Estudo Bíblico Baseado na
Escola Bíblica Dominical da CPAD | 1º Trimestre de 2013 - Lição 9 | Jonas M.
Olímpio
A expriência da transfiguração foi um dos sinais de que Jesus é o Messias e, além de provar sua divindade, teve também finalidade profética e escatológica |
TEXTO
ÁUREO
E transfigurou[1]-se
diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se
tornaram brancas como a luz. 3E eis que lhes apareceram Moisés e
Elias, falando com ele (Mt 17:2,3).
VERDADE
PRÁTICA
O aparecimento de Moisés e Elias no monte da transfiguração
é um testemunho de que a Lei e os profetas cumprem-se em Cristo, o Messias[2]
prometido.
PALAVRA-CHAVE
Transfiguração:
Mudança de aparência ou forma,
mas não mudança de essência.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 17:1-8
1 - Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e
a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte.
2 - E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu
como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
4 - E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é
estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para
Moisés e um para Elias.
5 - E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os
cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; escutai-o.
6 - E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e
tiveram grande medo.
7 - E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e
não tenhais medo.
8 - E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão a Jesus.
INTRODUÇÃO
·
A ocorrência da transfiguração[3] está relatada em três evangelhos sinópticos[4]: Mateus 17:1-13, Marcos 9:2-8 e Lucas 9:22-36.
·
Nesse evento, o Senhor
Jesus transfigurou-se diante dos discípulos Pedro, Tiago e João, e apareceram
ao seu lado Moisés e Elias: profetas que haviam sido arrebatados pelo Senhor há
centenas de anos antes.
·
O
centro das atenções nesse fato não está focado em Moisés ou Elias, mas sim no
grande Profeta de Nazaré: o Senhor e Salvador Jesus Cristo.
·
A exemplo dos grandes
homens de Deus devemos ter plena consciência de que toda a glória que possa ser
alcançada por meio de nosso trabalho pertence ao Senhor e não a nós:
“É
necessário que ele cresça e que eu diminua.”
(Jo 3:30)
I - Elias,
o Messias e a transfiguração
1. Transfiguração
·
De
acordo com o relato de Mateus 17:1,2, Jesus escolheu aqueles três discípulos e,
quando chegaram no monte, transfigurou-se diante deles da seguinte forma: “o seu rosto resplandeceu como o sol, e as
suas vestes se tornaram brancas como a luz.”
·
O termo
“transfigurar” vem do grego metamorfose
que tem o sentido de mudança de aparência ou forma, o que não influi na
essência, ou seja: é uma mudança física e não interior.
·
Esse
acontecimento comprova a natureza divina de Jesus; o fato de Ele estar ao lado
de dois antigos profetas serviu para lhes mostrar que realmente Ele pertence ao
mundo sobrenatural, pois Ele, apesar de estar num corpo físico, não era um mero
mortal como qualquer outro.
·
A
divindade de Cristo é incontestável, pois ela é comprovada pela transfiguração
e também em várias outras ocorrências relatadas na Bíblia:
“No
princípio era o Verbo[5], e
o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 14E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a
sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 15João testificou dele, e
clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes
de mim, porque foi primeiro do que eu."
(Jo 1:1,14,15)
2. Glória divina
·
A
glória de Deus se manifestou poderosamente durante a transfiguração, não
deixando dúvidas aos discípulos presentes de que se tratava realmente de um
fenômeno sobrenatural.
·
Em
Mateus 17:5, da forma como descreveu esse fato ao povo hebreu, Mateus destacou
a presença da nuvem, a qual, no Antigo Testamento, sempre representou a
presença de Deus como podemos conferir em Êxodo 14:19,20 e 24:15-17; em 1º Reis
8:10,11 e Ezequiel 1:4 e 10:4.
·
No
Monte Sinai, Tanto Elias como Moisés presenciaram a glória de Deus, mas na
transfiguração de Jesus, eles participaram dela.
·
Hoje,
na época da Graça, a glória de Deus se manifesta diante de nós por meio das
maravilhas que o Senhor opera em nossa vida:
“Disse-lhe
Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus? 41Tiraram,
pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima,
disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.”
(Jo 11:40,41)
II - Elias,
o Messias e a restauração
1.
Tipologia[6]
·
No
momento da transfiguração, juntamente com Jesus, os nomes de Moisés e Elias
aparecem em destaque com o seguinte significado: Moisés representa a Lei e
Elias representa os profetas.
·
Analisando
o texto de Deuteronômio 18:15, em que Moisés se refere ao Senhor Jesus dizendo:
“a Ele ouvireis”, podemos perceber o
próprio Deus falando da mesma forma em Mateus 17:5: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o”.
