terça-feira, 2 de junho de 2015

Como Devo Reagir Diante das Oposições à Obra?

Texto Bíblico
Neemias 6:1-3 - Sucedeu que, ouvindo Sambalate[1], Tobias[2], Gesém[3], o árabe, e o resto dos nossos inimigos, que eu tinha edificado o muro, e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais, 2Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos[4] juntamente nas aldeias, no vale de Ono[5]. Porém intentavam fazer-me mal. 3E enviei-lhes mensageiros a dizer: Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?

Com os exemplos de Neemias
aprendemos que o crente
equilibrado em sua conduta, não
desce ao nível dos inimigos para
responder suas afrontas; ele
simplesmente diz que está muito
ocupado cumprindo seu trabalho
e deixa Deus fazer justiça em
seu lugar.
História
    Jerusalém. Ano 445aC. O cativeiro da Babilônia[6] já havia se findado e, aos poucos, os judeus eram enviados em grupos de volta à sua terra. Neemias[7], um copeiro do rei Artaxerxes[8], sendo um judeu temente a Deus e tremendamente apegado ao seu povo, recebeu tristes notícias sobre a situação de Jerusalém e, depois de orar e jejuar, sendo autorizado pelo rei, foi conferir de perto. Chegando lá, o que viu foi uma cena terrível: o que havia sobrado do muro estava aos pedaços, das portas restaram indícios de madeira e metal queimados, entulhos estavam espalhados por todas as partes de modo que ele nem conseguia passar com o animal sobre o qual estava montado, o povo estava em grande pobreza e sua identidade cultural, social e religiosa estavam sob forte influência dos seus colonizadores. A situação era gravíssima, pois um muro representava a segurança e a importância de uma cidade; e ele, como um fiel servo de Deus, sentiu-se na obrigação de tomar uma atitude. Mas o que fazer diante de um cenário tão caótico? Primeiramente, pedir a orientação do Senhor e, a partir daí, elaborar um projeto de reconstrução, reunir o povo, calcular os gastos, arrecadar o que fosse necessário, organizar tudo e dar início aos trabalhos. Fazendo isso, quando tudo estava em andamento, surgiu um grande obstáculo: os inimigos da obra: Tobias, Sambalate e companhia Ltda. Mas quem eram eles? Esses eram homens que ocupavam cargos importantes no governo e se sentiam ameaçados pela reconstrução dos muros, pois temiam que isso possibilitasse uma rebelião dos judeus, fato esse que lhes traria grandes prejuízos, pois Jerusalém era uma grande cidade. Esse é o perfeito retrato dos habituais inimigos da Obra que enfrentamos ainda nos dias de hoje: eles podem estar tanto fora quanto dentro da igreja, seus motivos são sempre a ganância material e a busca pelo status, seu alvo são aqueles que estão trabalhando pela edificação da Igreja e seus meios sempre visam a destruição dos que se opuserem aos seus planos malignos. Como devemos reagir perante eles? Neemias nos dá um perfeito exemplo de como deve agir um verdadeiro servo de Deus: “Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?”. Qual é o grau do seu envolvimento com a Obra? É apenas um membro dela ou está comprometido com ela?

Mensagem
    Qual é a sua prioridade? Diante da provocação você para de trabalhar e dá atenção ao inimigo, ou você ignora suas palavras e continua com sua atenção voltada para Jesus?

    As estratégias dos inimigos:
    Zombaria: Os inimigos usaram palavras ofensivas à honra, na tentativa de provocar o ego dos judeus (Ne 4:1-3). Muitas vezes somos afrontados pelos ímpios porque servimos a Deus ou até mesmo por crentes quando não concordam com nossa dedicação à Obra; porém, a justiça divina contempla todo sofrimento e age no momento certo (Sl 1:4-6).
    Falsas propostas: Vendo a determinação de Neemias, prepararam uma armadilha e se fingiram de amigos (Ne 6:2). O inimigo nem sempre se apresenta furioso e armado, por isso devemos estar sempre alertas a tudo o que nos é oferecido (Pr 26:24-26).
    Mentiras: Diante da persistência, os inimigos apelaram para a falsa acusação (Nm 6:6,7). As calúnias inventadas a nosso respeito somente nos derrubam se dermos ouvidos ao inimigo, pois quando resistimos somos justificados e honrados pelo Senhor (Mt 5:10-12).

