Nossa herança depende muito da semente que plantamos na terra em que vivemos hoje; a honra e a obediência aos pais são a base para um futuro feliz. |
Você se lembra do quinto mandamento? “Honra[1] a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias
na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êx
20:12; Dt 5:16); pode parecer exagero, mas um bom casamento,
principalmente para quem conhece a Deus, também se inicia na sua adolescência
através da semente que foi plantada na casa dos seus pais antes mesmo de você
pensar em se casar. Sei muito bem que o contexto do texto em questão se refere
à obediência como fator condicional para uma vida longa, mas você já ouviu
falar da “lei da semeadura[2]”
(Gl 6:7,8[3])?
Colhemos o que plantamos, ou seja: nosso futuro depende muito do nosso presente
e isso também inclui nosso passado. Isso significa que os acertos e os erros - principalmente se praticados de forma
consciente - cometidos por nós em relação a nossos pais poderão, da mesma
forma ou não, se voltar para nós. Analisando dessa forma, podemos entender que
o sentido espiritual desse mandamento abrange muito mais do que os benefícios
dos bons conselhos familiares, pois essa “terra” também pode ser interpretada
como as bênçãos adquiridas futuramente, entre as quais está a família. Como
você espera que seus filhos te tratem? Observe como você tem tratado seus pais
e poderá ter uma boa noção.
E essa lei da semeadura vai muito além de
seu futuro relacionamento com os filhos, pois não se trata de uma simples “vingança”
de Deus contra os meninos e as meninas mal comportadas, mas sim uma retribuição
da própria vida de acordo com a forma como agimos desde o início, definindo
assim nossa trajetória pela maneira como foi construído nosso caráter[4].
Vejamos alguns exemplos de benefícios de costumes adquiridos entre a infância e
a juventude por meio da obediência e da honra aos pais que produzem bons frutos
para o futuro:
·
Praticando
o que aprendem em relação a ética[5]
e a boa educação, da mesma forma também serão bem tratados em todos meios de
convívio;
·
Aceitando
a disciplina e a repreensão estão adquirindo autocontrole e mansidão, o que
poderá evitar futuros conflitos que poderiam resultar em violência;
·
Levando
a sério os estudos terão um bom emprego;
·
Sabendo
controlar seu próprio dinheiro, dificilmente terão problemas financeiros;
·
Sendo
honestos, por toda a vida serão bem vistos pela sociedade e terão boas
oportunidades;
·
Aprendendo
cedo a cumprir suas obrigações, sempre saberão lutar pelos seus direitos;
·
Sendo
ensinados a respeitar limites, também aprendem a valorizar os direitos das
demais pessoas;
·
Se
preservando sexualmente evitam gravidez precoce, DST’s[6]
e problemas psicológicos que poderão interferir em todas as áreas de sua vida
na fase adulta;
·
Procurando
amar como são amados aprenderão a valorizar os sentimentos alheios;
·
Obedecendo
aos bons conselhos dos pais, futuramente também saberão a importância em dar
uma boa educação aos seus filhos.
Estes são apenas alguns benefícios
conquistados por aqueles que desde cedo aprendem e praticam os bons
ensinamentos. Mas os pais têm alguma parcela de culpa sobre a má construção de
caráter dos filhos? Inegavelmente sim, mas isso não os isenta de sua
responsabilidade pessoal em relação a si próprios, porque o fato de ser mal
ensinado não justifica a falta de esforço em buscar o caminho certo. Todos os
seres humanos normais, quando começam a desenvolver seu intelecto, por instinto
natural, já conseguem perceber a diferença entre o certo e o errado e, obviamente,
não vão fazer nada que possa prejudicar a eles próprios. Analisando por esse
ponto de vista, podemos entender que ninguém pode culpar seus educadores por
suas falhas a nível moral. Certamente, qualquer indivíduo que usufrua de um
juízo perfeito, mesmo aprendendo tanto o bem quanto o mal, só vai praticar
aquilo que lhe for conveniente e o fato de obedecer ou não aos bons conselhos
ou exemplos e evitar os maus sempre estará a cargo de suas próprias decisões. O
que a Bíblia diz sobre a importância da obediência e a honra aos pais desde a
infância?
§ Obediência não é uma recomendação, é
uma ordem divina (Cl 3:20).
§ Essa é uma condição para se obter
bênçãos materiais e até mesmo a longevidade[7]
(Ef 6:1-3).
§ Os mais velhos têm experiência:
aquilo que você está passando agora, certamente eles já passaram e sabem como
lidar com essa situação (Pr 4:1-6).
§ Filhos cujos pais servem a Deus devem
ter plena confiança neles assim como os filhos de Noé[8]
confiaram e, obedecendo-o, foram salvos do dilúvio[9] (Gn 7:7;15-17[10]; Hb 11:7).
§ Filhos criados em lar cristão, se
permanecerem obediente ao que aprenderam, alcançarão a salvação (2ª Tm 3:14,15).
§ As consequências são drásticas aos
que desonram e desobedecem seus pais (Pr 30:17).
§ Filhos desobedientes a pai e mãe são
um problema antigo e já era prevista sua existência para os dias de hoje (2ª Tm 3:2,9,10), mas o seu destino é a vergonha em
consequência de suas atitudes (2ª Tm 3:9,10).
§ Os filhos de Jó[11]
não seguiam seu exemplo e tiveram um final trágico (Jó
1:4;5,18,19).
§ Os filhos têm a obrigação de cuidar
de seus pais (1ª Tm 5:4,8).