·
Isso
deixa evidente que Moisés é uma figura tipológica, ou seja: ele tem seu tipo
revelado em Jesus, pois toda a Lei, a qual foi entregue ele, apontava para
Cristo e se cumpriu nEle.
·
Ensinando
seus discípulos, Jesus deixou bem claro que seu objetivo não era abolir, mas
sim cumprir a Lei; o que Ele de fato combatia não era a legalidade dos
mandamentos, mas a hipocrisia dos religiosos da época:
“Não
cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar[7],
mas cumprir."
(Mt
5:17)
2. Escatologia
·
Elias,
em relação ao evento da transfiguração, prefigurando os profetas, tem um papel
escatológico, o que se refere a acontecimentos futuros.
·
Em
Malaquias 4:5,6, ele aparece como precursor do Messias: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e
terrível dia do SENHOR; 6E ele converterá o coração dos pais aos
filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a
terra com maldição”.
·
No Novo
Testamento, surgiu João Batista com as mesmas características do profeta Elias,
estando no seu mesmo espírito e tendo as suas mesmas virtudes como está
relatado em Lucas 1:17: “E irá adiante dEle
no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos,
e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo
bem disposto”.
·
A vinda
de Elias era parte daquilo que os profetas diziam em relação ao futuro como se
fizesse parte da Lei e, por isso, assim como a Lei, também tinha que se cumprir:
“Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til
se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.”
(Mt 5:18)
III - Elias,
o Messias e a rejeição
1. O Messias esperado
·
Conforme
está relatado em Malaquias 4:5,6 e em Mateus 17:10, Elias teria que aparecer
antes do Messias; porém, isso não significa que tivesse que ser necessariamente
Elias, mas sim alguém no seu espírito e com suas virtudes, ou seja: com a sua
autoridade espiritual e as suas mesmas características.
·
Esse
foi o caso de João Batista, mas a maioria dos judeus da época não interpretou
dessa forma e por isso não reconheceu a Jesus como o Messias.
·
É muito
importante deixar bem claro que João não era uma reencarnação de Elias - até mesmo porque Elias não morreu -, e
ele próprio afirma isso em João 1:21: “E
perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E
respondeu: Não”. Ele simplesmente representava a Elias.
·
Até
mesmo os samaritanos[8] - que eram
uma mistura entre gentios e judeus - sabiam e aguardavam a vinda do
Messias; todos criam nas profecias, mas poucos foram os que o reconheceram e
receberam:
“A
mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele
vier, nos anunciará tudo."
(Jo
4:25)
2. O Messias
rejeitado
·
Analisando
os fatos que se sucederam durante o período de uma semana antes da
transfiguração, vemos que Jesus nada mais fez naqueles dias além de pregar a
Palavra do Reino;
·
Foi
nesses dias em que Ele interrogou seus discípulos sobre quem eles achavam que
Ele fosse, e quando Pedro respondeu que Ele é Cristo, o Filho do Deus vivo,
disse-lhe que edificaria a sua Igreja e que as portas do inferno não
prevaleceriam contra ela.
·
E foi
nesse período também em que Ele ensinou aos que queriam segui-lo, que deveriam
renunciar a si mesmos e tomar a sua cruz; é por aí que vemos que Ele não era um
pregador popular, pois suas mensagens não agradavam a maioria e muitos o
seguiam pelos seus milagres, porém, a maior parte do povo o rejeitava.
·
Confessar
ser o Messias foi o ponto culminante que levou Jesus a ser condenado à crucificação,
pois, certamente, os escribas e os fariseus aguardavam alguém que cumprisse a
Lei à maneira deles e não pregando contra a sua hipocrisia:
“E,
levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio[9],
perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti? 61Mas
ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e
disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? 62E Jesus
disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de
Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. 63E o sumo sacerdote, rasgando
as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? 64Vós
ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte.”
(Mc 14:60-64)
IV - Elias,
o Messias e a exaltação
1. Humilhação
·
Pela
conversa que tiveram com Jesus quando desceram do monte, é possível notarmos
que os discípulos estavam atentos à profecia que dizia que Elias viria antes do
Messias, e foi aí que Jesus deixou bem claro que Elias já tinha vindo mais não
foi reconhecido, e então eles entenderam que Ele referia-se a João Batista.
·
O que
muitos também não entendiam - e ainda não
entendem - é se a profecia sobre Elias falava em restaurar todas as coisas,
por que o Messias teria que passar pela humilhação e a morte;
·
Mas o
que eles não conseguiam compreender é que, na verdade, a cruz faz parte do
plano divino da salvação: Ele se colocou como nosso “fiador” e pagou o alto
valor da dívida do pecado, a qual jamais poderíamos pagar.