    A resistência aos inimigos:
    Busca da orientação divina: A primeira reação de Neemias foi orar; ele “desabafou” com Deus todas as suas amarguras (Ne 4:4,5[9]). Quem busca a orientação de Deus, não somente consegue encontrar as respostas certas como também recebe paz em seu coração, pois começa a entender que seu verdadeiro inimigo é espiritual e não carnal (Ef 6:10-13[10] [11] [12]).
    Discernimento entre a verdade e a mentira: Nas tentativas de aproximação, que na verdade eram ciladas, podemos notar o discernimento espiritual de Neemias que não acreditou nos argumentos apresentados (Ne 6:2); nem mesmo os “profetas” conseguiu enganá-lo (Ne 6:12-14) e, prudentemente, já havia orientado o povo a vigiar enquanto trabalhava (Ne 4:17-20). Como servos de Deus, não podemos aceitar o fato de sermos enganados diante de qualquer argumento, pois temos que saber discernir entre a verdade e a mentira (At 5:1-3) considerando o fato de que o discernimento é um dom espiritual (1ª Co 12:7,10; 2:14,15) e, pelo meio do qual, nem mesmo os que usam o nome de Deus podem conseguir nos enganar (1ª Jo 4:1).
    Resposta firme aos opositores: Quando foi convidado para uma reunião com Tobias e Sambalate, percebendo que se tratava de um impedimento à obra, não tentou se desculpar e muito menos atendeu ao chamado, ele simplesmente disse que o que ele estava fazendo era muito mais importante (Ne 6:3). Quais são as respostas que estamos dando àqueles que tentam nos afastar das coisas de Deus (1ª Tm 4:1,2[13]; Rm 16:17,18[14])?
   
    O resultado da resistência:
    A conclusão do muro: O resultado da persistência, da coragem e da fidelidade a Deus foi excelente: eles conseguiram concluir o muro em cinquenta e dois dias (Ne 6:15[15]). A conquista do objetivo é certa, mas apenas para aqueles que não desistem. Não há como evitarmos a existência dos opositores, mas quem garante o sucesso da Obra é aquEle que ordenou que a fizéssemos (Mt 10:22; Gl 6:9).
    A exaltação do nome de Deus: O término da construção não somente alegrou aos judeus, mas também honrou a Jeová diante de seus próprios inimigos como também dos gentios (Ne 6:16); pois o serviço sacerdotal foi restabelecido (Ne 7:1,2); e o povo voltou a adorar livremente (Ne 8:1,6), podendo inclusive ofertar (Ne 10:37), assim alcançando um verdadeiro avivamento tendo sua fé fortificada (Ne 9:38). Qual é o objetivo que te leva a fazer parte da Obra do Senhor? Todos os trabalhos os quais tivermos oportunidade para fazer devem ser executados com amor e dedicação, lembrando-nos que trabalhamos para Deus e não para os homens (Cl 3:17; Ec 9:10).
    O resgate da dignidade do povo: Com a edificação dos muros passou a haver um controle sobre os habitantes de Jerusalém que lhes permitiu registrar suas genealogias (Ne 7:5); os que não pertenciam ao povo foram apartados, dando-lhes mais liberdade para se prostrarem diante de Deus (Ne 9:2) e assim puderam também voltar a zelar pela pureza do seu povo não estando mais sujeitos às mais diversas influências dos povos estrangeiros (Ne 10:29,30). Você tem se preocupado em manter-se puro vivendo nesse mundo tão corrompido pelo pecado? O verdadeiro crente preocupa-se muito em fazer a diferença em qualquer lugar que esteja (Jo 17:14-17).

Conclusão
    Sobrevivendo em tempos de supervalorização material numa situação em que o próprio Evangelho é encarado por muitos simplesmente como um bom negócio de grandes proporções financeiras, o verdadeiro cristão, que é aquele que não se rende aos “Tobias” e “Sambalate” que estão à sua volta, precisa se inspirar em homens como Neemias e no próprio Senhor Jesus Cristo para não se corromper e nem desistir de sua missão. Reconstruir muros já não é uma tarefa muito fácil, e com inimigos tentando impedir se torna quase impossível. No entanto, o que aprendemos aqui é que quando nos colocamos em oração pedindo a Deus que seja Ele o idealizador e executor de nossos projetos não há como a edificação não ser concluída. É assim que percebemos que os maiores obstáculos não são os opositores, mas sim nós mesmos quando não temos fé e confiança no próprio chamado. Neemias não precisou se expor entrando em brigas ou mesmo discutindo; sempre respondeu com mansidão e firmeza, e Deus cuidou de tudo por ele. Essa deve ser a reação de um verdadeiro cristão; o mundo precisa ver esse exemplo em nós. E, por essa razão, não devemos perder tempo em nosso ministério olhando e dando ouvidos às pessoas que não concordam ou não acreditam no que fazemos, porque se nós temos a certeza de que foi o Rei quem nos chamou e está nos capacitando, estamos mais do que autorizados a cavar os alicerces e prosseguir com o trabalho. Falando nisso, você já conversou com o Dono da Obra hoje (Ne 13:31b)?


