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Aqueles que têm sua fé depositada em palavras persuasivas de homens que distorcem a Palavra de Deus em vez de incentivá-los a orar, nada mais alcançarão no Evangelho do que decepções e a perda da direção rumo ao verdadeiro Alvo. |
Quando se fala em idolatria, logo vem à
mente os costumes dos católicos e das diversas seitas existentes
no mundo; porém, ela também está inserida no meio evangélico através de várias
práticas, as quais consistem no uso de objetos ungidos e na realização de
sacrifícios financeiros. Qual é o fundamento disso? Será que somente a oração
não é suficiente? Considerando que tais objetos são, nada mais nada menos, que
“amuletos de sorte”
- que, na verdade, só trazem sorte mesmo
para seus vendedores - e que os sacrifícios pedidos por alguns obreiros
consistem apenas num meio de enriquecerem a si próprios pregando a abominação
da barganha com
Deus, podemos concluir que esses atos
não passam de heresias e exploração da fé alheia. É também importante ressaltar que nem todos os
que defendem o materialismo da fé são mal intencionados, pois muitos assim agem
convictos de que são guiados pelo Espírito Santo e que suas ações estão de
acordo com os ensinamentos das Escrituras Sagradas. Isso, muitas vezes, se deve
ao fato de terem dado crédito a falsos ensinamentos, ou eles mesmos
interpretarem erroneamente os textos bíblicos. Mas, independentemente da razão,
heresia é heresia e deve ser combatida à luz da Palavra de Deus (2ª Co 4:1,2)!
Um dos argumentos bíblicos mais usados
pelos que defendem tais práticas se encontram no livro de Atos 19:12, aonde está escrito o seguinte: “De sorte que até os
lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades
fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.”. Para entender esses acontecimentos,
precisamos analisar da seguinte forma:
1º.
O versículo 11 relata que era Deus
quem fazia milagres extraordinários através das mãos de Paulo. Então o poder
vinha de Deus, e não de Paulo e tampouco de seus objetos;
2º.
Devemos compreender que, naquela
época, como se pode notar no versículo 2, muitos ali nem conheciam o poder de
Deus, e como a procura pelo apóstolo devia ser muito grande, ele pode até ter
usado dessa estratégia para alcançar um número maior de pessoas, e o Senhor
assim pode tê-lo usado para honrar sua fé, na qual não havia interesses
próprios, e a fé dos necessitados que ali estavam;
3º.
Pelo que conhecemos de seu caráter,
temos motivos para crer que ele jamais ensinou que se deve colocar a fé em
objetos;
4º.
Ainda que, por algum momento, Deus o
tenha usado dessa maneira, em nenhum lugar das Escrituras esse tipo de atitude
é pregado como regra a ser seguida pelos cristãos;
5º.
Além de ser possível perceber que não
havia nenhum trabalho de libertação cujo foco fosse a consagração ou a unção de
objetos, a Bíblia, de um modo geral, também não dá ao homem nenhum direito de
comercializar nada que se relacione às bênçãos de Deus, muito pelo contrário (Mt 10:7-10 ).;
6º.
Sendo Paulo um homem de oração,
certamente, de maneira nenhuma, ele incentivaria o povo a substituir a oração
pelo uso de amuletos. Pois ele sabia que esse era um costume dos povos pagãos
e, certamente, não iria expor aqueles crentes novos convertidos às suas antigas
práticas assim correndo o risco de voltarem às suas antigas religiões e
costumes.
Os defensores da Teologia da Prosperidade
também fazem uso de vários outros argumentos como, por exemplo, a Arca da Aliança e os
objetos sagrados do Tabernáculo, a capa
de Elias, o
banho de Naamã no rio
Jordão para
ser curado da lepra, a serpente de bronze erguida
por Moisés no deserto e várias outras situações mencionadas no Antigo
Testamento em que homens de Deus fizeram o uso de objetos ou estranhos rituais
para alcançar milagres. Mas eles ignoram aí um detalhe de extrema importância:
os rituais e os símbolos da época da Lei eram
apenas sombra - ou representação -,
do que viria no futuro (Cl 2:16-18 ; Hb 8:2-5); sendo assim, hoje, no tempo da Graça, após
termos recebido o sacrifício de Cristo, nossa fé tem que estar depositada nEle
e não em sacrifícios representados por objetos ou atitudes, as quais foram
ordenadas apenas a Israel antes que viesse o Sumo Sacerdote e comprasse nossa
liberdade e acesso direto ao Pai a preço de sangue (1ª
Co 22,23), dessa maneira, vindo a abolir a tudo isso (Hb 10:7-10,18 ). Uma
das coisas que Ele mais persistiu em ensinar em seu ministério terreno foi a
busca por meio da oração em seu nome (Jo 14:13,14;
16:24).
