Estudo Bíblico Baseado na
Escola Bíblica Dominical da CPAD | 1º Trimestre de 2013 - Lição 10 | Jonas
M. Olímpio
TEXTO
ÁUREO
Então
entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas
aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia (2º
Rs 4:4).
VERDADE
PRÁTICA
A história da
multiplicação do azeite da viúva mostra claramente que o Senhor é soberano e
gracioso para suprir todas as necessidades de seus filhos.
PALAVRA-CHAVE
Provisão: Ato ou efeito de prover; provimento, abastecimento, fornecimento.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
2º Reis 4:1-7
1 - E uma mulher,
das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu
servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor,
para levar os meus dois filhos para serem servos.
2 - E Eliseu lhe
disse: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua
serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.
3 - Então disse
ele: Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não
poucas.
4 - Então entra, e
fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas
vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia.
6 - E sucedeu que,
cheias que foram as vasilhas, disse a seu filho: Traze-me ainda uma vasilha.
Porém ele lhe disse: Não há mais vasilha alguma. Então o azeite parou.
7 - Então veio ela,
e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite, e paga a tua
dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.
INTRODUÇÃO
·
Lendo a
história de Eliseu, vemos grande semelhança entre ele e Elias, pois ambos foram
usados poderosamente não só em profecias mas também em milagres.
·
Um de
seus milagres mais marcantes foi a multiplicação do azeite de uma viúva pobre,
a qual estava sendo ameaçada por seu credor de ter seus dois filhos levados
como escravos para pagar uma grande dívida que seu esposo havia deixado.
·
Mesmo em meio à
escassez, você crê que Deus é poderoso para suprir suas necessidades? A fé
daquela viúva foi o fator essencial para ela receber a sua bênção.
·
Onde não há fé não há clamor, e se não há clamor
não há milagre; por isso é importante estarmos sempre aos pés do Senhor em
oração, pois essa é a prova que cremos em seu poder e confiamos em sua
misericórdia:
“Ora,
sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.”
(Hb 11:6)
I - A
motivação do milagre
1.
A necessidade humana
·
Um dos
detalhes mais importantes para se frisar nesse caso é a necessidade daquela
mulher, pois ela não estava pedindo simplesmente riqueza ou sucesso no ramo
comercial, ela precisava pagar a dívida de seu marido para não perder seus
filhos;
·
A Lei
Mosaica permitia ao credor, no caso do falecimento do homem da casa, levar seus
filhos para trabalharem como escravos com o objetivo de pagar a dívida, e como
podemos ver em Êxodo 21:2, em Levítico 25:39-46 e em Deuteronômio 15:12-18, os
escravos serviam por um período de seis anos e eram soltos no ano jubileu[1].
·
A
situação daquela mulher era caótica, pois ela tinha ainda menos que a viúva de
Sarepta - farinha e azeite -, em sua
casa havia apenas uma botija de azeite.
·
Deus
age conforme a nossa necessidade, atendendo ao nosso clamor quando nossas
petições são justas:
“Porque
ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não
tem quem o ajude. 13Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará
as almas dos necessitados."
(Sl
72:12,13)
2. A misericórdia
divina
·
Não foi
somente a necessidade daquela mulher que moveu o coração de Deus, mas a sua
grande compaixão mediante ao seu clamor perante ao profeta Eliseu.
·
O
simples fato de ter sido mulher de um dos servos dos profetas não lhe dava
nenhum direito especial, mas foi o seu clamor, crendo na misericórdia divina,
que fez a diferença.
·
A
Bíblia não relata qual era a sua situação espiritual, mas o seu desesperado
pedido de ajuda sensibilizou ao profeta, o qual, agindo sob autoridade divina,
teve seu pedido atendido pelo Senhor.
·
A
misericórdia é uma das mais notáveis virtudes do caráter divino; aonde existe
um necessitado clamando com fé, o Senhor para e estende suas mãos para
socorrê-lo:
“E
aconteceu que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do
caminho, mendigando. 36E, ouvindo passar a multidão, perguntou que
era aquilo. 37E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava. 38Então
clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. 39E
os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda
mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! 40Então Jesus,
parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, 41Dizendo:
Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. 42E Jesus
lhe disse: Vê; a tua fé te salvou.”
(Lc 18:35-42)
II - A
dinâmica do milagre
1.
Um pouco de azeite
·
Devemos
destacar que Eliseu lhe perguntou o que ela tinha em casa; ele não lhe
perguntou como estava sua vida espiritual, qual era a sua descendência, por que
ela estava naquela situação tão miserável e nem se ela era fiel nos dízimos e
nas ofertas;
·
Sua
pergunta simplesmente enfatizou a questão do lar: “Declara-me que é o que tens em casa”; um detalhe interessante é
que, pela Lei, os seus filhos eram considerados como parte dos seus bens, mas
ela não os mencionou para o profeta, isso mostra o quanto ela valorizava
realmente a sua família; mesmo não tendo mais nada de valor, para ela eles não
eram uma moeda de troca.
