Vivendo em uma sociedade em que os valores
morais são tão desprezados, se casar parece ser desnecessário e até inconveniente,
é inevitável que muitos, principalmente estre os mais jovens, questionem: “Por
que é preciso casar em vez de simplesmente curtir a vida?”. Antes de responder
a essa pergunta precisamos entender o que significa casamento[1].
A língua portuguesa o define como a união legal entre um homem e uma mulher; a
Bíblia o classifica como uma instituição divina, a qual só pode ser dissolvida
pela morte; e, historicamente, a origem dessa palavra - que no latim é “casamentum”: junção de casa + construção - expressa
perfeitamente a ideia da construção de uma família ou de um lar. Podemos assim
entender que, socialmente, o casamento impõe deveres e propicia direitos; espiritualmente,
é uma ordem divina às pessoas que querem viver conjugalmente; e, moralmente, é
o reconhecimento de uma união entre um casal como legítima. Mas tudo isso
apenas define a vida em comum de duas pessoas de sexo oposto sob o mesmo teto;
baseado nesses princípios, qual é a obrigação, necessidade ou vantagem da
oficialização dessa união perante a sociedade, a lei e a igreja por meio de uma
ato, seja ele público ou não, mas com documentos assinados por ambas a partes
acompanhados por testemunha e Juiz? A resposta é simples: a união entre duas
pessoas visa, de um modo geral, o compartilhamento de bens, a divisão de
responsabilidades, o respeito mútuo de ordem moral e física e a concepção de
filhos entre outros fatores de extrema importância, os quais merecem cuidados
especiais como garantia de direitos iguais em caso de desacordo de qualquer
natureza, além de ser uma prova de amor e respeito ao cônjuge por meio da aceitação
de alterar seu padrão de vida, mudando seu estado civil, assumindo oficialmente
sua relação.
Espiritualmente falando, há nas Sagradas
Escrituras alguma afirmação que nos leve a entender que somos obrigados a ter
um cônjuge fixo e nos casar? O princípio mais básico desse conceito se segue
logo após a criação, quando Deus, tendo criado o ser humano - macho e fêmea - abençoando-os, lhes
ordenou que se multiplicassem (Gn 1:27,28) e,
posteriormente, disse: “Não é bom que o homem
esteja só!” (Gn 2:18). Observe bem que Ele
não disse que poderia ser um macho com várias fêmeas ou vice-versa, pois essa é
uma ação de instinto adequada para animais irracionais, mas não cabíveis a
homens e mulheres; por aí vemos que a poligamia[2],
embora praticada por vários patriarcas, era um costume cultural e, apesar de
tolerada, não era aprovado por Deus. Trazendo para a prática, vemos como isso
se cumpre por completo na vida humana: qualquer pessoa normal segue a tendência
natural de ceder a desejos carnais e carência de afeto e companhia, ou seja: de
fato, o ser humano não foi feito para viver só. Levados por essa necessidade,
agora precisamos compreender o por quê de não podermos satisfazê-la livremente
sem ter que assumir um compromisso matrimonial, o que a Bíblia diz sobre isso?
Primeiramente, a figura do casamento é usada por várias vezes para expressar a
importância da fidelidade entre Deus e o homem (Is
61:10; 62:5; Mt 25:1; Ap 19:7; 21:2; 22:17) e, se referindo diretamente
ao assunto, vemos o apóstolo Paulo exortando a igreja sobre a importância de
seus membros se casarem para não abrasar[3]
(1ª Co 7:9), ressaltando ainda que ser solteiro
não é pecado e até tem suas vantagens em alguns aspectos (1ª Co 7:1,6-8), mas deixando claro que a natureza
carnal normalmente fala mais alto expondo-nos ao risco do pecado (1ª Co 7:2). Se a união formal e monogâmica[4]
não fosse importante perante Deus, seu servo não estaria preocupado com isso
quando se referia à necessidade da pureza sexual entre os cristãos.
Qualquer um que se julgue cristão, sendo
ele devidamente consciente dos mandamentos sagrados, se persistir numa vida de
luxúria[5]
está cometendo gravíssimo pecado e abrindo mão da sua salvação (Gl 5:19-21[6] [7]
[8]).
Uma pessoa que não quer ter responsabilidade conjugal - a não ser que tenha optado pela abstinência[9]
por motivos físicos, psicológicos ou espirituais -, certamente tem suas
intenções voltadas apenas para a satisfação dos próprios prazeres carnais sem o
objetivo de dar valor aos sentimentos alheios e tampouco à fidelidade a Deus.
Tais indivíduos que tanto valorizam o termo “curtir a vida”, geralmente, o
associam ao termo “liberdade” pensando que ser livre é ter o direito de fazer o
que bem entender e o pior: acham que Deus aprova suas atitudes. A Palavra nos
ensina o contrário: ser livre é ter liberdade para não aceitar as tentações
malignas que o cercam (1ª Co 6:12; 10:23)! A
melhor sensação de liberdade que alguém pode ter é poder olhar ao seu redor e
saber que ali está uma pessoa que retribui ao seu amor, filhos que o respeitam e
darão continuidade ao seu nome e patrimônios materiais, morais e espirituais
que comparados à uma vida de devassidão[10],
simplesmente, não tem preço; o maior prazer que se pode satisfazer é poder
curtir a família sabendo que assim também está agradando a Deus Casamento é
compromisso, e quem o rejeita simplesmente não quer se comprometer com a pessoa
a quem ele diz que ama!
[1]Casamento: Instituição divina pela qual um homem e uma mulher se unem por amor numa
comunhão social e legal com o propósito de estabelecerem uma família (Gn
1:27-28; 2:18-24). É permanente e só pode ser dissolvido pela morte (Rm 7:2-3)
ou, excepcionalmente, pelo divórcio (Mt 19:3-9). União legítima e legal de
homem e mulher para constituir família.
[2]Poligamia: Estado conjugal em que um homem desposa várias mulheres ou uma mulher
vários maridos.
[3]Abrasar: Queimar (Is 10:17). Destruir (Sl
106:18). Esquentar muito; inflamar (2ª Co 11:29). Excitar (Is 57:5). Pôr em
confusão (Pr 29:8). Queimar de desejo (1ª Co 7:9).
[4]Monogâmico: Referente à monogamia: estado conjugal em que um homem desposa uma
única mulher ou uma mulher um só marido. União exclusiva de um macho com uma
única fêmea.
[5]Luxúria: Lascívia. Conduta vergonhosa,
como sensualidade, imoralidade sexual e libertinagem (Mc 7:22; Gl 5:19).
Corrupção de bons costumes.
[6]Lascívia: Conduta vergonhosa como sensualidade, imoralidade sexual, libertinagem,
luxúria (Mc 7:22; Gl 5:19). Corrupção de bons costumes.
[7]Porfia: Contenda de palavras; discussão.
[8]Emulação: Competição. Sentimento
que leva a igualar ou a superar alguém.
[9]Abstinência: Decisão de não fazer uso
de certos alimentos ou bebidas ou evitar práticas sexuais (At 15:20; 1ª Tm
4:3).
[10]Devassidão: Qualidade daquele ou daquilo que
é devasso. Libertinagem, depravação, corrupção.
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