Um dos poucos textos do Novo Testamento
usado pelos defensores da consagração de objetos, além dos lenços e aventais do
apóstolo Paulo, é o fato de os sacerdotes terem recusado de volta as trinta
moedas de prata que foram devolvidas por Judas quando sua consciência pesou
após ele ter traído a Jesus (Mt 27:3-6). Porém,
é necessário que se observe aí que a preocupação deles em relação às moedas não
era mística, mas
sim religiosa, ou seja: eles não acreditavam que elas fossem um objeto amaldiçoado,
mas apenas não as aceitaram em obediência à Lei (Dt
23:18) que
não lhes permitia aceitar dinheiro de origem ilícita. É óbvio que tal cuidado
com o cumprimento da Lei era hipocrisia da parte deles, pois eles próprios
tinham usado aquelas mesmas moedas para matar um inocente. Além do mais, eles
não as rejeitaram por completo, mas as usaram para comprar um campo que serviu
de cemitério para os estrangeiros (Mt 27:7,8).
Então, usar tal base bíblica para defender a crença no poder existente em objetos
não passa de apenas mais um grosseiro erro de interpretação. E o mesmo conceito
se aplica à objetos usados em rituais malignos; pois, por exemplo, se alguém é
vítima de macumba por meio de algum objeto, o poder que lhe causou o mal não
está nesse objeto, mas no inimigo, a quem foi permitido por Deus a tocar em
quem não o obedeceu e fez uso de algo que foi consagrado aos demônios; pois
quem tem discernimento espiritual, ainda que tenha liberdade pra isso - pois a Palavra confirma que tais coisas não
têm poder sobre os que estão libertos - não pratica atos que ele sabe serem
desagradáveis ao Senhor (1ª Co 8:4-13; 10:24-32); isso quer dizer que no caso do uso
de algo indevido sem maldade, se o cristão estiver verdadeiramente firme, é óbvio
que obterá o livramento daquele mal (Nm 23:23; Mt 16:18).
No que se refere à sacrifícios financeiros,
o contexto é exatamente o mesmo: como bem sabemos, na Antiga Aliança, apenas os
sacerdotes estavam autorizados a receber os sacrifícios, e tinham o dever de
oferecê-los como adoração ao Senhor - os
quais significavam pedidos de perdão pelos pecados ou forma de
agradecimento -, usando apenas o necessário para o seu próprio sustento,
mas jamais poderiam pedi-los em troca de bênçãos, até mesmo porque não tinham
nenhum poder para isso. Na Nova Aliança, também não vemos Jeová dando a ninguém
tal autoridade, tanto que o sacerdócio levítico
nem sequer existe mais. Portanto,
aqueles que pedem dinheiro em nome da Obra de Deus prometendo bênçãos em troca
de sacrifícios em vez de ensinar o povo a orar, estão, na verdade, como os
sacerdotes corruptos dos tempos antigos, sacrificando as ovelhas que não lhes
pertencem (Ez 34:2-6),
constituindo-se, dessa forma, como inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:18,19). Toda e qualquer oferta deve ser voluntária
e entregue como agradecimento e não como investimento (Êx
25:2; 2ª Co 9:7), e os obreiros que a recebem, por
sua vez, devem aplicá-la realmente na Obra (Ml 2:1,2;
3:8), ainda que isso inclua seu próprio sustento (Gl 6:6; 1ª Co 9:13,14), mas não em seu próprio conforto
(At 9:15,16). A Bíblia nos mostra ainda que temos
o direito - e não a obrigação - de
fazer votos, mas
deixa também bem clara a responsabilidade que existe sobre esse compromisso (Ec 5:4,5).
Uma das coisas mais importantes que
precisamos saber em relação à interpretação da Bíblia é que devemos saber
separar os fatos isolados das regras doutrinárias, ou seja: precisamos compreender
que como Deus trabalha da forma que Ele quer, há coisas que Ele faz de maneira
peculiar em momentos específicos apenas durante um período, ou em diferentes
tempos da história, ou ainda apenas uma única vez. Isso significa que essas
coisas podem sim acontecer esporadicamente, mas não são uma doutrina: um exemplo
a ser tomado como regra. Como, da mesma forma, todos nós cristãos, já ouvimos
testemunhos, ou até mesmo presenciamos ou vivemos experiências inéditas, mas
sabemos que não podemos ter tais situações como rotineiras, pois elas apenas ocorreram
em raros momentos. A Bíblia, na verdade, mostra apenas uma situação em que é
lícito se fazer uso de um objeto consagrado: trata-se da unção com óleo (Mc 6:13; Tg 5:14,15). Sendo assim, tendo livre acesso
à Graça, não há sentido em nos submetermos à escravidão da Lei (Gl 5:1-4),
sujeitando-nos a “sacerdotes”, símbolos e rituais que não têm nenhum poder para
substituir a eficiência de um bom “bate-papo” com Deus.