·
O que
ela apresentou diante do profeta foi muito pouco, porém, para Deus, o pouco ou
o nada se tornam muito para realizar um milagre.
·
Muitas
vezes nos preocupamos muito com as coisas exteriores que temos - e principalmente as que não temos - para
oferecer ao Senhor, e nos esquecemos que nosso bem mais valioso está em nosso
interior:
“Com
que me apresentarei ao SENHOR, e me inclinarei diante do Deus altíssimo?
Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? 7Agradar-se-á
o SENHOR de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o
meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da
minha alma? 8Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o
SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a e andes humildemente
com o teu Deus?"
(Mq
6:6-8)
2. Uma fé obediente
·
O
profeta poderia simplesmente ter orado pedindo por um milagre, mas ele a
estimulou a agir: ela teve que procurar os vizinhos e pedir vasos emprestados;
·
Aos
olhos humanos, isso parece um absurdo, mas ela não o questionou, pois
acreditava que aquele homem estava de fato agindo sob direção divina e sabia
que o melhor a fazer seria cumprir prontamente as suas ordens;
·
Nessa
situação, podemos observar duas coisas: participação alheia e humilhação. Não
sabemos como era seu relacionamento com os vizinhos, mas, querendo ou não, eles
tiveram que participar do seu milagre tendo que abençoá-la; e ela também
precisou ter coragem, pois foi necessário ser humilde para pedir não se
importando com os possíveis questionamentos ou a curiosidade deles.
·
Mais um
fator essencial foi a privacidade: esse ato não foi feito em público, mas às
portas fechadas somente com ela e seus filhos; Eliseu não transformou o
sofrimento daquela família em um show sob o pretexto de glorificar a Deus, como
muitos fazem para promover seus ministérios.
·
É
importante deixar claro que Deus age de várias formas, mas não dá ao homem o
direito de agir como quer para explorar a fé alheia; certamente, Ele tinha
algum propósito direcionando seu profeta a agir com ela dessa forma. O grande
problema da atualidade é que muitos “profetas” se utilizam de fatos bíblicos
iguais a esse como se fossem fórmulas mágicas de bênçãos, mandando o povo
repeti-los em suas campanhas de prosperidade.
·
A
humildade é indispensável para se obter resultado nas orações; pois, quando
oramos, nossa preocupação não deve ser mostrar aos homens o quanto somos
fortes, mas sim mostrar a Deus o quanto cremos no seu poder para nos ouvir
mesmo em meio às nossas fraquezas:
“E,
quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé
nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6Mas tu, quando
orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”
(Mt 6:5,6)
III - Os
instrumentos do milagre
1.
O instrumento humano
·
Na
Bíblia, assim como vários outros servos, Eliseu é várias vezes chamado de homem
de Deus; isso serve para comprovar duas coisas: eles nunca agiram sozinhos,
pois pertencem a Deus e, apesar de ser soberanamente poderoso, Deus age na
terra através de homens.
·
Por todo
o conteúdo das escrituras veremos o quanto o Senhor falou e agiu através de
seus instrumentos humanos, fossem eles sacerdotes, profetas, reis, apóstolos ou
seres humanos sem título algum.
·
A “mão
de obra” humana é tão importante para Jeová que Ele mandou seu próprio Filho à
terra para pregar a sua Palavra e trazer salvação àqueles que o buscarem.
·
Desejar
ser um homem - ou mulher - de Deus é uma obrigação de todos os que se dizem cristãos;
porém, não basta desejar fazer a Obra, é necessário também querer cumprir as “qualificações”
requeridas pelo Senhor para chegar a ser digno de ser chamado de homem de Deus:
“Esta
é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado[2],
excelente obra deseja. 2Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar; 3Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso
de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; 4Que
governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a
modéstia 5(Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa,
terá cuidado da igreja de Deus?); 6Não neófito, para que, ensoberbecendo-se,
não caia na condenação do diabo. 7Convém também que tenha bom
testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do
diabo. 8Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua
dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; 9Guardando
o mistério da fé numa consciência pura. 10E também estes sejam
primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis."
(1ª
Tm 3:1-10)
2. O instrumento
divino
·
Por
mais que as mãos dos homens sejam usadas para as mais diversas realizações,
jamais poderão omitir que a origem de seus atos está em Deus;
·
Conforme
vemos em 2º Reis 7:1, um dia, durante um período de grande fome que houve em
Samaria, Eliseu profetizou que no dia seguinte haveria alimentos em abundância
para ser vendido naquela terra, o que de fato se cumpriu de forma inusitada
mesmo diante da incredulidade de alguns;
·
Porém,
o mais importante a se ressaltar nesse ocorrido é que o milagre não aconteceu
porque Elizeu profetizou, mas sim porque isso já era propósito de Deus, e o
próprio profeta reconhecia isso, pois ele disse: “Ouvi a Palavra do Senhor; assim diz o Senhor”.