·
A humildade
sempre foi uma marca registrada na vida de Jesus Cristo, a qual o apóstolo Paulo
nos lembra que devemos tomar como exemplo para a nossa vida:
“De
sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6Que,
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7Mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens; 8E, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
"
(Fp
2:5-8)
2. Exaltação
·
Durante
a transfiguração, Jesus, Moisés e Elias falavam sobre a morte de Cristo, a qual
foi para Ele uma glória e não uma derrota.
·
Raciocinando
fora do contexto bíblico, muitos ainda ensinam que o inferno se alegrou no
momento da crucificação festejando a morte de Cristo; mas como Satanás,
conhecendo o plano divino da salvação, seria tão ingênuo a ponto de comemorar o
sacrifício do Filho de Deus, o qual, em seguida, seria glorificado e traria
acesso à salvação à toda a humanidade?
·
Essa
exaltação, tempos depois, ainda foi lembrada por Pedro, que a testemunhou, em
sua epístola - 2ª Pedro 1:16,17, em que ele lembra o que o próprio Deus disse
sobre Jesus: “Este é o meu Filho amado,
em quem me tenho comprazido”.
·
Jesus foi
exaltado por seu amor aos perdidos e por sua obediência ao Pai; e mesmo depois de
seu maravilhoso sacrifício, toda a glória ainda é dedicada a Deus. Esse é o grande
exemplo que devemos seguir:
“Por
isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o
nome; 10Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que
estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11E toda a língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”
(Fp 2:9-11)
CONCLUSÃO
·
Um dos principais objetivos da transfiguração foi evidenciar
que Jesus era o Messias anunciado pelos profetas.
·
Moisés e Elias, representando os a lei e os profetas, não
estavam ali para serem eles glorificados, mas sim para glorificar a Cristo
cumprindo os sinais que as Escrituras apontavam que se sucederiam antes da sua
vinda.
·
A participação de Elias na transfiguração teve sentido
escatológico porque Elias tinha que vir antes do Messias; porém, sua missão já
havia sido cumprida através de João Batista.
·
O profeta Elias tinha o seu nome tão conhecido entre o povo que
no momento da crucificação, alguns entre os que assistiam aquele macabro “espetáculo”,
quando Jesus clamava a Deus, pensaram que Ele estivesse clamando a Elias:
“E
perto da hora
nona[10]
exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste? 47E alguns dos que ali
estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias, 48E logo um
deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa
cana, dava-lhe de beber. 49Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos
se Elias vem livrá-lo.”
(Mt 27:46-49)
Jonas M. Olímpio
[1]Transfigurar: Transformar a figura (a imagem ou a aparência).
[2]Messias: Significa “Ungido”; nome dado ao Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
[3]Transfiguração: Transformação da figura (da imagem ou da aparência). Mudança gloriosa da
aparência de Jesus ocorrida na presença de três discípulos: Pedro, João e Tiago
(Lc 9:28-36; 2ª Pe 1:16-18).
[4]Sinóptico: Que se refere ou pertence a sinopse. Diferentes apresentações com o mesmo
conteúdo. Os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João são considerados
sinópticos porque narram praticamente os mesmos fatos.
[5]Verbo: Palavra (Jo 1:1-14). Jesus é o Logos (1ª Jo 1:1; Ap 19:13), isto é, a
Palavra, que é mais do que expressão falada: é Deus em ação, criando (Gn 1:3),
se revelando (Jo 10:30) e salvando (Sl 107:19-20; 1ª Jo 1:1-2).
[6]Tipologia: Referente a tipo. Pessoas, coisas ou atos no Antigo Testamento que se
cumprem totalmente em seus antítipos, isto é, pessoas, coisas ou atos no Novo
Testamento. Melquisedeque (pessoa) é um tipo de Cristo (Hb 7:15-17).
[7]Ab-rogar: Anular, invalidar.
[8]Samaritano: Pessoa nascida em Samaria (situada na montanha do oriente Médio, no antigo
Reino de Israel, entre a Judéia e a Galiléia (atual território da Cisjordânia e
de Israel). Os samaritanos pertenciam ao Reino de Judá que era rival das dez tribos
do Reino do Norte. Atualmente existem
cerca de 700 samaritanos, eles não se consideram judeus e sim descendentes do
antigo Reino de Israel). Israelitas e samaritanos não se davam por causa de
diferenças de raça, religião e costumes (2º Rs 17:29; Jo 4:9).
[9]Sinédrio: O mais alto tribunal religioso dos judeus, do qual faziam parte os sumos
sacerdotes (o atual e os anteriores), chefes religiosos (anciãos) e professores
da Lei. Tinha 71 membros, incluindo o presidente (Jo 11:47).
[10]Hora nona: Três horas da tarde. Os judeus adotaram o sistema de contagem de tempos
romano que considerava como a primeira hora do dia o que para nós é hoje sete
horas da manhã.
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