§ Jesus foi o filho que deu o maior
exemplo de honra e obediência; pois desde criança Ele obedeceu aos seus pais
carnais (Lc 2:51[12])
e permaneceu fiel ao seu Pai celestial até no momento de maior agonia (Mt 26:39[13]; Fp 2:8); com isso Ele conquistou a glória eterna (Fp 2:9-11).
Voltando à questão do casamento, sabendo
que pelos padrões divinos de justiça a tendência é sermos julgados pela lei da
semeadura, há motivos para aqueles que foram maus filhos se desesperarem
achando que terão uma péssima vida depois de casados? Na verdade não, pois
aonde há arrependimento existe também grande manifestação da misericórdia de
Deus (At 3:19). Uma das grandes provas de seu
caráter misericordioso é que, pela Lei, os filhos rebeldes deveriam ser mortos
(Êx 21:17; Lv 20:9; Dt 21:18-21[14]),
mas, pela Graça, o mandamento principal é o amor (Mt
22:37-40), o que inclui o perdão (Mt 6:14)
e a reestruturação da família (Lc 15:20). No
demais, o que as Escrituras Sagradas ensinam é que a adolescência e a juventude
são vaidade, ou seja: são passageiras (Ec 11:10);
portanto, deve-se viver essa fase com responsabilidade (Ec 11:9) e honrar os mais velhos sabendo que, se viverem para isso,
os “novinhos” e as “novinhas” de hoje serão os anciãos de amanhã e com certeza
também vão querer ser respeitados. E nunca
devem se esquecer de uma coisa: é preciso dar valor aos pais enquanto eles
ainda estão vivos; porque grande é o número de pessoas que vivem com o seu lado
psicológico abalado - alguns até
deprimidos mesmo - pelo remorso devido ao fato de terem sido péssimos filhos
e agora sofrem com a peso na consciência sem mais poderem dar um abraço para
pedir perdão e dizer que os amam.
[1]Honrar: Dar honra. Dignificar; estimar; respeitar; reverenciar (Êx 20:12; 1ª Pe
2:17). Adorar retribuindo (Is 43:23; Pr 3:9). Exaltar; glorificar, elogiar.
[2]Lei da semeadura: Termo que
expressa o princípio bíblico de que colhemos aquilo que plantamos: nossas
atitudes, sejam boas ou más, interferem no nosso futuro (Gl 6:7,8).
[3]Escarnecer: Zombar.
[4]Caráter: Moral. Índole. Característica.
[5]Ética: Conjunto de princípios morais que se devem observar; é o que indica as
normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade.
Bom senso.
[6]DST: Sigla de "Doenças Sexualmente Transmissíveis". Antigamente
conhecidas como doenças venéreas. Existem dezenas, mas as mais conhecidas são a
aids, a sífilis e a gonorreia. Os meios mais comuns de contágio são a relação
com prostitutas ou a prática homossexual.
[7]Longevidade: Vida longa.
[8]Noé: Significa "Descanso".
Filho de Lameque da descendência de Sete (Gn 5:28-32). Noé era um homem justo.
Quando Deus decidiu destruir o mundo através de um dilúvio, ele escolheu Noé e
sua família para escaparem da destruição. Durante o dilúvio, Noé e sua esposa,
seus três filhos e suas esposas e muitos animais permaneceram dentro de uma
arca que havia sido construída por Noé. Depois que as águas secaram, Noé e sua
família saíram da arca e receberam de Deus a ordem e a bênção para povoarem de
novo a terra. Noé viveu 950 anos (Gn caps. 6-9).
[9]Dilúvio: Grande
inundação que cobriu toda a Terra há milhares de anos. Todas as coisas vivas
(pessoas e animais) foram destruídas, exceto aquelas que foram escolhidas para
entrar na arca que Noé havia construído (a família de Noé e um casal de cada
animal). Esse acontecimento é narrado do capítulo sete ao nove de do livro de
Gênesis.
[10]Arca: Grande barco que Noé construiu
sob orientação de Deus para, junto com a sua família e com um casal de cada
animal, escapar do dilúvio. Ela media
133 metros de comprimento por 22 de largura e por 13 de altura (Gn caps. 6-9).
[11]Jó: Job (em hebraico: אִיּוֹב),
cujo nome significa voltado sempre para Deus, é um personagem de um dos livros mais antigos da Bíblia: o Livro de Jó do Antigo Testamento. Ele
foi um homem que viveu na terra de Uz, onde atualmente se encontra
o Iraque. Há indícios de que viveu entre os séculos XVII
a.C. (1683aC.) a XVI aC. (1543aC.). O ponto alto da vida de Jó
foi o seu intenso sofrimento causado por Satanás, sob a permissão de Deus, na
intenção de provar sua fé, restituindo-lhe tudo em dobro no final da história.
[12]Nazaré: Cidade localizada no sul da Galiléia. Ali Jesus cresceu e ali vivia a
sua família (Lc 1:26-27; 2:4,51; 4:16).
[13]Cálice: Linguagem figurada que representa uma porção ou experiência de alguém,
seja prazenteira ou adversa. Designações divinas, sejam favoráveis ou
desfavoráveis. Comparável a um cálice que Deus apresenta a alguém para beber:
tanto de prosperidade, como de adversidade.
[14]Contumaz: Muito teimoso (Dt 21:18).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, seja ele crítico, elogioso, complementar ou simplesmente direcionado à esclarecer alguma dúvida.
Todos serão respondidos desde que estejam de acordo com o regulamento abaixo:
Não serão publicados comentários que contenham palavrões, ofensas, anúncios não autorizados, e/ou usuários anônimos.
Muito obrigado pela sua participação!
Obs.: Apenas respondemos quando percebemos que a pessoa realmente quer uma resposta, pois quando notamos que ela apenas quer arrumar confusão, simplesmente ignoramos.