·
Eliseu havia
sido servo de Elias, portanto certamente aprendeu com ele a honrar o nome do Senhor,
sempre reconhecendo que era Ele quem agia através de suas mãos:
“Sucedeu
que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se
aproximou, e disse: O SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel,
manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que
conforme à tua palavra fiz todas estas coisas. 37Responde-me,
SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu és o SENHOR Deus, e que
tu fizeste voltar o seu coração.”
(1º Rs 18:36,37)
IV - O
objetivo do milagre
1.
Uma resposta ao sofrimento
·
Outra
coisa que podemos observar nas ocorrências de milagres é a grande misericórdia
de Deus sobre os necessitados - como
aconteceu com essa viúva -, pois eles sempre ocorreram em meio ao
sofrimento humano.
·
É
possível notar também que os necessitados que alcançaram sua misericórdia, na
maioria dos casos, clamaram ao Senhor ou procuraram alguém cheio de fé que
pudesse ajudá-los.
·
Da
mesma forma agiu Jesus em seu ministério terreno: Ele jamais virou as costas ao
clamor de um necessitado e abençoou até mesmo muitos que nem sequer o seguiam,
mas que creram nEle.
·
Outro grande
exemplo que vemos da intervenção divina sobre a necessidade através do ministério
de Eliseu foi quando um dos filhos dos profetas, ao cortar uma viga, deixou cair
na água um machado que era emprestado e ele o fez flutuar milagrosamente; a qualquer
um, essa pode parecer uma questão sem grande importância, mas representava um grande
prejuízo a um rapaz que certamente não poderia pagá-lo a alguém que confiou em
sua responsabilidade; quando somos fiéis, Deus age nos mínimos detalhes de nossa
vida para que não sejamos envergonhados:
“E
disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e
o lançou ali, e fez flutuar o ferro."
(2º
Rs 6:6)
2. Glorificar a Deus
·
Por
trás de cada sofrimento existe a permissão - não necessariamente a ação - divina, e isso ocorre não somente por
castigo de pecados, mas também para que na realização do milagre o nome de Deus
seja glorificado;
·
Essa
glorificação consiste no testemunho de quem recebeu a bênção, o qual serve
também para propagar a Palavra e salvar outras almas.
·
O
grande erro de muitos homens tem sido pegar a glória de Deus para si, mas eles
tem pagado muito caro por isso, como foi o caso de Geazi[3], servo do profeta Eliseu; pois, de acordo com 2º
Reis 5:15-27, quando Naamã[4] foi curado da lepra ofereceu bênçãos financeiras ao
profeta, o qual recusou, mas Geazi, cegado pela cobiça material, mentiu em nome
de Eliseu requerendo aquele pagamento e, por consequência, acabou ficando leproso.
·
Muitas das
adversidades que passamos têm um único e simples objetivo: fazer com o que o nome
de Deus seja glorificado através dos milagres que Ele há de realizar:
“E
os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus
pais, para que nascesse cego? 3Jesus respondeu: Nem ele pecou nem
seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.”
(Jo 9:2,3)
“Mandaram-lhe,
pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. 4E
Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória
de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.”
(Jo 11:3,4)
CONCLUSÃO
·
A multiplicação do azeite e a salvação dos filhos da viúva da
escravidão são grandes exemplos do quanto é importante clamar e obedecer a voz
do Senhor para alcançar a sua misericórdia.
·
Outra coisa extremamente importante que aprendemos é a
seguinte: Deus poderia ter lhe dado tudo pronto, mas ela teve que pedir
vasilhas emprestadas, enche-las e vender o azeite;
·
Sua bênção não foi diretamente ganhar o dinheiro para pagar a
dívida, mas sim ter aberta uma porta de trabalho para poder resolver esse
problema. Deus não nos carrega no colo, Ele nos segura pelas mãos e ensina a caminhar.
·
Há um milagre em sua casa e ele começa com aquilo que há dentro
de você:
“O
homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau
tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a
boca.”
(Lc 6:45)
Jonas M. Olímpio
[1]Jubileu: Ano de libertação e restauração comemorado de 50 em 50 anos, em Israel,
pois eram contados sete períodos de sete anos totalizando 49, e o quinquagésimo
era o ano de libertação. Nesse ano a terra não era cultivada; todas as terras
vendidas ou confiscadas eram devolvidas aos seus donos anteriores; e todos os
escravos eram libertados (Lv 25:8-55; 27:16-25). Em relação aos escravos, eles
deviam ser libertos depois de seis anos de trabalho (Dt 15:12).
[2]Episcopado: A função de bispo (1ª Tm 3:1). supervisão. Ministério de supervisão,
ofício, cargo, ofício de um ancião. Supervisores ou dirigentes de uma igreja
cristã.
[3]Geazi: Servo do profeta Eliseu (2º Rs 4:8-5:27).
[4]Naamã: Comandante do exército da Síria. Ele era leproso, mas foi curado por
milagre (2º Rs cap. 5).
Estudo Bíblico Baseado na Escola Bíblica Dominical da CPAD | 1º Trimestre de 2013 - Lição 10 | Jonas M. Olímpio
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