[1]Sambalate: O seu nome na língua babilônia é "Sin-Uballit" que significa "Que Sim lhe dê vida" (Sim, na Babilônia, era considerado o deus da lua). Provavelmente nasceu em Bete-Horom, por isso era chamado de horonita. Ele foi o líder dos opositores de Neemias porque se sentia politicamente ameaçado com seu trabalho de edificação dos muros em Jerusalém. Seus filhos, Delaías e Selemias, tinham nomes judeus e sua filha se casou com o filho de um sumo sacerdote, o que dá a entender que ele possa ter feito as pazes com Neemias ou com seu povo.
[2]Tobias: Um amonita que foi um dos principais opositores à Neemias na reconstrução de Jerusalém. Era um provável oficial de alto escalão do governo persa. Ele e seus filhos se casaram com mulheres judias. Embora tenha sido recebido no Templo pelo sumo sacerdote Eliasibe, foi expulso por Neemias.
[3]Gesém: Chamado na Bíblia de arábio, acredita-se que foi um governador edomitas ou persa. Juntamente com Sambalate e Tobias, foi um dos principais opositores de Neemias na reconstrução de Jerusalém.
[4]Congregar: Reunir; juntar. Se reunir ou se juntar com outras pessoas.
[5]Ono: Citado no livro de Neemias (Ne 6:2), esse vale ficava a, mais ou menos, 32 quilômetros de Jerusalém.
[6]Cativeiro da Babilônia: Também chamado de Exílio ou Cativeiro da Babilônia, é o nome geralmente usado para designar a deportação em massa e exílio dos judeus do antigo Reino de Judá para a Babilônia por Nabucodonosor II. Este período histórico foi marcado pela atividade dos profetas do Antigo Testamento, Jeremias, Ezequiel e Daniel. A primeira deportação teve início em 598 aC.. Jerusalém é sitiada e o jovem Joaquim, Rei de Judá, rende-se voluntariamente. O Templo de Jerusalém é parcialmente saqueado e uma grande parte da nobreza, os oficiais militares e artífices, inclusive o Rei, são levados para o Exílio em Babilônia. Zedequias, tio do Rei Joaquim, é nomeado por Nabucodonosor II como rei vassalo. Precisamente 11 anos depois, em resultado de nova revolta no Reino de Judá, ocorre a segunda deportação em 587 aC. e a consequente destruição de Jerusalém e seu Templo. Governando os poucos judeus remanescentes na terra de Judá - os mais pobres - ficou Gedalias nomeado por Nabucodonosor II. Dois meses depois, Gedalias é assassinado e os poucos habitantes que restavam fogem para o Egito com medo de represálias, deixando a terra de Judá (ex-Reino de Judá) efetivamente sem habitantes e suas cidades em ruínas. É certo que o período de cativeiro "em Babilônia" terminou no primeiro ano de reinado de Ciro II (538 aC./537 aC.) após a conquista persa da cidade de Babilônia (539 aC.). Em consequência do Decreto de Ciro, os judeus exilados foram autorizados a regressar à terra de Judá, em particular a Jerusalém, para reconstruir o Templo. Esse cativeiro durou 70 anos.
[7]Neemias: Significa "Javé Conforta". Judeu, copeiro de Artaxerxes. Liderou um grupo que voltou do Cativeiro Babilônico para Jerusalém, onde foi governador e realizou reformas. Foi um homem de muita habilidade e coragem. É considerado um grande exemplo de liderança; uma de suas obras mais marcantes foi a reconstrução dos muros de Jerusalém sob forte oposição de Sambalate e Tobias. É o provável autor de um livro histórico do Antigo Testamento que leva o seu nome.
[8]Artaxerxes: Significa "Rei Poderoso" ou "Grande Guerreiro". É um nome próprio ou título (como César e Faraó) de três reis da Pérsia, dois dos quais são mencionados na Bíblia. 1) Artaxerxes I, apelidado de "Longímano" (mão longa), reinou de 464 a 424 aC. e proibiu a reconstrução do templo e de Jerusalém (Ed 4:7-23; 6:14). 2) Artaxerxes II, reinou de 404 a 358 aC. Ele deu a Esdras e Neemias autoridade e também mantimentos, ouro e prata para o Templo (Ed cap. 7; Ne 2:1-9; 13:6).
[9]Opróbrio: Desonra; vergonha.
[10]Principado: Dignidade de príncipe. Território cujo governo pertence a um príncipe ou a uma princesa. Mencionado na Bíblia também em referência a espíritos, sejam eles bons ou maus (1ª Co 15:24; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10,15).
[11]Potestade: Potência, força, poder. A divindade suprema, segundo a religião. Potentado.
[12]Hoste: Tropa, exército beligerante, corpo de exército. Bando, chusma, multidão.
[13]Cauterizado: Que sofreu aplicação de cautério (ferro quente, cáustico ou outro agente que queima e converte em escara (ferida de queimadura), ou destrói os tecidos a que é aplicado). Morto ou destruído por ação de ferro em brasa. Simboliza uma mente destruída (1º Tm 4:2).
[14]Lisonja: Bajulação. Agradar alguém por interesse.
[15]Elul: No calendário judaico, esse é o mês correspondente ao período de agosto e setembro.

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