser humano não pode se
derramar como água, nem os seus ossos se desconjuntares ou mesmo seu coração se
derreter como cera dentro do corpo simplesmente pelo seu estado de tristeza,
mas essa foi uma maneira, ainda que exagerada, encontrada pelo salmista para
expressar a tão terrível angústia que estava sentindo.
Ironia: Falar em
sentido contrário àquilo que realmente se quer dizer.
Exemplo: (Gn 3:22a) “Então,
disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal”.
Logicamente, o homem jamais será exatamente igual a Deus; mas, com isso, Ele
apenas quis dizer que por ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do
mal, o ser humano passaria a ter um conhecimento a mais, o qual era proibido à
ele, sendo isso um privilégio que somente os seres celestiais tinham acesso.
Antropomorfismo:
Atribuir sentidos ou atitudes humanas a Deus.
Exemplo: (Lv 1:9c) “...
holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor”. Deus não iria
literalmente cheirar o sacrifício; essa afirmação apenas demonstra que Ele
ficaria satisfeito se esse ritual lhe fosse oferecido de forma correta e
sincera.
Tipo: Qualquer
cerimônia, objeto ou pessoa que se refira a algum evento futuro.
Exemplo: (Jo 3:14) “E,
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem
seja levantado”. A serpente de metal colocada sobre uma haste, para a qual
as pessoas picadas por cobras olhavam e não morriam pelos efeitos do seu
veneno, foi uma das tipificações que demonstravam profeticamente a missão do
Messias: salvar os pecadores que cressem nEle, assim neutralizando o efeito
mortal - a condenação eterna - causado pelo pecado.
Símbolo: Objeto que
representa algo com sentido espiritual.
Exemplo: (Gn 9:11-13) “...E
eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne
pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra. E
disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre mim e vós e entre toda
alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto
na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra...”. Após o
dilúvio, apareceu um arco-íris simbolizando um pacto entre Deus e o homem como
garantia de que o Senhor não mais mandaria o dilúvio para destruir a terra.
Alegoria: A utilização
de um fato verídico como profecia de um acontecimento futuro.
Exemplo: (Gl 4:21-31) “Dizei-me
vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei? Porque está
escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o
que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por
promessa, o que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos:
um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar
é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois
é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe
de todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz,
esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária
são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da
promessa, como Isaque. Mas, como, então, aquele que era gerado segundo a carne
perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também, agora. Mas que diz a
Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da
escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos não
da escrava, mas da livre”. Esse é um exemplo de como Deus usou a história
do nascimento de Ismael e Isaque, os dois filhos de Abraão, para mostrar o que
aconteceria com o povo de Israel.
É
necessário destacar também a diferença entre parábolas e mitos. Nas parábolas,
ainda que a história em si não seja real, seu conteúdo não é fantasioso, ou
seja, é totalmente possível de acontecer na realidade. Nos mitos, além de sua
história não ser real, seu conteúdo é fantasioso, impossível de acontecer na
realidade; resumindo: tudo que se refere a mito é uma completa mentira. Jesus
foi um grande contador de história, no entanto, suas histórias não eram
infundadas e sem sentido, pois tinham objetivo didático servindo para clarear o
entendimento daqueles a quem Ele queria atingir com seus discursos. Assemelhar
o Reino de Deus à um grão de mostarda para explicar seu crescimento é um grande
exemplo de sua habilidade oratória, pois a mostarda era uma hortaliça bastante
conhecida na época (Mc 4:31,32).
Como já foi dito
aqui, entre os seguidores de Jesus não haviam apenas admiradores, mas também
opositores. Sua mensagem era de paz, porém seu título, ainda que não oficial,
era de rei. A afirmação de ser o Messias trazia um desconforto político entre
os nobres da época e representava uma ameaça ao governo romano. Assim sendo,
pelo menos duas razões tinha Ele para não querer que suas mensagens de salvação
não fossem entendidas por todos: as ameaças e a dureza do coração de muitas
pessoas.
Ser o alvo direto das mensagens divinas é um privilégio de valor incalculável. Enquanto muitos não entendem porque não o buscam verdadeiramente, você receber dEle algo de forma que Ele faz questão que você entenda, embora não te torne melhor que os demais, te diferencia te proporcionando uma posição de servo mensageiro, a qual não é dispensada a todos que o seguem ou creem nEle. Porém, do mesmo modo que te coloca em um alto patamar, receber algo a mais do Senhor, aumenta sua responsabilidade e cobrança diante dEle (Mc 4:11-13).
Ser o alvo direto das mensagens divinas é um privilégio de valor incalculável. Enquanto muitos não entendem porque não o buscam verdadeiramente, você receber dEle algo de forma que Ele faz questão que você entenda, embora não te torne melhor que os demais, te diferencia te proporcionando uma posição de servo mensageiro, a qual não é dispensada a todos que o seguem ou creem nEle. Porém, do mesmo modo que te coloca em um alto patamar, receber algo a mais do Senhor, aumenta sua responsabilidade e cobrança diante dEle (Mc 4:11-13).
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